Bovespa cai ao menor patamar em catorze meses

Publicado em 11/07/2011 19:40 e atualizado em 11/07/2011 22:09
O índice da bolsa brasileira teve queda de 2,1% puxada por incertezas na Europa e entrave nas negociações entre Obama e o Congresso americano, em Veja.com.br e no Estado de S. Paulo.
Seguindo o pregão das bolsas europeias, o índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa) também fechou em queda nesta segunda-feira, com oscilação negativa de 2,1%, a segunda maior desvalorização do ano. O resultado só ficou atrás do declínio de 2,36% registrada em 9 de fevereiro. Com isso, o Ibovespa recuou aos 60.223 pontos, o menor nível desde 26 de maio do ano passado.

O nervosismo no mercado acionário mundial, puxado pelas incertezas em relação à estabilidade das economias da Europa, intensificou-se no final da tarde e fez com que uma onda de realizações de investimentos se alastrasse pelas bolsas. Nos Estados Unidos, as indefinições sobre o novo teto da dívida do país tornaram-se um componente extra para aumentar o pessimismo dos mercados. Em Nova York, o índice Dow Jones fechou a -1,2%, enquanto o S&P500 ficou em -1,8%

Reunião na Europa – Nesta segunda-feira, ocorreu em Bruxelas uma reunião de emergência para discutir os problemas da Grécia. Na pauta da reunião foi incluída a recente deterioração das expectativas dos investidores sobre a dívida italiana. O encontro entre os ministros de Finanças da zona do euro foi reforçado com a participação do presidente do Banco Central Europeu (BCE), Jean-Claude Trichet, e da Comissão Europeia, José Manuel Barroso. A articulação, contudo, não foi suficiente para acalmar o mercado.

As preocupações com a Itália foram um importante fator a derrubar as bolsas, pois as ações, assim como as commodities, são consideradas ativos de risco e, em momentos de nervosismo, os investidores tendem a ‘correr’ deles. O grande receio é que a crise política do país comprometa o compromisso assumido pelo governo de Silvio Berlusconi com o plano de austeridade fiscal de 40 bilhões de euros. Na última sexta-feira, o país ganhou destaque nos jornais de economia por conta dos rumores de que seu ministro das Finanças, Giulio Tremonti, estaria perto de renunciar ao cargo depois de ser criticado por Berlusconi. O primeiro-ministro estaria descontente com o rigor, considerado por ele ‘excessivo’, das medidas que visam reduzir os gastos do estado. Depois disso, a agência de classificação de risco Moody's levantou dúvidas sobre o plano de austeridade do país.

A preocupação dos investidores é que novos problemas vão aparecendo sem que os antigos desapareçam, como a Grécia 'faz questão' de lembrar. Há ainda o temor de que o governo da China adote novas medidas para esfriar sua economia, haja vista que as taxas de inflação locais demoram a ceder. Um eventual arrefecimento chinês teria repercussão em toda a economia global. No Brasil, a inflação, conforme ficou explícito na última divulgação do IPCA, também segue pressionada e há economistas que já apostam em mais juros e novas medidas macroprudenciais. Por fim, há a preocupação com a fraca recuperação da economia americana.

Câmbio – Diante destes fatores, o dólar comercial foi negociado em alta durante toda a sessão desta segunda-feira e fechou acima de 1,58 real pela primeira vez em duas semanas. A maior demanda pela moeda norte-americana foi induzida por uma nova medida do Banco Central que acaba de entrar em vigor.  A partir desta segunda-feira, o limite de "posição vendida" em dólar no mercado à vista foi reduzido para 1 bilhão de dólares ou o tamanho do patrimônio da instituição financeira (se este for menor). Em janeiro, o BC havia limitado essa exposição em 3 bilhões de dólares ou o tamanho do patrimônio. Caso excedam os limites, os bancos têm de recolher ao BC 60% do valor da aposta.

