O dia em que José Dirceu e Eduardo Paes se uniram contra a “mídia” e as leis para dar um pé no traseiro dos fatos.

Publicado em 10/06/2012 20:10 e atualizado em 15/08/2013 16:14

O dia em que José Dirceu e Eduardo Paes se uniram contra a “mídia” e as leis para dar um pé no traseiro dos fatos. Ou: “Quem te viu, quem te vê”

O que esta foto faz aqui?

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Já explico. Antes, algumas considerações necessárias. No dia 11 de maio, escrevi um post intituladoJosé Dirceu, acreditem!, prevê massas nas ruas se for condenado pelo STF!!! Ou: na raiz da pantomima do Zé está a briga pelo espólio do PT. A lenta sucessão no partido já começou. Revelei, então, o que o Zé andava dizendo a seus interlocutores. Como as tais “massas” não sabem direito quem ele é — e a parte que sabe o repudia —, resta-lhe apelar à militância que mama nas tetas do governo e que se locupleta da coisa pública (os espertalhões dizem que é para construir o socialismo, sabem?) para pressionar o STF. Dirceu, como é sabido, numa ação combinada com Lula, agiu para tentar desmoralizar o Supremo Tribunal Federal. Como a operação foi malsucedida, pretende agora criar um falso clamor público em favor da sua absolvição.

Foi o que fez ontem. Ele era um dos convidados do 16º Congresso Nacional da União da Juventude Socialista (UJS), um dos braços do PCdoB, que aconteceu na Universidade do Estado do Rio (ver posts abaixo). Chamou o julgamento do mensalão de “batalha política”, que tem de ser “travada nas ruas”, para enfrentar, segundo disse, o “monopólio da mídia”. Convocou a UNE a sair em sua defesa.

Sim, meus caros, a UNE é aquela entidade dirigida pelo PCdoB que recebeu milhões do governo federal para tocar alguns projetos e que apresentou notas frias na prestação de contas. Com o dinheiro, a boa juventude socialista andou comprando uísque, tanquinho, freezer e pagando contas em bares e restaurantes. O Congresso também aprovou um repasse de R$ 30 milhões para a reconstrução da sede daquela que já foi a representação máxima dos estudantes. Até agora, a coisa não saiu do papel. Daniel Iliescu, o tiozinho-presidente, deu de ombros. Segundo ele, a UNE é uma entidade privada e não tem de prestar contas da grana.

Dirceu não foi o único convidado a falar no evento, não! Também o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), compareceu. E deu a sua contribuição ao grotesco. Referindo-se à prestação de contas eivada de irregularidades apresentada pela UNE, Paes deu seu apoio ao presidente da entidade, Daniel Iliescu, que estava presente, nestes termos:
“Daniel, é assim mesmo. O problema é o seguinte: as eleições estão chegando. Como a UNE se posiciona, fica difícil não apanhar. Então, casca grossa, vai em frente que a UNE é maior do que tudo isso”.

A convivência com Sérgio Cabral — ou sua real natureza, que antes não se revelava — está fazendo com que Paes perca a noção de limites e o senso de ridículo. Fala o que dá na telha. Como está sendo bem-sucedido até aqui, é possível que prossiga nessa trilha. O dedicado  ex-integrante da CPI dos Correios (a do mensalão) e ex-secretário-geral do PSDB, hoje convertido ao PMDB e ao lulismo fanático, está acusando de eleitoralismo o Tribunal de Contas da União e o Ministério Público Federal, que apontam as irregularidades, e claro!, a imprensa que noticia os fatos. Outra estrela do evento era Orlando Silva, ex-ministro do Esporte, pasta que, ora vejam…, havia deixado de cobrar da UNE a prestação de contas — coisa de “camaradas”, vocês sabem…

E agora volto àquela foto lá do alto, do dia 25 de maio de 2005. Na ponta direita, vemos o então deputado tucano Eduardo Paes segurando uma faixa em que se via o logo do PT e se lia a expressão “Quem te viu, quem te vê”. À sua esquerda, os deputados Jutahy Jr. (PSDB-BA) e Carlos Sampaio (PSDB-SP). Ao microfone, discursa o também tucano Alberto Goldman, líder do partido na Câmara. Exige a instalação da CPMI dos Correios, que o governo tentava a todo custo abafar. Reportagem da VEJA havia demonstrado a cobrança de propina na estatal. No dia 6 de junho, a Folha publicou a entrevista com Roberto Jefferson, denunciando o mensalão, e o resto é história.

