Terra Firme; projeções indicam que que na próxima década o Brasil fortalecerá sua posição de fornecedor global de alimentos

Publicado em 28/06/2011 12:00

Ao recepcionar os ministros de agricultura do G-20 com a manchete interna "Brasil, a nova fazenda do mundo", o jornal francês "Le Monde" deu mais uma mostra da expectativa sobre a posição que será ocupada pelo país como fornecedor de alimentos nos próximos anos e o que esse papel significará para seu reposicionamento no tabuleiro geopolítico mundial.Era 21 de junho, a reunião do "G-20 Agrícola" aconteceria nos dois dias seguintes, em Paris, e o protagonismo brasileiro era evidente, como ficou demonstrado ao término das discussões sobre as fortes oscilações e os elevados preços internacionais das commodities agrícolas e seus efeitos sobretudo em países mais pobres.

Sobre a mesa de negociações, dúvidas sobre a eficácia das ferramentas à disposição para combater a volatilidade, dificuldades em se criar mecanismos para evitar a especulação nas commodities e duas certezas: a demanda global por alimentos crescerá em ritmo mais acelerado que a oferta na próxima década e o Brasil será o país exportador mais beneficiado por essa tendência.

"Expandir a produção é a solução mais rápida que o Brasil pode oferecer para ajudar a coibir o risco de grave crise alimentar mundial", diz Marcos Fava Neves, ex-coordenador do Programa de Agronegócios da USP (Pensa) e criador do Centro de Pesquisas e Projetos em Marketing e Estratégia (Markestrat), que acaba de lançar o livro "The Future of Food Business" nos EUA e Europa.

Projeções do Ministério da Agricultura sinalizam que o agronegócio brasileiro não está disposto a perder essa oportunidade. A produção de soja, milho, trigo, arroz e feijão deverá crescer pelo menos 23% até a safra 2020/21, para 176 milhões de toneladas, enquanto a de carnes (bovina, suína e de frango) deverá aumentar 26,5%, para mais de 31 milhões de toneladas.

Governo e iniciativa privada concordam que essas expansões serão garantidas mais pelo incremento das eficiências das cadeias do que das áreas destinadas às atividades. A pecuária poderá perder espaço para agricultura, e a área plantada terá ampliação menor que a da produção. Conforme o ministério, a área total ocupada com lavouras deverá passar de 62 milhões hectares, em 2011, para 68 milhões em 2021, com destaque para as expansões de soja e cana - 5,3 milhões e 2 milhões de hectares a mais, respectivamente.

O avanço não deverá ser atrapalhado pelo novo Código Florestal - cuja versão aprovada pela Câmara, efusivamente comemorada pela bancada ruralista, está em discussão no Senado -, nem pelas prováveis limitações às compras de terras por estrangeiros, também em gestação em tempos de preços recordes de propriedades agrícolas no mercado.

A partir dos previstos incrementos de oferta, a participação do Brasil no comércio internacional de alimentos também tende a avançar consideravelmente. Já líder nas exportações de açúcar, etanol, café, suco de laranja e carnes, segundo no ranking da soja e com relevância crescente no milho e no algodão, o país tende a conquistar cada vez mais mercados. "O potencial é fantástico, apesar de o aumento do "custo Brasil", também pressionado pela mão de obra, e dos gargalos de infraestrutura afetarem a relação entre custos e eficiência. O setor também terá de cumprir à risca exigências ambientais, trabalhistas e sociais e terá de avançar na produção de valor agregado", diz João Sampaio, ex-secretário da agricultura de São Paulo.

São fatores que ajudam a estimular o processo de profissionalização - e concentração - no campo, com o fortalecimento de serviços como gestão e monitoramento geoespacial de riscos. "Não há mais espaço para a ineficiência, e o sucesso depende da melhoria dos processos de atuação", diz Sergio P. Da Rocha, sócio-fundador da AgroTools, líder desse segmento no país.

 

Já segue nosso Canal oficial no WhatsApp? Clique Aqui para receber em primeira mão as principais notícias do agronegócio
Tags:
Fonte:
Valor Econômico

RECEBA NOSSAS NOTÍCIAS DE DESTAQUE NO SEU E-MAIL CADASTRE-SE NA NOSSA NEWSLETTER

Ao continuar com o cadastro, você concorda com nosso Termo de Privacidade e Consentimento e a Política de Privacidade.

0 comentário