A mentira contada pela foto de Lula e Sarney no hospital.

Publicado em 16/04/2012 14:20 e atualizado em 27/02/2020 09:26
por Reinaldo Azevedo, de veja.com.br

A MENTIRA CONTADA PELA FOTO DE LULA E SARNEY NO HOSPITAL. OU: A VERDADEIRA DOENÇA DO BRASIL É O DÉFICIT DE CULTURA DEMOCRÁTICA, NÃO O CÂNCER OU O CORAÇÃO ENTUPIDO

Essa gente brinca com a nossa generosidade, com o nosso bom senso, com a nossa temperança. O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), está internado no Hospital Sírio-Libanês, onde se submeteu a um cateterismo com implantação de um stent. O Sírio — como é conhecido — precisa tomar cuidado, aliás, para não se transformar numa espécie de Sanatório do Poder. Tenho cá as minhas dúvidas se esse contínuo processo de espetacularização da doença de figurões da República, de que o hospital serve de cenário, faz bem à saúde da instituição, com seus médicos estelares descendo ao térreo para receber autoridades, numa espécie de rendição do sacerdócio da ciência à mundanidade do mando. Nas coletivas em que se tratava do câncer de Lula, por exemplo, havia mais homens de branco para dar entrevistas do que repórteres para ouvir o que eventualmente tinham a dizer. Sei que o Sírio é um hospital sério e não estou pondo isso em dúvida. Mas não terá chegado a hora de pôr um freio no excesso de exposição? Uma questão a se pensar. Adiante.

O Apedeuta foi visitar Sarney no leito. E temos, que surpresa!, mais uma foto de Ricardo Stuckert, do Instituto Lula, com a composição, a luz e o enquadramento meticulosamente  estudados para remeter, reitero, àquelas imagens da Benetton, tornadas célebres pelo fotógrafo italiano Oliviero Toscani. Vejam. Volto em seguida.

benetton-lula-sarney

Voltei
Para que isso? O que se aproveita dessa imagem? Qual é a sua dimensão ou seu interesse público? O que se pretende senão construir a imagem da “humana fragilidade do poder”, apelando ao sentimentalismo? Nada poderia ser mais falso do que isso! Ao contrário: as duas figuras aparentemente frágeis são dois tubarões da política — e só por isso suas respectivas doenças passam por esse processo de espetacularização.

Para ter direito a um leito no Sírio Libanês e ao aporte midiático que o cerca é preciso ser alguém muito além da fragilidade que a foto sugere. Atenção! Não estou aqui barateando as tolices da luta de classes, não, ou sugerindo que ambos se tratem no SUS, que o Apedeuta já chegou a ver “perto da perfeição”. Meu ponto é outro. Estou é acusando uma operação que consiste em criar uma imagem que falsifica a verdade. Ali estão dois oligarcas — ou, se quiserem, duas versões do patrimonialismo brasileiro. Ambos representam esquemas de poder que põem a serviço de grupos o bem público, seja esse bem material ou institucional. Quanto as próprias leis são torcidas para atender a interesses ou quando se faz um esforço em favor de sua aplicação seletiva, é a República que está indo para o brejo.

Torço para que os indivíduos Lula e Sarney se recuperem. Poucas coisas são tão desprezíveis na minha ordem de valores quanto folgar com a doença alheia ou torcer para que um adversário, desafeto, rival — ou simplesmente alguém de quem não se gosta — seja tirado de circulação por algum impedimento trágico. É mostra de covardia moral e intelectual.

Eu quero mais é que esses dois se recuperem de suas respectivas doenças. Mas não abro  mão de denunciar a outra doença que uma imagem como a que vai acima revela: o nosso déficit de cultura democrática. Não é o Senado que passou por um cateterismo, mas o homem José Sarney. Como tal, o decoro recomenda o resguardo que a qualquer outro paciente é cabido e devido. Não é um ex-presidente da República e presidente de honra de um partido que se trata de câncer, mais o indivíduo Luiz Inácio da Silva. Notem que, nesse caso, omiti até a palavra “Lula”, um apelido incorporado a seu nome de batismo em razão da política. Também no seu caso, o decoro perdeu para a politização da doença.

Desagradável
Uma foto como essa requer a colaboração dos modelos. Estão a obedecer instruções precisas do fotografo. Depois de ajustados a cena, o enquadramento, a luz, o foco, o profissional do outro lado da câmera dá a ordem: “Ajam normalmente!” Ora, que normalidade pode haver numa situação assim?

Não descarto que exista afeto mútuo entre Lula e Sarney, a despeito de tudo o que o petista já disse sobre o peemedebista e sua família. É a amor fraterno que nasce do mutualismo político, não é? O Apedeuta submeteu a biografia de seu antigo desafeto à lavanderia de reputações do petismo, que tanto lava como suja biografias, a depender do interesse. E Sarney emprestou a Lula o domínio daquelas áreas do Congresso infensas a qualquer processo de modernização. Assim se juntaram dois atrasos: o contemporâneo e o arcaico.

De resto, questiono o gosto de uma imagem assim, que já vai virando um clichê da política brasileira, sempre pela lente de Ricardo Stuckert, sempre no Sírio-Libanês e sempre com o mesmo propósito. Todas as fotos são derivações de uma campanha da Benetton em que uma família chora a morte iminente de um paciente de Aids. Que importa se esse tipo de exploração busca ganhar dinheiro, votos ou simpatia popular? É indecorosa em qualquer caso. Vejam. Volto para arrematar.

Lula e Dilma visitam José Alencar: o câncer como política

Lula e Dilma visitam José Alencar: o câncer como política

Aí chegou a vez de Dilma e Mantega fazerem uma visita a Lula

Aí chegou a vez de Dilma e Mantega fazerem uma visita a Lula

A inspiração das fotos brasileiras é da campanha da Benetton, só que suavizada pelo nosso jeitinho...

A inspiração das fotos brasileiras é da campanha da Benetton, só que suavizada pelo nosso jeitinho...

Voltei
Ousado mesmo, então, seria algo como a montagem em que Barack Obama e Hugo Chávez aparecem trocando um beijo. Vejam.

benetton-obama-chavez

Mas falo de ousadia para valer, entendem? No dia em que Lula aparecer trocando uma bicoca com Sarney ou com outro oligarca qualquer, então aplaudirei, enfim, uma imagem que traduz a verdade do que vai pelo país.

Não publicarei comentários que façam qualquer alusão desairosa à saúde das personagens das fotos. Os petralhas costumam mandar as coisas mais escabrosas na esperança de que sejam publicadas para, então, boquejar: “Vejam o que ele deixou passar!”

Não! Nós, por aqui, torcemos pela saúde das pessoas e pela saúde das instituições.

Por Reinaldo Azevedo

 

CONVOCO UMA TESTEMUNHA PARA AJUDAR A MANDAR OS MENSALEIROS PARA A CADEIA: LULA!

Convoco uma testemunha de acusação para mandar para a cadeia os mensaleiros.
Chama-se Luiz Inácio Lula da Silva.
Convoco um petista para atestar as falcatruas cometidas pelos mensaleiros.
Chama-se Luiz Inácio Lula da Silva.
Convoco um protagonista daquela quadra da história para chamar pelo nome os mensaleiros.
Chama-se Luiz Inácio Lula da Silva.

No dia 12 de agosto de 2005, dois meses depois da entrevista concedida pelo então deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) à Folha, denunciando o esquema do mensalão, o presidente da República houve por bem se manifestar oficialmente a respeito na abertura da reunião ministerial, ocorrida na Granja do Torto. Segue um vídeo com pequenos trechos. Retomo em seguida.

Voltei
No post anterior, vocês encontram a íntegra do discurso. Sim, já havia ali, como você vão perceber, certa malandragem retórica ao destacar as “conquistas” do governo, como a sugerir certo mecanismo de compensação; como se a alegada eficiência da administração pudesse desculpar as falhar éticas. Afinal de contas, era um petista falando… Uma coisa, no entanto, resta inequívoca: o próprio Lula atestava a existência das lambanças. E, por isso mesmo, ele se desculpou. Mais ainda: no esforço — bem-sucedido, diga-se — de se livrar de um processo de impeachment, alegou que não sabia de nada e se disse… traído!

Assim se manifestava o Lula de 12 de agosto de 2005:
“Estou indignado pelas revelações que aparecem a cada dia e que chocam o país. O PT foi criado justamente para fortalecer a ética na política e lutar ao lado do povo pobre e das camadas médias do nosso país. Eu não mudei e, tenho certeza, a mesma indignação que sinto é compartilhada pela grande maioria de todos aqueles que nos acompanharam nessa trajetória.”

Já o Lula de abril de 2012 lidera uma pressão gigantesca sobre os ministros do Supremo para adiar o julgamento para 2013 — se possível, para que ele jamais seja julgado. A decisão, hoje, cabe a um único homem: Ricardo Lewandowski, o ministro revisor, em cujas mãos está a reputação do próprio tribunal, que pode ser desmoralizado.

O Lula de 12 de agosto de 2005 se dizia, além de indignado, empenhado em punir os responsáveis pelos crimes que “apareciam a cada dia e que chocavam o país”. Assim:
“Esta é a indignação que qualquer cidadão honesto deve estar sentindo hoje diante da grave crise política. Se estivesse ao meu alcance, já teria identificado e punido exemplarmente os responsáveis por esta situação.”

Já o Lula de abril de 2012 está indignado é com o eventual cumprimento da lei e aposta todas as suas fichas na impunidade. Antes mesmo da manifestação dos ministros do Supremo, o Apedeuta fez, sim, o que estava a seu alcance para passar a mão na cabeça dos criminosos. Os que deixaram o partido estão de volta à legenda. Os que permaneceram continuaram prestigiados.

Tão logo se deu o esfriamento da crise, o governo federal, com o concurso de Franklin Martins, armou uma operação para hostilizar a imprensa e acusá-la de golpismo. O Lula indignado, que pedia desculpas e se dizia traído cedeu lugar à personagem arrogante, que passou a tratar popularidade como sinônimo de inocência ou de absolvição.

O Lula de 12 de agosto de 2005 já exercitava a tese vigarista de que o mensalão era um mal decorrente do sistema político, que tinha de ser corrigido. Ainda assim, falava na necessidade de punir corruptos e corruptores. Relembro:
“O Brasil precisa corrigir as distorções do seu sistema partidário eleitoral, fazendo urgentemente a tão sonhada reforma política. É necessário punir corruptos e corruptores, mas também tomar medidas drásticas para evitar que essa situação continue a se repetir no futuro.”

Já o Lula de abril de 2012 pretende usar a CPI destinada a investigar gangue de um bicheiro e suas conexões com o Poder Público para esconder os crimes de outra gangue, justamente a dos mensaleiros — aquela que o levou a pedir desculpas e a a dizer que se sentia traído. Há nove anos no poder, o partido pouco se moveu em favor da reforma política — e o pouco que fez apontava para um modelo ainda pior do que o  que temos hoje.

O Lula de 12 de agosto de 2005 acenava para um Brasil livre de larápios:
“Queria, neste final, dizer ao povo brasileiro que eu não tenho nenhuma vergonha de dizer ao povo brasileiro que nós temos que pedir desculpas. O PT tem que pedir desculpas. O governo, onde errou, tem que pedir desculpas, porque o povo brasileiro, que tem esperança, que acredita no Brasil e que sonha com um Brasil com economia forte, com crescimento econômico e distribuição de renda, não pode, em momento algum, estar satisfeito com a situação que o nosso país está vivendo.”

Impressionante! Trezes meses e três dias depois desse discurso, os aloprados foram flagrados pela Polícia Federal tentando comprar um dossiê fajuto para incriminar o então candidato do PSDB ao governo de São Paulo, José Serra. Eram os tais “aloprados”, como o próprio Apedeuta os designou. Participaram da operação pessoas do círculo de confiança do então presidente:
- Jorge Lorenzetti - compadre de Lula e seu churrasqueiro;
- Freud Gody - segurança pessoal de Lula e seu faz-tudo;
- Oswaldo Bargas - sindicalista da CUT e amigo pessoal de Lula;
- Ricardo Berzoini - presidente do PT, indicado por Lula;
- Expedito Veloso - militante petista, membro do grupo de campanha de Lula e diretor do Banco do Brasil. Hoje, vejam que coisa!, ele trabalha no governo do Distrito Federal, do notório Agnelo Queiroz.
- Hamilton Lacerda - assessor pessoal de Aloizio Mercadante (que disputava o governo com Serra) e homem que carregava a mala com o dinheiro. Já está de volta ao partido e vai concorrer a vaga na Câmara Municipal de São Bernardo;
- Valdebran Padilha - militante do PT. Em 2010, foi preso em outra operação da Polícia Federal.

Menos de quatro anos depois, em 2010, outro grupo de petistas é flagrado tentando montar um novo dossiê contra Serra. Na turma,  ninguém menos do que Idalberto Matias Araújo, o tal Dadá, homem de Carlinhos Cachoeira, o que nos traz de volta a 2012.

Encerrando
Chegou a hora de pôr um fim a esse capítulo da história, com a punição dos culpados, segundo o testemunho do próprio Lula. Que o ministro Ricardo Lewandowski cumpra a tempo a sua obrigação para que aquele pedido de desculpas de 2005 encontre a devida correspondência na esfera jurídica.

Chega de mistificação!

Que Lewandowski honre logo a disposição para a justiça daquele presidente de 2005!!!

Por Reinaldo Azevedo

 

Íntegra do discurso em que Lula pede desculpas pela existência do mensalão

Granja do Torto, 12 de agosto de 2005

Meus amigos,
Minhas amigas.
Boa tarde,
Meu querido companheiro José Alencar, vice-presidente da República e ministro da Defesa,
Minhas companheiras ministras e ministros, que participam desta reunião.

Fiz questão de que as minhas palavras neste encontro de trabalho fossem abertas à população brasileira. Temos assuntos importantes a discutir que dizem respeito a toda sociedade. Mas, antes de mais nada, quero saudar em especial os novos ministros que vêm reforçar a nossa capacidade de ação nesta segunda metade do meu mandato. Vocês estão entrando num governo, que apesar de todas as dificuldades, fez o Brasil retomar o caminho do progresso e da justiça social.

Voltamos a crescer, mas desta vez de maneira sustentável, com a inflação baixa e, o que é mais importante, gerando milhões de empregos no campo e nas cidades. Tenho certeza de que o povo sente a diferença, o país está mudando para melhor.

