“Você é nosso. Nós somos teu. E o Brasil é da gente!”

Publicado em 17/05/2012 19:15 e atualizado em 24/07/2013 17:00

“VOCÊ É NOSSO. NÓS SOMOS TEU. E O BRASIL É DA GENTE!” OU: PRENDAM OS MORDOMOS DE SEMPRE!

Ontem, o senador Fernando Collor (PTB-AL), este Colosso de Rhodes da Moral e dos Bons Costumes, tentou armar um pampeiro tendo como alvo, pela enésima vez, a imprensa, a VEJA, aquelas obsessões de sempre do impichado ressentindo, ora servindo de laranja de alguns petistas. Enquanto Collor queria pegar jornalistas (essa gente enxerida), Cândido Vaccarezza (PT-SP) mandava um torpedo para o governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB): “A relação com o PMDB vai azedar na CPI. Mas não se preocupe, você é nosso, e nós somos teu”. Ontem foi o Dia Internacional Contra a Homofobia, mas nada de maldar (ou “bendar”…) as palavras carinhosas. Não era um caso de homoafetividade, mas de heteroafetividade política, entendem? Enquanto o PMDB e o PT estiverem unidos, nada de mau acontece à família. É, colegas, as coisas não estão se desenvolvendo conforme o planejado. O tiro está mesmo saindo pela culatra. Gosto que lembrem o que escrevi. Gosto também de lembrar o que escrevi. Não é arrogância, não! É apenas para deixar claro que o analista político estabelece um compromisso com o leitor. Ao fazê-lo, escolhe com quem quer falar. E eu, se me permitem, os quero. Parodiando Vaccarezza, “vocês são meus, eu sou de vocês” — com todo o respeito, é claro, e sem a Delta no meio, hehe. 

Então vamos usar um pouco de memória para ver se aqueles acertos de ontem, que deixaram fora da CPI a Delta nacional, Fernando Cevendish e os governadores, surpreendem os leitores deste blog.

No dia 1º de abril, escrevi aqui um texto intituladoA rede suja na Internet e a tentativa de melar o processo do mensalão e livrar a cara de José Dirceu. Anunciava, então, de primeira, qual era o intento daquela turma. Escrevi:
“O objetivo é jogar lama na imprensa e no Judiciário para reforçar a tese de que o mensalão foi uma invenção. O próprio Lula, diga-se, este monstro da moral, chegou a afirmar, ainda na Presidência, que iria querer investigar a sério este assunto, sugerindo que era tudo uma trama da oposição. Como se a dinheirama assumidamente ilegal que circulou no partido jamais tivesse existido.”

No dia 11 de abril, o texto era este: “Lula entra na articulação da CPI e deixa claro que o objetivo não é punir corruptos, mas pegar a oposição. É mais uma contribuição sua para a miséria institucional brasileira. E se lia então:
“Embora nomes de petistas apareçam no esquema do bicheiro — ontem à noite, caiu o chefe de gabinete do governador Agnelo Queiroz, do DF — e a construtora Delta seja íntima do PT, o chefão do partido quer vingança. Acha que é hora de ir à forra e, às vésperas do julgamento do mensalão e em ano eleitoral, pegar mais algum figurão de um partido de oposição.”

No dia 17 de abril, há um mês, foi a vez de A CPI e o pior que pode acontecer. Ou: Cachoeira com a mão no botão vermelho. Com todas as letras, eu lhes ofereci isto:
“O pior que poderá acontecer ao país e às instituições é a instalação de uma CPI sob o signo do medo, que acabará não investigando porcaria nenhuma! Do clima de guerra, com a faca nos dentes e os olhos injetados de sangue, chegar-se-ia, para recorrer a uma palavra que caiu em desuso como conceito político, à CPI da “détente”, da inimizade cordial. Ninguém se atreveria a detonar primeiro o, digamos assim, artefato nuclear. Escolher-se-iam alguns bodes expiatórios, e pronto! Mas quem seria servido em postas apenas para fazer as honras da casa? Cachoeira aceitaria ir para o matadouro sem levar junto a Delta? Demóstenes iria para o sacrifício, preservando outros tantos íntimos do esquema Cachoeira?”

Naquele mesmo 17, no textoA CPI E OS MEDOS DE CADA UM — No mundo do crime, não importa a origem dos ratos, o importante é que eles se organizem para comer os gatos, este blog escrevia:
“O espírito que inicialmente moveu a criação da comissão não tem nada a ver com justiça, investigação, apuração, punição de culpados, nada disso… Lembrem-se do vídeo gravado por Rui Falcão, presidente do PT; lembrem-se da operação desencadeada por José Dirceu no JEG; lembrem-se da interferência direta de Lula na articulação da comissão. (…) a Operação Esmagamento imaginada por Lula, Dirceu e banda podre petista não deixa de ser tarefa arriscada. Já deu para perceber que a malha de influências de Carlinhos Cachoeira não obedece a um desenho convencional, não tem uma trama regular. Nunca se sabe que parte do tecido cada um dos fios soltos move. Pegue-se o caso do tal Idalberto Matias Araújo, o notório Dadá.”

No dia 3 deste mês, há duas semanas, como se fosse hoje, lia-se aqui POR QUE SE INSTALOU SÓ AGORA A CPI E POR QUE JÁ HÁ MUITA GENTE ARREPENDIDA NA BASE DO GOVERNO“, com a seguinte consideração:
“A acusação contra a imprensa foi desmoralizada de maneira até vexaminosa. Subsiste hoje apenas na pena de alguns aloprados, que têm de continuar a fazer o serviço pelo qual são pagos — com dinheiro público! E, ora vejam, surgiu uma Delta no meio do caminho, com a sua, digamos assim, força avassaladora. Na mesma corrente em que o PT sonhou arrastar Marconi Perillo, também podem rodar Agnelo Queiroz (PT), governador do Distrito Federal (e esse é apenas um de seus problemas), e a figura até então ascendente da política (eu, ao menos, nunca entendi por quê…) Sérgio Cabral (PMDB), governador do Rio. E isso pode ser apenas o começo. Imaginem, então, se Luiz Antônio Pagot resolver falar. Os que se assanharam na esperança de “destruir a mídia” — e se destaque, em nome da precisão, que esse ímpeto foi de Lula e José Dirceu, não do Planalto — certamente ignoravam o grau de intimidade entre a Delta e o esquema de Carlinhos Cachoeira. Aí tudo ficou, de fato, enrolado demais! PT e PMDB fecharam ontem uma espécie de pacto para deixar os governadores fora da investigação — e o PSDB  não vai reclamar se as coisas caminharem por aí. Ficariam, assim, fora da CPI Marconi Perillo, Agnelo Queiroz e Sérgio Cabral. Com isso, pretende-se, também, afastar Fernando Cavendish, o dono da Delta, do imbróglio.”

Bola de cristal?
Tenho bola de cristal? Não! Apenas certo conhecimento da natureza das coisas e um enorme apreço pela lógica. Lula, que não larga a rapadura de jeito nenhum — jamais cumpriu a promessa de, para usar palavra sua, “desencarnar” do cargo que ocupou —, decidiu tomar o espaço da articulação política que pertencia à presidente Dilma Rousseff e fazer a “sua” CPI. “Mas não era necessário, Reinaldo?”, poderia indagar alguém. “Sim!”, respondo eu. Faz-se necessário ter uma CPI que realmente investigue, então, a extensão do esquema Delta-Cachoeira no Brasil inteiro. No começo desta madrugada, o Jornal da Globo levou ao ar gravações em que Cachoeira e seus homens tratam de uma parceira com a Delta “em nível de Brasil” (sic) e de coisas (quais?) que ficariam “em nome da Delta” — ver posts abaixo. Mas haverá essa investigação?

Se Lula e os petistas soubessem em que cumbuca estariam metendo a mão, a tanto não ousariam porque fazem a linha dos macacos espertos. Mas é que falaram mais alto, como diria o poeta, a “glória de mandar” e a “vã cobiça”. O ApeDELTA cansou de plantar nos bastidores — e seus estafetas fizeram o mesmo — que, desta vez, a imprensa estava mesmo lascada, entenderam? Alguém andou emprenhando alguns petistas pelos ouvidos: “Sabem a VEJA, aquela revista que gosta de dar notícias? Pegamos!”. Não! Nada pegaram porque nada havia para pegar além da conversa de jornalista com fontes — e para fazer reportagens. Se Vaccarezza disse a Sérgio Cabral “Você é nosso; nós somos teu”, a turma do Cachoeira também teve a chance de dizer em suas conversas: “O Policarpo jamais será nosso”. Jamais! É isso aí!

Caminhando para o encerramento
Já imaginaram haver no Brasil um sistema que permitisse dar a Cachoeira o perdão, com troca de identidade e até o direito a uma plástica para mudar o rosto? A única coisa que se exigiria dele, em troca da liberdade em algum lugar deste vasto mundo, seria contar tudo o que sabe. Não é certo que a corrupção acabaria no país porque, infelizmente, não é assim tão fácil. Mas é certo que haveria um baita estrago no establishment político.

