No Estadão: Crise se agrava e UE teme faltar dinheiro
O temor de uma nova recessão mundial ganha força em todo o mundo e a Europa admite que a crise da dívida atinge o coração do continente. Ontem, em um dia de pânico, as principais bolsas despencaram, diante de governos incapazes de dar garantias aos mercados e de dados macroeconômicas que revelam que a recuperação da Europa e dos Estados Unidos acabou.
O Banco Central Europeu (BCE) fracassou em blindar Espanha e Itália de um contágio da crise da dívida. Mas o sinal mais claro do mal-estar foi dado pelo próprio presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, admitindo que a turbulência por conta da dívida já deixou a periferia e atinge o centro da UE. Para ele, a crise entra em uma nova dimensão e terá de contar com um fundo de resgate com maior poder de fogo - ou seja, mais dinheiro.
Parte do nervosismo nos mercados foi causado pelos piores resultados da economia europeia em dois anos. Nos últimos dias, empresas de diversos setores ainda revelaram queda de vendas e bancos anunciaram demissões. Ontem, o índice Markit, que mede o setor de serviços no continente, revelou que esse segmento da economia está estagnado e que a recuperação acabou. "A economia da zona do euro entrou em um terreno de estagnação", afirmou Rob Dobson, economista da Markit, em declarações ao Estado.
Migração. Outro fator que pesou foi a constatação da UE de que a crise da dívida já deixou a periferia e hoje afeta o centro do bloco. Em uma carta aos líderes dos 27 países da UE, Barroso alertou que o problema já não está na Grécia, Portugal e Irlanda. Segundo ele, a crise está comendo o coração da zona do euro, com Espanha e Itália afetadas. Para o Barroso, a zona do euro está ameaçada por uma "falência sistêmica" e que "está claro que não administramos uma crise apenas na periferia".
Seu apelo é para que a UE repense a forma de resgatar países e que o fundo que criou no ano passado com 440 bilhões seja fortalecido para um eventual resgate à Itália e Espanha, a terceira e quarta maiores economias da região. Já se especula que o fundo precisará de 1 trilhão a 2 trilhões para garantir a sobrevivência do bloco.
Dos 440 bilhões inicialmente acordados, 43 bilhões já foram reservados para Irlanda e Portugal, além de 70 bilhões para a Grécia. Para Barroso, não há dúvidas de que o fundo de resgate criado pela UE nem de perto seria suficiente para socorrer Espanha ou Itália, caso seja necessário. "Precisamos estar equipados com os meios para lidar com os riscos de contágio."
Barroso ainda criticou a falta de coordenação dos países europeus em torno de uma solução, alertando para a "indisciplina" na comunicação e no fato de não terem completado o trabalho.
Fracasso. Em outra demonstração da gravidade da crise, o BCE fracassou em acalmar os mercados e apenas reforçou o sentimento de que uma crise ainda maior está prestes a eclodir. A instituição garantiu que continuaria comprando papéis da dívida de países em crise, em um sinal de que atuaria para ajudar Espanha e Itália. O BCE ainda manteve as taxas de juros inalteradas. "Vocês verão como vamos atuar. Não me surpreenderia se notássemos algo nos mercados antes dessa conferência de imprensa", disse Jean-Claude Trichet, presidente do banco.
De fato, sua declaração gerou um alívio no mercado, já que a ação do BCE é considerada como a única medida real para frear um calote no continente. Mas a calma não chegou a completar dez minutos e Itália e Espanha voltaram a ser alvo do mercado. Nem o anúncio da reinstalação de medidas extraordinárias de liquidez foram suficientes. Na realidade, a medida foi interpretada como uma prova de que a crise é inevitável.
O risco país da Espanha e da Itália voltou a aumentar, chegando perto do recorde. Para analistas, a reação do mercado escancarou o fato de que o BCE não tem poder de fogo para socorrer esses países. Na Itália, o primeiro-ministro Silvio Berlusconi também não conseguiu convencer os mercados. Ontem, prometeu um pacto para promover o crescimento do país a partir de setembro, mas não deu indicação do que poderia ser.