A inflação é a menor dos últimos cinco anos, a produção industrial registra aumentos sucessivos. Na balança comercial as exportações ultrapassam a casa dos 110 bilhões de dólares nos últimos doze meses. É o melhor resultado da nossa história.

Mas o que mais me orgulha, pela minha história e pelo compromisso que tenho com a gente humilde da nossa terra, é a forte retomada da oferta de trabalho. Em 30 meses já criamos 3 milhões, 135 mil novos empregos com carteira assinada. Isso significa 104 mil novas vagas formais por mês, 12 vezes mais que a média dos anos 90, sem falar nos postos de trabalho no mercado informal e na agricultura familiar.

Criamos um ambiente favorável para a volta dos investimentos. Projetos no valor de mais de 20 bilhões de dólares já estão programados para entrar em operação na nossa economia.

Novas frentes de expansão em energia elétrica, transportes, novas fábricas e construções fizeram a produção de bens de capital crescer 10% nos últimos dois meses. Na área social, 7 milhões e 500 mil famílias de brasileiros mais humildes têm garantido o acesso a uma renda mínima através do programa Bolsa Família. Até o final do ano, 8 milhões e 700 mil lares serão beneficiados pelo programa.

Uma revolução está em marcha no mercado de consumo popular no nosso país. Expandimos o crédito com desconto em folha e muitos trabalhadores puderam pagar as suas dívidas e comprar uma geladeira, um fogão ou outro bem desejado por suas famílias.

Por isso, as vendas nesse setor cresceram 21% no segundo trimestre, comparado ao mesmo período de 2004. Este país não pode parar. Tenho certeza de que este é o desejo da sociedade brasileira.

Companheiros, ministros e ministras,

Estou consciente da gravidade da crise política. Ela compromete todo o sistema partidário brasileiro. Em 1980, no início da redemocratização decidi criar um partido novo que viesse para mudar as práticas políticas, moralizá-las e tornar cada vez mais limpa a disputa eleitoral no nosso país.

Ajudei a criar esse partido e, vocês sabem, perdi três eleições presidenciais e ganhei a quarta, mantendo-me sempre fiel a esses ideais, tão fiel quanto sou hoje. Quero dizer a vocês, com toda a franqueza, eu me sinto traído. Traído por práticas inaceitáveis das quais nunca tive conhecimento.

Estou indignado pelas revelações que aparecem a cada dia, e que chocam o país. O PT foi criado justamente para fortalecer a ética na política e lutar ao lado do povo pobre e das camadas médias do nosso país. Eu não mudei e, tenho certeza, a mesma indignação que sinto é compartilhada pela grande maioria de todos aqueles que nos acompanharam nessa trajetória.

Mas não é só. Esta é a indignação que qualquer cidadão honesto deve estar sentindo hoje diante da grave crise política. Se estivesse ao meu alcance, já teria identificado e punido exemplarmente os responsáveis por esta situação. Por ser o primeiro mandatário da nação, tenho o dever de zelar pelo estado de direito. O Brasil tem instituições democráticas sólidas. O Congresso está cumprindo com a sua parte, o Judiciário está cumprindo com a parte dele. Meu governo, com as ações da Polícia Federal, estão investigando a fundo todas as denúncias. Determinei, desde o início, que ninguém fosse poupado, pertença ao meu Partido ou não, seja aliado ou da oposição. Grande parte do que foi descoberto até agora veio das investigações da Policia Federal.

E vamos continuar assim até o fim, até que todos os culpados sejam responsabilizados e entregues à Justiça. Mesmo sem prejulgá-los, afastei imediatamente os que foram mencionados em possível desvio de conduta para facilitar todas as investigações. Mas isso só não basta. O Brasil precisa corrigir as distorções do seu sistema partidário eleitoral, fazendo urgentemente a tão sonhada reforma política. É necessário punir corruptos e corruptores, mas também tomar medidas drásticas para evitar que essa situação continue a se repetir no futuro.

Quero dizer aos Ministros que é obrigação do governo, da oposição, dos empresários, dos trabalhadores e de toda a sociedade brasileira não permitir que esta crise política possa trazer problema para a economia brasileira, para o crescimento deste país, para a geração de empregos e para a continuidade dos programas sociais. Temos que arregaçar as mangas e redobrar esforços. Peço que aumentem, ainda mais, a sua dedicação. Se atualmente vocês,

Ministros e Ministras, trabalham até 11 h da noite, trabalhem um pouco mais, até meia noite, uma hora da manhã, porque nós sabemos que muito já fizemos, mas muito mais temos que fazer porque o Brasil precisa de nós.

Queria, neste final, dizer ao povo brasileiro que eu não tenho nenhuma vergonha de dizer ao povo brasileiro que nós temos que pedir desculpas. O PT tem que pedir desculpas. O governo, onde errou, tem que pedir desculpas, porque o povo brasileiro, que tem esperança, que acredita no Brasil e que sonha com um Brasil com economia forte, com crescimento econômico e distribuição de renda, não pode, em momento algum, estar satisfeito com a situação que o nosso país está vivendo.

Quero dizer a vocês: não percam a esperança. Eu sei que vocês estão indignados e eu, certamente, estou tão ou mais indignado do que qualquer brasileiro. E nós iremos conseguir fazer com que o Brasil consiga continuar andando para frente, marchando para o desenvolvimento, para o crescimento da riqueza e para a distribuição de renda. E eu tenho certeza que posso contar com o povo brasileiro.

Muito obrigado.

Por Reinaldo Azevedo

 

Mensalão precisa ser julgado logo, diz Peluso

Por Felipe Seligman, na Folha:
Prestes a deixar a presidência do Supremo Tribunal Federal e do Conselho Nacional de Justiça, o ministro Cezar Peluso, 69, diz que o caso do mensalão precisa ser julgado rapidamente por três razões: para não interferir nas eleições, não correr risco de prescrição e porque “a opinião pública pressiona muito”. Ele disse que, se fosse o ministro Ricardo Lewandowski, revisor da ação, “procuraria ser o mais expedito possível para me livrar desse constrangimento”.

Folha - Na presidência, o sr. teve de lidar com a ausência de ministros. Isso atrapalhou?
Cezar Peluso -
De algum modo sim, porque a gente em alguns casos muito sensíveis sempre tinha o temor do eventual empate em uma situação que demandasse outro tipo de solução: um impasse que, se resolve de um jeito é ruim, se resolve de outro é ruim também.

O STF não tem como pressionar a presidente a nomear…
Claro. Fica completamente embaraçado. Jamais fiz qualquer gesto, disse palavra alguma que pudesse significar tentativa de induzir a presidente a apressar a nomeação. Seria uma indelicadeza.

Neste ano, dois ministros deixam o tribunal. O sr. e Ayres Britto. Seria recomendável mais rapidez nas indicações?
Eu acho, como mera opinião, sem que seja uma crítica, que o Supremo ganharia muito se as nomeações fossem mais rápidas. Não apenas o Supremo ganharia, mas a sociedade. Porque o STF vai se defrontar com a mesma situação que eu me defrontei.
(…)
O sr. quer participar do julgamento do mensalão?
Nem gostaria nem desgostaria. Se estiver aqui, participarei, se não, não lamentarei.

Já começou a pensar no voto?
Mais do que pensar.
(…)
O sr. avalia que o julgamento tem que acontecer logo?
Sim. Primeiro, por um motivo político. Estamos em ano eleitoral e não convém que esse julgamento seja próximo das eleições para não interferir no curso da campanha. Também é preciso prevenir o risco de eventual prescrição. Além disso, a opinião pública pressiona muito. É uma demanda de uma boa parcela da sociedade que esse caso seja esclarecido mais rápido.

Então convém ao ministro Lewandowski liberar o voto o mais rápido possível?
Não sei o que convém e o que não convém a ele. Se fosse comigo, procuraria ser o mais expedito possível para me livrar desse constrangimento.

É consenso entre os ministros de que precisa ser logo agora o julgamento?
Sem dúvida. Estão todos de acordo com isso.

Por Reinaldo Azevedo

 

Diálogo em que dono de construtora íntima de Cachoeira diz que políticos têm preço foi revelado há um ano por VEJA!

Os porta-vozes informais de mensaleiros e quadrilheiros, alimentados pela papa fina da grana oficial ou de estatais, saem por aí afirmando o que lhes ordena aquela variante do crime organizado, ainda que contra as evidências e contra os fatos. Não sei se notaram, mas alguns políticos do PT, que estavam se comportando como verdadeiros Torquemadas da CPI do Cachoeira, que prometiam aniquilar a oposição, que queriam ver tudo em pratos limpos,  passaram a se comportar como normalistas assustadas. Houve uma súbita esfriada no furor investigativo. À medida que vai ficando clara a intimidade da Delta, a maior construtora do PAC, com o grupo do bicheiro, arrefece o ânimo investigativo. Estranho mundo, não?

Ontem, circulou na rede um áudio em que o empresário Fernando Cavendish, presidente do Conselho de Administração da Delta, revelou o que pensa da política e dos políticos brasileiros. Participava de uma reunião com seus sócios:
“Se eu botar 30 milhões de reais na mão de políticos, sou convidado para coisas para ‘c…’. Pode ter certeza disso!”. E disse mais. Com alguns milhões, seria possível até comprar um senador para conseguir um bom contrato com o governo: “Estou sendo muito sincero com vocês: 6 milhões aqui, eu ia ser convidado (para fazer obras).”

Pois é… O que está sendo noticiado como novidade foi publicado pela VEJA na edição que começava a chegar aos leitores no dia 7 de maio do ano passado — há quase um ano, portanto. A reportagem tratava, justamente, do fantástico crescimento da Delta e de sua intimidade com o poder — muito especialmente com um poderoso: JOSÉ DIRCEU.

Dá para entender por que este senhor tem tanto ódio do jornalismo independente, não é mesmo? É curioso que alguns veículos estejam vendendo como novidade o que já é publico faz tempo.

Reproduzo trecho de um post que escrevi no dia 9 de maio de 2011:
(…)
Em entrevista à revista, dois empresários, José Augusto Quintella Freire e Romênio Marcelino Machado, acusam o ex-ministro e chefão petista [José Dirceu]  de fazer tráfico de influência em favor da empreiteira Delta Construções, uma gigante do setor. Segundo os dois, Dirceu foi contratado por Fernando Cavendish, presidente do Conselho de Administração da Delta, para facilitar seus negócios com o governo federal. E como eles sabem?

Eles eram donos da Sigma Engenharia, empresa que seria incorporada pela Delta em 2008; os três se tornariam sócios. O negócio emperrou e foi parar na Justiça. Oficialmente, a Delta contratou Dirceu como consultor para negócios junto ao Mercosul. Receberia modestos R$ 20 mil mensais pelo trabalho. De fato, dizem os denunciantes, a Sigma passou a ser usada por Cavendish para fazer transferências bancárias a Dirceu.

Um trecho da reportagem informa o desempenho da empresa de Cavendish no governo petista. Seu grande salto se dá a partir de 2009, ano da contratação de Dirceu:
“Durante o governo do ex-presidente Lula, a Delta passou de empresa de porte médio a sexta maior empreiteira do país. É, hoje, a que mais recebe dinheiro da União. Sua ascensão vertiginosa chamou a atenção dos concorrentes. Em 2008, a Delta já ocupava a quarta colocação no ranking das maiores fornecedoras oficiais. Em 2009, houve um salto ainda mais impressionante: a empresa dobrou seu faturamento junto ao governo federal. Em 2011, apesar das expectativas de redução da atividade econômica, o faturamento da Delta deve bater os 3 bilhões de reais - puxado por obras estaduais e do PAC, o Programa de Aceleração do Crescimento.”

Naquela edição, os empresários concederam uma entrevista à revista, de que reproduzo trechos. Volto em seguida:
Romênio - Tráfico de influência. Com certeza, é tráfico de influência. O trabalho era aproximar o Fernando Cavendish de pessoas influentes do governo do PT. Isso, é óbvio, com o objetivo de viabilizar a realização de negócios entre a empresa e o governo federal.

Que tipo de consultoria o ex-ministro José Dirceu realizou para o grupo Delta?

E os resultados foram satisfatórios?
Romênio -
 Hoje, praticamente todo o faturamento do grupo Delta se concentra em obras e serviços prestados ao governo.

A contratação de José Dirceu foi justificada internamente de que maneira?
Romênio - 
A contratação foi feita por debaixo do pano, através da nossa empresa, sem o nosso conhecimento. Um dia apareceram notas fiscais de prestação de serviços da JD Consultoria. Como na ocasião não sabia do que se tratava, eu me recusei a autorizar o pagamento, o que acabou sendo feito por ordem do Cavendish.

O que aconteceu depois da contratação da empresa de consultoria do ex-ministro?
Quintella -
A Delta começou a receber convites de estatais para realizar obras sem ter a capacidade técnica para isso. A Petrobras é um exemplo. No Rio de Janeiro, a Delta integra um consórcio que está construindo o complexo petroquímico de Itaboraí, uma obra gigantesca. A empresa não tem histórico na área de óleo e gás, o que é uma exigência Ainda assim, conseguiu integrar o consórcio. Como? Influência política.

A Delta, por ser uma das maiores empreiteiras do país, precisa usar esse tipo de expediente?
Romênio -
 Usa. E usa em tudo. O caso da reforma do Maracanã é outro exemplo. A Delta está no consórcio que venceu a licitação por 705 milhões. A obra mal começou e já teve o preço elevado para mais de l bilhão de reais. Isso é uma vergonha. O TCU questionou a lisura do processo de licitação. E quem veio a público fazer a defesa da obra? O governador Sérgio Cabral. O Cavendish é amigo último do Sérgio Cabral. A promiscuidade é total.

Voltei
Eis aí. É possível que uma investigação profunda e séria sobre o esquema de Carlinhos Cachoeira, que se mostra tão intimo da Delta, pudesse atingir outros representantes da oposição, além do senador Demóstenes Torres (GO)? É, sim! Mais uma razão para que ela seja feita. Mas me parece que, no momento, quem está assustado é o governo.

Talvez os próprios petistas íntimos da construtora, inclusive Dirceu, o seu “consultor de luxo”, ignorassem a extensão das relações entre a empresa e o bicheiro, daí aquela sede de sangue e a operação deflagrada para tentar melar o processo do mensalão com a acusação de que era a oposição a se afundar no mar de lama. As coisas começaram a assumir, no entanto, uma dinâmica preocupante para os moralistas do PT quando a Delta saltou para o olho do furacão.

