E o sertão não virou mar! O sertão virou… sertão!

Publicado em 14/05/2012 19:10 e atualizado em 26/07/2013 16:14
por Reinaldo Azevedo, de veja.com.br

Manoel dos Santos e os netos acompanham o sofrimento da vaca Dourada. Dos 40 animais que tinha no curral, 20 já morreram de sede e fome (Foto: Hans von Manteuffel/O Globo)

Manoel dos Santos e os netos acompanham o sofrimento da vaca Dourada. Dos 40 animais que tinha no curral, 20 já morreram de sede e fome (Foto: Hans von Manteuffel/O Globo)

O Globo publicou ontem uma reportagem sobre a seca no Nordeste que dá o que pensar, Não! Não vou culpar Lula, o PT, o governo etc., como certamente fariam os petistas com a administração federal caso estivesse na Presidência um tucano, por exemplo. É bem verdade que já dispomos de condições técnicas para antecipar medidas. A falta de chuva não é uma surpresa. O que vai abaixo nos leva a pensar a distância que há entre a retórica oficial e os fatos.

O Bolsa Família teve, sim, um impacto positivo na economia do Nordeste, todos sabem. Mas o tal “milagre econômico” na região também foi beneficiado por chuvas, na média generosas nos últimos anos. Agora que a região passa a enfrentar aquela que é considerada uma das maiores secas em muitas décadas — logo, deixem o inexistente “aquecimento global” fora disso… —, o que se vê é que pouca coisa mudou naqueles vastos sertões e naquelas vastas solidões.

Ao flagelo da seca, junta-se o flagelo político — e se nota que a estrutura clientelista lida com os recursos públicos nos mesmos moldes do que já foi chamado um dia “indústria da seca”. Em lugar dos conoréis, os demagogos. As obras bilionárias da mítica transposição do São Francisco não são uma resposta para esse tipo de problema, com essa abrangência. O sertão não vai virar mar. Infelizmente, ainda dependente da chuva, o sertão voltou a virar sertão.

Ah, sim: não obstante essa realidade, os alopradinhos de pança cheia gritam: “Veta, Dilma!”. Querem porque querem diminuir em 33 milhões de hectares a área plantada no Brasil. Querem pobre vivendo de luz, a luz que não falta ao Nordeste… Leiam o texto.

Seca histórica gera guerra por água no sertão do Nordeste

Por Letícia Lins e Efrém Ribeiro, da Agência A Tarde:
Considerada a pior dos últimos 50 anos em alguns estados do Nordeste, a seca está provocando um confronto que só se imaginaria no futuro: a guerra pela água. Em Pernambuco, essa luta já começou com tiros, morte e exploração da miséria. Protestos desesperados são registrados não só lá, mas em várias regiões do semiárido, onde a estiagem já se alastra por 1.100 municípios. A população pede providências imediatas dos governos para amenizar os efeitos devastadores. A situação só não é pior já que as famílias contam com os programas sociais, como o Bolsa Família. Como observam agricultores, a preocupação no momento é maior com os animais, que estão morrendo de sede e fome, do que com as pessoas.

Na beira das estradas que conduzem ao sertão, o verde não mais existe. Ao longo das BRs 232 e 110, em Pernambuco, carroças puxadas a jumentos magros tomam conta das margens em busca de água. Nos 100 quilômetros de extensão da PE 360, que liga os municípios sertanejos de Ibimirim e Floresta, há 28 pontilhões sob os quais os córregos corriam fortes. Hoje, estão todos secos. Até mesmo o leito do Riacho do Navio - que ganhou fama na voz do cantor Luiz Gonzaga — esturricou. Na última quinta-feira, bois magros tentavam em vão matar a sede e tudo que encontravam era uma poça de lama escura naquele conhecido afluente do rio Pajeú.

Em Pernambuco, 66 municípios do sertão e do agreste estão em estado de emergência reconhecido. O quadro tende a se agravar já que a temporada de chuva está encerrada e os conflitos aumentam. Em Bodocó, no início do mês, o agricultor João Batista Cardoso foi cobrar abastecimento regular na sede local da Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa) e acabou morto. João Batista se desentendeu com o chefe do escritório da estatal, José Laércio Menezes Angelim, que disparou o tiro e hoje está foragido.

Outra face cruel para as vítimas da seca é a exploração: se no passado eram os coronéis que manipulavam currais eleitorais distribuindo água, hoje as denúncias recaem sobre ‘pipeiros’, geralmente candidatos a vereador e seus cabos eleitorais, donos dos caminhões de água. A situação está tão grave que o governo decidiu rastrear todos os carros-pipa que circulam na caatinga. A Compesa começou a fazer operações para conter também o furto da água. Prevista para durar três meses, as ações contam até com helicóptero.

Até a última quinta-feira, foram detectados treze pontos suspeitos, com registro de desvio para campos irrigados. A água roubada do estado também abastecia reservatórios para carregar pipas e até mesmo um tanque com 50 mil peixes em Ouricuri. Segundo a Compesa, a perseguição aos furtos é para garantir água a 200 mil famílias. “As barragens ficaram secas, o povo está com sede, mas o carro leva água para colher voto. Os donos dos caminhões ganham por dois lados: recebem do governo e o voto do povo. As pessoas prejudicadas não reclamam porque têm medo. Há culpa tanto do estado quanto do município”, reclamou Francisco da Silva, sindicalista da região. De acordo com o secretário de Agricultura, Ranilson Ramos, há 800 pipas rodando a caatinga, para atender as famílias.

Na Bahia, a seca é considerada a pior dos últimos 50 anos. A longa estiagem no estado já levou 234 dos 407 municípios baianos a decretar estado de emergência. O governo estadual já reconheceu a emergência em 220. A seca está devastando as lavouras baianas e afetando a pecuária. Os preços dispararam: o quilo do feijão, por exemplo, aumentou 40% este ano. Em Salvador já custa R$ 8.

No Piauí, 152 municípios do semiárido, onde vivem 750 mil pessoas, estão sofrendo. No estado, um caminhão-pipa de até 15 mil litros de água não sai por menos de R$ 120 e as perdas das lavouras de milho, feijão e mandioca foram de 100% — contabilizou o presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetag), Evandro Luz. “A população padece de sede. Muita gente está há 40 dias sem água porque não tem dinheiro para comprar. Plantações inteiras foram perdidas”, afirmou Luz.

Os presidentes dos Sindicatos dos Trabalhadores Rurais pediram à Central Nacional de Abastecimento cestas básicas para as famílias enfrentarem a fome. No estado, não há chuva forte desde julho. Por falta de alimentos, pequenos criadores estão soltando o gado para que os animais procurem água e pasto. “Vivemos a maior seca de nossa história”, disse Wilson Martins, governador do Piauí, que em abril participou da reunião com a presidente Dilma Rousseff, que liberou R$2,7 bilhões para minorar os efeitos da estiagem e anunciou a Bolsa Seca de R$ 400. Segundo a Fetag, os recursos ainda não chegaram.

Matéria publicada originalmente às 5h36

Por Reinaldo Azevedo

 

14/05/2012 às 6:43

Kassab demite diretor que multiplicou por 10 seus imóveis em SP e pede abertura de investigação

A manchete e a linha fina (subtítulo) da Folha de hoje trazem o que tem todo o jeito de ser mesmo uma malandragem das grossas e duas outras questões: uma diz respeito à ação dos administradores públicos; a outra, ao jornalismo. O que se lê na primeira página? Isto:

“Assessor multiplica por 10 seus imóveis em São Paulo”
Diretor que liderava empreendimentos na gestão Kassab nega irregularidades

É evidente que o conjunto, para quem bate o olho, é negativo para a gestão do prefeito. Na reportagem, informam Evandro Spinelli e Rogério Pagnan (volto depois):

O diretor responsável pela aprovação de empreendimentos imobiliários de médio e grande porte em São Paulo durante a maior parte da gestão do prefeito Gilberto Kassab (PSD) tem 118 imóveis, 106 dos quais adquiridos nos sete anos em que esteve no cargo. Com renda mensal declarada de R$ 20 mil, entre rendimentos de aluguéis e salário bruto da prefeitura de R$ 9.400 (incluindo aposentadoria), Hussain Aref Saab, 67, acumulou, de 2005 até este ano, patrimônio superior a R$ 50 milhões — entre os seus 118 imóveis estão incluídas 24 vagas de garagem extras. A explosão patrimonial de Aref, como é conhecido, foi identificada pelaFolha em levantamento feito nos últimos 45 dias em cartórios da Grande São Paulo, do litoral e parte do interior do Estado.

Aref deixou o cargo no mês passado, após a Corregedoria Geral do Município e o Ministério Público passarem a investigá-lo por suspeita de corrupção. A apuração na Corregedoria foi aberta por determinação de Kassab, que recebeu uma carta anônima com denúncias contra o ex-diretor. A defesa de Aref “contesta frontalmente a acusação”. Em depoimento à Corregedoria, Aref não soube informar seu patrimônio. “Está meio nebuloso hoje”, disse.
(…)

Voltei
Vejam que coisa. Esse Warren Buffett da periferia não foi demitido naquela sequência que se tornou um clássico do governo Dilma: primeiro a imprensa descobre as malandragens, faz a denúncia, o caldo engrossa, e o sujeito é obrigado a pedir demissão. Não! O próprio prefeito demitiu  o sujeito, que passou a ser investigado pela Corregedoria Geral do Município e pelo Ministério Público. Até agora, não havendo fatos que ignoramos e que sugiram o contrário, o prefeito merece aplausos, não? A imprensa, como se nota, veio depois.

Voltemos aos seis demitidos por Dilma. Havia a primeira leva de manchetes com as evidências de, como é mesmo?, “malfeitos” e depois as manchetes com as demissões. No caso da Prefeitura de São Paulo, as coisas vieram juntas. E fico cá me perguntando, pois, se a notícia, então, não é esta: “Kassab demite diretor que multiplica por 10 seus imóveis em SP”. Sem isso, a ação correta do prefeito fica meio escondida.

A palavra “assessor” também não parece ser uma boa substituta de “diretor”, que é um cargo da Prefeitura. Assessor de quem? De Kassab? Fica parecendo um cargo de assessoria pessoal. Em casos assim, a única chance de o governante não se dar mal é, ao demitir e pedir a abertura de investigação, botar a boca no trombone antes que a imprensa “descubra” que ele fez… a coisa certa!

Texto publicado originalmente às 6h17

Por Reinaldo Azevedo

 

14/05/2012 às 6:41

Biblioteca do Congresso dos EUA dá prêmio a FHC por obra acadêmica e vida pública

Na Folha:
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, 80, venceu o prêmio Kluge, concedido pela Biblioteca do Congresso dos EUA a personalidades que se destacam pela produção acadêmica na área das ciências humanas não contempladas pelo Nobel.

A premiação, de US$ 1 milhão, destaca o papel de FHC “na transformação do Brasil de uma ditadura militar com alta inflação em uma democracia includente, com forte crescimento econômico”.

O ex-presidente afirmou à Folha ter recebido o prêmio com “alegria e surpresa”. “Reconhecer uma obra científica produzida na América Latina não é usual”, disse.

