Plano para dívida dos EUA é aprovado na Câmara

Publicado em 01/08/2011 21:22 e atualizado em 02/08/2011 12:06
Projeto precisava de pelo menos 216 votos para ser aprovado e passar para a votação no Senado, que deve ocorrer amanhã. Depois disso, plano ainda passará por Obama
O acordo para um novo teto da dívida dos Estados Unidos costurado pelo governo, pelo presidente americano, Barack Obama, e por representantes dos partidos Republicano e Democrata foi aprovado na noite desta segunda-feira na Câmara dos Representantes - equivalente à Câmara dos Deputados. O projeto de lei vai agora para o Senado - que deve votá-lo nesta terça-feira - e, se aprovado novamente, segue para sanção do presidente Obama. A votação final na Câmara foi de 269 votos favoráveis ao projeto e 161 contrários.

O acordo fechado neste fim de semana prevê um corte de gastos na ordem de US$ 2,4 trilhões (R$ 3,7 trilhões) e uma elevação no teto da dívida na mesma proporção. A Casa Branca tem um teto legal para a tomada de empréstimos para o pagamento das contas públicas, como o salário dos militares, os juros de dívidas prévias e o sistema de saúde Medicare. O limite atual é de US$ 14,3 trilhões (R$ 22,3 trilhões).

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, anunciou na noite deste domingo que republicanos e democratas do Senado e da Câmara dos Representantes (deputados) haviam chegado a um acordo para elevar o teto da dívida do país e evitar uma moratória parcial, que poderia ocorrer a partir da terça-feira. O consenso permitirá que Tesouro empreste mais dinheiro para manter os compromissos, em troca de cortes de gastos governamentais de US$ 1 trilhão - valor que deve chegar a US$ 2,4 trilhões em dez anos.

"Gostaria de anunciar que os líderes dos dois partidos em ambas as câmaras chegaram a um acordo que irá reduzir o déficit e evitar um default (não pagamento da dívida), um default que teria efeitos devastadores em nossa economia", disse Obama em declarações na Casa Branca, no domingo. Ele também lamentou a demora e a "bagunça" nas negociações, e agradeceu aos americanos por ajudarem na pressão sobre os políticos.

O acordo foi negociado a portas fechadas entre a Casa Branca e o líder da minoria republicana, Mitch McConnell. Tanto o presidente Obama como o vice-presidente Joe Biden tiveram um papel ativo nas conversas. "Não é o melhor acordo do mundo, mas mostra como mudamos em termos de debate nesta cidade", afirmou Obama.

Entenda
No último dia 16 de maio, os Estados Unidos atingiram o limite legal de endividamento público - de US$ 14,3 trilhões (cerca de R$ 22,2 trilhões). Na ocasião, o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Timothy Geithner, usou ajustes de contabilidade, assim como receitas fiscais mais altas que o previsto, para seguir operando normalmente, mas só pode continuar dessa forma até a meia-noite de terça-feira.

Segundo levantamentos do governo, o país não teria mais dinheiro disponível para honrar seus compromissos no próximo dia 2 de agosto. Líderes empresariais e financeiros advertiram que o não cumprimento dos pagamentos se traduziria em consequências catastróficas para a frágil economia americana, que ainda luta com um persistente desemprego de 9,2% na esteira da crise global de 2008.
Comentário de Reinaldo Azevedo (em veja.com.br):

EUA - Câmara aprova pacote anticalote; metade dos democratas vota contra proposta apoiada por Obama! Ou: “Quanto mais os reis deliram, mais os gregos apanham”

Pronto! A Câmara dos Deputados, liderada pela maioria republicana, aprovou o plano para elevar o teto da dívida e evitar a moratória americana, cujo prazo limite é amanhã. O plano foi aprovado por 269 votos contra 161. E algo muito interessante se deu: o acordo anunciado pelo próprio Obama teve mais votos contrários do seu próprio partido — 95 votaram contra e 95 a favor — do que dos republicanos: 173 a favor e 66 contra. Isso nos diz algumas coisas.

