Fertilizantes: Brasil continuará dependente de importação de Potássio
Publicado em 12/07/2011 18:12
e atualizado em 05/03/2020 11:20
Informações da redação do jornal O Estado de S. Paulo
O Brasil deve reduzir a dependência da importação de fertilizantes
até 2016, quando grandes projetos de empresas como Vale, Petrobras, Galvani,
Copebrás etc, estiverem em operação, mas ficará ainda bem longe da
autossuficiência, segundo diagnóstico apresentado por Mario Alves Barbosa Neto,
presidente da Anda e diretor-presidente da Vale Fertilizantes, durante o 1º
Congresso Brasileiro de Fertilizantes, hoje em São Paulo. "Há limitações de
recursos naturais, problemas tributários e de infraestrutura e logística", enumerou.
Dados mostrados por ele indicam que nos próximos cinco anos, o País deve reduzir
a dependência das importações de fósforo de 49% para 12% e, de nitrogênio, de
78% para 33%. Por falta de jazidas economicamente viáveis no País, a dependência
de potássio importado vai continuar alta, acima dos 80%. Esses porcentuais devem
ser realizados se todos os projetos em curso forem executados e a demanda
crescer como esperado, ressaltou.
Dos três principais insumos, o nitrogênio é o que tem melhor perspectiva de
aumento de oferta por causa dos projetos de gás natural em curso no País. O mais
problemático é o potássio. "Até hoje não conhecemos jazidas economicamente
viáveis que permitam reduzir nossa dependência", afirmou o presidente da Anda. Há
uma jazida sendo explorada pela Vale Fertilizantes, em Sergipe. O executivo disse
que há reservas no Amazonas e um projeto de termopotássio sendo desenvolvido
em Minas Gerais. "Mas eles não resolvem o problema brasileiro". Mario Barbosa
afirmou que o potássio que a Vale Fertilizantes está explorando em Mendoza, na
Argentina vai ser direcionado para o Brasil.
Outro fator que deve evitar que o país chegue a níveis maiores de suficiência em
fertilizantes é o aumento da demanda, que vai ser expressivo nos próximos anos,
lembrou Benedito da Silva Ferreira, diretor do departamento de Agronegócios da
Fiesp. "Estamos realizando um estudo sobre a demanda no País até 2025 e já
podemos dizer que o consumo adicional de fertilizantes será enorme nos próximos
anos. Será improvável atingir a autossuficiencia. Se chegarmos a 60% ou 65% de
produção nacional nos dois principais insumos (nitrogênio e fósforo) já vai estar
muito bom", considerou. Dados apresentados pelo presidente da Anda mostram
que, enquanto a demanda no mundo deve crescer 3,3% ao ano, no Brasil o avanço
será de 5,5% até 2019.
Entraves - Além dos recursos naturais limitados, Mario Barbosa e outros
participantes do evento citaram logística e problemas tributários, que encarecem o
transporte de fertilizantes dos centros produtores no Brasil para outras regiões, em
especial Nordeste e Sul.
Num exemplo mencionado no congresso, por ser isenta de ICMS a tonelada de
fertilizante importado com preço FOB de US$ 1.110 em Paranaguá chegaria a
Uberaba, em Minas Gerais, valendo R$ 1.195 a tonelada, enquanto o produto
nacional, que recolhe o imposto, chegaria a US$ 1.295 ao mesmo destino. "Frete e
isonomia tributária são essenciais para manter a competitividade da produção
nacional", afirma Barbosa.
"Fertilizante é matéria-prima de produtos que vão para exportação, mas que também
fazem parte da cesta básica e a atual arquitetura tributária é muito danosa para toda a
cadeia", avalia Dalton Carlos Heringer, presidente da Fertilizantes Heringer, empresa
que lida com diferentes realidades tributárias com suas 19 unidades de distribuição
espalhadas pelo País. "O ICMS afeta produção e distribuição. Estamos localizando
ativos em função do imposto", disse Luiz Eduardo Valente Moreira, gerente
executivo Petrobras Gás e Energia.
Preços - Os preços dos fertilizantes aumentaram no primeiro semestre deste ano e
devem continuar firmes no mercado internacional por mais 12 a 18 meses, afirmou
Mario Barbosa Neto, da Anda. Lá fora, diz, a demanda também é grande, com o
consumo crescente de China e Índia, mas assim como no Brasil o aumento da oferta
de algumas matérias-primas também sofre limitações.
Segundo Barbosa, há vários investimentos em nitrogênio no mundo, especialmente
no Oriente Médio, mas a elevação contínua dos preços nos últimos meses mostra
que há certo aperto na oferta. Quanto ao fosfato, há investimentos novos na Arábia
Saudita e Marrocos. No potássio, a restrição é maior. "De 60% a 70% do mercado
estão nas mãos de duas comercializadoras, da Rússia e do Canadá", disse Barbosa.
"Não vejo projetos significativos. Mercados de potássio e fósforo são muito curtos."
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Fonte:
O Estado de S. Paulo