Paes resolveu mudar de lado, bandear-se para o petismo, fazer mea-culpa, arrepender-se de ter sido oposição um dia, lastimar o seu passado, tudo para atingir a glória? Que o fizesse! Ninguém poderá negar que, sob certo ponto de vista, fez a escolha correta, não é mesmo? Eis aí o prefeito, com excelentes chances de se reeleger. Pode ambicionar o lugar de Cabral daqui a dois anos.  Caso logre esse intento, terá sido uma carreira meteórica do jovem que começou na política pelas mãos de César Maia, em 1993, como subprefeito da Barra da Tijuca e Jacarepaguá. Era, então, do PV. Migrou para o PFL, foi para o PTB, voltou para o PFL, voou para o PSDB e dali migrou para o PMDB. Quando o fez, era nada menos do que secretário-geral do partido, o segundo cargo na hierarquia.

Paes foi um dos mais aguerridos membros da CPI dos Correios, conhecida como CPI do Mensalão. Sete anos depois, ele e Dirceu discursam no mesmo evento, e suas respectivas falas têm um mesmo vetor moral. Nota fria, como sabe o prefeito, não é questão de opinião e de lado. Seja ele tucano ou peemedebista, se fria, fria é. O que quero dizer com isso é que as pessoas podem até mudar de posição em razão da conjuntura política ou, sei lá, porque passaram por uma crise de consciência ou chegaram à conclusão de que estavam erradas. Mas nem por isso precisam justificar a lambança, a trapaça, a sem-vergonhice. Na semana passada, Lula participou de uma inauguração no Rio ao lado do prefeito e, mandando às favas a lei, fez campanha eleitoral. “Casca grossa, Paes, vá em frente…”

Dito isso, republico a foto. Quem te viu! Quem te vê!

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Por Reinaldo Azevedo

 

Prendam a imprensa e deixem José Dirceu solto! Por um Brasil mais decente! Ou: Márcio Thomaz Bastos lutou pela democracia na ditadura e luta por ditadura na democracia. Ou: Bastos pressiona o Supremo!

O advogado Márcio Thomaz Bastos, ex-ministro da Justiça, aderiu, no sábado à noite, à campanha contra a imprensa promovida pelo PT desde 2003, intensificada depois que veio à luz o escândalo do mensalão, em 2005, e tornada grito de guerra com a CPI do Cachoeira. É um tanto constrangedor ver uma das figuras mais estelares do direito, que tem uma história respeitável de defesa da democracia nos estertores da ditadura (foi presidente da OAB entre 1983 e 1985), aderir agora, em plena democracia, a uma forma velada de defesa da ditadura. Exagero? De modo nenhum! E vou demonstrar isso. O que fez Bastos, que é advogado de um dos 38 réus do mensalão? No programa “Ponto a Ponto”, da BandNews, no sábado, afirmou que a imprensa “tomou partido” contra os réus e tenta influenciar os ministros do Supremo com “publicidade opressiva”. Acusou ainda a imprensa de elevar “a um ponto muito forte o mensalão que vai ser julgado, deixando de lado os outros mensalões”. É uma fala indecorosa para o advogado que teve influência importante na indicação de pelo menos 8 dos 11 ministros do Supremo. E isso quer dizer, como vou demonstrar também, que Bastos parece considerar ilegítimo o trabalho da imprensa, mas legítima a pressão que ele próprio está fazendo sobre os ministros.