Ele credita a escolha a sua produção “inovadora”. “Nunca fui exclusivamente sociólogo, cientista político ou economista. Fiz uma ligação entre várias áreas, uma produção de ciência social no seu conjunto. Isso me ajudou também a ter uma visão mais integral na vida pública.”
(…)

Por Reinaldo Azevedo

 

14/05/2012 às 6:41

Comissão da Verdade deve analisar os dois lados, diz integrante

Por José Ernesto Credendio, na Folha:
O advogado José Carlos Dias, ex-ministro da Justiça no governo Fernando Henrique Cardoso, defende que a Comissão da Verdade analise os dois lados de violações dos direitos humanos ocorridas durante a ditadura militar (1964-1985). A comissão foi nomeada na semana passada pela presidente Dilma Rousseff para investigar violações cometidas entre 1946 e 1988. A posse do grupo está marcada para esta quarta-feira, em cerimônia no Palácio do Planalto. No mesmo dia, a comissão se reunirá com a ministra Gleisi Hoffmann (Casa Civil) e começa a definir a estrutura de trabalho, um regimento interno e o calendário de encontros.

Os nomes que integram o grupo são majoritariamente de esquerda. Apesar disso, setores militares que antes temiam “revanchismo” aprovaram a composição. Dias, defensor de presos políticos durante a ditadura, é um dos sete membros da Comissão da Verdade. Ele disse que, além das violações cometidas pela ditadura contra os opositores do regime militar, as ações de militantes da esquerda também deverá entrar na pauta da discussão. “Tudo isso vai ser analisado, mas fizemos acordo para não falarmos por enquanto”, declarou Dias. Em sintonia com outros integrantes da comissão, o ex-ministro afirma não ver barreiras contra a atuação do grupo. “Vamos apurar tudo que pudermos apurar, vamos até o fim. Eu digo que não somos donos da verdade, mas vamos ser perseguidores da verdade”, disse.

ANISTIA
Segundo o ex-ministro, não deve ser discutida a revisão da Lei da Anistia. “Não, nem pode. Já foi decidido pelo Supremo”, afirma, em referência à decisão tomada pelo Supremo Tribunal Federal em abril de 2010.
(…)

Por Reinaldo Azevedo

 

14/05/2012 às 6:39

Dilma anuncia pacote para mães e filhos com foco no Norte e Nordeste

Na Folha:
Em seu primeiro pronunciamento no Dia das Mães, a presidente Dilma Rousseff anunciou ontem um pacote de medidas para beneficiar mulheres e crianças, focado nas regiões Norte e Nordeste. Chamado de Brasil Carinhoso, ele prevê mudanças no Bolsa Família, construção de creches e ampliação de programas de saúde para crianças de 0 a 6 anos — as regras serão detalhadas hoje em cerimônia no Planalto. A intenção do novo plano, dividido em três eixos, é tirar da miséria absoluta as famílias com crianças nessa faixa etária, disse a presidente.

Entre as medidas anunciadas está a garantia de uma renda mínima de R$ 70 a cada membro das famílias extremamente pobres com pelo menos um filho de até seis anos. “É uma ampliação e um reforço muito importante ao Bolsa Família”, disse Dilma. O programa também pretende ampliar o controle de doenças como anemia e deficiência de vitamina A entre as crianças e distribuir remédios contra asma em unidades de farmácia popular. A presidente quer construir creches. A promessa de campanha é inaugurar 6.427 unidades até 2014, mas até hoje só 411 foram feitas, diz o Ministério da Educação.
(…)

Por Reinaldo Azevedo

 

14/05/2012 às 6:26

Cachoeira deve ficar calado na CPI, afirma seu advogado

Por Leandro Colon e Natuza Nery, na Folha. Volto depois:
Quem espera revelações do empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, em seu depoimento marcado para amanhã na CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) que apura sua relação com autoridades deverá se frustrar. A defesa de Cachoeira definiu a estratégia no fim de semana: ou o empresário ficará calado ou ele não vai comparecer ao depoimento. A alternativa a prevalecer depende da resposta do Supremo Tribunal Federal sobre o pedido dos advogados para que a CPI dê a Cachoeira acesso ao material que tem contra ele, além de prazo para analisar os documentos.

Se o STF negar o pedido ou não decidir até amanhã, Cachoeira deve permanecer em silêncio no depoimento — ou falar muito pouco.  Se o Supremo aceitar o pedido, a defesa espera que seja dado um prazo para Cachoeira analisar os autos da CPI, o que adiaria o depoimento. Para a defesa, ele não pode depor sem saber o conteúdo da investigação. “Precisamos acabar com essa situação kafkiana”, disse ontem o advogado de Cachoeira, Márcio Thomaz Bastos, ministro da Justiça no governo Lula. No romance “O Processo”, de Franz Kafka, o personagem principal é investigado sem saber por qual motivo. Se o depoimento de fato ocorrer, será a primeira oitiva pública à comissão. Até agora, só dois delegados da Polícia Federal falaram, mas em sessões secretas.
(…)

Por Reinaldo Azevedo

 

13/05/2012 às 8:35

Este homem sabe tudo sobre o maior escândalo da história política do país e diz: “Chamar o mensalão de farsa é chamar o procurador-geral e os ministros do Supremo de farsantes”

Antônio Fernando de Souza:

Antônio Fernando de Souza: "Negar a existência do mensalão é querer apagar a história do país" (Foto: Joédson Alves/Folhapress)

Antônio Fernando de Souza, ex-procurador-geral da República, foi quem denunciou ao Supremo Tribunal Federal a quadrilha do mensalão, chefiada por José Dirceu, o deputado cassado por corrupção. É o maior escândalo da história republicana. Na verdade, é o maior escândalo da história brasileira. Nesse caso, com absoluta precisão, pode-se dizer que “nunca antes nestepaiz” um partido político havia tentado comprar um dos Poderes da República (o Legislativo), tornando-o irrelevante, ou substituir o Executivo por um governo paralelo. Os petistas, obviamente, não inventaram a corrupção. Eles só a levaram a dimensões inéditas. Achando que era pouco, tentaram transformá-la num ato de resistência.

Não contente com todo o mal que causou ao país, José Dirceu, aquele que é apontado na denúncia da Procuradoria Geral da República como o “chefe da quadrilha”, tenta agora arrastar as instituições para a lama. Em vez de deixar que a CPI que investiga as ações de Cachoeira siga o seu curso, punindo corruptos e corruptores, esforça-se para usá-la como palco de suas manobras defensivas. Atua nos bastidores, usando como arma a pena de aluguel do subjornalismo a soldo, para manchar a reputação da Procuradoria, do Supremo e da imprensa — não por acaso, três instâncias fundamentais do estado democrático e de direito.

Souza concedeu a Hugo Marques, na edição desta semana da VEJA, uma entrevista que precisa ser lida e espalhada na rede. Falou com serenidade e precisão:
1 - chamar o mensalão de farsa corresponde a chamar de farsantes o procurador-geral e os ministros do Supremo;
2 - negar a existência do mensalão é negar os fatos; é querer apagar a história;
3 - existem provas periciais demonstrando que dinheiro público foi usado na lambança;
4 - réus confessaram os crimes;
5- os réus do mensalão praticaram lavagem de dinheiro, corrupção passiva e ativa, peculato, evasão de divisas, formação de quadrilha e falsidade ideológica;
6 - a sociedade brasileira espera um julgamento justo e correto.

Leiam a entrevista e contribuam para que ela chegue ao maior número possível de brasileiros. E vamos torcer para que o ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo, conclua o quanto antes a revisão do processo para que possa haver o julgamento.
*
Em 2006, o então procurador-geral da República, Antônio Fernando de Souza, transformou em réus quarenta petistas e aliados. Eles operavam o que foi caracterizado na denúncia apresentada ao Supremo Tribunal Federal de “sofisticada organização criminosa”, encabeçada pelo ex-ministro José Dirceu. Agora, com a proximidade do julgamento, o ex-chefe do Ministério Público afirma que a tentativa de negar a existência do mensalão é uma afronta à democracia.

O senhor sofreu pressão para não apresentar a denúncia do mensalão?
Não. Minha postura reservada sempre inibiu qualquer atitude desse tipo. Nunca assumi nenhum compromisso com as autoridades que me procuraram. Fiz meu trabalho da forma mais precisa e célere possível. Tinha 100% de convicção formada. Conseguimos fazer a relação entre os fatos e montamos o quebra-cabeça do esquema, tudo em cima de documentos, de provas consistentes.

O PT tem se dedicado a difundir a versão de que o mensalão não passa de uma farsa… Chamar esse episódio de farsa é acusar o procurador-geral e os ministros do Supremo de farsantes. Dizer que aqueles fatos não existiram é brigar com a realidade, é querer apagar a história. Esse discurso não produzirá nenhum efeito no STF. Os ministros vão julgar o processo com base nos autos. E há inúmeras provas de tudo o que foi afirmado na denúncia. Depoimentos, extratos bancários, pessoas que foram retirar dinheiro e deixaram sua assinatura.

O senhor se sente incomodado com isso?
Na democracia, todas as pessoas estão sujeitas à fiscalização, ao controle, à responsabilização, e há órgãos dispostos a isso. Não serão os partidos políticos nem seus dirigentes que vão dizer o que é crime e o que não é crime. Quando eles querem transmitir um ar de que não aconteceu nada, estão indo para o reino da fantasia. Negar a existência do mensalão é uma afronta à democracia.

Como o senhor vê as afirmações do atual procurador-geral, Roberto Gurgel, de que está sofrendo ataques de mensaleiros com medo do julgamento?
Se ele fez essa acusação, preciso admitir que tem elementos para justificá-la. A CPI está se preocupando com um assunto que não tem relevância para o seu trabalho. O procurador-geral avaliou que a Operação Vegas não produziu evidências suficientes para pedir indiciamentos, mas não arquivou o inquérito - inclusive a pedido da Polícia Federal - para não prejudicar o andamento das investigações da Operação Monte Carlo. E a estratégia se mostrou bem-sucedida.

Está comprovado que o PT utilizou dinheiro público no mensalão?
Quem vai fazer esse juízo é o Supremo. Da perspectiva de quem fez a denúncia e acompanhou o processo até 2009, digo que existe prova pericial mostrando que dinheiro público foi utilizado. Repito: há prova pericial disso. E o Supremo, quando recebeu a denúncia, considerou que esses fatos têm consistência.

O ex-ministro José Dirceu afirma que o senhor o apontou como chefe de uma organização criminosa para se vingar do fato de ele nunca tê-lo recebido na Casa Civil.
Nunca tive nenhum interesse em falar com ele. A minha escolha como procurador-geral foi feita pelo presidente da República. Uma denúncia é formalizada somente se há elementos probatórios sobre uma conduta criminosa. Sentimentos pessoais não entram em jogo. Tudo o que se fala em relação à conduta dessa pessoa tem se revelado verdadeiro na prática. Reduzir uma denúncia dessa gravidade a uma rusga do procurador-geral é quase risível.