Seu advogado é um dos criminalistas mais experimentados do país: Márcio Thomaz Bastos. Não existe no Brasil o estatuto do perdão em troca do “conta tudo!”. Vejam que curioso: mesmo tendo se transformado numa espécie de Inimigo Público nº 1 do país, em suas mãos está o destino de muita gente. Ele e Fernando Cavendish decidem o tamanho do estrago que vão fazer. Se arrependimento matasse, haveria muita gente da base aliada hoje mortinha da Silva. “E da oposição?” Esta não tinha o que fazer a não ser assinar a CPI. Na condição de minoria extrema, só lhe restava apoiar a investigação…

Collor e alguns petistas, não obstante, seguem firmes: “Cortem a cabeça da imprensa, cortem a cabeça da imprensa!”. É no que deu a soma do velho mandonismo, que o senador representa, com o novo, encarnado pelo PT. Ficam lá naquela folia afetiva: “Você é nosso, nós somos teu, o Brasil é da gente”… E porrada na imprensa que insiste em tratar estepaiz como se fosse uma República!!!

Texto publicado originalmente às 4h37

Por Reinaldo Azevedo

 

18/05/2012 às 6:31

Vaccarezza para Cabral: “A relação com o PMDB vai azedar na CPI. Mas não se preocupe, você é nosso, e nós somos teu”

E a reportagem do SBT, vejam só, flagrou o que parece ser o mais significativo evento, até agora, da CPI do Cachoeira. O deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), ex-líder do governo na Câmara, envia uma mensagem de texto pelo celular para o governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB). O petista tranquiliza o peemedebista: “A relação com o PMDB vai azedar na CPI. Mas não se preocupe, você é nosso, e nós somos teu [sic]“.

Texto publicado originalmente às 21h36 desta quinta

Por Reinaldo Azevedo

 

18/05/2012 às 6:23

Agência Brasil reconhece que errou em notícia que cita a VEJA e, ao tentar corrigir o texto, erra de novo. Aguarda-se nova correção

Às 18h51 de ontem, publiquei aqui um post apontando um erro de informação numa reportagem da Agência Brasil, assinada por Luciana Lima. Trata-se de uma agência oficial. Seus textos são reproduzidos por blogs, sites e jornais Brasil afora. Quando se publica uma informação errada, é preciso corrigir — o JEG e a BESTA não fazem isso porque, por lá, eles não erram; cometem crimes deliberados; é coisa diferente. Por isso não se lhes deve cobrar correção — quem sabe um dia a cadeia, mas segundo o estado de direito e a democracia, coisas que eles detestam. Adiante.

Havia publicado a Agência Brasil:
O requerimento para resgatar informações prestadas pelo jornalista Policarpo Júnior, diretor da sucursal da revista Veja, em Brasília, à Comissão Parlamentar (CPI) dos Bingos, em 2006, causou discussão entre os parlamentares da CPMI do Cachoeira. O requerimento foi apresentado pelo senador Fernando Collor de Mello (PTB-AL)…”

Erro grave
O jornalista Policarpo Júnior nunca prestou depoimento nenhum à CPI dos Bingos. É uma mentira espalhada pela esgotosfera. Mais uma! Tão verdadeira quanto os 200 telefonemas com Cachoeira (a canalhada, até agora, não se emendou; seus leitores habituais não existem a verdade, só o capim)
. Dei aqui a informação correta e cobrei uma correção da Agência Brasil.

Às 21h30, a Agência Brasil publicava a seguinte nota:
Brasília — A matéria “Relator da CPMI do Cachoeira rejeita pedido de informações de jornalista” permaneceu com erro das 11h58 até as 21h11. Ao contrário do publicado no texto anterior, o diretor da sucursal da revista Veja em Brasília, Policarpo Jr., não depôs na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos, em 2006. De acordo com informações da assessoria do senador Fernando Collor (PTB-AL), o parlamentar se referiu, em seu discurso, à CPI da Loterj, na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro,  e ao Conselho de Ética da Câmara, na ocasião da cassação do deputado André Luiz, em 2005, processos em que o jornalista foi convidado a testemunhar.

A nota acima remetia para o novo texto, cujos dois primeiros parágrafos são estes, também assinados por Luciana Lima:
Brasília — Ao apresentar hoje (17) requerimento para ter acesso a todas as gravações telefônicas entre o empresário goiano Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira, e o jornalista Policarpo Júnior, diretor da sucursal da revista Veja, em Brasília, Collor destacou em seu discurso que o jornalista havia prestado informações a outras ocasiões “em favor” de Carlinhos Cachoeira. O requerimento não foi aceito pelo relator da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Cachoeira, deputado Odair Cunha (PT-MG), mas causou discussão entre os parlamentares.
De acordo com a assessoria de Collor, as ocasiões a que o parlamentar se referiu foram os testemunhos de Policarpo Jr. na CPI da Loterj, que funcionou na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, e durante o processo de cassação do deputado André Luiz, no Conselho de Ética da Câmara, em 2005.

Assim não, Luciana! Assim não, EBC
Expressei no post em que apontei o erro a confiança de que a EBC não repetiria o que fez no caso do Pinheirinho, quando ajudou a espalhar a informação falsa de que tinha havido mortes na desocupação. Apontado o erro aqui, ainda que com 14 dias de atraso, fez-se a correção sem subterfúgios. Desta vez, a EBC produziu um caso que os professores de jornalismo podem usar nas aulas de deontologia.

Curiosamente, a agência repete o erro que cometeu no caso do Pinheirinho. Daquela vez, deu curso à informação de uma fonte furada, que garantia ter havido mortes na desocupação. Não se preocupou em apurar a informação e tratou como se verdade fosse. Ora, no primeiro texto, afirma-se que Policarpo depôs na CPI dos Bingos! Falso! No segundo, confiando na informação do gabinete de Collor, que depôs na CPI da Loterj, na Assembleia do Rio. FALSO TAMBÉM!!! E agora? Será preciso fazer a correção da correção! Convidaram-no, sim, mas ele não foi. Jornalista cobre CPI, não depõe em CPI — a menos que seja investigado, entenderam? A EBC vai ter de corrigir a correção. É uma imposição ética. Se não o fizer, deixará que a mentira prospere.

Questão mais delicada
A EBC e Luciana mandam muito mal nesse caso! O segundo texto não se limita a corrigir o primeiro. Faz-se um novo lead, mudando o “quê” da notícia. E para muito pior! Qualquer um razoavelmente treinado na área percebe:
a) no primeiro texto, o lead chamava a atenção para o pedido feito por Collor; no segundo, dá-se destaque a seu discurso acusatório;
b) o requerimento, que está com a EBC, não toca em CPI da Loterj nem no depoimento de Policarpo na Comissão de Ética da Câmara;
c) se a assessoria de Collor afirma alguma coisa a um profissional da EBC e se isso diz respeito a terceiros — especialmente se desafetos do senador —, o mínimo que se espera é que o repórter verifique se aquilo aconteceu mesmo. Uma coisa é colher uma opinião de uma fonte; outra, distinta, é dar crédito a uma suposta informação sem a devida apuração;
d) no primeiro texto, a EBC procurava informar o que tinha acontecido, mas passou adiante um dado falso, talvez sem querer. Duvidei que fosse má-fé.  O ambiente anda muito contaminado pelo subjornalismo a soldo;
e) o segundo texto me deixa com a pulga atrás da orelha: divulga-se uma nova mentira e se manda para o lead a acusação feita por Collor, como se fosse um trabalho da assessoria de imprensa do senador;
f) leiam este trecho: “Collor destacou em seu discurso que o jornalista havia prestado informações a outras ocasiões ‘em favor’ de Carlinhos Cachoeira.”DESTACOU? Eu publiquei aqui a íntegra do depoimento de Policarpo ao Conselho de Ética da Câmara em 2005. Collor, no máximo, pode “acusar” — acusação sem fundamento, basta ler. “Destacar” nunca, Luciana! Alguém só pode “destacar” (embora eu seja contra essas variantes modernosas para os verbos de declaração) algo que seja um fato.

A EBC deve nova correção
Não tem como: a EBC terá de se corrigir de novo! E não adianta jogar a responsabilidade nas costas de Collor. Com a imunidade parlamentar — e imune também ao bom senso e ao compromisso com a verdade —, ele fala o que lhe dá na veneta. A EBC é que não pode ser porta-voz de suas mentiras Brasil afora.

A menos que seja esse o intento. Mas não creio. Aguardemos para ver.

Texto publicado originalmente às 5h32

Por Reinaldo Azevedo

 

18/05/2012 às 6:21

Em gravações, Cachoeira acerta com um auxiliar e com um diretor da Delta negócios que ficariam no nome da construtora

Leiam reportagem que foi levada ao ar no começo desta madrugada pelo Jornal da Globo:
Por Camila Bomfim, no Jornal da Globo:
A CPI do bicheiro Carlinhos Cachoeira convocou nesta quinta-feira (17) dezenas de pessoas para depor, mas deixou de fora governadores e o antigo dono da Delta, empresa que, segundo gravações feitas com autorização da justiça, manteria conexões nacionais com o esquema de Cachoeira.