Note-se, de saída, que o ex-ministro da Justiça, petista de escol, conselheiro de todas as horas de Lula e hoje advogado de Carlinhos Cachoeira, está repetindo as palavras de José Dirceu no encontro da Juventude Socialista. no mesmo sábado.Este monumento moral da política brasileira cobrou que a UNE vá às ruas em sua defesa e em protesto contra o que chamou “monopólio da mídia”. No mesmo evento, lembro à margem, Eduardo Paes (PMDB), prefeito do Rio, “inocentou” a entidade de todas as acusações de malversação de recursos públicos e atribuiu as denúncias — que são, na verdade, evidências — a uma espécie de conspiração dos inimigos, atacando, por óbvio, ainda que de maneira velada, Tribunal de Contas da União, Ministério Público e imprensa. Paes recomendou a Daniel Iliescu, presidente da UNE, “casca grossa” para suportar as injustiças… Pois é! Se a UNE, agora, não puder mais pegar dinheiro público, comprar uísque e apresentar notas frias na prestação de contas, onde é que fica a liberdade dos camaradas, não é mesmo, prefeito?

Eis aí uma das grandes contribuições à cultura democrática dos nove anos de poder petista: a agressão ao trabalho da imprensa independente, a que Bastos adere agora, muito à sua maneira, com a elegância de quem pretende, na aparência ao menos, cultivar ideias que Musil chamaria “magras e severas”, mas que, na essência, remetem aos regimes balofos, de repúblicas bananeiras, pautadas pela impunidade, pela lambança, pelo autoritarismo, pelo mandonismo, pela imposição da vontade dos donos do poder. Cumpre não exagerar no papel de resistência de Bastos durante o Regime Militar. Não foi flagrado em nenhum grande momento de heroísmo, mas se alinhou, sem dúvida com a defesa da democracia quando o regime já dava sinais de fraqueza. Hoje, em pleno regime democrático, nós o flagramos com essa conversinha de cerca-lourenço, que busca pôr em dúvida o papel da imprensa.

“Ah, então a imprensa não pode ser criticada?” Pode, sim! Eu mesmo faço muito isso aqui. Volta e meia, chamo alguém para o debate, para irritação de uns tantos. O confronto de ideias se dá na prática, dado que os veículos de comunicação não comungam de pontos de vista idênticos sobre os mais variados assuntos. Nas universidades, o jornalismo é objeto constante de análise e crítica. Ocorre que não é isso que Bastos está fazendo — nem lhe caberia mesmo esse papel, já que ele é, sob muitos aspectos, parte interessada no assunto. Lembremo-nos que foi da sua cabeça de criminalista que saiu a principal tese de defesa do governo: o mensalão teria sido apenas caixa dois de campanha. Ora, meus caros, não é por acaso que Lula nomeou para a Justiça não um advogado constitucionalista, mas um advogado… criminalista! Na impossibilidade de declarar a plena inocência de seus clientes, sua estratégia de sempre é a chamada redução de danos: “Cometeu um crime, sim, mas não esse que dizem, outro”. Ou ainda: “Cometeu o crime, sim, mas é preciso ver que as circunstâncias…” Um constitucionalista tende a lidar com essencialidades; um criminalista é, antes de tudo, um pragmático. Num governo petista, saber lidar de modo pragmático com ações criminosas é uma exigência profissional.

Intimidação
Bastos está tentando intimidar o trabalho da imprensa e do Supremo. Como é mesmo? “O diabo sabe porque é velho, não porque é sábio…” O advogado é experiente o bastante para saber que sua fala ganharia visibilidade — abre hoje uma página de política da Folha, por exemplo. O objetivo é despertar nas redações uma exigência ética, a saber: garantir aos mensaleiros o direito ao “outro lado”, como se cada reportagem que se fez e se faz a respeito desde 2005 não comportasse a versão dos acusados. Cria-se uma acusação falsa — a do suposto linchamento — para tentar induzir um resposta que transforme aqueles episódios numa guerra de versões.