Como o senhor vê essa tentativa de usar a CPI para desviar o foco do julgamento do mensalão?
É normal que quem está denunciado fique tenso às vésperas do julgamento. O julgamento no Supremo Tribunal Federal é uma decisão definitiva. Vivemos num país democrático, num estado de direito. O Supremo jamais faria um justiçamento, vai fazer um julgamento. Tem prova, tem condenação; não tem prova, não tem condenação.

O que o senhor achou da iniciativa de alguns parlamentares de tentar usar uma CPI para investigar a imprensa?
A imprensa não faz processo penal, a imprensa dá a notícia, dá a informação. Parece mais um meio de desviar a atenção do inquérito fundamental.

Os acusados tentam reduzir o caso a um crime eleitoral. É uma boa estratégia?
A referência que fazem é que a movimentação de dinheiro tinha origem em caixa dois de campanha. Do ponto de vista ético e jurídico, isso não altera nada. Quando há apropriação do dinheiro público, não é a sua finalidade que vai descaracterizar o crime. No processo do mensalão, temos imputação de crimes de lavagem de dinheiro, corrupção passiva, ativa, peculato, evasão de divisas, quadrilha, falsidade ideológica. Crimes assumidamente confessados. Eles não podem deixar de admitir.

O governo passado indicou a maioria dos ministros que, agora, vão julgar muitos de seus aliados. Isso pode influir de alguma maneira no resultado?
Uma pessoa, quando aceita ocupar o cargo de ministro do Supremo Tribunal Federal, sabe das responsabilidades que tem e vai cumpri-las. Toda a sociedade espera um julgamento justo e correto. Que esse processo sirva para o amadurecimento da democracia.

Texto publicado originalmente às 5h56

Por Reinaldo Azevedo

 

13/05/2012 às 8:11

PETRALHA FRAUDA O PASSADO, O PRESENTE E PROMETE FRAUDAR O FUTURO. OU: RELINCHOS!

Petralha é bicho burro, intelectualmente preguiçoso, moralmente vagabundo e não tem ambição de pensar segundo seus próprios critérios: segue a orientação do chefe e pronto! Publiquei ontem aqui um post intitulado Os 20 motivos de Collor para odiar a VEJA. Ou: O PT de antes e o PT de agora. Ali estão nada menos de 20 capas de revista dedicadas ao agora caçador de jornalistas. Ele certamente não gostou de nenhuma delas — mas os méritos eram todos seus, evidentemente.

Os vadios da Internet vieram em coro, certamente obedecendo a algum comando: “E aquela capa da VEJA sobre o caçador de marajás? Por que você esconde?”.

Eu escondo? Eu mostro! Olhem ela aqui:

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O que há de errado com ela? É de 23 de março de 1988. As eleições presidenciais só seriam realizadas em novembro de 1989, um ano e oito meses depois. À época, o então governador de Alagoas estava em luta contra os altos salários pagos a muitos funcionários do Estado, os tais “marajás”. Esse era um epíteto pelo qual era conhecido — não foi uma invenção de VEJA. De resto, a luta era, em si, correta.

Ocorre que essas múmias, que vão beber na fonte do JEG e da BESTA, são destituídas de pensamento lógico. Eu fiz o elenco das VINTE CAPAS DE QUE COLLOR NÃO GOSTOU. É possível que ele tenha gostado de uma ou duas, não é mesmo? A propósito: em março de 1988, VEJA deveria tê-lo atacado porque estava combatendo altos salários ilegais? Pelo amor de Deus! Tentem argumentar tirando as duas patas dianteiras do chão. Cessem ao menos o relincho para ver se ouvem a voz de algum pensamento. Mas não terminei, não! E o que me dizem desta capa?

 

capas-1988-1989-brizola

É de junho de 1989. Leonel Brizola deve ter gostado. Sei não… Talvez houvesse algum brizolista infiltrado na VEJA, hehe. Eu não teria lhe conferido esse olhar visionário, como quem enxergasse o futuro. Afinal, Brizola só sabia olhar para trás — tinha, como nenhum outro, a lanterna na popa. Quem o atacava muito era um certo Lula… Mas VEJA foi generosa com ele, como foi nesta outra capa aqui, ó, de 6 de setembro de 1989.

 

capas-1988-1989-lula

A cara de Lula, a bandeira vermelha e o punho, tudo isso é obra do PT e do próprio candidato. De resto, há muito petista que sente saudade dessa estética até hoje, não é mesmo? Sei não… Deveria haver petistas infiltrados em VEJA… Eram tempos  em que os petistas não reclamavam da imprensa — muito pelo contrário.  Collor venceu, e a capa foi esta:

 capas-1988-1989-vitoria-de-collor

Evidentemente, a única imagem possível era a do seu triunfo. Mas o título já alertava para as dificuldades: 49,94% contra 44,23% — um país, vá lá, quase dividido. O viés já era crítico. Vieram, depois, as vinte capas.

Pô, petralhas! Os blogs da canalha a soldo estão lá, às moscas! São financiados com o nosso dinheiro. Vão lá, vão, prestigiar as estatais que pagam os sabujos. Deixem a minha página para os bípedes de coluna ereta. Deixem a minha página para quem gosta de opinião, sim, mas opiniões que tenham como princípio a verdade dos fatos. Vocês gostam é de mentira! Isso não posso lhes oferecer.

Para fazer jornalismo independente, é preciso pagar as próprias contas e ser dono das próprias calças. Sem isso, não dá para ser dono nem da própria opinião.

Por Reinaldo Azevedo

 

13/05/2012 às 6:59

É ISTO O QUE OS TARADOS EM CENSURA QUEREM NO BRASIL! ESTE É O PARAÍSO DE RUI FALCÃO E DA SÚCIA QUE O APLAUDE

“Antigamente, os generais das ditaduras militares não se preocupavam com a opinião pública e simplesmente assassinavam os jornalistas. As agressões à liberdade de expressão hoje são baseadas em outra estratégia. São feitas em nome de causas como a da justiça social, dos pobres, do socialismo, dos trabalhadores. Infelizmente, muitos caem nessa história, usada apenas como uma lona para encobrir perseguições. Ao contrário das ditaduras militares de direita, os governos autoritários de esquerda sempre justificaram a repressão à liberdade de expressão com historinhas, mitos e teses sociológicas. A brutalidade só não é maior porque a situação não permite. É impossível que um crime seja mantido em segredo absoluto atualmente.”

O leitor pode achar que as palavras acima compõem trecho de um dos muitos textos que publiquei sobre liberdade de imprensa. Mas não! O autor da afirmação é o jornalista equatoriano Emilio Palacio, que teve de deixar o seu país. O protoditador Rafael Correa o queria na cadeia — assim como Fernando Collor e alguns petistas queriam um jornalista de VEJA na CPI (por enquanto, claro…). A Justiça do país, rendida ao tiranete, aplicou-lhe uma multa, pasmem!, de US$ 40 milhões! Por quê? Palacio desmontou uma farsa armada pelo tiranete, que acusou uma falsa tentativa de golpe para conseguir poderes extraconstitucionais.

Na Venezuela, na Argentina, no Equador, na Bolívia — e, em muitos aspectos, também no Brasil —, a justificativa é sempre a mesma: “a direita e os conservadores conspiram contra os governos populares; logo, é preciso fazer alguma coisa…” Por aqui, as iniciativas oficiais do governo Lula em favor da censura foram prontamente rechaçadas. Dilma não deu sinais até agora de que pretenda seguir os passos do antecessor nesse particular.

Entre nós, o ataque à imprensa livre é promovido por uma rede criminosa —  como relata VEJA neta semana, frauda até a Internet — que pratica o mais asqueroso jornalismo chapa-branca. Se, sob Dilma, não se pode dizer que o governo tenha agido contra a liberdade de imprensa, é fato que o financiamento oficial a essa rede suja continua.

Como é que um governo democrático consegue justificar, segundo, então, os fundamentos da democracia, que dinheiro público e de estatais financie páginas cujo objetivo explícito é atacar a oposição, membros do Supremo Tribunal Federal, a Procuradoria-Geral da República e a imprensa livre? Qual é o argumento? Qual é o princípio?

Leiam a entrevista de Palacios.
*
Emilio Palacio, ex-editor de opinião do jornal El Universo, do Equador, foi condenado em 2011, junto com três executivos do veículo, em um processo judicial movido por Rafael Correa, presidente do país. Palacio recebeu uma pena de três anos de prisão e uma multa de 40 milhões de dólares. Ele foi punido por desmascarar a tosca tentativa de Correa de transformar uma greve de policiais em uma fracassada tentativa de golpe contra seu governo. Palacio pediu asilo político aos Estados Unidos. De Miami, ele falou ao editor assistente Duda Teixeira.

Por que Correa o processou?
Além de criticar a atuação do presidente na greve da polícia, há dois anos, divulguei um vídeo que contesta a versão dele sobre o episódio. Quando os promotores públicos — que, no Equador, servem aos interesses de Correa — me pediram que revelasse o autor do vídeo, fiz o que qualquer jornalista faria: preservei a fonte, e hoje estou pagando por isso.

O que há de errado na postura de Correa?
Sou um jornalista e sei que muita gente me insulta por não gostar das minhas opiniões. Da mesma maneira, um presidente deve compreender que muitos não concordarão com suas políticas e farão críticas a seu governo. Mas a maneira como Correa reagiu ao meu caso foi desproporcional. Ao se sentir ofendido, ele me processou criminalmente. Queria me ver atrás das grades. Tentou destruir minha família e me levar à falência, ao conseguir que a Justiça me impusesse uma multa de 40 milhões de dólares. Tudo o que tenho são uma casa financiada e minhas economias como jornalista. Isso é pura perseguição política. O presidente quer me eliminar e me fazer de exemplo para que outros jornalistas não investiguem sua gestão.

Há censura no Equador?
Correa tem conseguido que os diretores de jornais evitem publicar textos que possam ser considerados negativos. Também fez com que os repórteres passassem a temer um destino igual ao meu e deixassem de propor matérias investigativas. O objetivo de Correa é usar o poder estatal para espalhar o terror na imprensa.

Em fevereiro, Correa anunciou que o perdoa. O senhor já pode voltar ao Equador?
Não posso. Há outros processos contra mim que não foram anulados.

Outros governos da América Latina, como o da Argentina e o da Venezuela, criaram leis para censurar a imprensa. O que elas têm em comum?
Antigamente, os generais das ditaduras militares não se preocupavam com a opinião pública e simplesmente assassinavam os jornalistas. As agressões à liberdade de expressão hoje são baseadas em outra estratégia. São feitas em nome de causas como a da justiça social, dos pobres, do socialismo, dos trabalhadores. Infelizmente, muitos caem nessa história, usada apenas como uma lona para encobrir perseguições. Ao contrário das ditaduras militares de direita, os governos autoritários de esquerda sempre justificaram a repressão à liberdade de expressão com historinhas, mitos e teses sociológicas. A brutalidade só não é maior porque a situação não permite. É impossível que um crime seja mantido em segredo absoluto atualmente.