Leiam o post seguinte sobre a negociação. Como a imprensa ocidental toda, inclusive boa parte da nossa, está pautada, vamos ser genéricos, pelos “liberais” do New York Times, então seria de se acreditar que aquela gente do Tea Party é mesmo muito malvada, direitista e racista. Seriam extremistas que não gostam de preto, de pobre e de benefícios sociais. Só estariam interessados em ajudar os ricos. Lula já definiu como é essa gente de olho azul, né? A turma quer é derrotar Barack Obama, certo? Por isso o homem não teve dúvida: sacou o seu celular e resolveu travar a batalha pelo Twitter. Ai, ai…

Um bom exemplo da natureza da crise poderia ser esta frase do deputado Joseph Crowley, um democrata: “A questão é quantos votos os republicanos podem garantir. Eles são a maioria na Câmara, e é responsabilidade deles gerar votos para aprovar um projeto que eles criaram”. Viram como o Tea Party sozinho não consegue servir o chá da insensatez??? A midiática Nancy Pelosi também não se mostrou nada encantada. Ora, vejam lá. Quem foi mais irresponsável? Os democratas ou os republicanos?

Eu não sei se vocês notam, mas o problema fundamental, meu caros, está na falta de liderança de Barack Obama. É aí que reside a questão. Sim, caso a Câmara e o Senado se dispusessem a fazer tudo o que ele quer, as coisas estariam resolvidas. Mas, para tanto, uma condição necessária, ainda que não suficiente, seria ter a maioria nas duas Casas — e ele não tem. As últimas eleições legislativas o derrotaram na Câmara e quase provocam a catástrofe completa: a derrota no Senado. Atenção! Chamei essa maioria de “condição necessária, mas não suficiente”. Nos EUA, ela não garante automaticamente os votos, não. Como Obama não tem estatais para distribuir cargos, e o poder não se organiza na base do toma-lá-dá-cá, não basta o chefe do Executivo querer. É por isso que não surge um PMDB ou um PR na América, entenderam?

Para que partidos dessa natureza pudesse prosperar por lá, a democracia americana teria de regredir muito, o estado se expandir demais, o país ficar coalhado de estatais para abrigar larápios, e o fisiologismo se espalhar como praga. Aí um tolo dirá: “Ah, mas, ao menos, no Brasil não há crise como aquela…” É verdade! Vai ver é o PMDB que impede, não é mesmo? Jesus!

Estou chamando atenção para o fato de que também os democratas resistem a acordos, e sua linguagem não é nem mais nem menos “populista” (como os nossos esquerdistas e os liberais americanos chamam o Tea Party) do que a dos ditos “radicais de direita”. Estes maximizam, no limite do temerário, a necessidade de cortar gastos; os “progressistas” decidiram que a culpa recai nas costas daqueles que chamam “ricos”, de quem esperam mais impostos.

Se as posições se extremam, alguém tem de aparecer para negociar. A pessoa com a responsabilidade institucional se chama Barack Obama. Mas, há dois dias, a com a crise comendo solta, ele se dedicava a seu tuitaço e a satanizar a turma “de Washington” — ou seja, os políticos. Não conseguiu nem mesmo unir o seu próprio partido. E uma falácia magnífica ganhou corpo: a responsabilidade do impasse seria do “Tea Party”, que compõe uma vistosa minoria, e, secundariamente, dos republicanos moderados, que não estariam sabendo controlar seus radicais.

Muito bem: a esmagadora maioria dos republicanos deu mostras de concordar com uma proposta que já tinha sido anunciada pelo próprio Obama, o que o fez anunciar o acordo. E, então, foram os democratas a fazer bico doce, dividindo-se de modo irresponsável, sem controle, sem liderança.

E é aí que deveria entrar Barack Obama… Mas ele tarda. O acordo ficou para ser votado no Senado no último dia. O poeta latino Horácio já sintetizou um momento como esse há alguns séculos: “Quando mais os reis deliram, mais os gregos apanham…” Ok, no fim eles venceram os troianos, mas deu um trabalhão.
Por Reinaldo Azevedo

EUA - Plano contra calote só vai ser votado no Senado amanhã

Peço que vocês leiam com atenção a síntese que faz a Agência Estado do imbróglio envolvendo a elevação do limite da dívida dos EUA, com base em informações da Down Jones.