Esses caras não são dotados daquele certo sentido de missão de sacerdotes da lambança como Delúbio Soares, que se acredita portador de uma causa. Se a situação esquentar pra valer e se perceberem que podem se danar, dificilmente vão preservar aqueles que nunca foram seus “companheiros”. Afinal, era tudo negócio! Uma coisa é certa: uma vez instalada, a CPI terá de chamar para depor empresários como José Augusto Quintella Freire, Romênio Marcelino Machado e, evidentemente, Fernando Cavendish.

Dirceu, Lula e alas do PT estavam com sede de sangue. Não perceberam que estavam mordendo o pescoço de alguns “companheiros”.  Todos querem, sim, apurar a exata extensão das relações de Demóstenes Torres com Cachoeira. Mas já é possível saber, a esta altura, que uma CPI que se restringisse ao senador seria uma farsa. Há um ano VEJA contou o que apurou. De lá pra cá, a importância da Delta nas obras do PAC (e da Copa) só cresceu.

Por Reinaldo Azevedo

 

PT agora tenta adiar CPI do caso Cachoeira

Por Gabriela Guerreiro, Catia Seabra e Natuza Nery, na Folha:
O temor de que as investigações sobre o caso Carlinhos Cachoeira possam respingar em membros do partido ou do Palácio do Planalto fez integrantes do PT começarem a trabalhar pelo adiamento da CPI no Congresso. Petistas dizem querer esperar o retorno do presidente do Congresso, José Sarney (PMDB-AP), para permitir que a comissão saia do papel. Sarney está internado em São Paulo após se submeter a cateterismo e angioplastia com a colocação de stent.

Na sua ausência, a deputada Rose de Freitas (PMDB-ES) poderia convocar uma sessão do Congresso para instalar a CPI por ser a primeira vice-presidente do Legislativo. Mas a estratégia é convencê-la a não instalar. “O que terá que ser feito vai ser feito. Mas vou ouvir os líderes primeiro. Se quiserem a instalação imediata da comissão, eu vou fazer”, disse ela. Integrantes da base de apoio da presidente Dilma Rousseff, temerosos do alcance da comissão, apostam que, com o adiamento, o clima pró-CPI pode esfriar. No Rio, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho (PT), negou que Dilma esteja insatisfeita com a criação da CPI, como tem sido ventilado.

Apesar de defender o retardamento das investigações, o PT nega intenção de barrar a CPI. A ordem é ganhar tempo para decidir com calma a composição da comissão. Com o adiamento, o partido também pode postergar a definição do relator da CPI. Entre os cotados estão Odair Cunha (MG), Carlos Zaratini (SP), Paulo Teixeira (SP) e Henrique Fontana (RS). A ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais), responsável pela interlocução do governo com o Congresso, participa ativamente da escolha, inclusive vetando nomes.
(…)

Por Reinaldo Azevedo

 

A verdadeira operação abafa

Leria editorial do Estadão:

A tática dos lulopetistas de acusar os adversários políticos de praticar as malfeitorias que eles próprios cometem é sobejamente conhecida, mas chega a ser desconcertante o caradurismo da operação abafa que suas lideranças estão tentando instaurar diante da iminência do julgamento do processo do mensalão pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Temerosa de que a Suprema Corte venha a confirmar a existência do maior escândalo de corrupção da história da República, a cúpula petista tenta por todos os meios - inclusive a pressão sobre os ministros do STF - desqualificar as acusações que pesam sobre os 38 réus do processo e, por meio das mais deslavadas chicanas, provocar a postergação do julgamento para 2013. Com isso estariam os petistas, no mínimo, se poupando de maior desgaste político em ano eleitoral e permitindo a prescrição de muitas das denúncias.

 A operação abafa lulopetista se desenvolve em dois planos: o político, com a tentativa de desqualificar perante a opinião pública as acusações que pesam sobre os mensaleiros, sob o argumento cínico de que eles fizeram o que “todo mundo faz”; e o jurídico, técnico, no qual procuram demonstrar tanto a existência de vícios processuais que precisam ser corrigidos quanto a inexistência de provas suficientes contra réus como o notório José Dirceu.

Para demonstrar o que todo mundo sabe - que corruptos existem em todo canto - os petistas assumiram até mesmo o risco de apoiar a CPI do Cachoeira, que está sendo constituída para investigar o envolvimento do contraventor goiano Carlinhos Cachoeira com governantes e políticos. Pretendem, é claro, atingir o governador tucano de Goiás, Marconi Perillo, e fazer barulho em torno do envolvimento do senador oposicionista Demóstenes Torres com os negócios do bicheiro. E não se pejam de alegar que os principais veículos de comunicação do País estão envolvidos - ora vejam - numa operação abafa destinada a acobertar os malfeitos do desmoralizado senador goiano.

A direção do partido foi muito longe, muito depressa. Tanto que a presidente Dilma Rousseff, na sexta-feira, queixou-se da precipitação e dos termos da nota oficial do PT e chegou a pedir a Lula que não jogue mais lenha na fogueira. Como se sabe, Lula não vê a hora de destruir politicamente o seu desafeto Marconi Perillo. Dilma, no entanto, se preocupa com os respingos de lama que a CPI certamente jogará no governo que preside.

Os petistas apressados tentam confundir delitos diferentes cometidos por gente da mesma espécie. O caso Demóstenes é uma coisa - e os culpados precisam ser punidos -, enquanto o mensalão é outra coisa - e os culpados precisam ser igualmente punidos. Os dois casos têm origem na mesma cultura que leva à apropriação indébita dos bens públicos e à desmoralização das instituições. Mas são delitos que precisam ser examinados e julgados, cada um a seu turno.

No que diz respeito ao STF, os petistas confiam, sempre movidos por seu enraizado sentimento de patota, no fato de que a maioria dos atuais ministros foi nomeada por Lula e Dilma. É uma expectativa que não honra a tradição de absoluta isenção partidária com que os juízes da Suprema Corte historicamente se comportam no desempenho de suas altas responsabilidades. Mas, a julgar pelo que circula na área do partido do governo, o próprio Lula estaria empenhado em fazer pressão sobre os ministros, já que é o maior interessado em evitar que a existência do maior escândalo de corrupção de seu governo seja confirmada pela Suprema Corte.

De qualquer modo, se já não bastassem os reiterados exemplos de rigor lógico e técnico em seus julgamentos - como destacamos recentemente em editorial sobre a decisão de que não constitui crime o aborto de fetos anencéfalos -, tudo indica que o STF está convencido de que é mais do que chegada a hora de se pronunciar sobre o escândalo do mensalão, conforme revelou o ministro Carlos Ayres Britto, que na próxima quinta-feira assume a presidência do STF. “É preciso julgar com brevidade, porque há o risco de prescrição”, disse ele. Para tanto, o processo precisa ser julgado até o dia 6 de julho, para evitar que a decisão final da Corte só venha a ser proferida no próximo ano.

Por Reinaldo Azevedo

 

Empresa de fachada do grupo de Cachoeira recebeu R$ 39 milhões da Delta e comprou terras no DF

Por Fabio Vasconcellos, no Globo:
Por Fábio Vasconcellos, no Financiada principalmente por repasses feitos pela Delta Construções que somam R$ 39 milhões, uma das três empresas de fachada controladas pelo grupo liderado pelo bicheiro Carlinhos Cachoeira, a Alberto & Pantoja Construções, utilizou parte dos recursos para comprar uma fazenda de 4.093 hectares em Brasília. A fazenda Gama custou R$ 2 milhões e estava em situação irregular. O negócio, em dezembro de 2010, chamou a atenção porque, segundo a Polícia Federal, “tratava-se de contrato de risco, uma vez que não existia registro da área nos cartórios do Distrito Federal e a propriedade da área também era questionada pela Companhia Imobiliária de Brasília (Terracap)”.

A Alberto & Pantoja Construções e a Brava, outra empresa do grupo de Cachoeira citada no inquérito, têm o mesmo endereço em Brasília - onde funciona uma oficina mecânica. No relatório da Operação Monte Carlo, a PF diz que a Fazenda Gama foi paga pela empresa Alberto & Pantoja, que recebeu milhões da Delta entre 2010 e 2011. A Pantoja era controlada por Geovani Pereira da Silva, identificado como tesoureiro de Cachoeira. Com base nas intercepções telefônicas e na quebra de sigilo fiscal, a PF descobriu que Geovani fez diversos repasses para servidores públicos e empresários. Três empresas, ligadas a um único empresário, receberam R$ 483 mil como parte do pagamento na venda da Fazenda Gama. Cachoeira incluiu ainda um avião Cessna como parte da transação.

Como O GLOBO mostrou domingo, o relatório da PF afirma que Geovani Pereira fez 113 saques em dinheiro, totalizando R$ 11 milhões. O dinheiro saiu das contas das empresas ligadas a Cachoeira entre 13 de agosto de 2010 e 18 de abril de 2011, e da própria conta pessoal de Geovani. Nesta segunda-feira, o desembargador Tourinho Neto, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, atendeu a pedido dos advogados de Cachoeira para transferi-lo do presídio de Mossoró (RN) para Brasília. Segundo a advogada do bicheiro, Dora Cavalcanti, a transferência deve ser nesta terça ou quarta-feira. Ele está preso desde 28 de fevereiro.
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Por Reinaldo Azevedo

 

Irmão de Cachoeira também recebeu pagamento da Delta, a construtora do PAC

Por Leandro Colon e Fernando Mello, na Folha:
A empresa de um irmão do empresário Carlinhos Cachoeira também recebeu recursos da Delta, empreiteira que possui contratos milionários com órgãos públicos. De acordo com a Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, a Mapa Construtora, que pertence a um irmão do empresário, obteve R$ 1 milhão entre 2010 e 2011 da Alberto e Pantoja Construções, criada só para ser destinatária de verba da Delta. No domingo, a Folha revelou que o contador de Cachoeira, Geovani Pereira da Silva, que está foragido, sacou R$ 8,5 milhões da conta da Pantoja em 2010. As relações políticas de Cachoeira serão alvo de CPI que o Congresso promete criar nos próximos dias.

Segundo a polícia, a Mapa Construtora é de Paulo Roberto de Almeida Ramos, o Paulinho Cachoeira, um dos 11 irmãos de Carlinhos. O empresário está preso desde 29 de fevereiro sob acusação de comandar esquema de jogo ilegal. Ontem o TRF (Tribunal Regional Federal) da 1ª Região determinou sua transferência do presídio de segurança máxima de Mossoró (RN) para o presídio da Papuda, em Brasília. Em decisão liminar, Fernando Tourinho Neto entendeu que o empresário não oferece riscos à sociedade ou cometeu crime hediondo, e por isso não é justificável sua permanência em uma prisão de segurança máxima.

A Delta é uma das maiores empreiteiras do país, sendo a que mais recebe dinheiro do Orçamento desde 2006, principalmente por obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). Segundo a investigação, a empresa fez parte do esquema de Cachoeira.
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Por Reinaldo Azevedo

 

Comitê cobra impeachment de governador do DF após denúncia

Por Lúcio Vaz, na Folha:
Diretor do Comitê Ficha Limpa do Distrito Federal, Diego Ramalho Freitas apresentou ontem à Câmara Distrital do DF um pedido de impeachment do governador Agnelo Queiroz (PT) por seu suposto envolvimento com a quadrilha comandada pelo empresário de jogos ilícitos Carlos Cachoeira. A proposta tem pouca chance de ser aceita pelo presidente da Câmara, Cabo Patrício (PT). A denúncia se resume a cópias de reportagens publicadas nas últimas semanas sobre o caso Cachoeira que citam o governo Agnelo.

Não foram apresentados documentos que comprovem as denúncias nem foi indicado o local onde estariam essas comprovações, como exige a legislação. Pela lei, qualquer cidadão pode apresentar um pedido de impeachment, desde que seja fundamentado.
(…)

Por Reinaldo Azevedo

 

MST invade em 15 Estados e governo suspende negociações

No Estadão:
O Movimento dos Sem-Terra (MST) intensificou ontem a onda de ocupações do “abril vermelho” com protestos em 15 Estados. A ação começou com a invasão do Ministério do Desenvolvimento Agrário, em Brasília, e inclui - segundo lideranças do movimento - 38 ocupações de terra, cinco de sedes do Incra e quatro protestos em prédios públicos, além de bloqueio de estradas e acampamentos. Na invasão do ministério, o MST pediu audiência com a presidente Dilma Rousseff mas foi logo informado pelo ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência) de que não haverá diálogo enquanto o prédio e as sedes do Incra estiverem ocupados. “Não posso me sentar com o movimento enquanto ele estiver ocupando”, explicou.

Em advertências anteriores, o MST informou também que as operações de 2012 representam uma represália à decisão do governo federal de congelar 70% das verbas do Incra destinadas a desapropriações. Ainda assim, Carvalho deixou a porta aberta: “Assim que desocuparem, retomaremos a negociação. Vamos fazer de tudo para atender às reivindicações justas deles”. O ministro da área, Pepe Vargas, divulgou uma nota na qual diz contar com o bom senso dos invasores e com a desocupação espontânea do ministério.

Jornada. “Abril vermelho” é como os sem-terra denominam as ações da chamada “Jornada de Lutas” em defesa da reforma agrária e para lembrar o massacre de Eldorado de Carajás, no Pará - que deixou 21 mortos, em abril de 1996. Nos Estados, a operação começou no sábado. Em Pernambuco, com a ocupação de fazenda em Gravatá - onde outras cinco propriedades foram ocupadas ontem. Em Salvador, cerca de 3 mil integrantes de quatro associações de sem-terra acamparam ontem diante da sede do Incra. Segundo o MST baiano, a ocupação não tem data para acabar.

Também ontem, cerca de 300 militantes ocuparam, de forma pacífica, a superintendência do Incra no centro do Rio. “No Rio, há cinco anos não há assentamento de nenhuma família ligada ao MST”, disse a coordenadora Amanda Matheus. Parte das ruas de Curitiba também foi ocupada ontem por pelo menos 500 manifestantes. Em São Paulo, no Pontal do Paranapanema, cerca de 600 sem-terra invadiram sábado, novamente, a fazenda São Domingos, em Sandovalina. A ação de reintegração de posse seria encaminhada à Justiça ontem. Grupo de quase 600 pessoas também ocupa desde sábado área próxima a uma fazenda em Bataiporã (MS). Os assentamentos no Estado estão parados desde 2010.
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Por Reinaldo Azevedo

 

Diplomata do Irã é acusado de abusar de menores em piscina

No Globo:
O diplomata do Irã em Brasília Hekmatollah Ghorbani é acusado de ter abusado de menores na piscina de um clube em Brasília, no último sábado. Dez garotas, com idades entre 9 e 15 anos, estavam na piscina do clube Vizinhança 1, na Asa Sul, e quatro delas relatam que Ghorbani, ao nadar, se aproximava para tocar nas partes íntimas das garotas quando mergulhava.