Em consequência, o cupom cambial subiu, assim como o volume de negócios. O dólar comercial fechou em alta de 1,09% a 1,581 real no mercado interbancário de câmbio, após oscilar entre a mínima de 1,577 real (0,83%) e a máxima de 1,585 real (1,34%).

Itália traz mais risco para Europa e bolsas fecham em forte queda

Londres caiu 1,03%; Frankfurt, 2,33%. Paris apresentou queda de 2,71%. Em Lisboa, a baixa chegou a 4,28% e Madri amargou perda de 2,69%. Milão despencou 3,96%


As bolsas na Europa fecharam em forte queda nessa segunda-feira, depois que o risco de calote atingiu também a Itália. Londres caiu 1,03%; Frankfurt, 2,33%. Paris apresentou queda de 2,71%. Em Lisboa, a baixa chegou a 4,28% e Madri amargou perda de 2,69%. Milão despencou 3,96%.

O setor bancário foi o que mais sofreu impacto das preocupações com a crise europeia. BNP Paribas caiu 6,8% em Paris, Commerzbank recuou 8,6% em Frankfurt e Dexia cedeu 8% em Bruxelas. Em Milão, Intesa Sanpaolo declinou 7,7% e UniCredit perdeu 6,3%. "As preocupações com a Itália estão dominando tudo no momento", comentou Joshua Raymond, estrategista do City Index.

O pessimismo provocou reflexos em vários ativos do mercado. O ouro, usado como porto seguro pelos investidores, chegou a 1.108,92 euros por onça-troy, rompendo brevemente o importante nível de resistência de 1.100 euros. Esse foi o preço mais alto já atingido pelo ouro em euros e representou um avanço de 8,4% sobre o valor do começo da semana passada.

A aversão ao risco também fez com que o rendimento dos títulos de 10 anos do governo da Espanha superassem 6% pela primeira vez desde a introdução do euro, chegando a 6,027%. Para se ter uma ideia, na semana passada o Brasil chegou a captar no exterior, no mesmo prazo, com juro de 4,188%.

No Brasil, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) também sentiu os reflexos da piora no quadro internacional. Com investidores fugindo das opções de risco no mercado, a Bolsa cai para 2,08%, às 14h26, no patamar mínimo dessa segunda. O dólar sobe para R$ 1,58, com alta de 1,6%.

Crise. No domingo, a União Europeia convocou uma reunião de emergência para discutir o risco de calote em países europeus, principalmente na Itália. Na sexta-feira, o risco do país foi duramente atingido pelo mercado, que passou a apostar não apenas na quebra da periferia. As dúvidas em relação à saúde dos bancos italianos também ajudou a proliferar a tensão. As ações do Unicredit Spa, o maior banco da Itália, desabaram quase 8%.

Nos Estados Unidos, fundos de pensão que tinham investimentos na Itália iniciaram uma corrida para vender seus ativos, aprofundando ainda mais os temores em relação à Roma.

A chanceler alemã Angela Merkel disse que a Itália deve enviar um "sinal muito importante" aos investidores nervosos, garantindo a apresentação de um plano crível para consolidar os planos para o orçamento do país. Merkel disse ainda que conversou ao telefone ontem com o primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, sobre a posição da dívida da Itália e sobre o plano orçamentário.

"Acredito haver um sinal muito importante de que a Itália deve enviar - a aprovação de um orçamento que inclua a consolidação necessária", disse Merkel. "Tenho completa confiança de que o parlamento italiano irá aprovar tal orçamento", acrescentou.

Merkel afirmou que a reunião das autoridades da União Europeia e os ministros das finanças desta segunda-feira em Bruxelas precisa ter como foco a preparação de um novo pacote de ajuda para a Grécia, e que a zona do euro deve continuar a fazer o que for necessário para proteger a moeda comum.

"A Alemanha e seus parceiros na zona do euro estão completamente comprometidos em defender a estabilidade do euro de modo geral", afirmou Merkel.

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Fonte:
veja.com.br/Estadão

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