Há quase um mês, a Delta é alvo de fiscalização da Controladoria-Geral da União. Segundo investigação da Polícia Federal, a Delta, repassou dinheiro para empresas fantasmas que abasteciam o grupo de Cachoeira. Mas a CPI decidiu investigar apenas as filiais da empresa na região Centro-Oeste. Parlamentares alegam que as suspeitas não alcançam a construtora em nível nacional.

“Trazer muita informação para a CPI não vai contribuir para a investigação. Quem quer ampliar demais não quer investigar nada”, diz o relator da CPI, deputado Odair Cunha (PT-MG). “A Delta está no epicentro dessa crise. Não investigar a Delta para valer é fugir à responsabilidade da investigação e transformar a CPI numa verdadeira farsa”, fala o líder do partido, senador Álvaro Dias (PSDB-PR).

Novas gravações, feitas com autorização da justiça, mostram possíveis conexões entre a Delta Nacional e o esquema de Carlinhos Cachoeira. Em março do ano passado, o bicheiro conversou com o ex-vereador, Vladimir Garcez, do PSDB, sobre negócios que ficariam em nome da Delta Nacional.

Carlinhos: Oi.
Wladimir: Seguinte: eu garanti que esta parceria tem que ser a nível de Brasil. Então, aí vai depender da Delta. Então, qualquer coisa, cê tem que dar um toque no Cláudio. Por eles, está tudo ok.
Carlinhos: Excelente! Então vai ficar tudo no nome da Delta, né?
Wladimir: É. Não. Fica no nome da Delta, mas aí é o seguinte, fica a parceria, mas nós temos que garantir que estes percentuais fiquem a nível de Brasil.

Dois minutos depois, Cachoeira fala com Cláudio Abreu, diretor regional da Delta, e que foi preso na operação Monte Carlo. Cláudio confirma o acerto.

Cláudio: Fala, amigo!
Carlinhos: O pessoal tá aí e tem que ser a nível de Brasil. Pega aí com ele aí e vai ficar tudo no nome da Delta, tá?

Cláudio Abreu, parentes e auxiliares do bicheiro terão os sigilos bancário, telefônico e fiscal quebrados, por ordem da CPI. Eles também serão convocados a depor na comissão, que aprovou 51 convocações e 36 quebras de sigilo.

E ficou para o dia 5 de junho a decisão sobre convocar ou não os três governadores alvos de pedidos para serem ouvidos na comissão. Durante a sessão, parlamentares da oposição e do governo se revezaram para negar qualquer tipo de acordo para evitar que os governadores tenham que ir à CPI se explicar.

Texto publicado originalmente às 5h48

Por Reinaldo Azevedo

 

18/05/2012 às 6:19

Grupo de Cachoeira pediu ajuda a Protógenes, apontam gravações

Por Fernando Mello e Natuza Nery, na Folha:
O grupo de Carlinhos Cachoeira procurou o hoje deputado federal Protógenes Queiroz (PC do B-SP) para tentar barrar uma investigação contra a empreiteira Delta em Goiânia, em 2009. Gravações da Polícia Federal indicam que o deputado, autor do requerimento que criou a CPI do Cachoeira, falou com Cláudio Abreu, então diretor da Delta e aliado de Cachoeira. Ele nega. Em 22 de maio de 2009, Abreu relatou a Cachoeira uma conversa, de acordo com a PF, com Protógenes. “Ele é muito direto, muito correto”, disse Abreu, segundo quem Protógenes afirmou: “Ah, eu não prometo resolver a situação, mas vou me empenhar.”

Segundo a PF, o grupo de Cachoeira fez contato por meio de Idalberto Matias. Na época, o empresário estaria preocupado com investigação contra a Delta na Câmara Municipal de Goiânia. Cachoeira reclamava que o vereador Elias Vaz estava “batendo demais”. Vaz é do PSOL e Protógenes negociava sua ida para o partido, o que não se concretizou. O vereador confirma ter encontrado Protógenes, mas nega interferência dele no caso. Em 8 de maio, Cachoeira pediu para Abreu ficar com o rádio ligado e avisou: “Protógenes vai falar com você.” Vaz não participou da investigação em Goiânia, arquivada em agosto de 2009.
(…)

Por Reinaldo Azevedo

 

18/05/2012 às 6:17

“PT quer tirar casquinha” de acidente no metrô, diz Alckmin

Por Diógenes Campanha e Paulo Gama, no Folha:
A colisão de dois trens da linha 3-vermelha do metrô, anteontem, deflagrou troca de ataques entre PSDB e PT na pré-campanha eleitoral. O governador Geraldo Alckmin (PSDB) acusou ontem os petistas de querer “tirar casquinha” do acidente para prejudicar José Serra, pré-candidato tucano à prefeitura. “Lamento profundamente que a política venha para essa baixeza eleitoral, [tentativa] de tirar casquinha, de quem não contribui com nada para o sistema metroferroviário”, disse.

Ele foi questionado, em entrevista após um evento no Palácio dos Bandeirantes, sobre a diminuição de investimentos na linha 3-vermelha. Na véspera, sete horas após o acidente, a bancada do PT na Assembleia divulgou levantamento afirmando que “os tucanos deixaram de investir mais de R$ 65 milhões” no ramal onde ocorreu a colisão. “Não [houve queda]. Aumentamos todos os investimentos”, afirmou Alckmin. Ele disse também que a União não investe no sistema metroferroviário do Estado. “Não tem um centavo do PT em metrô e trem em São Paulo. Nenhum centavo. Só tem críticas e aleivosias como essa. Pinçam números pontuais para fazer política eleitoral.”

APELO
O governador também fez um apelo para tranquilizar os passageiros. “Você teve um acidente. Não é uma coisa normal, não foi falha humana, por isso que está sendo verificada qual foi a origem e será corrigido o problema”, afirmou. O governador negou ainda que o sistema esteja saturado e disse que o usuário pode ficar tranquilo ao usar o metrô. As críticas de Alckmin surpreenderam até mesmo integrantes da equipe do governador, que classificaram a fala como “espontânea”. O deputado estadual Rui Falcão, presidente nacional do PT, disse que o partido não “festejou” o acidente “em nenhum momento”.
(…)

Por Reinaldo Azevedo

 

18/05/2012 às 6:15

Carona em jatinho de empresário complica Fernando Pimentel

Por Tânia Monteiro no Estadão Online:
A situação do ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Fernando Pimentel, pode se complicar na Comissão de Ética Pública da Presidência da República, em decorrência de uma nova denúncia contra ele, por ter viajado em jatinho cedido pelo empresário João Dória Júnior, em outubro do ano passado. Segundo informação do Portal Terra, Pimentel acompanhava a presidente Dilma Rousseff em viagem à Europa, e utilizou um avião fretado pelo empresário João Dória Júnior para ir da Bulgária, onde estava com a comitiva presidencial, até a Itália, para participar de um encontro com empresários brasileiros e italianos.

O artigo 7º, o Código de Conduta de Conduta da Alta Administração Federal diz que “a autoridade pública não poderá receber salário ou qualquer outra remuneração de fonte privada em desacordo com a lei, nem receber transporte, hospedagem ou quaisquer favores de particulares de forma a permitir situação que possa gerar duvida sobre a sua probidade ou honorabilidade”. Com base neste artigo, o PPS dá entrada nesta sexta-feira, 18, na Comissão de Ética do Planalto, com uma nova representação contra o ministro Pimentel, que será analisada na próxima reunião do conselho, dia 11 de junho.

A assessoria de imprensa do MDIC confirma a informação de que Pimentel usou o avião do empresário. O ministro disse que o evento com os empresários foi decidido de última hora e que, por isso, o ministro usou o avião do João Dória. Ainda de acordo com a assessoria, Pimentel não teria como usar avião oficial porque a aeronave era a presidencial que estava sendo usada por Dilma e comitiva. Pimentel, segundo o MDIC, foi autorizado a deixar a comitiva presidencial para ir ao evento com os empresários. “Saí da comitiva da presidente e fui mesmo para Roma, mas não fui em avião oficial porque o compromisso não fazia parte da agenda da presidente. Não tinha como ir de avião oficial. Ele (João Dória Júnior) mandou um avião e eu usei a aeronave que ele colocou pra mim naquele momento”, disse Pimentel, conforme a assessoria.

Ao Portal Terra, João Dória Júnior negou ter enviado avião para pegar Pimentel e disse não saber como o ministro chegou a Roma. O próprio Pimentel, no entanto, confirmou ter usado o jato oferecido pelo empresário.