Segundo relato de três responsáveis pelas menores, uma das garotas, de 14 anos, percebeu que o iraniano havia tocado outras jovens e pediu a ele que parasse. Ela foi avisar o salva-vidas do clube, que ordenou o fechamento da piscina. O pai de uma das meninas, José Roberto Fernandes Rodrigues, voltou à piscina e tentou agredir Ghorbani.

Após a ação dos seguranças do clube, o diplomata, quatro meninas e os pais foram ao 1º DP na tarde de sábado. O delegado-adjunto Johnson Monteiro, que acompanhou a denúncia, confirmou os relatos, mas apesar do flagrante, Ghorbani foi liberado por ter imunidade diplomática. “Constatamos que esse senhor era da missão diplomática do Irã em Brasília. Nessa condição, ele estava sob o manto da imunidade diplomática. Fizemos um registro de ocorrência. Vamos encaminhar isso ao Itamaraty. Caso fosse cidadão comum, ele estaria respondendo pelo artigo 217 A, por estupro de vulnerável, com pena de 8 a 15 anos de prisão. Seria considerado flagrante, e estaria preso”, disse.

Ghorbani, que tem mais de 50 anos, é o terceiro na hierarquia da embaixada iraniana em Brasília. A embaixada confirma que ele é membro do corpo diplomático, e está no Brasil há cerca de dois anos, mas diz não ter tomado ciência da acusação.
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Por Reinaldo Azevedo

 

A boca inumana de Cristina Kirchner e seu rompante chavista. Ou: Uma destruidora contumaz de instituições. Ou: Para o JEG, Cristina é a Dilma que deu certo!

Vi há pouco na TV a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, com aquela sua boca inumana, a anunciar a nacionalização — ou a renacionalização — da petroleira YPF, subsidiária da espanhola Repsol. O projeto foi enviado ao Congresso, onde será aprovado com folgada maioria. Mas o governo não esperou: enviou seus emissários à empresa e deu início aos expurgos da diretoria. A YPF foi privatizada em 1999 pelo então presidente, Carlos Menem, com o apoio de Néstor Kirchner, que era governador da província de Santa Cruz.

Digamos, só para efeitos de raciocínio, que a Argentina quisesse retomar o pleno controle do setor no país em razão de algum plano estratégico. É assim que se faz? Não é o primeiro rompante de chavismo desta senhora. Ela segue o modelo do bandoleiro de Caracas também na relação com a imprensa. Investe na desordem institucional, com um populismo agressivo e rombudo. Com uma economia enfrentando dificuldades óbvias, a presidente recorre à velha tática de arrumar inimigos externos para despertar a reação nacionalista do “povo ofendido”. Faz o mesmo com a pregação em favor da retomada das Malvinas. O país é refém do projeto político dos Kirchner — primeiro de Néstor e, agora, de sua mulher.

Essa tem sido a triste sina de alguns países latino-americanos. Se, no continente, felizmente, as ditaduras militares são coisa do passado, o mesmo não se pode dizer das esquerdas populistas — ou, para ser mais preciso, de populistas convertidos a um esquerdismo de ocasião, como é o caso de Chávez, Rafael Correa, Evo Morales e da própria Cristina. Não são lideranças forjadas no marxismo revolucionário. Até outro dia, note-se, os marxistas não hesitariam em hostilizá-los. Hoje em dia, veem nesses governos a chance de se aboletar no Estado e de comandar algumas áreas da administração. Já está de bom tamanho para seus anseios.

Advertência
Enviaram-me alguns links de textos publicados no JEG. Que coisa! A canalha não cabe em si de contentamento. Na cabeça dessa turma, Cristina realiza na Argentina o que Dilma deveria realizar no Brasil, especialmente no que diz respeito à imprensa independente. Em certa medida, a associação é mesmo pertinente. O governo brasileiro não dispõe de leis — ou não dispõe ainda — que lhe permitam censurar a imprensa, por exemplo. Mas é inegável que o dinheiro público e das estatais financia, por exemplo, a rede suja na Internet. Num dos posts abaixo, vemos o presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), a defender que o poder investigue a imprensa livre, como se o corriqueiro, nas democracias, não fosse o contrário. A institucionalidade econômica é também muito mais desenvolvida no Brasil do que na Argentina. Se Dilma decidisse imitar sua colega argentina, o mercado financeiro lhe quebraria as pernas. Como não apontar, no entanto, em recentes medidas do Planalto certo sotaque, assim, entre o protecionista e o nacionalista?

O que quero dizer é o seguinte: o preço da liberdade é mesmo a eterna vigilância. Conceder com um pouco de autoritarismo pode significar, no longo prazo, conceder com autoritarismo inteiro. Cristina é a melhor evidência de que os defensores da democracia e de um regime de liberdades econômicas, pautado pela lei, não devem jamais condescender com arroubos de casarismo.

A imprensa argentina, hoje sob o assédio de fascistóides incrustados no governo — e Cristina é a sua grande fonte de inspiração — foi uma aliada de primeira hora de Néstor Kirchner, fiel mesmo quando ele dava um jeitinho de driblar a lei em nome das necessidades urgentes do país. No primeiro mandato de Cristina, as características obviamente autoritárias do governo se intensificaram. Quando a imprensa se deu conta do que estava em curso, o estado argentino já alimentava com dinheiro público — como ocorre hoje no Brasil — verdadeiras hordas prontas a combater os mais elementares valores da democracia.

Ah, sim: e a “boca inumana” de Cristina? O que tem a ver com o conjunto da obra? Acreditem: tem, sim! Se vocês olharem direito, ela já não tem um rosto, mas uma máscara. Virou uma personagem da loucura sua e do grupo que lhe dá sustentação. Na Argentina de hoje, só uma coisa é certa: o modelo não vai dar certo. “Ah, Reinaldo, a crise sempre chega aos países, cedo ou tarde”. É verdade! Ocorre que as democracias existem justamente para que crises econômicas não se transformem em crises institucionais.

Malucos e malucas como Cristina Kirchner dão um jeito de começar por destruir justamente as instituições. É o que setores do PT e das esquerdas tentam fazer permanentemente no Brasil, ainda sem sucesso. Mas estão se esforçando bravamente para isso.

Por Reinaldo Azevedo

 

Haddad diz que não esconderá apoio de José Dirceu

Por Bernando Mello Franco, na Folha. Volto depois:
O pré-candidato do PT à Prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad, disse nesta segunda-feira (16) que não esconderá o apoio do ex-ministro e deputado cassado José Dirceu, acusado pelo Ministério Público de ser o “chefe da quadrilha” do mensalão.

O presidente eleito do STF (Supremo Tribunal Federal), ministro Carlos Ayres Britto, declarou no fim de semana que pretende julgar o caso até junho.

“Não podemos esconder as pessoas que nos apoiam. Elas têm direito de cidadania, de expressar sua opinião sobre o melhor para São Paulo”, disse Haddad sobre Dirceu.

“O julgamento ainda não aconteceu. Por todas as declarações que ouvi, ele [Dirceu] é o mais interessado no desfecho desse caso. Quer ser julgado com base nas provas apresentadas, o que eu acho justo”, acrescentou.
(…)
Voltei
“Esconder apoio”? E como poderia? Dirceu participa da montagem do grupo que cuida da pré-campanha. É peça-chave no esquema. Ademais, não há razão nenhuma para alguém como Haddad não se orgulhar da companhia de alguém como Dirceu.

Por Reinaldo Azevedo

 

No ataque à imprensa livre, Marco Maia não poupa nem a verdade. Ou: Totalitários vão perder de novo!

Caso Demóstenes na VEJA que começou a chegar aos leitores no dia 4 de março

Caso Demóstenes na VEJA que começou a chegar aos leitores no dia 4 de março

O presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), tem dificuldades para lidar com o estado democrático e de direito. Há dias, ele suspendeu uma sessão na Câmara, em que se votava um projeto que era do interesse do Executivo, porque um de seus estafetas foi rebaixado num desses cargos de confiança que fazem a desgraça do país. Se Maia tem seu interesse pessoal contrariado, ele faz o quê? Manda a instituição às favas. Em janeiro, viajou para a Alemanha, entre os dias 22 e 30,  e não avisou ninguém. Por determinação legal, deveria ter passado o cargo à primeira vice-presidente da Casa, a deputada Rose de Freitas (PMDB-ES). Não fez isso. Maia não serve à Câmara; é a Câmara que serve a Maia. Seus métodos heterodoxos causam constrangimento até mesmo no petismo, onde as franjas éticas são sabidamente enormes. O homem, é bom notar, é fruto de uma crise de liderança do partido, que é herdeira lá do mensalão. Como aquela tramoia atingiu boa parte das cabeças coroadas da legenda, sobrou espaço para a ascensão do baixo clero petista, de que ele é emblema.

Neste domingo, Maia resolveu publicar em seu blog uma nota atacando — NÃO CONTESTANDO, QUE ISSO ELE NÃO SABE FAZER —a reportagem de capa da VEJA. O texto demonstra como parte do PT quer usar o caso Cachoeira, que demanda a mais rigorosa e implacável investigação, para criar a farsa de que o mensalão nunca existiu. Maia, como fica explícito no texto, contribui para a pantomima. Ele ficou zangado com a revista! Estivesse presidindo a Câmara, teria suspendido a sessão… Não podendo fazê-lo, resolveu publicar uma nota em seu blog recheada de tolices e mentiras. Ela segue em vermelho. Comento em azul.

Tendo em vista a publicação, na edição desta semana, de mais uma matéria opinativa por parte da revista Veja do Grupo Abril, desferindo um novo ataque desrespeitoso e grosseiro contra minha pessoa, sinto-me no dever de prestar os esclarecimentos a seguir em respeito aos cidadãos brasileiros, em especial aos leitores da referida revista e aos meus eleitores:
Os milhões de leitores da VEJA, estou certo, conhecem tanto a revista como a atuação de Maia, marcada pelo amor às instituições que se vê acima. Este deputado não é juiz da imprensa, que se orienta segundo as leis consolidadas pela democracia brasileira e a vigilância dos leitores. Maia, como se nota, está no polo oposto. Se achar conveniente, viola a lei; se achar conveniente, prefere a versão ao fato. “Desrespeitoso e grosseiro” é recorrer a subterfúgios para tentar intimidar o jornalismo independente, objetivo que ele não vai lograr.

- a decisão de instalação de uma CPMI, reunindo Senado e Câmara Federal, resultou do entendimento quase unânime por parte do conjunto de partidos políticos com representação no Congresso Nacional sobre a necessidade de investigar as denúncias que se tornaram públicas, envolvendo as relações entre o contraventor conhecido como Carlinhos Cachoeira com integrantes dos setores público e privado, entre eles a imprensa;
A dimensão pública da imprensa está em noticiar aquilo que apura, doa a quem doer. Na Venezuela, no Equador, na Bolívia, na Nicarágua ou na Argentina, para ficar na América Latina, os poderosos de turno se arvoram hoje em juízes da imprensa, num trabalho claro de intimidação do jornalismo. No Brasil, parte importante do PT tenta constranger a imprensa e criar óbices à liberdade de informação desde os primeiros dias de 2003. A legenda que foi, quando na oposição, fonte permanente de denúncias contra sucessivos governos tornou-se, uma vez no poder, adversária do jornalismo investigativo. Antes, contava com a imprensa para a denúncia estridente; depois, passou a exigir dela o silêncio cúmplice.

- não é verdadeira, portanto, a tese que a referida matéria tenta construir (de forma arrogante e totalitária) de que esta CPMI seja um ato que vise tão somente confundir a opinião pública no momento em que o judiciário prepara-se para julgar as responsabilidades de diversos políticos citados no processo conhecido como “Mensalão”;
Arrogante e totalitário é negar a evidência dos fatos. O presidente do PT, o senhor Rui Falcão, gravou um vídeo em que explicita a tática de usar a quadrilha de Cachoeira para esconder os crimes da quadrilha do mensalão. Denunciei aqui essa manobra no dia 1º de abril, diga-se. Uma boa data: manobras de petistas combinam com o Dia da Mentira.

- também não é verdadeira a tese, que a revista Veja tenta construir (também de forma totalitária), de que esta CPMI tem como um dos objetivos realizar uma caça a jornalistas que tenham realizado denúncias contra este ou aquele partido ou pessoa. Mas posso assegurar que haverá, sim, investigações sobre as graves denúncias de que o contraventor Carlinhos Cachoeira abastecia jornalistas e veículos de imprensa com informações obtidas a partir de um esquema clandestino de arapongagem;
Em primeiríssimo lugar, sem a definição do objeto da CPMI, o Napoleão de si mesmo da Câmara não pode “assegurar” coisa nenhuma sobre o andamento da comissão de inquérito. Esquema clandestino de arapongagem? Eis um setor de que muitos companheiros de Maia são especialistas. Como ignorar, por exemplo, que o notório Dadá, uma das peças-chave da gangue de Cachoeira, participava do tal grupo de pré-campanha petista em 2010 que tentou forjar mais um dossiê contra o tucano José Serra? Quem denunciou o esquema criminoso? Uma reportagem da VEJA.

- vale lembrar que, há pouco tempo, um importante jornal inglês foi obrigado a fechar as portas por denúncias menos graves do que estas. Isto sem falar na defesa que a matéria da Veja faz da cartilha fascista de que os fins justificam os meios ao defender o uso de meios espúrios para alcançar seus objetivos;
Fascista é recorrer à intimidação, como faz o senhor Marco Maia. Fascista é alimentar delinquentes do subjornalismo para tentar difamar os profissionais que cumprem o seu dever. Se há veículos recorrendo a práticas parecidas com as do “News of the World”, o jornal a que se refere o presidente da Câmara, esses estão entre os esbirros do petismo, entre os aliados do deputado que ora vocifera. Aliás, os vigaristas brasileiros conseguem ser mais deletérios do que os da Inglaterra porque são, reitero, financiados com dinheiro público. Totalitário é usar a estrutura e os recursos do estado para atacar adversários, desafetos e a imprensa livre.