O senhor é de direita?
Sempre fui de esquerda. Critiquei vários governos anteriores ao de Rafael Correa. Eram todos de direita e me odiavam.

Por Reinaldo Azevedo

 

13/05/2012 às 6:27

Quem controla a mídia é o cidadão livre!

Leiam o que segue. Volto depois.
*
Os detratores da imprensa livre gostam de vender a tese de que a liberdade de expressão é um direito de elite, um escudo usado pelas empresas de comunicação para defender seus interesses. Trata-se de uma distorção deliberada de um conceito consagrado em sociedades democráticas. A liberdade de expressão — a manifestação da opinião e do pensamento — é antes de tudo um direito dos cidadãos. Dela deriva a liberdade de informação, que é o direito de tomar conhecimento dos fatos e das notícias do mundo. Os jornalistas apenas prestam um serviço, tornando disponíveis relatos dos acontecimentos, análises e dados úteis para os cidadãos. Estes, por sua vez, são livres para escolher onde buscar as informações de seu interesse, da mesma forma que optam pelo marceneiro que constrói os melhores móveis, pelo médico mais qualificado para tratar de uma doença ou pelo banco com as menores taxas de juros. Os inimigos da imprensa livre também gostam de disfarçar seus objetivos totalitários com o argumento de que é preciso criar mecanismos de “controle social da mídia” para garantir a “qualidade” da informação. É uma justificativa que subestima a capacidade de escolha dos cidadãos.

As liberdades de expressão e de informação são direitos fundamentais assegurados pela Constituição brasileira, e não foram conquistadas facilmente. Fazem parte da vida nacional de forma inequívoca há menos de três décadas apenas. Como bem lembrou Geraldo Alckmin, governador de São Paulo, no discurso de abertura do Seminário Internacional de Liberdade de Expressão, realizado pelo Instituto Internacional de Ciências Sociais (IICS) nos dias 3 e 4 passados, a liberdade de expressão não é um bem permanente, e por isso deve ser defendida dia após dia. No evento, juristas e jornalistas alertaram sobre a tendência crescente de usar a Justiça para censurar a divulgação de informações de interesse público. Acerca disso, o ministro Carlos Ayres Britto, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), disse no seminário que o conflito entre o livre exercício do jornalismo e o direito à privacidade é inevitável, mas que a Constituição prioriza o primeiro. O ministro criou na semana passada, no âmbito do Conselho Nacional de Justiça, um fórum para acompanhar as decisões dos tribunais referentes a temas que tocam na questão da liberdade de imprensa. Tanto Alckmin como Ayres Britto foram categóricos em rechaçar a possibilidade de o estado impor-se sobre a atuação dos jornalistas.

Alertas e esclarecimentos como esses são necessários para afastar o Brasil da tentação autoritária que nos últimos anos tomou conta dos governos de outros países latino-americanos. Na Argentina, na Venezuela, no Equador e na Bolívia, a pressão do estado sobre o livre exercício do jornalismo já não se restringe a reações esporádicas de governantes que não toleram críticas, e tornou-se uma busca por mecanismos de amordaçamento de opiniões contrárias ou incômodas.
(…)
*
O trecho acima é parte da reportagem “Um alerta permanente”, que está na VEJA desta semana. Cumpre ficar atento a essas palavras, especialmente quando uma súcia, em busca da impunidade para seus crimes, tenta criminalizar o livre exercício do jornalismo. O governador Geraldo Alckmin acerta em cheio quando lembra que esse não é um bem permanente, do qual se pode descuidar.

O caso da Argentina é emblemático. Finda a ditadura, o país passou a viver a plena liberdade de imprensa, exercida mesmo nos piores momentos da crise econômica, que chegou a depor um presidente. Eis que o casal Kirchner se encarregou de usar a sua vitória nas urnas para violar esse que é um dos fundamentos de uma sociedade aberta. No Brasil, há verdadeiras gangues organizadas pressionando o governo para que adote medidas que imponham formas oblíquas de censura e de controle da informação, o que viola dois artigos da Constituição: o 5º e o 220.

Há dias, Rui Falcão, presidente do PT, anunciou que o governo, depois de enquadrar os bancos, partiria para cima da mídia. Posou de porta-voz. A presidente Dilma Rousseff mandou um recado: ministro que repetir as palavras de Falcão será demitido. Que seja para valer! Precisa agora é cortar o dinheiro oficial das tais gangues organizadas que pregam abertamente o desrespeito à Constituição — afinal, isso também agride a democracia e a Constituição.

Por Reinaldo Azevedo

 

13/05/2012 às 4:52

Os farsantes ainda tentam espernear, mas a verdade é que o desmonte começou

O JEG  (Jornalismo da Esgotosfera Governista) e a BESTA (Blogosfera Estatal)  são mais malandros do que idiotas. A VEJA desta semana publicou uma reportagem sobre a manipulação da Internet, organizada por pessoas que se reúnem sob o guarda-chuva do petismo. E as alimárias fingiram não entender o que lá vai escrito. VEJA está denunciando que esses “vadios” não passam de algumas poucas dezenas, mas recorrem a picaretagens — como perfis-robôs, por exemplo — para passar a impressão de que uma minoria é maioria. É o subjornalismo 171! É o subjornalismo na cifra, curtido na sífilis da moralidade — ou, se quiserem, da imoralidade. É a vagabundagem a soldo tentando esconder de alguns eventuais leitores inocentes — pode ser que existam uns dois ao menos — o que vai na reportagem da revista: o Twitter está sendo fraudado! Na verdade, há uma fraude em curso nas redes sociais. A exemplo do que se faz na China, no Irã e na Argentina, um grupo financiado com dinheiro público está tentando gerenciar os debates na Internet. São os insetos do falcão.

Representantes do JEG e da BESTA fizeram de conta que não entenderam e estão dizendo, mandam-me aqui alguns links, que a VEJA está fazendo mea- culpa. Mea-culpa??? Dizer o quê? Se confundem ironia com grama, resta-lhes comer e expelir o produto final da digestão — não sem antes aquecer o planeta com o gás metano da impostura…

Os mixurucas, que só sabem levar a vida de rastros, tentam esconder o próprio desespero atribuindo a adversários preocupações que não têm. Eles, sim, estão com medo. A sua âncora é Lula! A sua garantia é Lula! O seu caixa é Lula! Quem criou esse modelo, que compreende o financiamento do lixão da Internet com verba pública, foi o Apedeuta. Nem no PT, acreditem, a decisão de financiar ex-jornalistas tornados pistoleiros é uma unanimidade. A presidente Dilma Roussseff, por exemplo, sabe que não precisa deles! Ao contrário até: ao botar na rua os larápios denunciados pela imprensa livre — VEJA inclusive —, constatou de onde lhe saíram os bons conselhos. Essa súcia pendurada no petismo, nas estatais e até nas autarquias incentivava a “companheira” a não demitir ninguém…

O lixão da Internet já percebeu que perdeu a batalha e que está com os dias contados. O desmonte da farsa começou. E não vai parar.

Por Reinaldo Azevedo

 

HÁ 2 LIGAÇÕES ENTRE POLICARPO E CACHOEIRA, NÃO 200! LEIAM O QUE DIZEM DOIS DELEGADOS DA PF. E O PAPEL PATÉTICO DO EX-CAÇADOR DE MARAJÁS E ATUAL CAÇADOR DE JORNALISTAS

A quadrilha do mensalão estava mentindo.
A quadrilha da Internet estava mentindo.
A verdade vem à tona de forma clara, cristalina, inequívoca.
Lembram-se da Operação Monte Carlo e das supostas 200 ligações trocadas entre Carlinhos Cachoeira e Policarpo Júnior, um dos redatores-chefes da VEJA e chefe da Sucursal de Brasília? NÃO ERAM, NÃO SÃO E NUNCA FORAM 200! ERAM, SÃO E SEMPRE FORAM DUAS!!!

Collor, num de seus momentos de serenidade no Senado: em vez de apontar o dedo para os corruptos, ele resolveu atacar a imprensa livre. Faz sentido...

Collor, num de seus momentos de serenidade no Senado: em vez de apontar o dedo para os corruptos, ele resolveu atacar a imprensa livre. Faz sentido...

 

A canalha resolveu multiplicar o número por 100 para ver se conseguia dar ares de crime ao trabalho normal de um jornalista. Os que se dedicaram a espalhar a mentira nunca quiseram, como vocês sabem, apurar as ligações do grupo de Cachoeira com os políticos e com o Estado brasileiro. Queriam, isto sim, desmoralizar os fundamentos de uma democracia, a saber:
– a oposição (ela só existe em países democráticos);
– a Procuradoria-Geral da República (ela só é independente em países democráticos);
– a Justiça (ela só é isenta em países democráticos);
– a imprensa (ela só é livre em países democráticos).

Mas atenção! Ainda que houvesse mesmo 200 conversas ou que, sei lá, surjam outras 198 do éter, o que o número, por si só, provaria? Nada! Policarpo estaria, como estava, em busca de informações que colaboraram para a demissão de pessoas que não zelavam pelo interesse público. E quem as demitiu, repito, foi Dilma Rousseff. Não consta que esteja pensando em recontratá-las.

OS MENSALEIROS E SEUS BRAÇOS DE ALUGUEL TENTARAM SEQUESTRAR AS INVESTIGAÇÕES DO CASO CACHOEIRA E A PRÓPRIA CPI PARA, DESMORALIZANDO TODAS AS INSTÂNCIAS DO ESTADO DE DIREITO, PROTEGER BANDIDOS, QUADRILHEIROS, VIGARISTAS E SOCIOPATAS.

Os delegados
Bastaram, no entanto, duas sessões da CPI para que ficasse claro quem é quem e quem quer o quê. Policarpo é citado, dados todos os grampos da Operação Monte Carlo, 46 vezes nos grampos. Os homens de Cachoeira e o próprio se referem, em suas conversas, a mais de 80 pessoas — inclusive a presidente Dilma Rousseff. Em algumas dessas citações, por exemplo, o contraventor e o senador Demóstenes estão é combinando uma forma de abafar a repercussão de uma reportagem publicada pela VEJA em maio do ano passado e que apontava o suspeito crescimento da… DELTA! Eis a VEJA que alguns vigaristas queriam criminalizar. E foi a VEJA, diga-se, o primeiro veículo impresso a tornar públicas as relações de Demóstenes com Cachoeira — na edição que começou a chegar aos leitores no dia 3 de março!

No depoimento prestado à CPI no dia 8, indagado pelo senador Fernando Collor (PTB-AL), hoje a voz mais extremista contra a imprensa na CPI, o delegado Raul Souza foi claro, inequívoco, para decepção daquele que começou caçando marajás e, vivendo o seu ocaso, tenta caçar jornalistas e cassar a imprensa livre:as conversas de Policarpo com Cachoeira, afirmou, eram diálogos normais entre um repórter e uma fonte, sem qualquer evidência de troca de favores.

