Críticas são de quem 'não se conforma com sucesso do Enem', diz Lula

Publicado em 09/11/2010 06:32
Presidente desembarca em Moçambique e mostra irritação com perguntas sobre exame

Irritado com as críticas ao Enem, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou ontem à noite (8), ao desembarcar em Maputo, Moçambique, que não está preocupado com as denúncias sobre os novos problemas com a aplicação da prova. 

Na avaliação do presidente, que conversou no Alvorada, domingo à noite, com o ministro Fernando Haddad (Educação, os erros “não afetam” o exame. Ele considerou “um sucesso”, o Enem. "Tem muita gente que quer que afete porque até hoje tem gente que não se conforma com o Enem, mas, de qualquer forma, ele provou que é extraordinariamente bem sucedido", disse o presidente da República. Ele garantiu que o exame continuará a ser aplicado. 

Lula disse que a Polícia Federal está investigando a atuação do jornalista de Pernambuco que, nas palavras do presidente, "tentou demonstrar que havia uma fraude ou uma fragilidade do sistema". Para o presidente,"não vai ser um ou outro caso que vai impedir o sucesso do Enem". Na opinião dele, o jornalista "não agiu com seriedade". Questionado sobre erros que também ocorreram em relação à redação e à qualificação técnica das perguntas, o presidente desdenhou: "Mas nada que tenha causado nenhum problema no resultado nem na prova. Nada". 

O presidente contou que o ministro Fernando Haddad pediu para não embarcar para Moçambique com ele, para que pudesse "conversar muito com o MEC”. Encerrando a conversa, Lula afirmou: “O Enem foi um sucesso extraordinário, já que foram mais de 3 milhões de jovens que participaram da prova. O dado concreto é que na conversa que eu tive com o ministro Haddad ontem (anteontem), o sucesso do Enem foi total e absoluto".

Prejuízo à educação, editorial da Folha

Ao caudaloso histórico de erros e problemas da edição anterior do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), novas falhas vieram se somar neste fim de semana.
Cabeçalhos dos cartões-resposta foram trocados; parte das provas continha questões repetidas ou ausentes; brechas de segurança permitiram que alunos tivessem acesso ao celular e até enviassem mensagens durante o teste.
Em meio a queixas e medidas judiciais, o Ministério da Educação acenou com a reaplicação do exame para quem se sinta prejudicado. O problema é que, numa seleção como essa, o dano de um é a vantagem de outro. Ao não garantir condições de igualdade entre os 3,4 milhões de participantes, os organizadores prejudicaram o exame como um todo.
Até 2008, o Enem servia exclusivamente para avaliar o desempenho de estudantes e escolas do ensino médio. Ao torná-lo um gigantesco processo seletivo, substituindo o vestibular, o governo também pretendeu alterar o modelo pedagógico então vigente.
A nova prova abandonou a ênfase conferida pelos vestibulares aos conhecimentos estanques e à memorização. Questões multidisciplinares e a exigência de raciocínio abstrato, presentes no Enem, deveriam induzir as escolas de ensino médio a "ensinar a pensar" -segundo a gasta fórmula, raramente posta em prática.
Isso só acontecerá se o novo exame de fato se tornar o principal filtro de acesso ao ensino superior. Compete a cada uma das instituições públicas decidir se adere ou não a ele. Desde 2009, muitas universidades têm anunciado o seu desligamento do modelo.
Se o Enem continuar a acumular falhas e descrédito, será difícil convencer novas instituições a adotá-lo. Sucessivos erros de gestão terão inutilizado uma importante alavanca para a melhoria da educação brasileira.

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Fonte:
O Estado de S. Paulo/Folha

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