- afinal, por que a revista Veja é tão crítica em relação à instalação desta CPMI? Por que a Veja ataca esta CPMI? Por que a Veja, há duas semanas, não publicou uma linha sequer sobre as denúncias que envolviam até então somente o senador Demóstenes Torres, quando todos (destaco “todos”) os demais veículos da imprensa buscavam desvendar as denúncias? Por que não investigar possíveis desvios de conduta da imprensa? Vai mal a Veja!;
Marco Maia mente! É simples assim. Por que ele não exibe uma reportagem de VEJA, da revista ou da VEJA.com, que demonstre ser a publicação “crítica em relação à instalação da CPMI”? Não exibe porque não existe. A afirmação só serve para excitar a fúria daquela gente hoje empenhada em livrar a cara da quadrilha do mensalão. Quanto às acusações contra Demóstenes — E É NOTÁVEL QUE ELE, A EXEMPLO DE FALCÃO, SILENCIE SOBRE AS DENÚNCIAS CONTRA AGNELO QUEIROZ —, dizer o quê? VEJA foi o primeiro veículo impresso a tratar do assunto. Está na edição Nº 2259 de VEJA, que começou a chegar aos leitores no dia 4 de março. Marco Maia mente de forma descarada: a revista noticiou o caso com uma semana de antecedência, como prova a imagem no alto deste post. Quanto à questão mais geral, resta o óbvio: nas democracias, é a imprensa livre que investiga o poder; nos regimes totalitários, ao gosto de Maia, é o poder que investiga a imprensa livre. Vai mal a Câmara!

- o que mais surpreende é o fato de que, em nenhum momento nas minhas declarações durante a última semana, falei especificamente sobre a revista, apontei envolvidos, ou mesmo emiti juízo de valor sobre o que é certo ou errado no comportamento da imprensa ou de qualquer envolvido no esquema. Ao contrário, apenas afirmei a necessidade de investigar tudo o que diz respeito às relações criminosas apontadas pelas Operações Monte Carlo e Vegas;
Este senhor padece de alguma espécie de paralaxe moral. Neste parágrafo, nega o que seu próprio texto afirma: a necessidade de investigar a imprensa, a necessidade de investigar o mensageiro, de lhe cortar a cabeça.

- não é a primeira vez que a revista Veja realiza matérias, aparentemente jornalísticas, mas com cunho opinativo, exagerando nos adjetivos a mim, sem sequer, como manda qualquer manual de jornalismo, ouvir as partes, o que não aconteceu em relação à minha pessoa (confesso que não entendo o porquê), demonstrando o emprego de métodos pouco jornalísticos, o que não colabora com a consolidação da democracia que tanto depende do uso responsável da liberdade de imprensa.
Dep. Marco Maia,
Presidente da Câmara dos Deputados
Em 15 de abril de 2012

Eu entendo a alma deste gigante da democracia. As “matérias aparentemente jornalísticas” da VEJA contribuíram para que a presidente Dilma Rousseff mandasse para casa nada menos de seis ministros acusados ou suspeitos de corrupção, com a demissão de uma corja de larápios que estavam aboletados no serviço público. E muitos ainda restaram. É compreensível que alguém com o perfil deste Maia — capaz de suspender um sessão da Câmara porque contrariado numa nomeação ou de viajar à socapa, sem cumprir seu dever constitucional — se incomode com a imprensa livre. Que sonho não seria poder agir livremente, sem prestar contas à ninguém, não é!? Pois é… Não será assim! Tanto a gangue de Cachoeira como a gangue do mensalão terão de prestar contas à opinião pública, às leis, às instituições, ao Congresso.

Marco Maia é mero esbirro daquela banda do PT que empenhada em transformar bandidos em heróis da democracia, quadrilheiros em salvadores da pátria, notórios ladrões do dinheiro público em exemplares amantes da democracia. Não por cima dos fatos! Não por cima das evidências!

Esse trabalho de pistolagem contra a imprensa independente e livre não vai funcionar de novo! Curiosamente, quem se mostra preocupado com a CPMI é o PT, que luta desesperadamente para tentar proteger do aluvião o governador do Distrito Federal e aquela que é a principal construtora do PAC. A imprensa que se preza continuará a fazer o seu trabalho. Até porque, para atuar, só pede autorização aos fatos. Os que estão nesse ramo cometendo crime de mando é que precisam da autorização do patrocinador… Observem como jamais criticam quem lhes paga as contas…

Por Reinaldo Azevedo

 

Os petistas querem usar uma quadrilha, a de Cachoeira, para inocentar outra: a dos petistas mensaleiros

A maioria de vocês certamente já sabe, e uma boa parcela já deve ter lido a reportagem, mas faço o post mesmo assim, ainda que com certo atraso — como sabem, não trabalhei no fim semana. A reportagem de capa da VEJA desta semana demonstra como velhos autoritários do PT pretendem usar o esquema montado pela quadrilha do bicheiro Carlinhos Cachoeira, que pega em cheio figurões do PT, para melar o mensalão. O comandante da operação — que prevê o enxovalho do Poder Judiciário — é Luiz Inácio Lula da Silva e envolve tanto figurões do partido como “figurinhas” vivendo o seu momento de estrelato. É o caso do presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), que resolveu dar curso à farsa. Leiam trecho da reportagem de oito páginas de Daniel Pereira e Hugo Marques.

(…)
Lula e os falcões petistas viram também abrir-se para eles a retomada de um antigo, acalentado e nunca abandonado projeto de emascular a imprensa independente no Brasil. Os projetos de censura da imprensa que tramitaram no PT foram derrotados não por falta de vontade, mas porque o obscurantismo cobriria a imagem do Brasil de vergonha no cenário mundial. Surge agora uma oportunidade tão eficiente quanto a censura, com a vantagem de se obter a servidão acrílica da imprensa sem recorrer a nenhum mecanismo legal que possa vir a ser identificado com a supressão da liberdade de expressão. Não por coincidência, na semana passada a Executiva Nacional do PT divulgou uma resolução pedindo a regulamentação dos meios de comunicação diante “da associação de parte da imprensa com a organização criminosa da dupla Cachoeira-Demóstenes”. Dando sequência à diretriz do comitê central do partido, o comissário Marco Maia, presidente da Câmara, complementou: “Todas as informações dão conta de que há uma participação significativa de alguns veículos de comunicação nesse esquema montado pelo Cachoeira. A boa imprensa, que está comprometida com a informação e a verdade, vai auxiliar para que a gente possa fazer uma purificação, separar o joio do trigo”.

A oportunidade liberticida que apareceu agora no horizonte político é tentar igualar repórteres que tiveram Carlos Cachoeira como fonte de informações relevantes e verdadeiras com políticos e outras autoridades que formaram com o contraventor associações destinadas a fraudar o Erário. A nota da Executiva Nacional do PT e a fala do comissário Maia traem o vezo totalitário daquela parte do PT que não tem a mínima noção do papel de uma imprensa livre em uma sociedade aberta, democrática e que tenha como base material a economia de mercado. Papai Stalin ficaria orgulhoso dos pupilos. Caberá a eles agora, aos “tropicastalinistas” do PT, auxiliados pelos impolutos José Sarney e Fernando Collor, “purificar” a imprensa, decidir qual é a boa e a ruim, o que é joio e o que é trigo nas páginas dos órgãos de informação e apontar que repórteres estão comprometidos com a informação e a verdade. Alguém com mais juízo deveria, a bem do comissário Maia, informá-lo de que quando governos se arvoram a “purificar” seja o que for - a população, a imprensa ou a literatura - estão abrindo caminho para o totalitarismo. Quem diria, comissário, que atrás de óculos modernosos se esconde uma mente tão arcaica.

Os petistas acham que atacar o mensageiro vai diminuir o impacto da mensagem. Pelo que disse Marco Maia, eles vão tentar mostrar que obter informações relevantes, verdadeiras e de interesse nacional lança suspeita sobre um jornalista. Maia não poderia estar mais equivocado. Qualquer repórter iniciante sabe que maus cidadãos podem ser portadores de boas informações. As chances de um repórter obter informações verdadeiras sobre um ato de corrupção com quem participou dele são muito maiores do que com quem nunca esteve envolvido. A ética do jornalista não pode variar conforme a ética da fonte que está lhe dando informações. Isso é básico. Disso sabem os promotores que, valendo-se do mecanismo da delação premiada, obtêm informações valiosas de um criminoso, oferecendo-lhe em troca recompensas como o abrandamento da pena. Esses são conceitos de difícil digestão para os petistas acostumados a receber do comitê central as instruções completas sobre o que devem achar certo ou errado, bom ou ruim, baixo ou alto. Fora da bolha ideológica, porém, a vida exige que bons jornalistas falem com maus cidadãos em busca de informações verdadeiras. Motivo mesmo para uma CPI seria investigar os milionários repasses de dinheiro público que o governo e suas estatais fazem a notórios achacadores, chantagistas e manipuladores profissionais na internet. Fica a sugestão.

Leia a íntegra da reportagem na revista

Por Reinaldo Azevedo

 

Comissão de Ética da Presidência acolhe representação contra Ideli

No Estadão Online:
A Comissão de Ética Pública da Presidência da República acolheu na manhã desta segunda-feira, 16, representação do PSDB para investigar a conduta da ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, no episódio envolvendo a compra de 28 lanchas-patrulha. Conforme informou o Estado, as lanchas foram encomendadas por R$ 31 milhões pelo Ministério da Pesca em 2009 e parte da conta foi paga enquanto Ideli comandava a pasta. O Estado também revelou que o dono da fabricante das lanchas, a Intech Boating, doou R$ 150 mil ao comitê financeiro do PT de Santa Catarina, que bancou 81% dos custos da campanha derrotada de Ideli ao governo catarinense.

De acordo com o presidente da comissão, Sepúlveda Pertence, Ideli já se antecipou e apresentou explicações sobre as compras das lanchas. “Ela apresentou esclarecimentos voluntariamente. Recebi o memorial do seu advogado, ainda não li, o relator (Américo Lacombe) é que está examinando o caso”, disse Pertence, após o final da primeira metade da reunião, que ocorre em anexo do Palácio do Planalto. Os conselheiros devem decidir depois se abrem um processo disciplinar contra Ideli, informou Pertence. A próxima reunião da comissão está marcada para 14 de maio.

Ideli contratou uma empresa de consultoria, a Entrelinhas Comunicação e Publicidade, para evitar o desgaste de sua imagem e também para reagir aos ataques que considera estar sofrendo nos últimos dias. Na semana passada, a Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara aprovou convocação para a ministra falar sobre o episódio das lanchas.

A Comissão de Ética Pública da Presidência da República também decidiu pedir mais informações ao ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, sobre os negócios de sua empresa de consultoria. Os conselheiros aplicaram ainda “censura ética” ao ex-diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) Luiz Antônio Pagot, por conta de suas declarações que de não cumpriria a “quarentena” enquanto aguardava a volta à iniciativa privada após deixar o serviço público.
(…)

Por Reinaldo Azevedo

 

O MENSALÃO: É isto que os farsantes querem esconder

Na VEJA Online:
“Trata-se da mais grave agressão aos valores democráticos que se possa conceber.” É assim que a Procuradoria-Geral da República (PGR) qualifica o mensalão, nas alegações finais do processo. E a explicação da PGR é cristalina: “No momento em que a consciência do representante eleito pelo povo é corrompida (…), a base do regime democrático é irremediavelmente ameaçada”. Para chegar a esta síntese do maior escândalo de corrupção da história do país, agora prestes a ser julgado pelo Supremo Tribunal Federal, o Ministério Público reuniu as mais variadas evidências de recebimento de propina - testemunhos, recibos, livros contábeis, laudos, TEDs, DOCs, entre outros - e, a exemplo das CPIs que se debruçaram sobre o assunto, mostrou sua correspondência com a votação de matérias caras ao governo. Infográfico de VEJA.com aponta os beneficiários do esquema, as datas, os valores, os intermediários e as votações citadas na denúncia.

SETE ANOS DE ESCÂNDALO
Para entender o mensalão

Série de ferramentas e infográficos de VEJA.com recapitula questões centrais do mensalão, o maior escândalo político da história do país. “A hora da sentença”, que abriu a série, revisa o desenrolar do caso no Supremo. Outros destrincham os crimes apontadoso papel de cada mensaleiro na quadrilhaos saques do valerioduto, as provas apontadas pela Procuradoria-Geral da República, a defesa dos réus e o esquema do julgamento.

O conjunto de provas é suficiente para afastar as principais teses da defesa dos mensaleiros. A recorrência dos saques em dinheiro e do uso de laranjas - motoristas, assessores, a mulher, o irmão, o contínuo -  evidencia que os beneficiários do valerioduto não ignoravam a origem ilícita do dinheiro. E a correspondência entre votações e os saques desautoriza a versão de que se tratava de pagamentos desinteressados ou casuais. Quanto a isso, a PGR cita na acusação trecho do relatório final da CPI dos Correios que apontou, como exemplo, que nos dez dias anteriores ou posteriores à votação da Reforma Tributária ocorreram 18 visitas à agência do Banco Rural em Brasília e foram retirados R$ 2.020.000 do valerioduto.
(…)

Por Reinaldo Azevedo

 

da coluna Direto ao Ponto, de Augusto Nunes:

Se o mensalão foi uma farsa, Silvinho Land Rover ficará na história dos tribunais como o primeiro inocente que fez questão de ser punido por crimes que ninguém cometeu

Se o mensalão foi uma farsa, como recita Rui Falcão a 30 piscadas por minuto, o Brasil conseguiu produzir um espanto jurídico ainda mais impressionante que a colossal roubalheira descoberta em 2005: o erro judiciário endossado pela vítima. O injustiçado voluntário seria Sílvio Pereira, o Silvinho Land Rover, secretário-geral do PT quando Roberto Jefferson resolveu abrir o bico sobre o maior escândalo da história da República.

Em janeiro de 2008, decidido a escapar do processo em curso no Supremo Tribunal Federal, o mensaleiro assustado topou fechar um acordo com a Procuradoria Geral da República. Em troca da suspensão do julgamento por formação de quadrilha, dispôs-se a cumprir uma pena alternativa ─ três anos de serviço comunitário numa subprefeitura de São Paulo. Como atesta o noticiário da época, as  duas partes julgaram ter feito um bom negócio.