Mas Collor, os mais maduros se lembram, é uma alma obsessiva. Quando presidente, a gente olhava pra ele, com os olhos sempre estalados, e desconfiava da existência de algum espírito obsessor (Deus nos livre!). Deu no que deu. Tendo sido fragorosamente malsucedido na operação que lhe encomendou a ala sectária do PT — José Dirceu, Rui Falcão e outras lorpas da democracia —, ele voltou à carga no depoimento de outro delegado, Matheus Rodrigues. Enquanto alguns parlamentares tentavam apurar os vínculos entre Cachoeira e políticos, o atual Caçador de Jornalistas seguia firme no seu intento de tentar criminalizar a imprensa. E mergulhou, definitivamente, no patético.

O diálogo com Matheus
Este blog ouviu um relato sobre a espantosa conversa do senador com o delegado Rodrigues. Fiquem frios. Logo surge uma gravação clandestina na praça. Consta que o homem foi ficando irritado à medida que via as suas ilações e suspeitas indo por água abaixo.

Collor iniciou a sua intervenção lembrando que a CPI havia sido instalada para investigar as ações criminosas de Cachoeira e de agentes públicos e privados que com este teriam colaborado. E partiu pra cima de Policarpo e da VEJA. Perguntou se o jornalista era coautor de um algum crime. Detestou a resposta:
“Não, excelência! Eu já falei e vou insistir”.

A excelência não se conformou. Tentou obrigar o delegado a acusar Policarpo de algum crime. Como não realizasse o seu intento, este gigante do pensamento jurídico, este monstro sagrado da lógica — que é sócio de jornal e de emissora de televisão!!! —  queria saber se Cachoeira havia passado a Policarpo alguma informação que tivesse obtido com escutas ilegais. Outra negativa e a fala inequívoca: havia entre Policarpo e Cachoeira  ”uma relação de informante, de passar uma informação como fonte”.

Roxo de raiva
Collor, vocês se lembram, era dado a refletir com as pernas. Quando ficava com vontade pensar, saía correndo. Certo dia, abusando de sua cultura filosófica, declarou que tinha “aquilo roxo”. Como o segundo delegado ouvido também não disse o que ele queria ouvir, roxo de raiva, decidiu partir para a peroração solitária. Acusou VEJA de obter “ganhos pecuniários” com as reportagens que publicou. Bem se vê que este senhor nunca administrou as empresas da família. Só pega mesmo a grana na condição de acionista. A ilação é estúpida de várias maneiras:

1) assuntos políticos (especialmente notícias ruins, envolvendo corruptos) não são os que mais vendem revistas, como sabem todas as pessoas que são do ramo;
2) se uma revista quisesse apenas vender mais, daria só boas notícias. Ocorre que o jornalismo que se preza tem compromissos com a moralidade pública e a com ética. Se isso implicar publicar as más notícias, elas serão publicadas;
3) se a tese estúpida do senador fizesse algum sentido, jornais e revistas teriam de distribuir gratuitamente as edições que são obrigadas a relatar tragédias — só assim não seriam acusados de lucrar com a desgraça alheia;
4) veículos que se prezam, que têm vergonha na cara, que não são financiados com dinheiro público, têm a maior parte — ESMAGADORA!!! — de sua receita oriunda de anunciantes privados. Não raro, o preço de capa de uma revista é inferior a seu custo como produto;
5) a maior parcela da receita derivada da venda de jornais e revistas vem das assinaturas, não da venda em banca. Logo, se há ou não notícia de escândalo, isso é irrelevante. O leitor, como todas as pessoas moralmente saudáveis do mundo, prefere a boa notícia.

Se errou na moral, se errou na ética, se errou no alvo — se errou, obrigo-me a dizer, na vida, já que é o único presidente impichado (só não houve o impeachment formal porque renunciou) da história do Brasil —, errou também ao fazer digressões tolas sobre o setor de revistas.

Vinte anos depois da capa histórica de VEJA, em que Pedro Collor chutou o mastro do circo do irmão, o agora senador tenta se vingar da revista. Quebraram todos a cara — ele e a ala extremista do PT da qual aceitou o triste papel de laranja.

Reportagens de VEJA, algumas feitas por Policarpo Júnior, ajudaram a pôr para fora da Esplanada dos Ministérios pessoas que estavam lá descumprindo o juramento que fizeram ao povo. Como ajudaram, há 20 anos, a depor um outro bufão, que também tomava a sua comédia pessoal como parte da história universal.

Collor não vai conseguir o “impeachment” jornalístico da VEJA porque a revista é limpa! Ponto.

Espalhem a verdade. Porque VEJA revela na edição desta semana quem está por trás da indústria da mentira na Internet e como ela opera (ver abaixo).

Texto publicado originalmente às 3h12

Por Reinaldo Azevedo

 

12/05/2012 às 6:51

Como fraudar a Internet e sequestrar a legitimidade dos debates. Ou: Usuários do Twitter estão sendo vergonhosamente manipulados

falcao-e-os-insetos

Agora falemos um pouco de internauta pra internauta. Estamos entre aqueles que prezam o debate na rede e consideram que uma das conquistas da Internet é possibilitar que indivíduos tenham uma voz. Achamos que isso é um valor, certo? Pois é… Ocorre que petistas resolveram recorrer a estratagemas essencialmente antiéticos para fraudar a legitimidade desse debate. Ou por outra: milhões de indivíduos Brasil afora, especialmente os usuários do Twitter, estão sendo enganados, manipulados, submetidos a uma patrulha política e ideológica. Leiam reportagem na VEJA desta semana e saibam no detalhe como se opera a fraude. Abaixo, seguem bons trechos da reportagem. Não deixe de ler a íntegra na edição impressa, que traz um quadro com todos os caminhos da malandragem.
*
A internet aceita tudo. Chantagistas contrariados fazem circular fotos de atrizes nuas (vide o caso Carolina Dieckmann), revelam características físicas definidoras (”minimocartaalturareal1m59cm”), apelidam sites com artigos do Código Penal (”171″, estelionato) e referenciam-se em doenças venéreas – por exemplo, na sífilis (grave doença infecciosa causada pela bactéria Treponema pallidum) – para formar sufixos de nomes.

É lamentável sob todos os aspectos que uma inovação tecnológica produzida pelo engenho, pela liberdade criativa e pela arte, combinação virtuosa só possível sob o sistema democrático capitalista, baseado na inovação, na economia de mercado e na livre-iniciativa, tenha nichos dominados por vadios, verdadeiros limbos digitais onde vale tudo – da ofensa pura e simples a tentativas de fraudar a boa-fé dos usuários.
(…)
A rede mundial é descentralizada, não possui um comando único nem um mecanismo de regulação. Falta-lhe uma cabeça como, talvez, a do atual presidente do PT, Rui Falcão, alguém com estatura moral, motivações nobres, enfim, mão forte para fazer baixar, em nível planetário, um pouco de ordem e respeito sobre esse reino virtual tão vulnerável.
(…)
Assim como a engenharia genética pode modificar aquilo que surgiu espontaneamente na natureza, a computação pode alterar o destino de uma ideia lançada na rede. Nesse caso, o produto é invariavelmente um monstro, porque esse processo não apenas viola regras explícitas de uso das comunidades virtuais, mas também corrompe os princípios da livre troca de informações e opiniões na internet. É virtualmente impossível saber quem programou um robô malicioso – e isso envenena ainda mais as águas e mina as bases da comunicação de boa-fé na rede. Mas é possível flagrar o seu uso.

A situação se torna preocupante quando os robôs que fraudam um serviço como o Twitter são postos a serviço da propaganda ideológica. E piora ainda mais, ganhando os contornos da manipulação política, quando eles trabalham para divulgar teses caras ao partido que ocupa o poder. Isso, infelizmente, começa a acontecer no Brasil. Nas últimas semanas, o vazamento de informações da Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, e a subsequente instauração de uma CPI para investigar o contraventor Carlinhos Cachoeira puseram sangue nos olhos de certa militância petista.
(…)
A artilharia de esquerda se voltou contra outro alvo de longa data: a imprensa independente, e VEJA em particular. Uma das estratégias adotadas foi a organização dos chamados tuitaços. (…) Em pelo menos quatro desses episódios ocorridos em abril, ou militantes e simpatizantes petistas marcaram data e horário de cada evento ou registraram em inglês o significado das hashtags utilizadas ou mandaram as mensagens iniciais dos tuitaços. (…)

Mas a análise aprofundada desses episódios – e em especial daquele identificado pelo marcador #vejabandida – mostra que dois artifícios fraudulentos foram usados para fingir que houve adesão enorme ao movimento. Um robô, que opera sob o perfil “@Lucy_in_sky_”, foi programado para identificar mensagens de outros usuários que contivessem os termos-chave dos tuitaços, replicando-as em seguida. Além disso, entraram em ação “perfis-peões”, ou seja, perfis anônimos, com pouquíssimos seguidores e muitas vezes criados de véspera, que replicam sem parar mensagens de um único tema (ou melhor, replicam-nas até atingir o limiar de retuítes que os tornaria visíveis aos mecanismos de vigilância de fraudes do Twitter. Essas manobras para ampliar artificialmente a visibilidade de uma manifestação na internet já ganharam nome no marketing e na ciência política: astroturfing, palavra derivada de Astro-Turf, marca americana de grama sintética que tenta se vender como natural. O objetivo é sempre o mesmo: passar a impressão de que existe uma multidão a animar uma causa, quando na verdade é bem menor o número de pessoas na ativa.

Uma amostragem de 5.200 tuítes recolhidos durante um dos tuitaços recentes revelou que 50% das mensagens partiram de apenas 100 perfis – entre eles robôs e peões, que ajudam a fazer número, mas não têm convicções. Da China vem o exemplo mais alarmante desse tipo de fraude. O Partido Comunista Chinês arregimenta pessoas encarregadas de manipular a opinião pública, inundando a internet com comentários favoráveis ao governo. Elas formam o chamado 50 Cent Party (Partido dos 50 Centavos), cujo nome remete aos 50 centavos de iuane – ou 15 centavos de real – que cada ativista supostamente recebe por post publicado.

Dos mesmos teclados alugados saem ataques à democracia de Taiwan, território reclamado por Pequim.
(…)
O presidente do PT tem um perfil ativo no Twitter, e com frequência ajuda a animar tuitaços. Pouco depois da ascensão de Falcão ao comando do partido, em 2011, o PT lançou o Núcleo de Militância em Ambientes Virtuais – as chamadas MAVs. Um dos auxiliares parlamentares de Falcão na Assembleia Legislativa de São Paulo, um funcionário público de 47 anos formado em geografia, recebeu no começo do ano a missão de selecionar um estrategista de mídias digitais para “refinar e profissionalizar” as ações do PT na internet – o que significa trazê-las para o âmbito de controle da direção do partido. A utilização massiva da internet, das redes sociais e de blogueiros amestrados faz parte das táticas de engodo e manipulação da verdade no Brasil. Internautas, fiquem de olho neles.

