Serra acusa governo Lula de substituir a produção nacional pelas importações
O candidato do PSDB à Presidência, José Serra, disse nesta terça-feira, 19, no Rio de Janeiro, ao criticar a política cambial do governo, que adotará "uma mudança ampla" na economia caso seja eleito. Serra criticou a política econômica do governo Luiz Inácio Lula da Silva, ao ser questionado sobre a questão cambial e o aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) determinado pelo Ministério da Fazenda, numa tentativa de conter a queda do dólar frente ao real.
"O governo atual é o responsável pela política econômica. Eles nos levaram a uma situação em que o consumo de produtos importados, no começo do governo Lula, que era de 12%, chegasse agora a 20%. Isso está substituindo a produção nacional", acusou o candidato, que se mostrou cético quanto às medidas adotadas pela equipe econômica.
"É interessante ver agora o que o governo vai fazer. É responsabilidade dele. No meu caso, como presidente, a mudança vai ser muito mais ampla, do ponto de vista de política econômica, de equipe, de maneira de encarar a questão da economia e do gasto público", declarou ele, em rápida entrevista dada no Rio ao chegar ao escritório de Fernando Gabeira, do PV, que ontem formalizou o seu apoio ao tucano no segundo turno.
"Eu não tenho nenhum chefe da Casa Civil que aprontou tudo o que a Erenice aprontou", diz Serra no JN
"O fato é que não houve o essencial, que é o desvio de dinheiro da minha campanha, porque eu saberia", afirmou o tucano. "Em todo o caso, nós seríamos a vítima." As denúncias de que o engenheiro teria desviado dinheiro para um suposto caixa 2 da campanha tucana foi publicada em reportagem da revista "IstoÉ". O ex-diretor da Dersa é investigado pela Polícia Federal (PF) na operação Castelo de Areia.
"O assunto volta, posto inclusive pelo PT, porque o que eles gostam de fazer é vir com ataques para nivelar todo mundo, como os escândalos da Casa Civil", criticou o tucano, em referência às denúncias de tráfico de influência que envolvem a ex-ministra Erenice Guerra. "Eu não tenho nenhum chefe da Casa Civil que aprontou tudo o que a Erenice aprontou", provocou o candidato.
Serra negou ainda que tivesse conhecimento de que Tatiana Arana Souza Cremonini, contratada como assistente técnica no governo de São Paulo, era filha do ex-diretor da Dersa. "Essa menina foi contratada, eu nem conhecia, para trabalhar no cerimonial", alegou Serra. "Eu só vim a saber que ela era a filha de um diretor de empresa muito depois."
O candidato do PSDB negou ainda que sua campanha tenha explorado o tema do aborto na disputa eleitoral. O candidato argumentou que o assunto surgiu não pela questão em si, mas pelo fato de a candidata do PT, Dilma Rousseff, ter mudado sua posição sobre o tema. "Eu sempre manifestei que sou contra a mudança da legislação sobre o aborto, eu nunca explorei a posição dela. Só que ela disse uma coisa e depois disse outra", afirmou.
Perguntado sobre o motivo de ter exaltado, nos últimos dias, a sua religiosidade, o candidato refutou que tenha adotado um discurso artificial. Serra alegou que sempre visitou igrejas durante a campanha e reafirmou ser católico. "Eu sou uma pessoa religiosa, não tem nada de forçado nesse sentido." De acordo com Serra, foi sua adversária, Dilma, que passou a visitar igrejas.
Perguntado, o candidato do PSDB explicou que pretende cortar cargos de confiança do governo federal, diminuir o investimento em subsídios que não sejam prioritários e reduzir o desvio de dinheiro público para viabilizar o aumento do salário mínimo para R$ 600, uma de suas principais promessas de campanha.