O Senado dos EUA votará nesta terça-feira, 2, o projeto de lei para elevar o limite de endividamento do país e reduzir o déficit orçamentário do governo federal segundo os termos do acordo fechado no fim de semana por congressistas governistas e da oposição, afirmou um assessor do Partido Democrata. A expectativa era de que a votação ocorresse ainda nesta segunda, segundo declaração feita pelo republicano Lamar Smith, presidente do Comitê Judiciário da Câmara dos Representantes.

Amanhã, dia 2 de agosto, é o último dia do prazo dado pelo Departamento do Tesouro norte-americano para que o teto de endividamento dos EUA seja elevado. Sob os termos do acordo, o limite seria ampliado em pelo menos US$ 2,1 trilhões - o suficiente para suprir a necessidade de financiamento do governo até 2012. Segundo o presidente americano, o acordo ainda define um corte de US$ 1 trilhão de dólares em dez anos. Além disso, cria um comitê bipartidário no Congresso para, em novembro, votar um novo projeto de redução do déficit das contas públicas.

Incertezas
Apesar da proximidade do prazo, ainda existem incertezas se o plano anunciado por Barack Obama será aprovado na Câmara e no Senado norte-americanos. Nesta segunda, a líder da minoria democrata na Câmara dos Representantes dos EUA, Nancy Pelosi (…) disse que o acordo traz pontos positivos, como um aumento no teto da dívida suficiente para as necessidades de financiamento dos próximos 18 meses, mas alertou que seus companheiros de partido estão “muito preocupados com um projeto de lei que faz grandes cortes nos gastos e não envolve sequer um centavo das pessoas mais ricas do nosso país - nenhuma receita. É desconcertante”. No entanto, ela afirmou ainda nesta segunda que votará a favor do pacote.

A maior parte dos democratas disse ainda estar indecisa ou ser contrária ao novo acordo. “Estou pendendo mais para o não”, disse o deputado Steve Cohen, ao sair da reunião com outros membros do seu partido. Os democratas possuem a minoria dos assentos na Câmara dos Representantes, mas a oposição dos deputados do partido em relação ao acordo da dívida é relevante porque há deputados republicanos, principalmente da ala mais conservadora, que também são contrários ao plano. Questionado sobre quantos votos a favor os democratas poderiam conceder, o deputado Joseph Crowley disse: “a questão é quantos votos os republicanos podem garantir. Eles são a maioria na Câmara e é responsabilidade deles gerar votos para aprovar um projeto que eles criaram”.

Por outro lado, os republicanos parecem estar dispostos a apoiar o projeto de lei. Pelo menos metade dos deputados do Partido Republicano deve votar no projeto de lei fruto do acordo fechado no fim de semana entre governo e oposição nos EUA, afirmou um assessor de uma das lideranças republicanas. Segundo ele, ao menos 120 dos 240 deputados do partido votarão a favor do pacote, que prevê um aumento de pelo menos US$ 2,1 trilhão no limite de endividamento do governo federal e um corte equivalente no déficit orçamentário ao longo dos próximos dez anos.

Isso significa que pelo menos 96 dos 193 deputados democratas precisariam apoiar o projeto de lei. Dessa forma, seriam atingidos os 216 votos a favor necessários para que a legislação seja aprovada.

Até 2013
O vice-presidente norte-americano, Joe Biden, disse estar confiante que a proposta para elevação do limite de endividamento do país será aprovada pelo Congresso. Após sair de uma reunião de mais de duas horas com os deputados democratas, Biden afirmou que o acordo anunciado ontem tem uma “característica irresistível, redentora: diz que essa questão do teto da dívida não virá à tona de novo até 2013″.

Reconhecendo que deputados democratas “expressaram toda sua frustração” sobre o projeto, o vice-presidente disse que foi ao Capitólio para explicar aos legisladores “porque isso é tão importante”. Mesmo assim, vários democratas saíram da reunião afirmando que não planejam votar a favor do plano. Segundo Biden, quanto antes o projeto for aprovado, mais cedo o governo poderá discutir a criação de empregos. As informações são da Dow Jones.
Por Reinaldo Azevedo

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Fonte:
Terra

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