Pimentel já devia explicações à Comissão de Ética, em relação às denúncias de suspeita de tráfico de influência porque a sua empresa, a P-21 Consultoria e Projetos, teria faturado mais de R$ 2 milhões com consultorias entre 2009 e 2010, que foram entregues ao órgão, com atraso, o que foi considerado “grave” pelo presidente da Comissão, Sepúlveda Pertence. Mas a Comissão não tomou medidas contra isso de imediato e ia analisar as explicações apresentadas depois, decidindo que caminho tomar em relação a Pimentel.

Post publicado originalmente à 0h56

Por Reinaldo Azevedo

 

18/05/2012 às 6:13

Dilma manda divulgar salários do Executivo e causa reação nos Poderes

Por Rafael Moraes Moura, no Estadão:
A decisão da presidente Dilma Rousseff de mandar publicar na internet os salários, com todos os penduricalhos, dos ocupantes de cargos públicos no Executivo desencadeou ontem uma reação dos sindicatos de servidores, que foi reforçada pela resistência da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) e entidades do Judiciário, e vai acabar em uma batalha judicial.

Com isso, a Lei de Acesso à Informação, criada com o objetivo de tornar a gestão pública mais transparente e eliminar as resistências à divulgação de dados oficiais, pode virar objeto de disputa entre Poderes. Servidores federais ameaçam ir à Justiça contra a divulgação de salários, auxílios, ajudas de custo, jetons e “quaisquer vantagens pecuniárias,” de maneira individualizada, dos ocupantes de cargos públicos.

Válido para o Executivo federal, o decreto publicado ontem no Diário Oficial da União deve constranger os Poderes Judiciário e Legislativo de todo País - e vai na contramão da postura do Senado Federal, que decidiu que os vencimentos dos funcionários são informação protegida.

Em cerimônia realizada no Palácio do Planalto na última quarta-feira, a presidente disse que a transparência funciona como inibidor eficiente de “todos os maus usos do dinheiro público”. “Fiscalização, controle e avaliação são a base de uma ação pública ética e honesta”, afirmou Dilma, que já perdeu sete ministros por conta de denúncias.

Para o secretário-geral da Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef), Josemilton Maurício da Costa, a divulgação de salários expõe a intimidade do servidor.

“Transparência tem limite. O servidor já declara o seu imposto de renda, vai ter exposto o contracheque pra todo mundo ver? É no mínimo quebra de sigilo, é um desrespeito à intimidade do servidor e abre espaço para tudo que é mazela, sequestro relâmpago, má-fé”, criticou Costa, que não quis informar seu salário.

“A presidente Dilma tem de se preocupar é com quem pratica a dilapidação do patrimônio público e acumula rendas ilícitas. Hoje o governo Dilma virou balcão de negócios, esses (os servidores comissionados) é que têm de ter sua renda exposta.” Na avaliação do secretário-geral do Sindicato dos Servidores Públicos Federais no DF (Sindsep-DF), Oton Pereira, a divulgação individualizada é “invasão de privacidade”.

“A corrupção e os desvios públicos não se dão no contracheque do servidor. Se dão nas negociatas, convênios, nas terceirizações, nas negociatas dos gabinetes ministeriais. É desviar a atenção do foco principal”, condena. “Os servidores conhecem muito bem os salários de todo mundo. É invasão de privacidade.” Questionado pelo Estadão, o secretário-geral disse que ganha mensalmente R$ 5.650 brutos. Sindsep e Condsef já estão consultando suas assessorias para ir à Justiça e reverter a decisão da presidente, caso o Planalto não volte atrás.
(…)

Por Reinaldo Azevedo

 

18/05/2012 às 6:11

Comissão da Verdade: “Dilma deveria ter a modéstia de olhar para a frente”, diz general

Por Tânia Monteiro, no Estadão:
Ex-ministro do Exército do governo José Sarney, o general da reserva Leônidas Pires Gonçalves atacou a presidente Dilma Rousseff e a Comissão da Verdade instalada na quarta-feira, em solenidade no Palácio do Planalto, classificando-a de “uma moeda falsa, que só tem um lado” e de “completamente extemporânea”. Ao Estadão, Leônidas disse que a presidente Dilma deveria ter “a modéstia” de deixar de olhar o passado e olhar para frente, “para o futuro do País”.

Recolhido em sua residência, Leônidas, que está com 91 anos, evita fazer declarações à imprensa, mas fez questão de falar sobre a instalação da Comissão da Verdade por considerar que os militares estão “sendo injustiçados” e não vê quem os defenda no governo. Segundo ele, quando Nelson Jobim era ministro da Defesa havia um interlocutor. “Ele se colocava”, disse. “Mas o seu sucessor, Celso Amorim, que deveria se manifestar está ligado ao problema.”

O general se diz indignado com o que define como “injustiça que está sendo feita com o Exército”. Para ele, a Força está sendo “sumariamente julgada e punida”. Mas Leônidas defendeu a liberdade de expressão. “Que se respeite a minha opinião. Aqui é uma democracia. A palavra é livre e isso foi graças à nossa intervenção”, reagiu.

Para ele, “embora o discurso seja de que não haverá punição com esta Comissão da Verdade, já estão promovendo a maior punição ao Exército, que está tendo o seu conceito abalado injustamente”.

O ex-ministro do Exército acha que os comandantes militares deveriam falar em defesa da categoria e espera que eles, pelo menos, estejam levando a insatisfação dos oficiais aos demais integrantes do governo em relação à Comissão da Verdade. Leônidas declarou ainda que os comandantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica “têm de orientar como os militares que forem chamados à comissão devem se comportar”.
(…)

Por Reinaldo Azevedo

 

17/05/2012 às 22:12

Fala o presidente da ABI: Estão querendo intimidar a imprensa

O programa Observatório da Imprensa fez um debate sobre a CPI do Cachoeira e a atuação do jornalismo. Maurício Azêdo, presidente da Associação Brasileira de Imprensa, falou sobre a iniciativa daqueles que querem convocar Policarpo Júnior, da VEJA, para depor. Para ele, trata-se de uma ação para intimidar jornalistas e veículos de comunicação. Transcrevo, em azul, trecho do site do Observatório. Volto depois:
(…)
 ”Os jornalistas teriam que ser muito cautelosos, e até recuar na sua atividade profissional, para não se expor ao vexame que seria comparecer a uma CPI. Isso é muito grave e tem o conteúdo de vendetta (vingança). É uma diminuição dos altos propósitos que deve ter uma Comissão Parlamentar de Inquérito; é colocar um instrumento de investigação parlamentar a serviço de interesses pessoais de deputados e senadores e de todos aqueles que queiram fazer um ajuste de contas com os jornalistas e com os seus veículos”.

O presidente da ABI ressaltou que a postura da entidade não é de corporativismo e visa proteger os jornalistas. “Os jornalistas não podem ser submetidos ao risco de ser escalpelados pelos políticos que têm, inclusive, o poder de falar, de ir à tribuna, de fazer denúncias, enquanto os jornalistas teriam um papel absolutamente passivo. Só teriam duas alternativas. Ou responder ou calar, e com isso se prestar a ser incriminado como pessoa que sonegou informações à CPI. Na verdade, chamar jornalistas a depor é uma advertência ao conjunto dos profissionais e aos meios de comunicação: ‘Vocês tomem cuidado porque podem ser chamados a sentar no banco dos réus’”, afirmou Azêdo.

A ABI também repudiou a promiscuidade que se instala no exercício da atividade profissional, onde não se distingue com clareza “quem é mocinho e quem é bandido”. Azêdo destacou que há muitos jornalistas que estão utilizando métodos criminosos para obter a informação.

Voltei
Endosso cada palavra de Azêdo — e duvido que as pessoas decentes e de bom senso não façam o mesmo. O Observatório reuniu vários profissionais de imprensa para debater o que chamou de “jornalismo fiteiro” — que se apega só a fitas. De fato, se o conteúdo de fitas, com autorização legal ou não, vira a base única de reportagens, sem qualquer outra apuração, o expediente é condenável. Afinal, pode induzir a erro.

“Jornalismo fiteiro” — ou melhor: “subjornalismo fiteiro” — é o que certa vagabundagem tentou usar contra a VEJA. Sem que se soubesse nem sequer o conteúdo dos grampos da PF, saíram a espalhar mentiras e leviandades. Tudo conhecido, revelou-se a fraude das acusações, e ficou evidente o que aponta Azêdo: a tentativa de intimidação.

Noto, partindo para o encerramento, que só agora, quando o PT é poder, é que surge o debate sobre o que eu chamaria “qualidade moral da fonte original”. Quando os tucanos estavam no Planalto, essa conversa não existia, e mesmo fitas clandestinas serviam de base para reportagens, não é? E ninguém tentava levar jornalista para a CPI.

Essa história produz é muita espuma e pouca substância. Quem quiser saber como se comporta  o “jornalismo não fiteiro”, que apura reportagens, pode ler o depoimento que Policarpo Júnior prestou à Comissão de Ética da Câmara em 2005. A divulgação de gravações em que um deputado federal — André Luiz — tentava extorquir um contraventor resultou na cassação do parlamentar. O jornalista cercou-se de todos os cuidados e só publicou a reportagem quando não havia a menor dúvida sobre o que estava acontecendo.