Muitos farão gostosamente o que Bastos quer. Outros, inocentes ou tontos, cairão no truque de maneira miserável, a ponto de descaracterizar o tal “outro lado”. Atenção! Ouvir as explicações das personagens envolvidas numa notícia não muda a natureza dos fatos. Aproveito aqui para chamar a atenção de vocês, desde já, para uma questão relevante: AINDA QUE OS 38 ACUSADOS VENHAM A SER ABSOLVIDOS DAS ACUSAÇÕES CRIMINAIS — E NÃO COLOQUEM ISSO NA CONTA DAS COISAS IMPOSSÍVEIS, PORQUE NÃO É — ISSO NÃO SIGNIFICARÁ QUE AQUILO A QUE SE CHAMOU MENSALÃO NUNCA TERÁ EXISTIDO. O delírio de Lula, Dirceu e, suponho, Bastos é este: inocentados todos, então tudo aquilo terá sido uma farsa. A eventual absolvição terá o condão de fazer sumir da história as lambanças com dinheiro de Delúbio Soares e Marcos Valério, os saques da boca do caixa nos bancos Rural e BMG, o pagamento feito a Duda Mendonça no exterior, o uso de dinheiro público em benefício do partido? Digamos que a maioria dos ministros do Supremo conclua que toda aquela safadeza se fez sem o conhecimento de Delúbio Soares (o tesoureiro), José Genoino (o presidente do partido) e José Dirceu (então chefe inconteste do PT). Isso a que chamarão “inocência” fará sumir aqueles fatos no ralo da história? A propósito: o STF livrou a cara de Antônio Palocci no episódio da quebra do sigilo do caseiro Francenildo. ALGUÉM OUSARÁ NEGAR, POR ACASO, QUE O SIGILO TENHA SIDO EFETIVAMENTE QUEBRADO? Acho que não…

Cinismo
A acusação de Bastos, ecoando a de Dirceu, tem, ademais, um aspecto de escandaloso cinismo. Como nunca antes na história destepaiz, o dinheiro público — da administração direta e das estatais — financia blogs, sites e revistas cuja tarefa é agredir o Supremo, a Procuradoria-Geral da República, a oposição e a imprensa independente. E se trata de uma ação que não encontra limite nem no crime: a difamação é empalidecida pela injúria, e ambas perdem para a calúnia. Não existe nada parecido em nenhum estado democrático do mundo. E, nesses veículos, à diferença do que se vê na imprensa criticada por Bastos, não existe espaço para o contraditório. O que se faz é o proselitismo mais descarado, mais abjeto, mais servil. ATENÇÃO! Não se trata de uma visão alternativa àquela da chamada grande imprensa. Trata-se do uso do dinheiro público para fazer a defesa de um partido. A maior parte da receita das empresas jornalísticas tem origem no setor privado. Aquela gente faz outra coisa: apropria-se de recursos públicos — que a todos pertencem, petistas e não-petistas — para defender… petistas! Que o Ministério Público jamais tenha se interessado por isso, eis um fato por si mesmo escandaloso.

Bastos é que pressiona o Supremo!
Ao citar o caso Nardoni como exemplo de julgamento injusto (não vou entrar no mérito, ou este texto não tem fim), Bastos foi indagado se o mesmo poderia ocorrer com o mensalão. Respondeu: “Não estou querendo dizer, mas tenho medo que ocorra. Será possível fazer um julgamento com uma publicidade opressiva em cima?” Advogado hábil, no entanto, ele resolveu dar um voto de confiança aos ministros do Supremo — ajudou a escolher 8 dos 11: disse acreditar que essa pressão da imprensa chegará ao tribunal “muito esbatida “.

Huuummm…

Como gosto de escrever aqui (e com elas ganho a vida), “as palavras fazem sentido”. Advogado de defesa de um dos réus, ele, obviamente, considera que o tribunal agirá certo se absolver o seu cliente (e, suponho, os demais). Ocorre que Bastos vê uma “publicidade opressiva” da imprensa e enxerga o risco de que isso influencie o Supremo. Ora, essa influência que ele vê como nefasta só acontecerá, então, se os ministros condenarem os réus, certo? Mas ele é generoso, sabem? Acha que os membros da corte saberão resistir, experientes que são, de modo que a pressão chegará já “esbatida”, fraquinha, atenuada. Entendi. Bastos está dizendo, num exercício elementar de lógica, que os ministros só provarão a sua independência se absolverem os réus. Caso os condenem, então terá sido um sinal de que se deixaram pautar por esta imprensa maligna.

