Grãos: Preços altos não são eternos, diz Bunge
As pressões que impulsionaram as cotações internacionais dos grãos ao maior patamar em dois anos não vão diminuir por pelo menos um ano, mas o elevado nível atual dos preços dos alimentos não veio para ficar. É o que afirma o brasileiro Alberto Weisser, CEO da trading americana Bunge, a respeito da crescente preocupação em torno da inflação dos alimentos, principalmente em países emergentes como China, Índia e México.
Segundo o executivo, o atual quadro de aperto entre a oferta e a demanda mundiais de grãos deverá persistir no próximo ano. "Pelos próximos 12 meses veremos volatilidade dos preços", afirmou em entrevista concedida em White Plains, Nova York, onde está a matriz da multinacional. Considerando uma temporada normal no Hemisfério Sul e depois um ciclo de recuperação no Hemisfério Norte, Weisser estima que os preços começarão a voltar ao normal em 2012.
O índice de preços de alimentos da FAO, o braço das Nações Unidas para agricultura e alimentação, atingiu no mês passado níveis só vistos pela durante o pico da crise global de 2008, e representantes do órgão consideram que as cotações ainda podem aumentar mais.
O Rabobank, banco holandês com forte atuação no setor de agronegócios, prevê problemas sérios caso a demanda por matéria-primas para rações animais aumente em mercados como China e Índia enquanto a região do Mar Negro permaneça como uma exportadora não confiável.
Weisser não acredita, contudo, que os atuais patamares de preços perdurarão no longo prazo. Segundo ele, ainda há terras e água disponíveis para a produção de grãos no mundo. Com o bushel do milho (25,2 quilos) acima de US$ 6 e o bushel de soja (27,2 quilos) perto de US$ 14 [na bolsa de Chicago], os maiores níveis em dois anos, disse o comandante da Bunge, os agricultores do Brasil, por exemplo, provavelmente plantarão mais, ampliando a oferta.