A Procuradoria conseguiu do réu uma silenciosa confissão de culpa: se fosse inocente, o réu aguardaria sem medos a decisão da Justiça. O delinquente ficou feliz com o tamanho do castigo, extraordinariamente suave para quem se enfiou até o pescoço no pântano da ladroagem, e com a chance de voltar a dormir sem sobressaltos. Silvinho Land Rover não sabia o que era isso desde julho de 2005, quando teve de afastar-se da direção do PT e ganhou a alcunha inspirada na  marca do veículo presenteado por um fornecedor da Petrobras ao figurão que lhe abrira furtivamente as portas do Planalto.

Submerso há mais de quatro anos, pode ser ruidosamente devolvido à ribalta pela aproximação do  julgamento de que escapou. Depende do resultado. Se o STF sucumbir ao show de cinismo ensaiado por Lula, Rui Falcão e seus devotos, ignorar a montanha de provas e absolver os 38 pecadores que continuam no banco dos réus, ficará estabelecido que não houve mensalão nem mensaleiros. Caso seja erguido esse monumento ao absurdo, espera-se que algum ministro togado, em parceria com o presidente do PT, tenha a bondade de desvendar o enigma indecifrável desenhado pelo caso de Silvinho Land Rover.

Pela primeira vez na história do Judiciário, um acusado fez questão de ser punido por um crime que ninguém cometeu. E cumpriu a pena sem queixas.

 

Direto ao Ponto

Dilma acaba de descobrir que ‘a casa própia’, entre outros espantos, ‘mostra a nossa capacidade de viver e de morrer’

Enquanto os flagelados da Região Serrana do Rio tentam descobrir que fim levaram as 6 mil casas prometidas em janeiro de 2011, Dilma Rousseff inaugura um conjunto habitacional por discurso.  Nesta quinta-feira, achou que também deveria explicar à plateia o que é uma casa. Conseguiu superar-se ─ e inspirou mais um texto inesquecível de Celso Arnaldo. (AN)

CELSO ARNALDO ARAÚJO
A Casa do Espanto de Dilma não é um lugar para as pessoas morarem, como qualquer casa. Ela reúne relações, é um centro comunitário de acolhimento universal e mostra nossa incrível capacidade de morrer. E ainda perguntam por que o Minha Casa, Minha Vida não sai do chão

Primeiro, era um milhão. Depois dois, que logo viraram três. E, há algumas semanas, Dilma acordou com vontade de fazer mais 400 mil – que se somarão, como um bônus mágico, aos três milhões, dentro de seus primeiros quatro anos de governo. No segundo mandato, até as casas dos botões de seus terninhos serão adicionadas à meta do MC, MV.

Mas um volume desses de casa própria não é promessa que se possa ir disfarçando com uma inauguraçãozinha aqui, uma cerimoniazinha ali – como a das seis mil creches que abrigarão até os netos de Eike Batista ou das 101 mil bolsas de estudos internacionais concedidas a jovens gênios do Brasil Maravilha. Casa existe ou não. Ou tem quatro paredes e um teto, foi escriturada e tem fechadura na porta ou não é casa. E, realisticamente, sem juízo de valor ou denúncia vazia, qualquer especialista brasileiro em sistema habitacional sabe que a meta das 3.400.000 casas até o fim do primeiro mandato de Dilma é pura fantasia – talvez 20% disso, se tanto, recebam moradores até o fim de 2014.

Mas o Minha Casa, Minha Vida, agora com o número 2 acoplado ao nome pomposo, talvez para transmitir a ideia de que a etapa 1 (2 milhões de unidades) já foi concluída, é indiscutivelmente a menina dos olhos de Dilma. Talvez seja por isso que, não havendo casas com tijolos, janelas, vasos sanitários, pias, torneiras e lâmpadas em número suficiente para legitimar o programa e suas metas, há mais de dois anos Dilma dedica um esforço comovente a tentar explicar a “filosofia” por trás da casa própria. A casa própria como entidade. Não três milhões de casa, mas uma única casa – mítica, mágica, sobre-humana.

Para as pessoas que nela morarão, ou morariam, não há nenhum mistério: morar em casa é melhor do que morar na rua; morar em casa própria é melhor do que pagar aluguel ou morar de favor; enfim, ter uma casa é melhor do que não ter. Não é preciso ir além disso para convencer as pessoas de que é bom ter casa própria. Aliás, nessa questão, não é preciso convencer as pessoas de coisa alguma – basta facilitar-lhes o acesso à casa.

CONCEITOS PRIMITIVOS
É Dilma quem não está convencida disso. Desde a campanha, ela se desdobra para tentar explicar a importância existencial da casa própria que ainda não existe para os candidatos ao programa. Porém, incapaz de explicar a uma criança de cinco anos o significado do Natal, a cada tentativa a casa própria de Dilma fica mais vazia. Como construção formal de ideias, um casebre inabitável. Como ideia em si, um conjunto de impropriedades – perdoem o trocadilho voluntário — que geram dúvidas cada vez mais dramáticas sobre a real formação educacional da presidente e sua capacidade de governar.

E o já célebre discurso da casa própria, que até seus auxiliares devem temer, piora a cada dia – imagino que, até a entrega da casa de número 3.400.000, será preciso tirar as crianças da sala e deixá-las na rua.

Mas o de hoje é insuperável — pelo menos até o próximo. Não foi num canteiro de obras, para futuros moradores – o que, em tese, poderia justificar a fala paupérrima. Mas num auditório em Brasília, presentes inúmeras autoridades: mais um anúncio de expansão do programa. O almoxarifado do Palácio não está dando conta dos pedidos de papel-ofício.

Como suposto e calejado especialista em dilmês, confesso que poucas coisas ainda me surpreendem na fala de Dilma e em seu repertório de meia dúzia de conceitos primitivos sobre as coisas. Mas desta vez a casa caiu. Ouçam, por favor, o pensamento inicial, que vai de 0:10 a 0:56 – esqueça o resto. Não há palavras para descrevê-lo – da mesma forma que Dilma não as teve para fazê-lo:

“Eu acredito que a questão da casa própia (sic) é uma questão muito importante na vida das pessoas. Ela reúne a relação que nós temos com os nossos filhos, com a nossa família e com os nossos amigos. Então ela é um espaço onde a gente constrói o lar e a proteção. E ao mesmo tempo ela mostra a nossa capacidade de viver e de morrer. Mostra aonde (sic) as famílias acolhem as crianças, os adultos e os idosos”.

É o caso de perguntar: seria exagero incluir esse parágrafo naquelas antologias de pérolas do ENEM ou do vestibular que circulam na internet? Seria exagero concluir que a presidente Dilma não tem a mais remota noção do que está falando?

A casa própia (não) de Dilma reúne, para usar sua própria (sim) linguagem, arrepios que não foram sentidos nem em Elm Street. O ponto mais assustador dessa falação sem nexo é nos mostrar que, dentro da casa, somos mortais. Quererá isso dizer, por linhas tortíssimas, que muitos inscritos no Minha Casa, Minha Vida morrerão antes de poder viver nela?

 

Direto ao Ponto

O recorde estabelecido pelo presidente do PT confirma: quem mente pisca muito mais

O presidente do PT, Rui Falcão, registrou o que acha da CPI do Cachoeira num vídeo gravado nesta quarta-feira. Em apenas 1min50 de palavrório, garantiu que:

1. O senador Demóstenes Torres não deixou o DEM para antecipar-se à expulsão inevitável. Afastou-se para impedir, espertamente, que as investigações sobre seus vínculos com Carlinhos Cachoeira chegassem ao partido.

2. É fundamental neutralizar a “operação-abafa” concebida para abortar a CPI que, no momento da gravação, já fora aprovada pela aliança governista e pela oposição.

3. O nome certo da CPI do Cachoeira é “CPI do Demóstenes”.

4. Além de Demóstenes, as patifarias do delinquente goiano envolvem o governador Marconi Perillo. Não são mencionados os companheiros Protógenes Queiroz, Rubens Otoni, Olavo Noleto e Agnelo Queiroz, submersos na mesma cachoeira desde o começo da semana.

5. O PT está comprometido com a luta contra a corrupção e os corruptos. Os bandidos estão todos na oposição.

6. Os corruptores e corruptos agem com o apoio dos grandes órgãos de comunicação, em parceria com falsos moralistas e fariseus que apenas simulam apreço pelos bons costumes que os governistas preservam.

7. A CPI do Demóstenes é indispensável “para apurar esse escândalo dos autores da farsa do mensalão”.

Com sete atropelamentos da verdade em 110 segundos, Falcão alcançou um índice impressionante. Também confirmou que quem mente pisca muito mais. Gente normal pisca de 10 a 15 vezes por minuto. Ao longo da discurseira, o presidente do PT conseguiu estabeleceu uma marca admirável:  63. Mais de 30 por minuto. É um recorde. E é a prova definitiva de que o que diz um Rui Falcão tem tanto valor quanto uma promessa de Dilma, uma crítica literária assinada por Lula ou uma cédula de três reais.

(por Augusto Nunes)

 

Irritada com Rui Falcão, Dilma se queixa, PT recua e agora já fala em “rediscutir” CPI; sobram críticas no partido até para Lula

Por Fernanda Krakovics e Maria Lina, no Globo:
A presidente Dilma Rousseff não está satisfeita com o presidente do PT, Rui Falcão, por causa da atropelada criação da CPI do Cachoeira. Dilma se queixou com ministros e petistas de que Falcão não podia ter saído atirando - e defendendo a criação da CPI - sem consultá-la antes. Agora, o partido tenta puxar o freio de mão. Com o afastamento do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), internado desde sábado com insuficiência coronariana, se as assinaturas forem coletadas a tempo, caberá à vice-presidente Marta Suplicy (PT-SP) instalar a comissão na terça-feira. A preocupação de Dilma com o anunciado descontrole da CPI foi tema da conversa, na sexta-feira, entre ela e o ex-presidente Lula, um dos entusiastas da investigação parlamentar sobre os negócios e relações do bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira.

O líder do PT no Senado, Walter Pinheiro (BA), já admite até abortar a CPI, se o Supremo Tribunal Federal (STF) concordar em enviar os autos das operações Monte Carlo e Las Vegas, da Polícia Federal, ao Conselho de Ética do Senado. Mas ele reconhece que, politicamente, é muito difícil reverter a criação da CPI a esta altura dos acontecimentos. O senador José Pimentel (PT-CE), como membro do Conselho, requereu novamente os documentos, alegando jurisprudência do caso do ex-senador Luiz Octávio (PMDB-PA), quando o Supremo enviara o inquérito solicitado pelo Senado. “Se mandarem os documentos, e avaliarmos que o que a CPI vai apurar é o que está apurado, aí podemos rediscutir a CPI. Mas confesso que é difícil segurar agora. Podem dizer que é golpe”, disse Pinheiro.

Dilma ficou especialmente irritada com o vídeo em que o presidente do PT, Rui Falcão, diz que a CPI ajudaria a desviar o foco e neutralizar o desgaste do julgamento do mensalão no STF, que deve começar em maio. Para Dilma, há o risco de a CPI ser um tiro no pé e paralisar o governo. Governadores e governistas também temem que as investigações virem uma bola de neve e desnudem as relações da Delta Construções com governos de todos os partidos.

Petistas criticam intervenção de Lula
Petistas mais moderados criticam a direção do partido por ter atendido, sem discussão, o desejo do ex-presidente Lula, que vibrou quando integrantes do governo do tucano Marconi Perillo (GO) apareceram nas investigações da Polícia Federal. O ex-presidente não perdoa o tucano por ele ter afirmado, durante o escândalo do mensalão, que Lula tinha conhecimento do esquema. Rui Falcão chegou a defender, em vídeo, que a CPI fosse usada para investigar o que chamou de “farsa do mensalão”, que, segundo ele, teria sido montada pelo grupo que circula em torno de Cachoeira. Depois que forem coletadas as assinaturas necessárias - 171 na Câmara e 27 no Senado -, Marta Suplicy terá que ler o requerimento em plenário, para que a CPI seja criada.

No balanço dos eventuais estragos decorrentes da CPI, o líder do PT na Câmara, Jilmar Tatto (SP), aposta que a oposição tem mais a perder do que o governo e a base aliada: “Tem coisas graves que precisam ser investigadas. Não é CPI contra o governo. As denúncias batem pesado na oposição, inclusive em pessoas que se portavam como paladinos da moralidade. Se aparecer qualquer irregularidade no governo, a providência é mandar apurar. Se tiver que romper contratos (com a Delta), rompe. O objetivo é apurar a infiltração do crime organizado no Estado brasileiro, e pega mais gente da oposição do que do governo.”

Além de Perillo, as investigações da PF também envolvem o governo petista de Agnelo Queiroz (DF). A ala mais moderada do PT é contra lavar as mãos em relação à administração do Distrito Federal e refuta o argumento de que Agnelo é recém-chegado no partido. “É um governo do PT. Não dá para contabilizar como governo nosso só quando interessa”, diz uma liderança petista.
(…)

Leiam a respeito o texto que escrevi na manhã de sexta-feira:
Dirceu está hoje empenhado em contaminar, com a sua biografia pessoal, o governo Dilma, e Lula quer deixá-lo do tamanho do seu ódio. E uma exortação a Lewandowski

Por Reinaldo Azevedo

 

O caso Cachoeira já não é o mais recente escândalo que envolve Agnelo. Ou: governo petista do DF montou estrutura ilegal para espionar adversários

Uma pesquisa de novembro do ano passado demonstrou que, se a eleição para o governo do Distrito Federal se desse naquele mês, o petista Agnelo Queiroz perderia até para Joaquim Roriz e José Roberto Arruda, que deixou o poder de maneira humilhante. Imaginem o desespero do eleitorado!!! Dez meses bastaram para que a população percebesse o que estava e está em curso. De novembro pra cá, não houve nenhuma mudança de qualidade na gestão. Mas a lista de suspeitas e acusações envolvendo o nome do governador cresceu muito.

O mais recente escândalo de que é um dos protagonistas é o Caso Cachoeira. Ou melhor: era! Reportagem de Rodrigo Rangel na VEJA desta semana informa que o Ministério Público descobriu que o governo petista de Brasília criou uma repartição para investigar aliados, adversários políticos, promotores e jornalistas. Eis Agnelo dando curso ao modo petista de governar e de praticar a democracia. Leiam trecho da reportagem de VEJA. Volto em seguida.