Ora, meus caros, por que, então, não podemos fazer, com igual — na verdade, com muito mais — legitimidade o mesmo raciocínio, mas com conclusão diametralmente oposta? “Se os ministros realmente forem independentes, não se deixarão influenciar por gente como Bastos e vão condenar os réus”. E por que digo que, no nosso caso, o raciocínio é mais legítimo? Por dois motivos:
a) sejam os réus absolvidos ou condenados, o conjunto de crimes a que se chamou mensalão existiu, é fato documentado, inequívoco. Como são atos criminosos, o natural é que haja culpados e que eles sejam punidos;
b) não há um só ministro da corte que deva qualquer coisa à imprensa — e, portanto, não teriam de compensá-la com nada. Com Bastos, é diferente. Sabe-se que ele foi voz influente na indicação de pelo menos oito membros da corte.

Atenção! As palavras fazem sentido! Não estou assumindo esse ponto de vista. Estou apenas demonstrando que, se o tema é independência dos ministros do Supremo — e foi Bastos quem escolheu esse campo argumentativo —, mais ele do que a imprensa ou a sociedade detém instrumentos de pressão. A imprensa que se preza tomou partido, sim, senhor Márcio Thomaz Bastos! O mesmo partido da esmagadora maioria dos brasileiros decentes: o fim da impunidade. Não lhe parece bom?

Afirmei que esse advogado lutou pela democracia na ditadura e agora luta pela ditadura na democracia. Exagero? Não! Ao criticar de maneira leviana o trabalho da imprensa, está engrossando o coro daqueles que querem subordinar  o jornalismo independente aos interesses de um partido político. O petismo lutou para criar meios formais de controlar e censurar a imprensa — ainda se esforça por isso. Como seu intento não prospera, investe, de forma malsucedida, na tentativa de criar um clamor público conta a liberdade de pensamento.

E Márcio Thomaz Bastos, agora, se alinha com eles. Porque, afinal, é um deles.

Texto originalmente publicado às 6h11

Por Reinaldo Azevedo

 

11/06/2012 às 6:52

Gravações envolvem braço direito de Agnelo em suposto lobby na Anvisa

Por Fábio Fabrini, noEstadão
Com depoimento à CPI do Cachoeira marcado para quarta-feira, o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), está novamente na mira da Procuradoria-Geral da República, que analisa novas provas do envolvimento do petista e de seus assessores com um grupo farmacêutico acusado de sonegação fiscal, lavagem de dinheiro, formação de cartel e falsificação de medicamentos.

Escutas telefônicas em poder do órgão indicam que o laboratório Hipolabor, com sede em Minas, recorria ao atual secretário de Saúde do Distrito Federal e ex-diretor adjunto de Agnelo na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Rafael de Aguiar Barbosa, para acelerar demandas no órgão. Barbosa era braço direito do petista, que dirigiu a agência entre 2007 e 2010, quando deixou o cargo para concorrer ao Palácio do Buriti.

Os grampos foram feitos com autorização judicial na Operação Panaceia, desencadeada em Minas por uma força-tarefa integrada por Ministério Público, Polícia Civil e Receita Estadual, com apoio da Anvisa e do Ministério da Justiça. A procuradoria pediu o compartilhamento das provas e abrirá procedimento administrativo para analisá-las, disse o procurador-geral da República, Roberto Gurgel.

Como o Estado revelou em 14 de março, uma agenda apreendida durante as operação, com anotações da contabilidade da diretoria do grupo farmacêutico, registra supostos pagamentos ao petista em 2010, ano eleitoral.