No fim das contas, desde que o jornalista não tenha ajudado a produzir provas e a criar a notícia e desde que a informação que lhe tenha chegado às mãos seja de interesse público, só resta uma coisa a fazer: divulgá-la, depois de devidamente apurada.

Jornalista, tomados os devidos cuidados — e já falamos muitas vezes quais são eles —, não é censor nem de fonte nem dos fatos.  Moralmente condenável é não divulgar a informação.

De resto, caros leitores, o jornalismo brasileiro que se leva a sério costuma ser bastante cuidadoso. Sim, sabemos muito mais do que publicamos. Mas nem sempre há as provas. Sem elas, nada feito! Com a esgotosfera, é diferente: as provas costumam atrapalhar o seu trabalho criminoso. A palavra do presidente da ABI vem em boa hora. Pergunto-me é a razão do silêncio de outras entidades que representam jornalistas, a começar da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraj). Algum de seus diretores teria atuado ou atua de modo diferente? Têm prestado serviços relevantes ao país falando apenas com as carmelitas descalças?

Por Reinaldo Azevedo

 

17/05/2012 às 20:35

“Não gostei”. Ou: Roxo de raiva!

collor-contrariado

Foto mostra o senador Fernando Collor (PTB-AL) contrariado com a rejeição de sua tentativa de intimidar a imprensa. Ele está com aquilo — no caso, a memória — roxo de raiva. Há 20 anos pretende se vingar do jornalismo independente. À direita, o deputado Miro Teixeira (PDT-RJ), que teve de lembrar ao senador os fundamentos da liberdade de imprensa numa democreacia (Foto: André Coelho/O Globo).

Por Reinaldo Azevedo

 

17/05/2012 às 20:17

Tablets - App “24 horas VEJA.com” vence Prêmio Oi Tela Viva Móvel

Da VEJA Online:

O aplicativo 24 horas VEJA.com conquistou sua primeira premiação na noite desta quarta-feira, em São Paulo: o 4º Prêmio Oi Tela Viva Móvel 2012, na categoria tablet. A eleição foi feita pelos usuários, que escolheram os melhores programas em várias categorias a partir da indicação de um júri formado pelos jornalistas Bruno Rosa (do jornal O Globo), Elis Monteiro (Telefonia Etc), Fernando Paiva (Mobile Time) e Renato Cruz (do jornal O Estado de S. Paulo). Neste ano, o número recorde de 195 participantes concorreu aos prêmios.

O app 24 horas VEJA.com literalmente lê - graças ao recurso text-to-speech, que verte textos para áudio - reportagens para o usuário, oferece previsão do tempo e indicadores finanaceiros, e emite alertas sobre compromissos e aniversários (com sistema integrado ao Facebook). É possível ainda programar horários para que o aplicativo seja acionado. O programa está disponível para iPads e iPhones na App Store, loja on-line da Apple, e custa 2,99 dólares.

Apps VEJA -
24 horas VEJA.com é mais uma iniciativa de VEJA para levar seu conteúdo às plataformas móveis. Desde 2010, estão disponíveis apps para iPhone, iPod e iPad e também para smartphones e tablets que rodam com o sistema operacional Android, do Google.

Os aplicativos para smartphones oferecem o conteúdo integral do site ao leitor, que pode se manter informado, em tempo real, a partir de reportagens, artigos analíticos, fotos e vídeos que cobrem as áreas de Brasil, internacional, economia, celebridades, esportes, ciência, educação, saúde e tecnologia. Outras atrações são colunas e blogs exclusivos, a tradicional lista de livros mais vendidos da semana e a seção “Frases”, com as declarações mais inteligentes (ou vazias) proferidas por personalidades do Brasil e do mundo. Todos os conteúdos podem ser compartilhados via e-mail ou Twitter.

Gratuitos, os programas acumulam marcas expressivas que os colocam entre os mais procurados por usuários de dispositivos móveis no Brasil. Para fazer o download na iTunes Store, loja virtual da Apple, o usuário tem duas opções:

Via web
Acesse a página de download da iTunes Store. O endereço traz as instruções para a instalação.

Via iPhone
Com o seu iPhone ou iPod Touch em mãos, clique no ícone “App Store”. Em seguida, clique em “Buscar” (ou “Search) e digite o nome do aplicativo: VEJA.

A versão para Android também oferece duas opções para baixar o programa:

Via web
Acesse a página de download da Android Market. O endereço traz as instruções para a instalação.

Via smartphone
Com o seu aparelho em mãos, clique no ícone “Android Market”. Em seguida, clique em “Buscar” (ou “Search) e digite o nome do aplicativo: VEJA.

Revista nos tablets
Outro sucesso de audiência é o aplicativo para tablets iPad e Android. VEJA foi a primeira publicação brasileira a criar uma versão integral de suas edições para o tablet da Apple, adicionando ao conteúdo da revista animações, infográficos dinâmicos, galerias de fotos e vídeos - além de edições especiais exclusivas.

O aplicativo de VEJA para iPad está disponível gratuitamente. Para baixá-lo, basta clicar no ícone App Store, no caso do iPad, ou Android Market, para tablets com o sistema do Google. Em seguida, acessar o menu “Buscar” (ou “Search”) e digitar o nome do programa: VEJA. O conteúdo é atualizado semanalmente, nas manhãs de sábado.

Por Reinaldo Azevedo

 

17/05/2012 às 20:01

Bovespa tem a maior baixa desde setembro de 2011

Na VEJA Online:
A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) teve mais um dia de perdas generalizadas nesta quinta-feira, com seu principal índice sofrendo o maior tombo desde setembro do ano passado e recuando ao menor patamar em quase sete meses. A queda ganhou força após a agência de classificação de risco Fitch ter rebaixado o rating da Grécia, agravando o pessimismo dos mercados sobre os impactos de uma eventual saída do país da zona do euro.

O Ibovespa amargou o oitavo pregão seguido no campo negativo, caindo 3,31%, a 54.038 pontos. Foi a maior baixa diária desde 22 de setembro, quando a queda foi de 4,8%. O índice também atingiu a menor pontuação de fechamento desde 20 de outubro, aos 54.009 pontos. O giro financeiro do pregão somou 8,35 bilhões de reais.

Grécia
“Acho que é um movimento um pouco exagerado, já virou um efeito manada”, disse Eduardo Dias, analista na Omar Camargo Corretora. “Ibovespa a 55 mil pontos já era exagero; a 54 mil pontos, então, nem se fala. Para mim já chegou em ponto de compra.”

A crise política na Grécia e um possível contágio de países como Espanha e Itália seguem impondo forte clima de cautela. Nesta tarde, a agência de classificação de risco Fitch rebaixou o rating da Grécia de “B-” para “CCC”, citando o elevado risco de o país ter de sair da zona do euro.

“Essa questão da Grécia assusta investidores e pode provocar, em um primeiro momento, uma situação de retração dos fluxos de capitais de certa forma comparável a 2008″, disse Newton Rosa, economista-chefe na Sul América Investimentos.

Bancos espanhóis
Mais cedo, também pesou sobre os mercados a preocupação com a situação dos bancos na Espanha e com os dados mais fracos que o esperado nos Estados Unidos. Indicadores da atividade econômica americana tiveram queda pela primeira vez em sete meses. Em Wall Street, o Dow Jones fechou em queda de 1,24%.

Dentre as ações com maior peso no Ibovespa, a preferencial da Petrobras devolveu os ganhos da véspera e fechou em queda de 4,46%, a 18,43 reais, enquanto a preferencial da Vale caiu 3,66%, a 34,78 reais. OGX recuou 5,59%, a 10,97 reais. Papéis de bancos também se destacaram entre as baixas do pregão, com Banco do Brasil recuando 4,9%, a 19,40 reais, e Bradesco com queda de 4,38%, a 26,88 reais.

Apenas dois dos 68 ativos que compõem o índice fecharam em alta: CCR Rodovias subiu 2,09%, a 15,62 reais, e MRV Engenharia avançou 1,66%, a 9,81 reais.

Por Reinaldo Azevedo

 

17/05/2012 às 18:51

Agência Brasil cai na esparrela do JEG e publica reportagem com informação errada sobre jornalista da VEJA. Aguarda-se a correção

A Agência Brasil, do governo federal, publicou uma reportagem, assinada por Luciana Lima, com uma baita informação errada relacionada à revista VEJA. Escreve Luciana:
“Brasília - O requerimento para resgatar informações prestadas pelo jornalista Policarpo Júnior, diretor da sucursal da revista Veja, em Brasília, à Comissão Parlamentar (CPI) dos Bingos, em 2006, causou discussão entre os parlamentares da CPMI do Cachoeira. O requerimento foi apresentado pelo senador Fernando Collor de Mello (PTB-AL)…”

Policarpo Júnior nunca depôs na CPI dos Bingos!!! Essa é uma das mentiras que o JEG espalha por aí. Conforme demonstro no post abaixo, ele foi convidado a falar na Comissão de Ética da Câmara em fevereiro de 2005. Não estou aqui a inferir que a Agência Brasil e Luciana agiram de má fé. Até acho que não! Talvez tenham se contaminado, sem querer, por uma súcia criminosa, disfarçada de jornalismo, que sai por aí afirmando o que lhe dá na telha. Collor jamais poderia, pois, ter requisitado o que nunca existiu. No post das 16h37, digo qual é o conteúdo do requerimento do senador e o que pretendia com aquilo.

