O Mau olhado e calote no Meio ambiente. Calote?
No tempo da NOB, Noroeste do Brasil, construída à sangue, suor e fibra, seus trens tocados à carvão desempenharam um nobre papel no antigo Mato-Grosso quando, de Bauru à Corumbá, rasgavam imensidões unindo Estados, transportando riquezas e semeando esperanças. Das terras basálticas de Bauru até à bacia sedimentar pantaneira, cumpriu seu destino: unir, desenvolver. Se fosse ser construída hoje, numa sabia observação do então Governador José Orcírio, as ONGs não permitiriam nem que o assunto fosse discutido. Aumentará a temperatura, impactará o meio ambiente, as culturas Terena e Cadiwéu diriam elas, levando pessoas ingênuas até a reis e fóruns internacionais para depor contra um projeto sadio de desenvolvimento e integração. Viajávamos dias e noites chamusqueando nossas camisas, por um imenso deserto verde onde nada se via a não ser as estações da N.O.B. , Água Clara e Três Lagoas. Contemplando o vasto e uniforme Cerrado arenoso, ainda menino, com destino a Lins, ouvia sem entender: .tem que ter reforma agrária! Como é que pode, tanta terra sem ser aproveitada! No braço da NOB para Ponta Porã, era quase a mesma coisa, pois o Cerrado mais empastado permitia criação extensiva de gado. Suas terras fixavam as raízes do Jaraguá e do Colonião, permitindo o melhor aproveitamento do espaço.
Mas gira a roda do tempo, surgem novas técnicas, pastos e plantações, e o deserto verde torna-se fonte de riquezas e emprego, com o desenvolvimento de uma agro-pecuária de primeiro mundo, aliás, para Primeiro Mundo ver, invejar e tentar atrapalhar, como é sobejamente visto e sabido. Lançam sobre nossos esforços e sucessos um mau olhado, aquele mesmo olhar de Caim sobre as ofertas de Abel aceitas por Deus e que levou ao bíblico parricídio. E mau olhado, leitor, em latim é envídeo, que originou invídia, em espanhol e inveja em português. Expressa o sentimento sorrateiro, não admitido pelos que o acalentam, mas eficaz na gênese de ações das quais resultam paralisação de práticas produtivas, férteis, úteis à sociedade, como a produção de alimento onde quer que seja. A eficácia do discurso que se segue ao mau olhado é tal que a expressão terra beneficiada, para se referir à terra limpa e preparada para o plantio, foi substituída pelo termo devastada. Quem prepara a terra, antes um herói anônimo que põe o alimento na mesa de seus filhos e irmãos citadinos, seria, portanto, devastador. Essa é, leitor, a matriz da manipulação que seduz almas ingênuas para eficazes campanhas de satanização do produtor rural brasileiro. A partir daí a propriedade rural está sujeita a toda sorte de abusos onde, quase sempre, está presente a mão do Estado brasileiro impregnado de ideologia e, na prática, a serviço de interesses antinacionais. O indigenismo e o ambientalismo internacionais são tão férteis e criativos na arte de assenhorear-se de propriedades produtivas, quanto o são incompetentes em administrar suas reservas ambientais ou indígenas, assim como para indenizar os proprietários que preservaram os espaços cobiçados e sobre os quais o Estado mete o mau olhado e a mão má pagadora.
A Serra da Bodoquena não nos desmente, nem nos desmentem as pretensões da Funai em nossas fronteiras, em Aquidauana, Dois Irmãos, onde pioneiros que guarneceram as áreas e as tornaram férteis, delas podem ser expulsos como invasores, numa ação ideológica e manipuladora que visa encobrir a incompetência do Estado brasileiro em promover o progresso e bem estar de nossos índios. É o estatuto da propriedade privada que querem atacar, por isso não indenizam, dão calote, numa ação ideológica, sempre a reboque do mau olhado e sua militância. Quem comprou, pagou, preserva e cumpre o bíblico mandamento com o suor de teu rosto comerás o teu pão, teria que engolir tais práticas perversas, antinacionais e caloteiras?
(*)Valfrido M. ChavesPantaneiro, Psicanalista, Pós Graduado em Políticas e Estratégia Adesg/ UCDB