Nos grampos feitos naquele ano, um dos diretores do Hipolabor, Renato Alves da Silva - preso em abril de 2011 na operação -, conversa com um representante da empresa na Anvisa, Francisco Borges Filho, ex-chefe de gabinete de Agnelo quando deputado federal, e pede a ele que Barbosa interfira num departamento da agência em favor da empresa.

De acordo com os áudios, a cúpula do laboratório estava entusiasmada com a possibilidade de Agnelo se eleger em 2010 e, assim, emplacar aliados na Anvisa. A intenção, segundo os diálogos, era que o próprio Barbosa chefiasse a agência, o que poderia facilitar demandas do grupo.

Agnelo é chamado de “Magrelo”, variação do apelido usado pelo grupo do contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, nas interceptações da Operação Monte Carlo, da Polícia Federal. Nelas, o governador figura como “Magrão”.

Agenda. Documentos apreendidos na Panaceia indicam ainda que o deputado Fábio Ramalho (PV-MG) servia de intermediário do laboratório na Anvisa. E-mails mostram que ele próprio marcava reuniões de interesse da empresa na agência.

A agenda com anotações contábeis registra supostos repasses a Ramalho, alguns de R$ 30 mil. Os valores vêm ao lado da anotação “Fabinho”, apelido do parlamentar. O nome e o sobrenome do deputado aparecem em documento que relaciona supostos pagamentos de viagens.

A procuradoria já recebeu as provas. Se concluir que há indícios de crime, Gurgel disse que pedirá ao Superior Tribunal de Justiça a abertura de novo inquérito contra Agnelo ou a anexação à investigação já em curso, que apura supostas irregularidades cometidas quando o petista dirigia a Anvisa. “Se as condutas são inter-relacionadas, seria no mesmo inquérito. Se são fatos diversos, seria num outro inquérito.”

Pedido. Ex-assessor de Agnelo, Borges atua em Brasília como representante de 20 laboratórios, nas suas palavras. Ouvido pelo Estado, ele confirmou ter pedido a Rafael Barbosa, de quem se diz amigo pessoal, que acelerasse a publicação de certificado de boas práticas na Anvisa. O documento é exigido para o registro de medicamentos e comercialização. Sem ele, não é possível participar de licitações públicas.
(…)

Por Reinaldo Azevedo

 

11/06/2012 às 6:49

Agnelo — Ex-assessor diz que empresa prometeu doação

No Estadão:
Ex-chefe de gabinete do governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), Francisco Borges Filho diz que o pagamento registrado em agenda do laboratório Hipolabor referia-se a uma doação de campanha ao petista. Segundo ele, Renato Alves Silva, diretor da empresa, lhe contou ter feito o registro visando a contribuir com R$ 50 mil na campanha de 2010. Ele alega, contudo, que o repasse não chegou a ocorrer.

Na prestação de contas de Agnelo ao Tribunal Superior (TSE) não consta nenhum repasse do Hipolabor. “A anotação era do Renato. Foi na agenda do Renato, que era para conversar com o Ildeu (Oliveira Magalhães, dono do laboratório) sobre a possibilidade de se arranjar R$ 50 mil para ajudar na campanha”, contou. “Eles prometeram, mas não deram. Não houve a doação.”

Na página de 24 de maio de 2010, a agenda traz a anotação “Agnelo” ao lado de “50.000″. No dia 30 há outro registro, aparentemente abreviado: “Agnelo: 50.”. “Era (doação), ele prometeu. Isso aí é uma falha do sistema político. Enquanto não tiver financiamento público de campanha, o caixa 2 vai nadar de braçada”, disse Borges, que diz não trabalhar mais para o Hipolabor.