Íntegra na edição impressa
Texto publicado originalmente às 5h51

Por Reinaldo Azevedo

 

12/05/2012 às 6:49

O tiro de radicais petistas contra as instituições saiu pela culatra

Leia trechos da reportagem de oito páginas na VEJA desta semana, de autoria de Daniel Pereira e Otávio Cabral:

Há vinte anos Pedro Collor deu uma entrevista a VEJA. As revelações originaram um processo que, seis meses mais tarde, obrigaram seu irmão, Fernando Collor, a deixar a presidência da República. Há sete anos, VEJA flagrou o diretor dos Correios embolsando uma propina. O episódio foi o ponto de partida para a descoberta do escândalo do mensalão, que atingiu em cheio o governo passado e o PT. Agora, Collor e os mensaleiros se unem contra a imprensa num mesmo front, a CPI do Cachoeira. Criada com o nobre e necessário propósito de investigar os tentáculos de uma organização criminosa comandada pelo contraventor Carlos Cachoeira, ela seria usada, de acordo com o roteiro traçado pelo ex-presidente Lula e o deputado cassado José Dirceu, para servir de cortina de fumaça para o julgamento do mensalão. O plano era lançar no descrédito as instituições que contribuíram para revelar, investigar e levar à Justiça os responsáveis pelo maior esquema de corrupção da história do país. Tamanha era a confiança no sucesso da empreitada que o presidente do partido, Rui Falcão, falou publicamente dela e de sua meta principal: atacar os responsáveis pela “farsa do mensalão”. Tudo ia bem – até que os fatos se incumbiram de jogar o projeto petista por terra.

Na semana passada, dois delegados da Polícia Federal prestaram depoimentos à CPI do Cachoeira. Eles foram responsáveis pelas operações Vega e Monte Carlo, que investigaram a quadrilha do contraventor. A ideia dos radicais petistas e seus aliados era a de utilizar as falas dos policiais para comprometer o procurador-geral da República, Roberto Gurgel (que defenderá a condenação dos mensaleiros na abertura do julgamento do mensalão pelo Supremo Tribunal Federal), o governador de Goiás, o tucano Marconi Perillo (transformado em inimigo figadal de Lula desde que declarou que o ex-presidente tinha conhecimento da existência do esquema) e a imprensa, que revelou o escândalo. Neste último setor, como deixou claro a performance do ex-presidente Collor, encarnado na triste figura de office boy  do partido que ajudou a tirá-lo do poder, o alvo imediato era o jornalista Policarpo Júnior, diretor da sucursal de VEJA em Brasília e um dos redatores-chefes da revista.

O primeiro depoimento foi do delegado Raul Alexandre Marques, que dirigiu a Operação Vegas. Marques disse aos parlamentares que entregou ao procurador Roberto Gurgel, em setembro de 2009, indícios de envolvimento de três parlamentares – incluindo o senador Demóstenes Torres – com a quadrilha de Cachoeira. Gurgel, conforme o delegado, não teria determinado a abertura do inquérito nem dado prosseguimento à apuração.

Foi a deixa para que petistas dissessem que ele tentou impedir o desmantelamento de uma organização criminosa e, por isso, deveria ser convocado para depor na CPI. O procurador-geral da República reagiu. Na seara técnica, disse que não abriu inquérito a fim de permitir a realização da operação Monte Carlo, que desbaratou o esquema de Cachoeira no início deste ano. No campo político, foi ainda mais incisivo. “O que nós temos são críticas de pessoas que estão morrendo de medo do julgamento do mensalão”. afirmou. Ao fustigar o procurador na CPI do Cachoeira e vender a tese de que ele não mereceria crédito por ter uma atuação política, mensaleiros e aliados levaram procuradores e ministros do STF a saírem em sua defesa. Petistas, que chegaram a comemorar o resultado da primeira etapa do plano, agora já não pensam mais em convocar Gurgel. Em uma conversa recente, o ex-ministro José Dirceu contou ao seu interlocutor o motivo da desistência. “O efeito foi o contrário do imaginado. A única consequência da CPI foi acelerar o processo do mensalão”, afirmou.

Lula, o idealizador do plano, também já faz leitura semelhante. Para ele, a CPI do Cachoeira “tem de ficar do tamanho que está” – ou seja, limitar-se a investigar Cachoeira e seus tentáculos no Congresso e em governos estaduais. Da mesma forma, a ofensiva para desqualificar o trabalho da imprensa já não seria uma prioridade. “Não podemos fazer dessa CPI um debate político ou um acerto de contas entre desafetos”, afirmou Vaccarezza, espécie de porta-voz do grupo dos radicais. A declaração é uma guinada de 180 graus no discurso – guinada essa decidida apenas depois que os fatos, com sua persistente impertinência, se sobrepuseram aos interesses do partido.

(…)
Leia íntegra na edição impressa da revista

Texto publicado originalmente às 6h12

Por Reinaldo Azevedo

 

Uma pergunta aos internautas do Brasil: “É legítimo mentir, enganar e trapacear na rede?” OU: CUIDADO! A TURMA DO AI-13 QUER TE PEGAR! Ou: Uma questão de honestidade intelectual

Caros, vai aqui um texto para a reflexão de todos. Daqueles longos. Espalhem-no na rede, caso gostem, porque é um debate que diz respeito a todos nós. Trata-se de saber se vamos permitir, calados, que alguns grupelhos, depois de se apropriar do nosso dinheiro em negociatas, depois de transformar o estado brasileiro num lupanar, depois de tentar achincalhar todas as instituições da democracia, também aparelhem a Internet. O debate está aberto. Vamos lá.

A VEJA desta semana traz uma reportagem que demonstra que milhares — potencialmente, milhões — de internautas brasileiros estão sendo enganados por grupos organizados, cujo trabalho é fraudar aquela que deveria ser — e, na origem, era! — um dado essencial da rede: a verdade do indivíduo. No que diz respeito à circulação de informação e de opinião, a novidade trazida pela Internet é justamente a oportunidade de o homem comum se fazer ouvir. A organização das chamadas redes sociais deveria facilitar justamente o contato entre esses indivíduos. Quando, no entanto, agentes de partidos políticos e de grupos organizados criam falsos perfis e robôs para replicar palavras de ordem, estamos diante de uma mentira. Tais pessoas não são diferentes daquelas que emporcalham praças públicas, que sujam as praias, que jogam lixo no transporte coletivo e nas ruas, que se apropriam das calçadas, que estacionam em local proibido… Estamos diante de um flagrante desrespeito às regras do jogo.

O PT chegou até a criar um grupo — chamado de MAV (Militantes em Ambientes Virtuais) — para monitorar a rede e criar palavras de ordem. Já escrevi um post a respeito. O objetivo é entrar nas redes sociais para “defender o partido” quando ele estiver sendo “injustamente atacado”. Ora, quando não estaria? Vocês imaginam algum petista a considerar justa uma crítica à legenda? Os internautas comuns passam, então, a ser molestados, a ser moralmente assediados, a ser desqualificados por tropas organizadas. Como estão trabalhando a serviço do partido, como pertencem a um aparelho, como não pensam segundo o próprio juízo, não concebem que você, leitor, possa ser diferente; não concebem que os demais navegantes da rede não sejam mulheres e homens-causa, com uma missão e um propósito definidos. Resultado: o leitor que não tem partido, que luta para ganhar a vida honestamente, que não entra na área de comentários para “cumprir uma tarefa”, acaba caindo fora, desistindo. E os “mavistas” do PT, então, tomam conta do debate, fingem ser centenas, milhares… Por isso, já expliquei, eu expulso do meu blog os que chamo “petralhas”. No dia em que o PT quiser responder a algum post como, digamos, pessoa jurídica, que o faça. Molestar leitores reais é que não vai.

No Twitter, como deixa claro a reportagem da VEJA, a realidade não é diferente. Também ali, tuitaços são organizados por gente que participa do jogo político, e robôs se encarregam de multiplicá-los por intermédio de perfis praticamente sem seguidores. São “pessoas” que não existem. Nas respectivas áreas de comentários dos sites noticiosos, você pensa estar debatendo com um outro homem ou mulher-célula (como você), com um indivíduo (como você), e, na verdade, está a enfrentar um militante ou um militonto partidário que representa uma legião. É absolutamente legítimo que as pessoas tenham partido e até mesmo que o defendam na rede. Mas não é legítimo que o tuiteiro esteja a cumprir uma tarefa da máquina partidária — a menos que se identifique como tal. Você pensa estar, no Twitter, aderindo a uma causa surgida na rede e, na verdade, é apenas peça passiva de manipuladores.

Os valores de cada um
Não raro, como sabem, blogs e sites financiados pelo dinheiro público — da administração direta e de estatais —, tornados verdadeiras centrais de difamação das instituições democráticas (incluindo a imprensa), fornecem os motes e as palavras de ordem. Pior do que isso: mentem de maneira deliberada, chamando o que fazem de jornalismo alternativo. Cumpre refletir um pouco sobre essa questão.

Desde 1996, quando foi criada a revista República (e, depois, pela mesma editora, a BRAVO! — hoje na Abril — e a Primeira Leitura), estou envolvido com o jornalismo opinativo, seja na seara da política, seja na da cultura. Opinar é um troço mais complicado do que parece porque, com muito mais frequência, evoca questões que são de natureza ética. Não há como: sempre que se é judicioso a respeito de um determinado assunto ou pessoa, o que se tem é um confronto (às vezes, um encontro) entre os valores e ideias do analista e os valores e ideias contidos no objeto de sua análise. Assim, sempre considerei uma questão de honestidade intelectual o crítico deixar claro com quais parâmetros opera — para que não pareça que suas opiniões foram ditadas pelo próprio Deus. Vale para a política. Vale para a cultura.

Leitor nenhum pode alegar ser enganado ao passear pelo meu blog. Todos sabem o que penso sobre uns bons pares de assunto e têm clareza de que não me alinho com aqueles que acreditam — não numa democracia — que a promoção da desordem ou o desrespeito sistemático às leis sejam um bom caminho para alcançar a justiça, inclusive a tal “justiça social”. Muito pelo contrário: eu sustento que transgressões dessa natureza produzem ainda mais injustiça. Chame-se a isso “conservadorismo”, “direitismo” ou o que for, esses nomes não me assustam. Assim, é obviamente inútil tentar encontrar no meu blog o incentivo a práticas dessa natureza. Deixo isso de tal forma claro que convido, com frequência, alguns leitores a buscar as páginas que os fazem felizes. Não há razão nenhuma para ficar se indignando aqui. MAS ATENÇÃO PARA UMA QUESTÃO!

A mentira como método
Mentir não faz parte das regras! Seja o analista “conservador” ou “progressista”, tenha a ideologia que for, a verdade há de ser um fundamento. E estamos, nesse particular, vivendo dias de um impressionante vale-tudo. Aquele subjornalismo financiado com dinheiro público, que tem garantido o leite de pata desde que cumpra a tarefa de difamar, sob encomenda, os desafetos que pagam as contas — não tem escrúpulos. Ora, cada um tenha sobre um determinado fato a opinião que quiser. Assim é na democracia. Uma das conquistas da Internet, repito, foi criar as condições para que indivíduos tornem pública sua visão de mundo. Mas e a mentira? Esta senhora é a grande sabotadora da liberdade de expressão no país.