Experiência positiva
Tenho uma experiência positiva com a Agência Brasil, comandada por Nelson Breve, no que diz a reconhecimento de erro. E fevereiro, a empresa reconheceu que errou ao dar curso, sem a devida apuração, a uma informação falsa sobre os mortos, que nunca existiram, na desocupação da área conhecida como Pinheirinho, no interior de São Paulo. Apontei o problema aqui, e se fez o certo. Só que demorou um pouco: o erro foi cometido no dia 23 de janeiro e só foi corrigido no dia 6 de fevereiro.

Espero que, desta vez, a correção seja mais rápida. E que fique o alerta, de braços dados com Santo Agostinho, que deveria valer para o governo como um todo — ou para todos os governos:
“Prefiro os que me criticam porque me corrigem aos que me adulam porque me corrompem”.

O JEG não pode ser fonte da Agência Brasil. A Agência Brasil é que tem de ser um exemplo de correção, deixando a mentira e a fofoca para os que são pagos para mentir e fofocar. Prezo o seu papel institucional. Ela não pode ser vir ao governo ou a partidos. Tem de servir ao Brasil. Se e quando a correção for feita, noticio aqui.

Por Reinaldo Azevedo

 

17/05/2012 às 18:18

A VERDADE SOBRE MAIS UMA FARSA – Jornalista da VEJA nunca foi testemunha de defesa de Cachoeira. Isso é apenas uma MENTIRA! Também nunca depôs na CPI dos Bingos! É outra mentira!

Eles mentem e enrolam. Eu trago os fatos documentados. Vamos pôr fim a mais uma pilantragem.

Uma das canalhices que se espalham por aí — e a rede suja, a soldo, comporta qualquer coisa — é aquela que sustenta que Policarpo Junior já foi testemunha de defesa de Carlinhos Cachoeira na CPI dos Bingos. Não é ingenuidade. Não é ignorância. Não é confusão. Trata-se pura e simplesmente de má-fé.

Quais são os fatos, que podem ser comprovados em pesquisas no noticiário daquele período e no documento que torno público hoje (link daqui a pouco)? Em 2005, a Assembleia Legislativa do Rio fazia uma CPI sobre bingos e jogo ilegal. A investigação nasceu, aliás, de uma reportagem publicada pela revista Época sobre as lambanças na área de jogos perpetradas por Waldomiro Diniz, ex-assessor de José Dirceu.

Carlinhos Cachoeira procurou a reportagem da VEJA em Brasília para dizer que estava sendo extorquido por um deputado federal  para que seu nome fosse excluído da investigação. A extorsão estaria sendo praticada pelo então deputado federal André Luiz (PMDB-RJ). Queria R$ 4 milhões para pagar dívidas de campanha.

Muito bem! Cachoeira procurou a VEJA, perguntou se era do interesse da revista ter em mãos as provas sobre a extorsão. Ora, que jornalista no mundo diria ”não”? Pois bem! O contraventor gravou as conversas. Tudo devidamente comprovado. A revista tomou o cuidado de mandar periciar os CDs para saber se não havia alguma montagem. Não havia! A reportagem foi publicada, e se abriu um processo de cassação de André Luiz no Conselho de Ética da Câmara.

ATENÇÃO! POLICARPO FOI CONVIDADO A DEPOR, E NÃO CONVOCADO, PELO CONSELHO DE ÉTICA! Foi e explicou as circunstâncias em que foi procurado e deixou claros os procedimentos éticos da revista — entre eles, NÃO PRODUZIR PROVA NEM AJUDAR A PRODUZI-LAS, que isso não é coisa de jornalista, nem pagar para obter informações. Eles escondem, eu mostro. A íntegra do depoimento de Policarpo está aqui.

Reproduzo aqui um trecho do depoimento de Policarpo, que demonstra os cuidados que a VEJA toma em situações desse tipo. O deputado Chico Alencar quis saber se o primeiro encontro de Policarpo com Cachoeira se dava sem o conhecimento da revista. O então repórter especial revela que estava acompanhado do então chefe da sucursal de Brasília, André Petry, hoje correspondente da VEJA em Nova York:

O SR. DEPUTADO CHICO ALENCAR — O senhor é editor especial da revista Veja. Para produzir uma matéria desse teor, já que, claro, a revista deve ter zelo para com seu nome, seu peso, sua densidade, o senhor consultou outras pessoas? Houve uma reunião do Conselho Editorial para dar curso a essa matéria?

O SR. POLICARPO JÚNIOR — Nesse primeiro contato que foi marcado com o Sr. Carlos Cachoeira, tomei o cuidado de ir acompanhado do chefe da sucursal aqui em Brasília. Eu já tinha avisado a ele que levaria mais uma pessoa, até porque a gente não se conhecia e eu sequer sabia qual era o objeto da conversa, pois ele não havia dito nesse contato telefônico. Ele disse apenas que queria conversar com a revista e que teria uma matéria que poderia ser do nosso interesse.

De novo! O jornalista da VEJA falou ao Conselho de Ética da Câmara, não à CPI dos Bingos, na condição de testemunha de um fato: uma tentativa de extorsão. Não era testemunha de defesa de Cachoeira porque o processo em curso dizia respeito ao então deputado André Luiz. Falou o que sabia e o que as gravações revelavam: a tentativa de extorsão tinha mesmo acontecido, e o deputado foi cassado. Qual era a alternativa? VEJA deveria ter se recusado a publicar a reportagem? Um deputado federal decide extorquir um contraventor para livrá-lo de uma investigação, o jornalismo tem as provas nas mãos e faz o quê?

“Ah, mas quem tinha fornecido a gravação à VEJA era um contraventor!” E daí? Isso era segredo para alguém? Nem para o Conselho de Ética! Aliás, se havia a chantagem, é bem provável que houvesse motivos para tanto, o que não livra a cara do chantagista, especialmente quando lhe cabe punir o malfeito, em vez de usá-lo em seu proveito. Quando VEJA fez a reportagem, estava claro qual era o ramo de atuação de Cachoeira. Que as autoridades competentes fizessem a sua parte, ora!

O depoimento de Policarpo está aí. É público. Leiam tudo (é enorme) se tiverem tempo, com especial atenção aos trechos em negrito. Ele não foi ao Conselho para ter questionada a sua lisura como jornalista. Aquele grupo não estava acusando o MENSAGEIRO. Estava preocupado com a mensagem. É diferente do que pretendem Collor e alguns petistas na CPI. Em vez de tentar apurar as óbvias falcatruas que envolvem a turma de Cachoeira e a construtora Delta, eles querem satanizar os jornalistas que fazem reportagens.

Quando vocês toparem com a afirmação demencial de que Policarpo foi testemunha de defesa de Cachoeira na CPI dos Bingos, respondam com a verdade: ele nunca foi à CPI dos Bingos. Foi à Comissão de Ética da Câmara a convite, num processo de cassação de um deputado chantagista! Querem os idiotas e os pilantras que a revelação da chantagem atrapalhou os trabalhos da CPI e ajudou Cachoeira. É mesmo? Por quê? O que impedia tanto os deputados estaduais do Rio como os deputados federais de investigar o jogo e pegar Cachoeira? VEJA deveria, tendo em mãos as provas que tinha, ter deixado na Câmara um chantagista?

É isso. Mais uma farsa vai para o ralo, porta de entrada da esgotosfera.

Por Reinaldo Azevedo

 

17/05/2012 às 16:37

Rejeite a fantasia, fique com os fatos: Collor, mais uma vez, tenta intimidar a imprensa, mas maioria rejeita vendeta. Ou: O petista que não quer “devassar” a Delta, mas quer devassar a imprensa!

Vamos lá. Vocês podem confiar neste relato ou no daqueles que divulgaram aos quatro ventos que havia 200 ligações (!) entre o jornalista da VEJA e Carlinhos Cachoeira… Até agora, nada de publicar o desmentido. Bando de vigaristas!!! Vocês podem ficar com os fatos ou com aqueles que se juntaram a mensaleiros e chefes de quadrilha para fazer da CPI um instrumento de intimidação da imprensa. O relato abaixo tem algumas tecnicalidades. Mas assim são os fatos. E é bom prestar atenção aos detalhes para não cair na conversa de pistoleiros.

