Quando o verde é arauto do atraso, por João Luiz Mauad

Publicado em 06/11/2011 17:47
Publicado pelo Diário do Comércio em 20/10/2011

Émuito dura a vida de quem pretende iniciar ou ampliar um negócio no Brasil. Qualquer um que pretenda erguer um simples condomínio de apartamentos, explorar uma mina em propriedade privada, construir uma pequena usina hidrelétrica ou uma nova fábrica terá que encarar, além da intrincada legislação ambiental, as onipotentes e intransigentes agências reguladoras, com autoridade suficiente para embargar quaisquer novos projetos considerados "nocivos ao meio ambiente".

 

Aqui, qualquer novo investimento, mesmo o público, deve percorrer um labirinto sem fim de controles e processos, além de contar com a má vontade dos barnabés e a oposição de grupos ativistas raivosos e barulhentos. Cada passo nesse labirinto envolve custos absurdos de tempo e dinheiro, sem qualquer garantia de que o projeto seguirá adiante.

 

São inúmeros os empreendimentos embargados ultimamente, pelas autoridades ambientais, em nome da preservação do habitat de espécies "ameaçadas" de peixes, pererecas, corujas, ratos, borboletas, preguiças e sabe-se lá o que mais.

 

Em face desta barafunda regulatória e do ativismo verde, é um milagre que investimentos produtivos ainda aconteçam  no Brasil. O mais notável e paradoxal, entretanto, é que a maioria dos brasileiros, que supostamente deseja o progresso do País, aceita e até mesmo aplaude este estado de coisas. A seita ambientalista nunca foi tão popular como agora.

 

O movimento verde nasceu da justíssima indignação de alguns com a poluição do ar, dos rios e dos mares, além da preocupação com os riscos para a saúde humana provenientes da atividade industrial. Com o tempo, entretanto, o movimento foi sendo dominado e transformado por ideólogos esquerdistas, preocupados não com a poluição ambiental ou com a nossa saúde, mas com o desmantelamento do capitalismo.

 

Hoje em dia, as bandeiras "verdes" vão desde a rejeição aos combustíveis fósseis até a construção de usinas hidrelétricas e termonucleares, que ao todo significam 98% da produção de energia do mundo. Até mesmo os aparelhos de ar condicionado, geladeiras e outros eletrodomésticos estão na lista negra desta gente.  Alguns mais radicais, sem maiores considerações pelo conforto humano, consideram antiecológica a utilização de qualquer equipamento industrial minimamente poluente ou prejudicial ao famigerado aquecimento global.

 

Em resumo, a essência dessa ideologia está na crença de que a humanidade deve minimizar o seu impacto sobre a natureza, custe o que custar. Vide a gritaria contra a aprovação recente do novo Código Florestal, um código extremamente preservacionista e restritivo à atividade econômica, sem similar no mundo, mas que, mesmo assim, conseguiu desagradar os xiitas.

 

O problema que os adeptos desse radicalismo se recusam a enxergar é que nós, seres humanos, só sobrevivemos por conta  da transformação da natureza, sem o que não há como satisfazer nossas necessidades mínimas.

 

Nosso bem estar está diretamente ligado à  capacidade de geração de riquezas, a fim de tornar o ambiente à nossa volta menos agressivo e mais hospitaleiro.  Ao criarmos e utilizarmos riquezas – como casas, estradas, usinas de energia, indústrias, alimentos, automóveis, aviões, móveis, utensílios, eletrodomésticos, etc.– de alguma maneira  sempre estaremos impactando a natureza.

 

A razão fundamental de nosso alto padrão de vida (notadamente quando comparado com os dos nossos ancestrais) está na industrialização.  Graças a ela,  hoje somos centenas de vezes mais produtivos do que há 200 anos. Já imaginaram como  estaríamos vivendo caso os nossos antepassados fossem reféns de seitas ambientalistas como as de hoje?

 

Definitivamente, o progresso, vale dizer, o abandono do nosso estado de pobreza natural, requer que modifiquemos a natureza tanto quanto seja necessário para torná-la menos agressiva e, acima de tudo, favorável à nossa sobrevivência.  Graças a Deus, as gerações que nos precederam visaram o progresso, não o preservacionismo.  Elas tiveram orgulho de construir fábricas, abrir estradas, perfurar poços, escavar a terra à procura de novos recursos.

 

O desenvolvimento industrial e o científico são verdadeiras dádivas da modernidade, que nos deram as ferramentas e a tecnologia necessárias para tornar o nosso habitat mais saudável e acolhedor.  Pensem por um minuto no que seria do homem sem os modernos sistemas de esgotamento sanitário, a água encanada, as construções mais seguras, resistentes e protegidas das intempéries naturais, a comida fresca e farta e os meios de transporte rápidos e eficientes.

 

É verdade que tudo isso resultou em alguma poluição do ar, do mar e dos rios.  No entanto, mesmo esses indesejáveis efeitos negativos têm sido superados com bastante êxito pelas nações capitalistas mais avançadas.

 

E, por incrível que pareça, os mais prejudicados pelo fanatismo das seitas ambientalistas são os mais pobres, privados da única chance de poderem, um dia,  usufruir do padrão de vida dos países industrializados.

 

Ao contrário do que dizem os pregadores do apocalipse, precisamos abraçar, de forma inequívoca, o desenvolvimento econômico, o que vale dizer: a transformação da natureza em grande escala, a utilização sem remorsos de energias eficientes e baratas, a produção de bens e serviços com maior produtividade e menor esforço. Só assim viveremos mais e melhor.

 

Publicado pelo Diário do Comércio em 20/10/2011

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Diário do Comércio

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