Fiquemos com um dos casos muito comentados nesses dias passados, os supostos 200 telefonemas entre um jornalista da VEJA e Carlinhos Cachoeira. Não! Há 46 menções a seu nome nas sei lá quantas centenas de conversas e apenas DUAS ligações. E os que sustentavam o outro número? Qual a fonte? Quem disse? Por que disse? Pretendia com aquilo o quê? Virão agora a público para confessar o seu “erro”? EIS A QUESTÃO! Nunca se pretendeu nem acertar nem errar. A pretensão era puramente difamar. E, nesse particular sentido, devem estar bastante satisfeitos, julgando que seu trabalho foi bem feito! Afinal, conseguiram espalhar a mentira na rede, e essa era a tarefa. Eu lhes pergunto: ISSO É JORNALISMO? ISSO É EXPRESSÃO DE DECÊNCIA? Nota à margem: ainda que houvesse 300 ligações, o número, por si, seria irrelevante. 

Mesmo em questões que dizem respeito à vida profissional de desafetos, a ausência de limites é absoluta. Na sexta, “informavam” alguns blogs que o jornalista Mario Sabino teria sido contratado pela equipe de pré-campanha do tucano José Serra, que vai disputar a Prefeitura de São Paulo. Notem bem: não é que isso seja uma mentira que quase aconteceu porque se chegou a cogitar num dado momento etc. e tal… Não! Nem a sombra da verdade, que serve, muitas vezes, de pretexto aos mentirosos compulsivos, se manifestou. A suposta notícia era só um pretexto para atacar Sabino e Serra — PORQUE ERA ESSA A TAREFA DAQUELE TEXTO. Isso é jornalismo? Isso é expressão de decência? Haverá a correção e a admissão do erro? Não! A mentira passou a ser matéria-prima desse tipo de trabalho. Estamos falando de uma outra atividade, que se confunde, sem ser, com jornalismo. Assim como o joio se mistura ao trigo, embora sejam ao observador minimamente atento escandalosamente diferentes.

Era petista
Essa mentira organizada, deliberada, financiada, é, sim, característica típica desses nove anos de poder petista, especialmente depois que estourou o caso do mensalão, e Franklin Martins, que VEJA classificou certa feita de “ministro da Supressão da Verdade”, foi o seu artífice. Decidiram armar uma “guerra contra a mídia” porque esta, supostamente, era negligente ao noticiar as conquistas do governo, o que é uma deslavada mentira. Ao contrário: o noticiário colaborou, e muito — nem sempre com muita atenção aos fatos, a meu ver —, para construir a reputação positiva das gestões petistas. E isso continua verdade com Dilma Rousseff. Nota à margem: há setores do petismo que até acham que a imprensa elogia a presidente em excesso. Lula já sugeriu que os veículos de comunicação agem assim só para tentar indispô-la com ele… Sabem como é este senhor, com o seu umbigo sempre maior do que o cérebro.

Ora, fico no ambiente da própria VEJA. A revista  apontou diversas vezes a prudência, a responsabilidade e a competência de Antônio Palocci quando à frente da economia. E estendeu esse reconhecimento ao próprio Lula por ter — essas palavras agora são minhas — jogado no lixo o programa econômico do PT e governado o país segundo o princípio da realidade. Mas nem por isso — e foi aí que o petismo ficou enfurecido — deixou de apontar as safadezas do mensalão. E noticiou o que tinha de ser noticiado sobre Palocci — fatos que impediram a sua permanência no ministério (nas duas vezes) — sem jamais deixar de reconhecer o que havia de virtuoso na sua atuação.

É assim que se faz!
Porque é assim que age, em todo o mundo democrático, o jornalismo isento e responsável: apega-se aos fatos e repudia a mentira nas reportagens, nas análises, nas opiniões. Insisto: o recorte ideológico do crítico e do analista mobiliza, sim, leitores segundo a sua própria ideologia. Mas a verdade há de ser um fundamento indeclinável da profissão.

Já começando a aterrissar, lembro um tema que há de gerar polêmica nos próximos dias, meses, anos: a dita “Comissão da Verdade”. Respeito a coragem de uns poucos — embora discorde de maneira absoluta — que admitem, sem subterfúgios, que a extrema esquerda, ao recorrer à violência armada durante a ditadura, matou alguns inocentes; que a luta política é assim mesmo e que a utopia socialista abençoa moralmente os que fizeram aquela opção. Mas nutro profundo desprezo intelectual por quem tem a desfaçatez de chamar aqueles militantes de paladinos da democracia, afirmando que lutaram e, eventualmente, morreram para construir no Brasil um regime democrático. É falso!

O que quero dizer com isso? Um comunista que admita que a construção de sua sociedade ideal comporta algumas mortes (ou muitas) é mais honesto intelectualmente do que quem tenta recobrir aquelas ações de um propósito humanista que absolutamente não tinham. “Ah, isso é você quem diz; é opinião!” Errado! Isso é fato! Prometi me aposentar quando alguém exibir um documento que evidencie o amor da extrema esquerda pelo regime democrático. Pergunto: qual é a nossa função, a dos jornalistas? Endossar a mentira? Vamos ignorar, inclusive, que o texto que criou a lei obriga, sim, a investigar também os crimes da extrema esquerda, o que sabemos, de antemão, que não será feito?

O mais curioso é que, ao escrever isso, tomam como “opinião do Reinaldo” (esse reacionário!) o que opinião não é — não nesse caso. Como não era e não é opinião a impossibilidade legal de rever a Lei da Anistia. Mera opinião, sem sustentação legal — ancorada, então, numa mentira —, é a tese de quem acha a revisão possível.

Agora concluindo mesmo!
Os tempos são um tanto bárbaros, cumpre-nos ser claros, mas sem perder a serenidade. Essa súcia que anda por aí, acreditem, começa a viver o seu ocaso. Tem malogrado sistematicamente no esforço de destruir a imprensa livre. À medida que vai acumulando insucessos, vai se tornando mais rombuda, mais agressiva, mais grotesca. Basta ver o festival de baixarias que permitem em suas respectivas áreas de comentários. Os que abrigam os palavrões, as maldições, as acusações mais ensandecidas, as agressões pessoais mais torpes, esses dizem fazê-lo em nome da “pluralidade”, que jamais deve se confundir com a prostituta da liberdade de expressão ou como a dama de companhia da ambiguidade.

No que me diz respeito, considero até positivo que enveredem por esse caminho. Este blog, felizmente, tem, a cada dia, mais leitores fazendo o contrário. Jamais sou ambíguo sobre qualquer assunto. Opino, sim, sobre muita coisa — o que deixa alguns irritados… Mas sempre de posse dos fatos. Considero positivo que aqueles caras se dediquem à abjeção e ao estímulo ao linchamento porque revelam quem são, expõem a sua real natureza e, progressivamente, deixam claro a quem servem e por quê. É possível que haja quem goste daquilo. Mas até eles próprios sabem que joio não é trigo. Secretam aquele ódio irracional contra nós não porque não admirem secretamente quem somos, mas porque sabem que não podem ser um de nós. Transformam-nos em sua pauta permanente num esforço patético de exorcizar os próprios recalques, sempre gritando: “Olhem pra nós!”.

São funcionários do seu ressentimento. E, claro!, precisam ganhar a vida. Que tenha de ser assim é um destino que não desejo, por óbvio, ao pior inimigo…

Texto publicado originalmente às 5h10

Por Reinaldo Azevedo

 

Pegos com a boca na botija, os comandantes de robôs da Internet tentam reagir e, para variar, mentem desbragadamente! Ah, sim! NESTE POST,UMA ENTREVISTA EXCLUSIVA COM DEUS!

Que fossem analfabetos morais, já sabíamos. Parece, no entanto, que se trata mesmo de analfabetismo em sentido mais amplo. Reproduzi aqui, na manhã de sábado, trecho de reportagem da VEJA sobre grupos organizados que fraudam as regras de convivência entre os internautas na rede, em particular no Twitter.

Um post publicado naquele troço organizado por Luis Nassif — Nassif é aquele senhor que trabalha para a Radiobras e que já foi agraciado com um empréstimo feito pelo BNDES; deve ser em sinal de reconhecimento por sua independência — atribui a mim o que é uma reportagem da VEJA. Fala sobre a pacata dona de casa que seria a titular do perfil @lucy_in_sky_, que a reportagem diz ter sido usado como robô para replicar uma determinada mensagem.

Não é preciso ser um Schopenhauer que entende português para constatar que a reportagem da VEJA faz a distinção entre perfis que podem ser gerenciados por robôs, ainda que existam, e perfis falsos, criados só para fazer marola. Estes, no geral, não têm seguidores — ou contam com dois ou três. Em recentes twitaços comandados pela rede petralha, destacaram-se três perfis, com respectivamente, o seguinte número de seguidores: 1, 4 e 9!!! São os “perfis peões”. A reportagem informa que o tal @lucy_in_sky_ foi usado por robô, não que seja um peão. Um quadro de quase duas páginas trata justamente das diferenças. Logo, mentem duas vezes: a) quando atribuem a mim o que não escrevi; b) quando atribuem à revista VEJA o que ela não escreveu.

Ora, queridos, nesta manhã, escrevi um texto enorme justamente sobre a pistolagem na Internet. Assim, não me surpreendo que atribuam a mim reportagem que não é minha nem que atribuam à VEJA aquilo que não está escrito. A tarefa dessa gente é mentir. É paga pra isso.

O tal post na página de Nassif chega a entrevistar a suposta titular do perfil — que quer preservar a sua identidade, naturalmente. Um pingue-pongue com uma personalidade que prefere não mostrar o rosto nem revelar a sua identidade! Acontece! Acabo de entrevistar Deus, mas ele prefere não aparecer. Segue a íntegra.