(…)
A ação ilegal de arapongas a serviço do governador está sob investigação do Ministério Público do Distrito Federal. Policiais militares formalmente lotados no palácio do governo, a poucos metros de seu gabinete, violaram sistemas oficiais de informações, inclusive da Receita Federal, para levantar dados sobre alvos escolhidos pelo gabinete do governador. A bisbilhotagem, até onde os investigadores já descobriram, começou no fim do ano passado e teve como vítima o deputado federal Fernando Francischini, do PSDB do Paraná. Delegado da Polícia Federal, Francischini tornou-se inimigo de Agnelo depois de defender publicamente a prisão do governador com base em documentos que comprovariam uma evolução patrimonial incompatível com os vencimentos do petista. A partir daí, começaram a circular em Brasília dossiês com detalhes da vida privada do deputado, que registrou queixa na polícia. O Ministério Público, então, passou a investigar a origem das informações que constavam nos dossiês. Para identificar os responsáveis, foram feitos pedidos de informações a órgãos que gerenciam os bancos de dados oficiais.

As primeiras respostas vieram do Ministério da Justiça, que mantém sob sua guarda o Infoseg, sistema que reúne informações sobre todos os brasileiros - desde números de documentos pessoais até endereços e pendengas com a Justiça. Abastecido pelas polícias do país e protegido por sigilo, o sistema só pode ser aberto por funcionários autorizados em investigações formais. Cada acesso deixa registrada a senha de quem fez a consulta. Seguindo esse rastro, os investigadores descobriram o nome de dois policiais militares de Brasília que haviam consultado informações sobre o deputado Francischini no fim do ano passado, justamente no período em que o parlamentar fez as denúncias contra o governador. Responsáveis pela arapongagem, o subtenente Leonel Saraiva e o sargento Itaelson Rodrigues estavam lotados na Casa Militar do Palácio do Buriti, a sede do governo do Distrito Federal. Detalhe: as consultas haviam sido feitas a partir de computadores do governo localizados dentro do palácio. Identificados os dois militares, o passo seguinte foi conferir no sistema as outras fichas consultadas por eles. Descobriu-se que os policiais haviam violado informações sobre mais de 20 indivíduos, todos desafetos do governador. Uma das vítimas foi o promotor de Justiça Wilton Queiroz de Lima, coordenador do Núcleo de Inteligência do Ministério Público de Brasília e responsável por algumas das principais investigações que envolvem a gestão de Agnelo”
(…)
Leiam a íntegra na revista.

Voltei
Nem aliados escaparam da arapongagem. O peemedebista Tadeu Fillipelli, vice-governador, foi investigado. O chefe da polícia da capital, Jorge Xavier, foi seguido e filmado.

O coronel Rogério Leão, chefe da Casa Militar e especialista em Inteligência (trocou a Presidência da República pelo governo do DF), é apontado como o mandachuva da turma. Partilhava o comando com Cláudio Monteiro, chefe de gabinete do governador até a semana passada. Teve de se demitir depois que seu nome apareceu nos diálogos da gangue que serve a Cachoeira. Segundo os interlocutores, ele recebeu “luvas” de R$ 20 mil do esquema e é premiado com uma “pensão” mensal de R$ 5 mil, o que nega. À reportagem de VEJA, Leão admitiu que foram feitas algumas pesquisas sobre o deputado Francischini…

O governador — e ninguém tem o direito de ficar surpreso — afirma que não sabia de nada e diz que cobrará apuração rigorosa. Claro que sim!

Alguém preferir tipos como Arruda ou Roriz a Agnelo fala muito, convenham, sobre… Agnelo!!! Nas altas esferas petistas, a renúncia do governador voltou a ser defendida. 

Por Reinaldo Azevedo 

 

PF aponta nova ligação de Cachoeira com a Delta, a construtora do PAC

Por Leandro Colon, Fernando Mello e Márcio Falcão, na Folha:
Investigações da Polícia Federal mostram que o grupo do empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, usou uma segunda empresa para sacar recursos repassados pela construtora Delta, pivô do escândalo. A PF suspeita que o dinheiro tenha origem em contratos da empreiteira com o setor público e que tenha sido usado pelo grupo de Cachoeira para financiar políticos na campanha eleitoral de 2010. Essa hipótese pode se tornar um dos focos principais da Comissão Parlamentar de Inquérito criada pelo Congresso para investigar os negócios de Cachoeira, que deverá ser instalada amanhã.

Conforme a Folha informou ontem, o contador de Cachoeira, Geovani Pereira da Silva, sacou R$ 8,5 milhões da conta da Alberto e Pantoja Construções e Transportes Ltda, em Brasília, entre maio e dezembro do ano de 2010. Os recursos haviam sido transferidos pela Delta. As investigações mostram que Silva sacou dinheiro de uma segunda empresa, a Brava Construções e Terraplanagem, que recebeu R$ 13 milhões da Delta em 2010.

Segundo a PF, as empresas servem como fachada para o grupo de Cachoeira movimentar recursos repassados pela Delta, que tem contratos milionários com o governo federal e vários Estados. Escutas telefônicas da PF indicam que o grupo de Cachoeira se valeu de sua influência nos governos de Goiás e do Distrito Federal para defender interesses da Delta. A Brava tem como sede o mesmo endereço da Alberto e Pantoja, um prédio numa cidade-satélite de Brasília onde há uma oficina mecânica. Juntas, as duas receberam R$ 39 milhões da Delta. Os saques foram feitos pelo contador de Cachoeira, Geovani Pereira da Silva. Foragido, ele é procurado pela polícia desde fevereiro, quando o empresário e membros de seu grupo foram presos.
(…)

Leiam também:
Delta, a construtora apontada como parte do esquema de Cachoeira, é uma velha amiga de Zé Dirceu e de Sérgio Cabral. E isso é apenas… fato!

Ah, essa memória que não me abandona! As relações especiais da Delta, empresa que toca sem licitação a obra de Cumbica, com o poder e os poderosos

Dirceu na área 1 - Empresários acusam Dirceu de tráfico de influência. Ou: “O segredo do sucesso”

Dirceu na área 2 - “O Cavendish é amigo íntimo do Sérgio Cabral. A promiscuidade é total”

Por Reinaldo Azevedo

 

Gravações atestam elo de assessor de Agnelo com o grupo

Por Rosa Costa, no Estadão:
Ex-subsecretário de Esporte do governador Agnelo Queiroz, do Distrito Federal, João Carlos Feitosa, conhecido como Zunga, é um dos mais frequentes interlocutores dos operadores do grupo comandado pelo contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. Em entrevista ao Estado, Zunga nega trabalhar para Cachoeira. Ele se trai, no entanto, ao citar nomes de integrantes do grupo, como o do sargento Idalberto Matias (Dadá), antes mesmo de ser questionado sobre a ligação com essas pessoas.

“O Carlinhos (Cachoeira) eu conheço através do futebol, de peladas e vim a conhecer algum outro tipo de pessoas por outro tipo de amizades que eu tenho em Brasília… O Idalberto da mesma forma. Mas sem nenhum outra relação, não tinha conhecimento do que se passava das atividades deles”, disse.

Uma escuta telefônica no dia 8 de abril do ano passado, de menos de um minuto, mostra Zunga pedindo a Rosalvo Simprini Cruz, contador de Olímpio Quiroga Neto, que também integra o grupo de Cachoeira, que deposite dinheiro em sua conta. E cita o número da conta do Banco Regional de Brasília (BRB). “Em nome de quem ?”, pergunta o contador. E Zunga dá o seu nome: João Carlos Feitosa.

Os telefonemas grampeados na Operação Monte Carlo mostram que Zunga não gostou de receber o pagamento semanal de R$ 2,5 mil para colaborar com o grupo. Olímpio pergunta a Rosalvo, em fevereiro do ano passado, se está tudo “certinho”, com relação ao pagamento do servidor do governo do DF. Ele responde: “Tá, não sei se ele não gostou muito do valor, falei é dois e meio aí ele (pergunta) se é só isso”.

Olímpio pede para lembrar que o pagamento é semanal. Outras conversas grampeadas mostram que o valor da propina subiu para R$ 3 mil. Em dezembro, Zunga aparece pedindo a outro operador de Cachoeira, chamado de “Lenine” ou “Baixinho”, que adiante o pagamento. “Queria ver com você se dava pra dar uma adiantada naquele negócio aí pro Natal, se é possível”. Lenine diz que vai “dar uma olhada no caixa” e que mandará o dinheiro “até o dia 24″.

Exonerado
Zunga foi exonerado da subsecretaria de Esporte em setembro e nomeado para um emprego de fachada na Fundação de Amparo ao Preso (Funap), órgão subordinado do Governo do Distrito Federal. Os demais servidores e a segurança do local não sabiam que ele trabalhava na Fundação. Na semana passada, o ex-subsecretário de Esporte de Agnelo foi demitido da Funap.

Por Reinaldo Azevedo

 

Petistas, sob o comando de Lula, intensificam pressão sobre STF para melar julgamento

Por Catia Seabra, Felipe Seligman e Natuza Nery, na Folha:
Sob a supervisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, integrantes do PT se lançaram numa ofensiva para aumentar a pressão sobre os ministros do Supremo Tribunal Federal que julgarão o processo do mensalão. Parlamentares e petistas com trânsito no Judiciário foram destacados para apresentar aos ministros a tese de que o julgamento não deve ser político, mas uma análise técnica das provas que fazem parte do processo. O medo dos petistas é de que os ministros do tribunal sucumbam a pressões da opinião pública num ano eleitoral. O mesmo movimento tenta convencer o Supremo de que o julgamento não deve acontecer neste ano.
(…)
O foco mais evidente do assédio petista é o ministro José Dias Toffoli, que foi assessor do PT e advogado-geral da União no governo Lula. Emissários do ex-presidente já fizeram chegar a Toffoli a preocupação com a possibilidade de ele se considerar sob suspeição durante o julgamento do mensalão. Responsável pela indicação de Toffoli, o próprio Lula passou a reclamar dele. Segundo petistas, o ministro estaria emitindo “sinais trocados” sobre o julgamento.
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À Folha Toffoli disse que não se considera impedido, mas que só tomará uma decisão quando o julgamento estiver marcado. “Ele não tem esse direito”, disse o prefeito de São Bernardo do Campo, Luiz Marinho (PT), amigo do ex-presidente.
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Além da movimentação política, os ministros também passaram, nos último meses, a receber outro tipo de pressão, desta vez jurídica, vinda de Márcio Thomaz Bastos, ex-ministro da Justiça de Lula. Contratado para defender um ex-diretor do Banco Rural que também é réu, Thomaz Bastos enviou ao Supremo uma questão de ordem para tentar mais uma vez desmembrar o processo. Isso deixaria no tribunal apenas três réus e mandaria para a primeira instância todos aqueles que não têm foro privilegiado no Supremo, entre eles Dirceu e Genoino.
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Thomaz Bastos diz ter novos argumentos para defender a tese e já conseguiu convencer parte dos ministros do STF de que será preciso analisar a questão novamente antes do julgamento.

O que este blog disse no dia 1º de abril:
A rede suja na Internet e a tentativa de melar o processo do mensalão e livrar a cara de José Dirceu

Por Reinaldo Azevedo

 

Dirceu está hoje empenhado em contaminar, com a sua biografia pessoal, o governo Dilma, e Lula quer deixá-lo do tamanho do seu ódio. E uma exortação a Lewandowski

O lobo troca de pelo, mas não de vício. José Dirceu já mudou de cara, mas não de espírito. Quando na oposição, tentava inviabilizar governos eleitos democraticamente. Quando no governo, tentou — e tenta ainda — inviabilizar a democracia. Sob sua inspiração e com o apoio de Luiz Inácio Apedeuta da Silva, a Executiva Nacional do PT aprovou ontem um documento em que acusa a associação de setores da imprensa com o bicheiro Carlinhos Cachoeira e pede “marco regulatório” para a mídia — entenda-se: censura à imprensa.

Eles nunca desistiram desse propósito. A ameaça estava no Plano Nacional dos Direitos Humanos e jamais deixou de frequentar as ilusões dos petistas. Repudiada pela sociedade, a proposta é agora ressuscitada, com o apoio de Lula, o frenético trabalho daquele que o Procurador Geral da República chama “chefe de quadrilha” e a propaganda da rede na Internet financiada com dinheiro público. É a formação de quadrilha contra a liberdade de imprensa.

Podem espernear à vontade. Não deixaremos que cobrem propina por aquilo que a Constituição nos dá de graça: a liberdade de expressão, a liberdade de opinião, a liberdade de informação. De graça hoje! Mas essas conquistas custaram o esforço de gerações de brasileiros que lutaram pela democracia. Não é o caso de Dirceu! Não é o caso de alguns de seus companheiros. Sonhavam e sonham com a ditadura do partido único, com um país tutelado pelos companheiros, com um regime infenso aos controles que só a democracia proporciona, com uma Justiça independente e uma imprensa vigilante.

Pouco antes de deixar o poder, Lula anunciou que se dedicaria à tarefa de demonstrar que o mensalão tinha sido uma invenção da oposição para desestabilizar o seu governo — a velha tese do “golpe”, criada por intelectuais do PT, vigaristas em essência. Intelectual da academia que tem partido é como juiz de futebol que torce por um dos times em jogo; é um farsante. Adiante. Eis aí. O caso Cachoeira, tudo indica, estava sendo gestado de longa data — tanto é assim que o senador Demóstenes Torres vinha sendo monitorado havia muito tempo. Mas eis que surge um bom momento para detonar a crise.

Ocorre que ela pega em cheio algumas figuras graúdas do PT, como o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz — já defendido por Dirceu do modo como Dirceu sabe defender as suas causas: com unhas e dentes. Tenho pra mim que, a esta altura, Lula está disposto, se preciso, a entregar Agnelo na bandeja se achar que pode ganhar a guerra da opinião pública e fazer com que se volte contra o que resta de oposição no país. É parte, em suma, do trabalho de construção do Partido Único. Se tiver que ceder um peão, para usar a linguagem do Apedeuta (e de Hitler… Que coincidência!), tudo bem!

Na guerra suja, vale tudo. Não é por acaso que um dos alvos seja a imprensa. Não chega nem sequer a ser original. Neste momento, estão empenhados nessa mesma luta os governos da Venezuela, do Equador, da Bolívia, da Argentina, da Nicarágua… Todos eles, com mais ou menos ênfase orbitando em torno dos mesmos valores, cuja síntese pode ser esta: em vez de uma sociedade que controle o estado, como é próprio das democracias, um estado que controle a sociedade, como é próprio das ditaduras.