A CPI tinha de votar hoje um monte de requerimentos (ver post anterior). Votou. Por enquanto, não se falou da convocação nem de governadores nem de Fernando Cavendish. É isto mesmo: Fernando Collor — aquele cujos familiares, segundo a PF, a Interpol e o FBI compraram o fajuto Dossiê Cayman — e alguns petistas da CPI não estão interessados nessas coisas. Eles querem é satanizar o jornalismo independente; eles querem é mandar um recado: “Quem se atreve a nos investigar um dia será enviado ao paredão!”. Adiante.

Collor apresentou na semana passada um requerimento pedindo que fossem pinçadas, do conjunto dos grampos das operações Vegas e Monte Carlo, a transcrição de todas as eventuais conversas que citam o nome do jornalista Policarpo Júnior, da VEJA. Segundo disse, “é necessário que pincemos esses trechos para que fique comprovado um conluio entre Policarpo Júnior e Cachoeira”.  Como se percebe, sua fala não deixa a menor dúvida: ele não quer apurar nada; ele já tem a sentença de condenação… da imprensa!!! A propósito: “conluio” uma ova! Conluio fizeram aqueles que compraram o Dossiê Cayman de bandidos para praticar bandidagens!

O senador apresentou o requerimento na semana passada. O relator, Odair Cunha (PT-MG), poderia tê-lo posto para votar ou não, já que a fila era gigantesca. Não teve dúvida: pôs! Portanto, a acusação de que o relator estaria “aliviando” a situação da VEJA é uma piada ridícula. Até porque não há o que aliviar. Qual é a nova acusação agora do subjornalismo aloprado? Ora a revista estaria conspirando contra o PT, ora com os petistas? Essa gente não se cansa? Não se envergonha?

Qual é o ponto?
As transcrições das gravações — aquelas que, segundo os dois delegados, evidenciam uma relação normal entre repórter e fonte — fatalmente chegarão aos parlamentares. Até porque os áudios já circulam por aí. A senadora Kátia Abreu (PSD-TO) foi ao ponto: lembrou que o senador Pedro Taques (PDT-MT) já havia feito o requerimento para que a comissão tivesse acesso à transcrição de TODAS as conversas e que, pois, o requerimento de Collor estava prejudicado. Segundo a senadora, Collor estava tentando “constranger a imprensa” e “tutelar a relação do jornalista com suas fontes”.

Kátia não foi a única a reagir com indignação. Parlamentares da oposição e da base aliada perceberam a manobra e a repudiaram. “A proposta abre um precedente perigoso e inominável”, afirmou o deputado Miro Teixeira (PDT-RJ). Taques classificou o requerimento de “absolutamente inconstitucional e ridículo” e disse que parecia mais “vingança e autoritarismo”. O deputado Silvio Costa (PE), do PTB, mesmo partido de Collor, afirmou: “Nós não podemos transformar esta CPI numa espécie de paraíso do revanchismo. Senador Collor, se reencontre com o país”. O deputado Paulo Teixeira (PT-SP) e o senador Humberto Costa (PT-PE) apoiaram, evidentemente, com a… tentativa de vendeta.

No fim das contas, Odair Cunha, o relator, acabou concordando com o óbvio: se havia, como apontou a senadora Kátia Abreu, o requerimento de Taques para que se tivesse acesso a todas as transcrições, o de Collor não fazia sentido, estava prejudicado. A menos, claro!, e isto digo eu, que o relator abandonasse o seu papel institucional para integrar a pantomima persecutória do senador de Alagoas.

Teste
REITERO: todos terão acesso às transcrições de todas as conversas, pouco importa quem seja citado. Collor estava fazendo um teste, verificando se ações persecutórias contra a imprensa podem ou não prosperar na CPI. A reação nesta quinta-feira foi positiva. Não há absolutamente nada — RIGOROSAMENTE NADA!!! — que incrimine ou ponha sob suspeita qualquer profissional ligado à revista. “Ah, se é assim, então que se aprove o requerimento; que o Policarpo vá depor, que isso, que aquilo…” ERRADO! CEM POR CENTO ERRADO! Transformar a CPI do Cachoeira na “CPI da Imprensa” era tudo o que queriam os mensaleiros e seus defensores desde o começo. Só deram apoio à comissão na esperança de ter um palco para suas acusações despropositadas, numa tentativa de vingança.

E se vingar do quê? Do nada! Apostam na sua capacidade de criar falsas evidências, de pôr para circular mentiras (como as inexistentes 200 ligações entre Cachoeira e Policarpo), de usar a rede suja na Internet para espalhar ilações infundadas. Que se ouçam todas as fitas! Que todas as transcrições venham a público — como, aliás, estão vindo! E se verificará que nada há nelas que evidencie um passo além do que permite a ética profissional.

Se Collor tivesse sido bem-sucedido nesta quinta, poderia ter a esperança de fazer a tão sonhada CPI da Imprensa. Ele espera por isso há 20 anos! Ele espera por isso desde que Pedro, seu irmão, apareceu na capa da VEJA contando tudo.

Para encerrar
Olhem que mimo: Paulo Teixeira, que apoiou entusiasticamente a proposta de Collor, manifestou-se contra a quebra de sigilo da Delta em escala nacional. Afirmou: “A generalização cheira a devassa”. Entendi! A Delta, íntima do esquema Cachoeira, como vimos, que tem R$ 4 bilhões em contratos com o governo federal, não pode ser “devassada”. Isso Teixeira não quer! Ele defende é que se faça uma devassa nas conversas de jornalistas com suas fontes. E conta, para tanto, com a ajuda de Collor, aquele que, segundo a PF, o FBI e a Interpol, recebeu o Dossiê Cayman, que custou mais US$ 2 milhões.

Por Reinaldo Azevedo

 

17/05/2012 às 15:45

Daqui a pouco…

… o esforço infrutífero de Fernando Collor e alguns petistas para mandar a imprensa para o paredão.

Por Reinaldo Azevedo

 

17/05/2012 às 14:49

CPI do Cachoeira poupa Delta, governadores e políticos de investigação

Por José Ernento Credendio e Andreza Matais, na Folha Online:
A CPI do Cachoeira livrou, nesta quinta-feira, governadores e parlamentares da quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico e de serem convocados a explicar suas relações com o empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. A empreiteira Delta, apontada pela Polícia Federal como braço financeiro do esquema, também não terá seus sigilos quebrados nacionalmente, “por falta de indícios”, no entendimento da maioria da comissão. A CPI livrou ainda da investigação o presidente licenciado da empreiteira, Fernando Cavendish.

Os deputados e senadores aprovaram apenas a quebra do sigilo da empresa Delta na região Centro Oeste, além dos sigilos de pessoas sem foro privilegiado que assessoravam Cachoeira e já foram investigadas pela Polícia Federal, conforme antecipou a Folha na edição de hoje.

A votação foi orquestrada pelo PT e PMDB, que comandam a CPI. O relator, deputado Odair Cunha (PT-MG), sequer colocou em votação os requerimentos acerca dos governadores e da Delta nacionalmente. Esses requerimentos só devem na pauta da CPI no dia 5 de junho. “Nós não vamos fazer devassa”, afirmou o deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP). “A generalização cheira a devassa”, complementou o deputado Paulo Teixeira (PT-SP).

PIZZA
Conforme a Folha antecipou na edição de hoje, foi feito um acordão entre caciques do PT, PMDB e PSDB para poupar os governadores Marconi Perillo (PSDB-GO), Agnelo Queiroz (PT-DF) e Sérgio Cabral (PMDB-RJ). No pacote dos governistas entrou ainda a preservação da Delta nacionalmente, que tem obras com o governo federal.

“Reuniu-se um grupo numa sala e decidiram quem vai morrer. O Rio de Janeiro está enterrado até a alma. O que vamos dizer?”, afirmou a senadora Kátia Abreu (PSD-TO). “Na minha opinião, estamos convocando os bagrinhos da história. Os importantes estão de fora”, complementou.

“Dá impressão de estarem selecionando alvos por orientação política partidária”, criticou o senador Álvaro Dias (PSDB-PR). “É um mal começo desta CPI”, disse o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), um dos poucos a insistir na convocação dos governadores. “Estamos amarelando”, afirmou o senador Pedro Taques (PDT-MT).
(…)

Por Reinaldo Azevedo

 

17/05/2012 às 6:29

COMISSÃO DA VERDADE: Quando a suposta dialética da história vira discurso esquizofrênico. Ou: A grande falha lógica do discurso de Dilma. Ou: Conteste se for capaz!

Leitores me pediram para manter este texto no alto por mais um tempo. Aqui está.