BLOG - Senhor, o senhor é mesmo o Senhor?
DEUS - Por quê? O senhor, que não é Senhor, tem alguma dúvida?
BLOG - Não, mas sabe como é a rede…
DEUS - Não sei!
BLOG - Mas o senhor, Senhor, não é onisciente?
DEUS - Sou, mas tudo tem limite. Não quero saber o que se passa no JEG…
BLOG - Não?
DEUS - Não! Aquelas páginas são a distração daquele que vive me difamando por aí e sonhando em ocupar um dia o meu lugar.
BLOG - Quem? O…
DEUS - Esse mesmo, o anhangá, o arrenegado, o brazabum, o cramulhano, o grão-tinhoso, o mofento, o porco-sujo, o tinhoso, o zarapelho…
BLOG - Que vocabulário, Senhor!
DEUS - Consultei o Houaiss. E só usei alguns dos sinônimos…
BLOG - Ahnnn… Uma fotografia para provar que falei com Deus, nem pensar, né?
DEUS - Iam dizer que é montagem. Desde aquele faraó teimoso do Egito, que insistia em competir comigo, pondo seus mágicos para fazer truques, sempre há gente tentando provar que não existo. Viu as consequências, né?
BLOG - Vi, sim. Mas o senhor não acha, Senhor, que o fato de Moisés ser gago pode ter atrapalhado a conversa com o faraó?
DEUS - Você acha que se ele fosse mais desinibido do que o Gabriel Chalita juntando os albinos da Tanzânia com Castro Alves, o outro lá teria mudado de ideia?
BLOG - Acho que não! O careca lá era fogo!
DEUS - Que careca?
BLOG - O faraó!
DEUS - Quem falou que ele era careca?
BLOG - Desculpe a confusão! É que, no filme “Os Dez Mandamentos”, o Yul Brynner…
DEUS - Já sei! Aqueles efeitos especiais do mar se abrindo… Valha-me Eu Mesmo! Ainda bem que eu inventei o Spielberg para conferir mais realidade às fantasias de vocês…
BLOG - Tenho outras entrevistas a fazer. Obrigado pela atenção!
DEUS - Você parece meio amuado…
BLOG - O senhor conhece aquela piada sobre comer a Sharon Stone na ilha deserta e  não poder contar pra ninguém?...
DEUS - Ainda fazem esse tipo de piada com o Sharon Stone? Sharon Stone é do meu tempo!!! Betsabá também…

(segue-se um longo silêncio)

BLOG - Senhor? Que é isso, Deus!? A Maria do Rosário vai acusar o senhor de machista!
DEUS - E essa, então, com esse nome… Conforme-se, meu filho! Se você disser que falou com Deus, vão achar que você é maluco. Se tirar uma foto ao meu lado, além de ninguém acreditar, vão dizer que você está querendo ser mais importante do que o Lula…
BLOG - Grande coisa! Lula vive tentando tomar o Seu lugar.
DEUS - Ah, ele não é o primeiro. Aquele cheio de sinônimos vive tentando isso eternidade afora. Volta e meia aparece um novato.
BLOG - Vou publicar a entrevista mesmo assim!
DEUS -
 Aqueles que lêem o que você chama JEG vão acreditar… Se ironia fosse capim, o capim teria sido extinto no mundo. Eles teriam comido tudo.
BLOG - É parte de Sua obra, lamento lembrar!
DEUS -
 Errado! Eu inventei os manjares, e o outro lá inventou a má digestão. Eu inventei a imprensa, e o outro lá inventou o JEG.
BLOG - E o resultado dessa luta?
DEUS -
 Pergunte ao faraó.

Por Reinaldo Azevedo

 

14/05/2012 às 17:10

Site copia texto do meu blog, publica como se fosse seu e não dá nem satisfação a seus eventuais leitores: 171!!!

Ai, ai, não tem grande importância, mas ilustra o que é uma obsessão. Já tornei públicos alguns e-mails que o sr. Leonardo Attuch, que comanda o site 247 (maldosamente chamado de “171″ na rede), costumava me enviar. Não publiquei todos porque fiquei um tanto constrangido. Antes de ser parceiro de colunismo de José Dirceu e Delúbio Soares, ele achava meus textos “brilhantes”. Quando estabeleceu suas novas parcerias, mudou de ideia. Mas deve alimentar lá suas admirações secretas. O que me leva a dizer isso?

Um fato verdadeiramente inédito se deu mesmo no mundo em que transita esse site. Sabem aquele meu post desta manhã, em que comento a reportagem daFolha sobre a demissão de um funcionário da Prefeitura de São Paulo, suspeito de enriquecimento ilícito? Pois é. Foi parar no tal “247″ como se fosse um texto escrito por eles. Um leitor me mandou o link e uma cópia em PDF.

copia-do-171

O meu post foi publicado, originalmente, às 6h17. Às 6h35, 18 minutinhos depois, já estava reproduzido na íntegra na página do “247. E lá ficou ao menos até as 9h05, quando a leitora “Michelle” (vejam abaixo) comentou: “Esse texto é do Reinaldo Azevedo. 247 roubou?” Pois não é que o post simplesmente desapareceu, sendo substituído por outro, sem qualquer aviso, pedido de desculpas (aos leitores; dispenso a minha parte) ou admissão de erro?!

Nas presumíveis quase três horas em que ficou no ar, recebeu cinco comentários, incluindo o de Michelle. Os outros quatro têm um sotaque inequívoco. Um deles ataca o “PIG”, claro!, numa evidência de que se trata de um leitor de Paulo Henrique Amorim — até outro dia, um dos desafetos de Leonardo Attuch. Evidência: o “247″ veio para tentar roubar os leitores daquele monstro sagrado do JEG e da BESTA. Tomara que consiga! Vejam. Volto para arrematar.

 copia-do-171-comentarios

 

Voltei
Imaginem só! O tal Pedro Paulo, lendo um texto meu que julgava pertencer ao “247″, sentiu-se estimulado a atacar o PIG, demonstando que não entendeu nada!!! Eis aqui uma pequena crônica sobre esse estranho mundo. Nesta manhã, escrevi um longo texto sobre esse ramo da Internet que chega a se confundir com jornalismo.

Ah, sim: na imagem acima, ali no canto superior direito, vocês veem a imagem de Zé Dirceu, um dos “colunistas” do “247″, aquele chamado pela Procuradoria Geral da República de “chefe de quadrilha”.

Quanto à coisa em si, dizer o quê? Não ligo que reproduzam meus textos, mas reconhecendo a autoria, né? Não posso culpar Attuch por ser obcecado por mim. Não é o único. Mas é preciso aprender a ter autocontrole. O ódio nada mais é do que o amor degenerado e, por isso, se torna ainda mais fiel, não reconhecendo nem mesmo o limite do ridículo.

Por Reinaldo Azevedo

 

14/05/2012 às 15:57

Diário Oficial publica critérios do CFM para aborto em caso de anencefalia. Ou: O avanço da cultura da morte

Da Agência Brasil. Volto em seguida.

O Diário Oficial da União publica na edição desta segunda, 14, os critérios definidos pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) para a interrupção da gravidez no caso de fetos anencéfalos (malformação no tubo neural, no cérebro). A interrupção só deve ocorrer depois que for feito um exame ultrassonográfico detalhado e assinado por dois médicos. A cirurgia para interromper a gravidez deve ocorrer em local com estrutura adequada, ressalta o texto. Na Seção 1 do Diário Oficial, páginas 308 e 309, estão os seis artigos e a exposição de motivos.

A divulgação dos critérios ocorre 32 dias depois de o Supremo Tribunal Federal (STF) ter aprovado por 8 votos a 2 a autorização para a interrupção da gravidez em caso de anencefalia. O CFM criou uma comissão de especialistas em ginecologia, obstetrícia, genética e bioética para definir as regras e normas. A comissão foi criada no dia seguinte à decisão do STF.

A Resolução nº1.989, de 10 de maio de 2012, é assinada pelo presidente do conselho, Carlos Vital Tavares Corrêa, pelo secretário-geral, Henrique Batista e Silva, e pelo relator do caso, Henrique Fernando Maia.

A interrupção da gestação só será recomendada quando houver um “diagnóstico inequívoco de anencefalia”, conforme a decisão do conselho. O exame ultrassonográfico deverá ser feito a partir da 12ª semana de gravidez (três meses de gestação), registrando duas fotografias em posição sagital (que mostra o feto verticalmente) e outra em polo cefálico com corte transversal (detalhando a caixa encefálica).

Na decisão, o CFM reitera também que os conselhos regionais de Medicina (CRMs) deverão atuar como “julgadores e disciplinadores” da decisão seguindo “a ética”. Segundo a resolução, a gestante está livre para decidir se quer manter a gravidez. Caso decida levar adiante a gestação ou interrompê-la, a mulher deve ter assistência médica adequada.

A resolução é clara ainda na proibição de pressão sobre a gestante para tomar uma decisão. “Ninguém será submetido à tortura nem a tratamento desumano”, diz o texto. “O médico deve zelar pelo bem-estar da paciente.” Segundo a norma, a interrupção da gravidez só pode ocorrer em “hospital com estrutura adequada”. Não há detalhes sobre o que vem a ser uma estrutura adequada. A decisão da gestante ou do responsável por ela deve ser lavrada em ata.

Cabe ao médico, segundo a resolução, informar toda a situação à gestante, que terá ainda liberdade para requisitar outro diagnóstico e buscar uma junta médica. O profissional médico deverá ainda comunicar à grávida os riscos de recorrência de novas gestações com fetos anencéfalos e orientá-la a tomar providências contraceptivas para reduzir essas ameaças.

Na exposição de motivos, o Conselho Federal de Medicina ressalta as distinções que devem ser feitas entre interrupção da gravidez, aborto e aborto eugênico (visando ao suposto melhoramento da raça).

“Apesar de alguns autores utilizarem expressões ‘aborto eugênico ou eugenésico” ou ‘antecipação eugênica da gestação’, afasto-as, considerado o indiscutível viés ideológico e político impregnado na palavra eugenia”, diz o texto, reproduzindo palavras do relator do processo no STF, ministro Marco Aurélio Mello.

Voltei
Não há dúvida de que a decisão do Supremo se referiu especificamente a fetos anencéfalos. O que a resolução do Conselho Federal de Medicina faz é estabelecer os critérios objetivos para a sua aplicação. Não havia, e não há, nenhuma dúvida a respeito disso. O ponto é outro sem deixar de ser o mesmo. Explico.

A exegese desenvolvida pela maioria dos ministros do Supremo para os casos de anencefalia vale pode valer para outros casos de má-formação dos fetos. Se permitido nesse caso, por que não em outros, em que se pode alegar que o nascituro terá vida curta ou não terá uma vida independente?

Não por acaso, os grupos pró-aborto comemoraram a decisão do Supremo não por causa da coisa em si — ninguém estava ligando muito para o sofrimento das mulheres grávidas de fetos ditos anencéfalos (a anencefalia propriamente dita não existe; se sem cérebro, o feto simplesmente não se desenvolve) —, mas por causa do seu sentido político. Todos entenderam o óbvio: boa parte da argumentação que se ouviu no tribunal justificaria, no fim das contas, qualquer interrupção da gravidez.

O que avança é a cultura do aborto — não adianta tentar tapar o sol com a peneira. Aquela tal comissão de juristas que elabora propostas para a reforma do Código Penal, por exemplo, enviou ao Senado uma sugestão realmente encantadora: desde que atestado por médico ou psicólogo que a mulher não tem “condições psicológicas” — seja lá o que isso signifique — de ser mãe, o aborto legal seria autorizado.

“Condições psicológicas?” Ora, bastaria que a mulher dissesse: “Não quero a criança e pronto!” Ou algum psicólogo iria se arriscar fazendo o seguinte laudo: “A dona Maricota diz que não quer o bebê, mas ela tem plenas condições psicológicas de ser mãe”? Entenderam? A tal comissão propõe um a maneira malandra, oblíqua, de mandar às favas a Constituição. Abrir-se-ia, ainda, outra janela: poderia existir uma grávida convicta de que quer ter o filho, mas um parecer contrário de algum médico ou psicólogo. Eis a vereda para outra prática perversa: a indução ao aborto, depois de “uma conversa” com a mulher…

Dado o contexto, a formalização dos critérios, feita pelo CFM, é positiva. Mas ela vem no contexto de um avanço da cultura da morte.

Por Reinaldo Azevedo.

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Fonte:
Blog Reinaldo Azevedo (VEJA)

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