Mas, afinal de contas, o que quer essa gente? É simples! Roubar dinheiro público sem ser incomodada por ninguém. E só me resta assegurar: continuarão a ser incomodados enquanto o Brasil for uma democracia!

Foi Roberto Jefferson, então uma das cabeças coroadas da base governista, quem denunciou o mensalão, em junho de 2005. A partir de algumas informações que ele forneceu em entrevista à Folha, a imprensa deu início a um trabalho de investigação, também empreendido pela ala honesta da CPI. O que se revelou foi a maior teia criminosa jamais montada no país para assaltar os cofres, mas também, atenção!, para fraudar os fundamentos do estado de direito. Nem o dinheiro que pagou o marqueteiro de Lula era limpo, é bom lembrar!

Esses patriotas não se conformam que suas tramoias para fabricar dossiês sejam denunciadas; que o bunker montado por Erenice Guerra na Casa Civil tenha sido violado; que as consultorias de Antonio Palocci tenham sido trazidas à luz; que a roubalheira no Ministério dos Transportes tenha sido evidenciada; que as lambanças no Ministério do Esporte tenham sido detalhadas; que a rataiada entocada no Ministério da Agricultura tenha sido encontrada; que os descalabros no Ministério do Trabalho tenham sido escancarados; que a governo paralelo do “chefe de quadrilha” que se esgueira em hotéis, numa espécie de exploração do lenocínio político, tenha sido desmascarado.

Imaginem quanto dinheiro público a imprensa ajudou a preservar da fúria desses rapaces rapazes… O jornalismo independente prejudica seus negócios, cria óbices a suas vigarices, obriga-os a ter cuidados redobrados, deixa-os tensos! É preciso pôr um freio na liberdade de imprensa para que os larápios possam, então, roubar sem freios.

O “paradoxo” da popularidade de Dilma
O PT, é bem verdade, na “hora h”, sempre se junta. É perda de tempo apostar num racha importante do partido enquanto Lula estiver dando as cartas. Mas isso não quer dizer que não exista guerra interna, de posições; isso não quer dizer que os vários grupos abrigados no partido não tenham suas dissensões e não lutem para garantir seu espaço na legenda — e isso significa poder; poder de fato mesmo: grana!

Dilma não governa o país no melhor momento do crescimento econômico. Não se pode dizer, como cochicham os próprios petistas, que seja um governo realizador. Não obstante, a popularidade da presidente está em alta — PARA DESESPERO, ATENTEM PARA ISTO!, DE SETORES DO PRÓPRIO PETISMO, ESPECIALMENTE AQUELES QUE SONHAVAM COM A VOLTA DE LULA. A que se deve? As dificuldades da economia ainda não chegaram na ponta, nos mais pobres, e a presidente soube construir a imagem de austera, de intolerante com a corrupção — que ela chamou de “malfeito”. Já escrevi isto aqui e repito: quem lhe deu essa agenda (afinal, que outra?) foi a grande imprensa, esta que Lula e Dirceu querem censurar.

Tivesse a presidente seguido o conselho do Apedeuta e de alguns setores do PT, teria agasalhado todos os corruptos, acolhido publicamente o “malfeito” (como Lula fazia…) e visto, creio, a sua popularidade em curva descendente. Uma clareza ao menos Dilma sempre teve: ela não é ele. O trabalho da imprensa livre, para melancolia moral (não a do bolso, claro!) do JEG (Jornalismo da Esgotosfera Governista), fez mais bem do que mal à presidente. Ainda que ela reclame, por dever de ofício, da expressão “faxina ética”, sabe que  funcionou como marketing positivo.

Não que fosse este o propósito — porque a imprensa livre não tem propósito nenhum no que concerne à conquista ou manutenção do poder —, mas o fato é que essa imprensa que o PT quer, mais uma vez, censurar ajudou a plasmar a imagem de Dilma Rousseff. Tanto é assim, podem fazer uma pesquisa nos arquivos, que os lulistas foram os primeiros a reclamar da tal “faxina”. Dava a entender, alegavam, que havia sujeira no governo Lula. É mesmo, é?

Seria o ódio do PT o ódio do governo?
O ódio que esses setores do petismo devotam o jornalismo — de que foram as principais fontes quando o partido estava na oposição —, intuo, não é compartilhado pelo governo. Pela simples e óbvia razão, falo com base na lógica elementar, de que não há motivos para isso. Ao contrário: Dilma pode ser politicamente inexperiente, mas não é burra. No geral, as medidas adotadas pelo governo têm encontrado uma recepção positiva na imprensa.

Dirceu e sua turma não se conformam com isso. O “chefe de quadrilha” (segundo a PGR) luta bravamente para sujar, com a sua biografia pessoal, o governo Dilma. É ele quem está em guerra com a imprensa. Lula, por sua vez, aposta todas as fichas num trabalho de, se me permitem, “inocentação” em massa no STF porque entende que uma condenação será uma mácula em seu governo.

Só por isso assoberbou-se e atropelou as próprias lideranças do governo, num esforço frenético para ver instalada a “CPI do Cachoeira”, com a qual, está certo, vai aniquilar a oposição, manchar a reputação da imprensa e tornar verossímil a mentira de que o mensalão nunca passou de uma tramoia da oposição. Comissões de inquérito costumam parar o Congresso. A realidade política passa a girar em torno de suas descobertas, de depoimentos, dos documentos que sempre acabam vazando, das chantagens trocadas…

Num conto do vigário — até agora ao menos! — a imprensa não caiu, e só por isso Rui Gobbels Falcão resolveu dar o seu grito de guerra: o caso Cachoeira não é um problema só da oposição. Por enquanto, Demóstenes à parte, Agnelo é o homem público que passou o maior vexame: em menos de 24 horas teve de se desmentir. Anteontem, anunciou no Jornal Nacional que jamais estivera com Carlinhos Cachoeira. Ontem, mandou um estafeta dizer que não era bem assim: havia se encontrado uma vez, uma vezinha só! Novas gravações vindas a público trazem membros da gangue do bicheiro tratando abertamente de contribuições ilegais de campanha que teriam sido feitas pela construtora Delta para a campanha de Agnelo.

Dirceu com sua biografia e Lula com seu ódio tentam arrastar o governo Dilma para uma briga na lama. Atenção! Poucas pessoas perceberam que isso a que assistimos é, sim, expressão da luta do PT para a aniquilar as oposições, mas é também um guerra interna. Lula e Dirceu tentam amarrar o governo a suas respectivas agendas — o que é, evidentemente, ruim para ela e bom para eles.

Encerrando com Lewandowski
Acredito haver, sim, motivos suficientes para uma CPI. Só que ela tem a obrigação de apurar o tamanho da rede de influências de Cachoeira no Congresso, no governo federal e em governos estaduais. Dirceu e Lula têm outra intenção: querem um atestado de inocência para os mensaleiros. O que uma coisa tem a ver com outra? Nada!

Quem pode contribuir para diminuir o vale-tudo é o ministro Ricardo Lewandowski, o revisor do processo do mensalão. Ninguém hoje em dia vê motivos razoáveis para que ele não entregue o seu trabalho e permita, então, o início do julgamento. Se os juízes entenderem que o “formador de quadrilha” (segundo a PGR) José Dirceu e a sua, bem…, quadrilha são inocentes, muito bem! Se avaliarem que são culpados, que cumpram a pena que for estabelecida.

O esforço de defesa de José Dirceu não pode parar o pais nem criar obstáculos à punição de outros larápios.

O PT quer o controle da mídia porque quer controlar a sociedade. Chegou a hora de pôr esses aloprados sob o controle da democracia e do estado de direito.

Como posso encerrar? Assim: NÃO PASSARÃO!!!

Por Reinaldo Azevedo

 

ABAIXO, BOA PARTE DO FANTÁSTICO VOTO DE CEZAR PELUSO

Abaixo, o vídeo com boa parte do fantástico voto do ministro Cezar Peluso sobre o aborto de anecéfalos.

Por Reinaldo Azevedo

 

CPI do Cachoeira ouvirá Agnelo Queiroz sobre doações da construtora Delta

Os petistas são realmente seres muito particulares. Leiam o que informa João Domingos no Estdão Online e prestem atenção ao que afirma o deputado Jilmar Tatto (SP), líder do PT na Câmara. Mais tarde, volto ao assunto.

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Cachoeira, que deverá ser instalada na semana que vem, vai exigir do governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), explicações sobre a suposta cobrança de fatura por parte da Delta Construções por supostas doações eleitorais. “O governador de Brasília terá de explicar isso na CPI”, disse o deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), um dos dois titulares dos tucanos da Câmara na Comissão Parlamentar.

De acordo com as gravações feitas pela Polícia Federal para a Operação Monte Carlo, que desmontou o esquema feito pelo contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, a empresa negociava facilidades diretamente com a cúpula do governo de Brasília.

Nas conversas gravadas na Operação Monte Carlo, reveladas nesta quinta pelo jornal O Estado de S. Paulo, aliados de Carlinhos Cachoeira, segundo a PF, dizem que a diretoria da empresa no Rio exigia agora, em contratos, a contrapartida pelas doações. E fazia pressão no Palácio do Buriti por nomeações e liberação de verbas. Ao todo, a Delta consta como doadora de R$ 2,3 milhões a comitês partidários no País. A prestação de contas de Agnelo no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) não registra doação da empresa, em indício de caixa 2, segundo investigadores. Do total, R$ 1,1 milhão foi destinado ao Comitê Nacional do PT e o restante ao PMDB.

De acordo com a Polícia Federal, assim que Agnelo foi eleito, a Delta tentou emplacar aliados em cargos-chave de administrações regionais e do Serviço de Limpeza Urbana (SLU) de Brasília, o que facilitaria seus negócios. Além disso, tentava receber débitos do GDF por serviços supostamente prestados.

Para o líder do PT na Câmara, Jilmar Tatto (SP,), as exigências feitas pela Delta para receber a fatura do governador Agnelo Queiroz mostram que é preciso mudar o sistema de financiamento das campanhas. “Isso vai nos levar a tratar do tema. Essas cobranças de faturas, que não devem acontecer só aqui na capital, são fruto do financiamento privado. Por isso é que nós defendemos o financiamento público de campanha. Só a mudança acabará com esse tipo de coisa, em que empreiteiros exigem contratos e outras benesses depois da eleição”, disse Tatto.
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Por Reinaldo Azevedo

 

Ministro determina que PF apure vazamentos da Operação Monte Carlo 

Por Julia Borba, na Folha:
O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, determinou que a Polícia Federal investigue a origem do vazamento das informações da Operação Monte Carlo, que desmontou esquema de jogo ilegal no país que seria comandado pelo empresário Carlos Cachoeira. Hoje, foram divulgados diálogos telefônicos interceptados pela PF que sugerem um suposto esquema de corrupção no governo de Agnelo Queiroz (PT-DF) com representantes da Delta, uma das maiores empreiteiras do país. De acordo com o ministro, o pedido já foi feito ao diretor-geral da PF e os responsáveis serão punidos “na forma da lei”.

“O Ministério da Justiça é radicalmente contrário a qualquer vazamento. Não importa se ele ocorre em favorecimento de pessoas que apoiam o governo, vinculados ao partido do governo ou da oposição. Isso é algo que nós efetivamente repudiamos”, afirmou Cardozo. Segundo ele, durante o período de um ano e meio em que o processo esteve apenas na Polícia Federal, não houve qualquer tipo de problema desta natureza.

“Os que acreditavam que os vazamentos visavam prejudicar membros da oposição, seguramente vão ter de repensar melhor as críticas que fazem a esse órgão da polícia, que tem atuado com correção e lisura”, completou o ministro com referência à atual acusação que também afeta o governador do PT no Distrito Federal.
(…)

Por Reinaldo Azevedo

 

Rui Falcão, o Goebbels do PT, agora chama todo mundo de idiota

Na Folha Online. Volto depois:
Um dia depois de afirmar que “a bancada do PT na Câmara e no Senado defendem uma CPI para apurar esse escândalo dos autores da farsa do mensalão”, o presidente do partido, Rui Falcão, tentou nesta quinta-feira (12) desvincular a criação de uma CPI mista para investigar as denúncias contra o suposto esquema liderado pelo empresário Carlinhos Cachoeira e o julgamento do mensalão. “Em nenhum momento eu estou vinculando os trabalhos da CPI à questão do chamado mensalão. A questão do mensalão está no Supremo Tribunal Federal no aguardo do julgamento”, afirmou Falcão a jornalistas.

“Qualquer tentativa de manipulação dessas duas questões nós não participamos dela. Mas sabemos que essa tentativa de manipulação existe. O fato de eventualmente pessoas que estão sendo investigadas hoje poderem ou não no passado terem participado de algum tipo de operação não significa que haja link entre essas duas questões”, acrescentou.
(…)

Voltei
A quem o Goebbels do PT acha que engana? No vídeo que gravou, ele foi literal: “As bancadas do PT na Câmara e no Senado defendem uma CPI para apurar esse escândalo dos autores da farsa do mensalão”.

Falcão percebe que foi além da conta e revelou que a intenção do PT não é apurar coisa nenhuma — tanto é que nem cita o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz. O objetivo do partido, nesse caso, é só tentar livrar a cara dos réus do mensalão.

Em vez de investir na apuração das lambanças praticadas pela gangue de Cachoeira e seus aliados na vida pública, está empenhado em proteger outra gangue. 

Por Reinaldo Azevedo.

 

 Congresso

A fuga dos relatores

"Todo mundo está com o rabo preso"

Integrante da chamada bancada independente do Senado, Ana Amélia Lemos ficou intrigada com tantas recusas no sorteio da relatoria do processo de cassação de Demóstenes Torres no Conselho de Ética.

Cinco senadores (Lobão Filho, Gim Argello, Ciro Nogueira, Romero Jucá e Renan Calheiros) disseram não ao cargo até que Humberto Costa topou a empreitada. Para Ana Amélia, o episódio não deixa dúvidas:

– Isso foi a revelação clara de que todo mundo está com o rabo preso. A esta altura, o Demóstenes já leu o inquérito e sabe tudo sobre todos.

Por Lauro Jardim

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Fonte:
Blog Reinaldo Azevedo (VEJA)

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