Caras e caros, de braços dados com a história e a lógica, acho que escrevi o meu melhor texto sobre a Comissão da Verdade. Avaliem.
*
A presidente Dilma Rousseff realizou hoje a solenidade de instalação da dita “Comissão da Verdade” (ver post anterior). Escrevi nesta manhã um longo texto a respeito. Também a mim não me moveu o revanchismo! Até porque tomei algumas bordoadas na luta pela redemocratização do país e tive de aguentar um “agente do regime” no meu pé quando tinha meros 16 anos… Não fui torturado como Dilma nem me tornei o burguês das lutas alheias, como o companheiro “ApeDELTA”, que nunca sofreu, felizmente, um arranhão, embora receba pensão permanente por ter sido “molestado” pela ditadura. A grana deve andar, aí, em torno de R$ 6 mil por mês. Continuo o apaixonado de sempre pelos fatos — aos 16, a minha perspectiva era certamente outra, mas já me incomodava a ideia de que o Estado pudesse sufocar os indivíduos com as suas verdades, a despeito dos… fatos! Por isso me fiz, vamos dizer assim, um “rebelde”. Por isso continuo, vamos dizer assim, um “rebelde”.

Eu me dei conta esses dias de que fui crítico, a cada hora numa trincheira, de todos os governos de Geisel pra cá. E, hoje, costumo bater boca, ainda que indiretamente, com sumidades que apoiaram todos os governos — de Geisel pra cá!!! São mais inteligentes do que eu, claro! O “progressismo” já fez verdadeiros milionários no Brasil. Fui de esquerda quando dava prejuízo. Deixei de sê-lo quando passou a dar lucro! Sujeito burro!!!

Sim, o tempo foi me convencendo, e já há muito é uma convicção da qual não abro mão, de que a democracia é mesmo o pior regime de governo possível, com a exceção de todos os outros, como disse aquele do uísque com charuto… Não é o modelo perfeito, mas é o que permite, ao menos, tratar as diferenças sem ter de avançar no pescoço alheio. Na democracia, “pacta sunt servanda“. E fim de papo! Vale o combinado. Os acordos têm de ser cumpridos. Os contratos não podem ser desrespeitados.

É o contrário do que pensa boa parte — se é que não se fala da totalidade — das esquerdas. Costumam apelar à chamada “dialética da história” para sustentar que leis, mesmo democraticamente instituídas, podem e devem ser desrespeitadas se essa for “a vontade da sociedade”. Chamam de “vontade da sociedade” a pauta que elas próprias definem. Dos 16 aos, mais ou menos, 21, também cheguei a acreditar nisso. Quando descobri que era a porta de entrada de todos os males do mundo; quando me dei conta de que essa perspectiva correspondia à morte do humanismo — à medida que ela não comporta qualquer princípio inegociável —, caí fora! Constatei que se tratava de um mal superior àqueles outros que eu combatia (e que continuo a combater) porque, em nome da resistência e de um mundo alternativo, então tudo era possível. Se me era dado combater o que considerava “imoralidade alheia” com a ausência da moral (coisa de “burgueses”), então a diferença entre “nós” e “eles” é que o mal que preconizávamos não tinha limites. A nossa vantagem comparativa estava em surpreendê-los usando seus métodos detestáveis e indo muito além. É claro que passei a repudiar essa visão de mundo de modo absoluto.

Pois bem. Dilma instalou nesta quarta a Comissão da Verdade. Negou a perspectiva revanchista, embora as declarações de pelo menos três membros do grupo — Maria Rosa Cardoso da Cunha, Paulo Sérgio Pinheiro e Maria Rita Kehl — afrontem de forma clara o texto da lei. Dizem com todas as letras — e contra a letra legal, reitero — que o objetivo da comissão é apurar as transgressões aos direitos cometidas apenas por um dos lados. A Comissão da Verdade não reconheceria (e não reconhecerá), assim, as mais de 120 vítimas que as esquerdas também fizeram no país. É mentira, mentira absoluta, que toda a cadeia de comando que resultou nessas mortes tenha sido identificada. Ao contrário até: assassinos notórios, ou seus partidários, passaram a receber, diretamente ou por meio de familiares, indenização do estado. Não adianta me xingar, me ofender, nada disso. Se puderem, neguem a evidência. Se não puderem, tenham ao menos a coragem de defender que alguns são maus assassinos, e outros, bons assassinos.

No discurso de instalação da comissão, afirmou a presidente:
“Ao instalar a Comissão Nacional da Verdade, não nos move o revanchismo, o ódio ou o desejo de reescrever a história de forma diferente do que aconteceu, e sim a necessidade imperiosa de conhecê-la em sua plenitude, sem ocultamentos, sem vetos. É a celebração da transparência da verdade de uma nação que vem trilhando um caminho da democracia. O Brasil deve render homenagens a mulheres e homens que lutaram pela revelação da verdade histórica. O direito à verdade é tão sagrado quanto o direito de famílias de prantear pelos seus entes queridos. Reverencio os que lutaram contra a truculência ilegal do estado e também reconheço e valorizo os pactos políticos que nos levaram à redemocratização”.

Parece bom, mas é a esquizofrenia histórica se fingindo de dialética. Se é mesmo uma história “sem ocultamentos”, então a verdade sobre alguns grupos tratados como defensores da democracia tem de ser devidamente caracterizada. Não é possível que organizações como Colina, VPR e VAR-Palmares, que a presidente conhece muito bem, sejam alçadas à condição de heroínas do regime democrático. Atenção! Nada, nada mesmo, justifica que um agente do estado resolvesse fazer “justiça” com as próprias mãos! Condenar esse expediente, no entanto, não muda a convicção daqueles que queriam uma ditadura socialista no Brasil. E, em nome disso, também mataram. Se a inocência não era um limite para os torturadores e agentes dos porões, foi, por acaso, limite para muitos daqueles militantes?

Dilma diz reverenciar os que “lutaram contra a truculência legal”. Certo! Quando Larmarca, volto ao caso, esmagou o crânio de um tenente da Polícia Militar, depois de um “julgamento” feito no meio do mato por seus pares de terror, ele estava lutando “contra a truculência legal”? Quando uma associação de grupos de esquerda decidiu jogar um carro-bomba contra um quartel, fazendo em pedaços um jovem de 18 anos — Mário Kozel Filho —, tratava-se tal ação de “luta contra a truculência legal”? Quando os próprios esquerdistas assassinaram alguns dos seus, suspeitos de colaboracionismo, era “luta contra a truculência legal”?

A linguagem trai
Como é mesmo? As palavras fazem sentido!!! A gramática existe não apenas para expor a ignorância do JEG. Também é um instrumento para aclarar pensamentos. Prestem atenção a este trecho da fala da presidente:
“Reverencio os que lutaram contra a truculência ilegal do estado e também reconheço e valorizo os pactos políticos que nos levaram à redemocratização”.

Sabem os gramáticos — e preciso sempre tomar cuidado porque tenho um dos melhores entre meus leitores, Luiz Antônio Sacconi, dono de vastíssima obra na área — que a conjunção aditiva “e” pode ser empregada como conjunção adversativa, pode valer por um “mas”, a exemplo do que faz Dilma. Sua fala pode ser reescrita assim, sem que mude o sentido do que disse:
“Reverencio os que lutaram contra a truculência ilegal do estado, mas também reconheço e valorizo os pactos políticos que nos levaram à redemocratização”.

Resta evidente em sua peroração a existência de uma contradição entre “os que lutaram contra a truculência” e “os pactos políticos que nos levaram à redemocratização”. Ao optar por esse discurso, ela se revela e se trai  também na esfera da linguagem. Ela se revela ao admitir que entende a Lei da Anistia como algo que caminhou no sentido contrário aos interesses daqueles supostos heróis “que lutaram contra a truculência”. Mas ela também se trai ao assumir que, satisfeita a visão de mundo daquela turma, certamente não se alcançariam os “pactos políticos que nos levaram à redemocratização”. Vale dizer, por dedução lógica inescapável: se a Lei da Anistia era incompatível com aquela turma, aquela turma era incompatível com a Lei da Anistia.

Não posso fazer nada: eu opero com categorias lógicas. Eu me nego a me deixar enrolar pela retórica oca, pela grandiloquência do… ocultamento!

Algum retórico do Planalto emprestou um coquetel de figuras de linguagem à presidente, que afirmou:
“A ignorância sobre a história não pacifica. Pelo contrário, mantém latentes mágoas e rancores. A desinformação não ajuda a apaziguar. O Brasil merece a verdade. As novas gerações merecem a verdade. Merecem a verdade factual também aqueles que perderam amigos e parentes. O Brasil não pode se furtar a conhecer a totalidade de sua história. Se tem filhos sem pais, túmulos sem corpos, nunca pode existir uma história sem voz”.

Perfeito! Se é o Brasil pacificado que instala essa “Comissão da Verdade”, então, por definição, toda a verdade tem de ser contada, também a das vítimas dos grupos terroristas — ainda que a “comissão” queira chamá-los “revolucionários” ou “amantes da democracia” (o que é mentira!). À diferença do que dizem os petralhas, aceito, sim, pontos de vista diferentes dos meus. Desde que se apontem as falhas lógicas ou as falsidades deste texto.

Texto publicado originalmente às 17h24 desta quarta-feira

Por Reinaldo Azevedo

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Blog Reinaldo Azevedo (VEJA)

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