PONTOS DE TENSÃO
Crise da dívida
Recente escalada da crise da dívida soberana na zona atingiu em cheio os mercados pelo temor de que piore as expectativas de crescimento da economia mundial
Indicadores
Parte do nervosismo nos mercados foi causado pelos piores resultados dos indicadores econômicos em dois anos.
Fundos
O fundo europeu de ajuda criado para salvar os países em crise de 400 bilhões de euros é insuficiente se for preciso resgatar Itália e Espanha. Já se fala que precisaria ser entre 1 trilhão de euros e 2 trilhões de euros.
Mexicano Carlos Slim perde US$ 8 bilhões em 4 dias
por Sílvio Guedes Crespo
O bilionário mexicano Carlos Slim perdeu US$ 8 bilhões apenas nos quatro primeiros dias do mês, considerando a desvalorização das ações que ele possui, segundo dados compilados pela agênciaBloomberg.
Esse valor corresponde a 11% do portfólio de ações do magnata, que de acordo com a revista “Forbes” é o homem mais rico do mundo. Esta publicação, em seu ranking mais recente de bilionários do mundo, de março, afirmava que a fortuna de Slim estava em US$ 74 bilhões. Já a Bloomberg noticia que o patrimônio de Slim está agora em US$ 63 bilhões.
A perda de 11% é maior do que a média entre investidores. O índice S&P 500, por exemplo, uma das referências da bolsa de Nova York, caiu apenas 7,1% no período.
Segundo a Bloomberg, Slim foi especialmente afetado devido à combinação entre a queda da bolsa mexicana e valorização do dólar. O mercado de ações do México desceu 7,4%, e o peso, 2,5%.
Medidas na moeda local, as ações de Slim perderam 9% do seu valor, mais do que o índice de referência da bolsa do México. Os papéis da America Móvil caíram 6,9% na semana. Outras empresas de Slim também tiveram perdas na bolsa, como a Inbursa (queda de 8,7%), a Inmuebles Carso (11%) e grupo Carso (18%).
BCE pode comprar bônus da Itália e Espanha
Segundo o 'WSJ' , porém, a autoridade financeira ainda não fez nenhum compromisso firme a respeito
FRANKFURT - O Banco Central Europeu (BCE) está aberto à perspectiva de comprar bônus dos governos da Espanha e da Itália, mas não fez nenhum compromisso firme a respeito, disseram fontes familiarizadas com o assunto a The Wall Street Journal.
O BCE exortou estes países a acelerarem o ritmo das reformas econômicas. A Itália anunciou nesta sexta-feira passos para antecipar o cronograma de consolidação fiscal e introduzir uma emenda sobre equilíbrio do Orçamento em sua Constituição como parte de um acordo com autoridades da União Europeia.
O BCE comprou bônus de governos ontem e hoje pela primeira vez em mais de quatro meses, mas as compras foram limitadas aos papéis da Irlanda e Portugal. Muitos analistas afirmam que as compras precisam ser ampliadas para Espanha e Itália de forma a evitar que a crise da dívida se amplie para estes países.
G-7 marca reunião extraordinária para discutir crise
A decisão da reunião surgiu após uma conversa entre o presidente francês, Nicolas Sarkozy, e o primeiro-ministro da Itália, Silvio Berlusconi
O grupo dos países mais desenvolvidos do mundo (G-7) irá se reunir nos próximos dias para discutir uma resposta ao agravamento da crise econômica mundial. O encontro extraordinário reunirá líderes dos Estados Unidos, Japão, Alemanha, Reino Unido, França, Itália e o Canadá. Tudo indica que a reunião acontecerá na próxima semana.
Nessa sexta-feira, a Itália disse que o país vai acelerar o cronograma da sua consolidação fiscal e introduzir uma emenda para equilibrar o orçamento na sua Constituição, como parte de um acordo com a União Europeia. O primeiro-ministro afirmou ainda que seu governo vai eliminar o déficit orçamentário em 2013, um ano antes do esperado. A decisão acalmou, em parte, o nervosismo dos mercados.
Ainda hoje, Berlusconi deve conversar com o presidente americano, Barack Obama.
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