Em março, o governador disse ao Estado não ter qualquer envolvimento com o grupo. Em nota, o Hipolabor negou ter feito pagamentos a qualquer pessoa de nome Agnelo, mas não explicou o que são as anotações.
(…)

Por Reinaldo Azevedo

 

11/06/2012 às 5:33

Marconi Perillo: “Interferência de Lula em CPI seria muito mesquinha”

Por Leandro Colon, naFolha:

O governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), afirmou à Folha que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva deveria se “comportar como um estadista” e não interferir nos rumos da investigação da CPI do Cachoeira, no Congresso. O tucano, que irá prestar depoimento amanhã na comissão sobre sua relação com o empresário Carlinhos Cachoeira, se disse alvo de “perseguição política” por “episódios do passado”. Em 2005, no auge do mensalão, Perillo revelou que havia avisado Lula sobre a existência do esquema. O governador disse que vai entregar e mostrar no Congresso os cheques de R$ 1,4 milhão que recebeu na venda de uma casa onde foi preso Cachoeira, em fevereiro. “Fiz um negócio legítimo”, afirmou o tucano. Veja os principais trechos da entrevista, concedida ontem em Brasília.

Folha — O que o sr. vai dizer na CPI?
Marconi Perillo —
Vou dizer a verdade. Existem muitas especulações e vou procurar esclarecer tudo para que não restem mais dúvidas em relação a uma operação de compra e venda de um imóvel particular, cuja venda se deu na mais absoluta boa-fé.

O senhor pretende levar documentos à CPI?
Vou mostrar as cópias dos cheques — dois cheques de R$ 500 mil e um no valor de R$ 400 mil —, também cópia dos meus extratos bancários mostrando que foram compensados e que não há a menor dúvida de que o negócio foi correto, legal. Vendi, recebi, escriturei e botei no meu Imposto de Renda.

Os cheques foram emitidos por uma empresa da cunhada de Carlinhos Cachoeira que recebeu dinheiro da construtora Delta. Não é constrangedor o fato de que a casa pode ter sido paga com dinheiro de uma empreiteira que tem contratos com o governo?
Eu vendi o imóvel, de minha propriedade. E poderia ter vendido a qualquer pessoa desde que manifestasse interesse. Esse imóvel foi anunciado em classificados.É claro que, se eu soubesse que seria alguém com vínculo comercial, contratual com o governo do Estado, não venderia. No caso, quem me procurou, por meio da assessoria, foi o ex-vereador Wladimir Garcez dizendo que gostaria de adquirir o imóvel. Os cheques foram sendo depositados e depois cobrei a escrituração e o registro. Foi quando ele disse que o comprador não seria ele mais, porque não teria como levantar os recursos. Ele não informou à época que havia tomado dinheiro emprestado de seus patrões. Ele disse ‘não consegui, e o comprador é o professor Walter Paulo’.

Não incomoda os cheques serem de uma confecção de uma cunhada do Cachoeira?
Não, fiz um negócio legítimo. Era um imóvel meu, eu agi de boa-fé, tanto que depositei na minha conta.

O professor Walter Paulo disse em depoimento da CPI que comprou a casa com dinheiro vivo. Congressistas levantam a suspeita de que o sr. recebeu duas vezes pelo imóvel.
Isso é um grande absurdo. É subestimar a inteligência de qualquer um. Subestimar a minha inteligência e boa-fé.

As gravações mostram Cachoeira discutindo com Garcez a negociação da casa. O sr. nunca soube do envolvimento do Cachoeira?
Soube depois que ele foi preso. Isso nunca foi me dito.

Por que se criou essa confusão?
Isso é tempestade em copo d’água. Não há dúvida em relação a nada. Se tivesse vendido ao Cachoeira, não seria crime. Não adianta tentar fazer ilações, ou tentar dizer que vendi para ele. É confuso nada. Ele [Garcez] tinha interesse em pagar a casa, não conseguiu pagar o empréstimo. Nunca poderia imaginar de quem fossem os cheques. Não há contradição.

Como o sr. se sente convocado para depor numa CPI? É constrangedor?
Não deixa de parecer uma perseguição política muito forte. Os fatos indicam isso.

Perseguição por parte de quem?
A imprensa já divulgou as motivações verdadeiras dessa CPI: a imprensa, o procurador-geral Roberto Gurgel, integrantes do Judiciário, o governador Marconi Perillo.

Por que o sr.?
Eu imagino que pelos fatos ocorridos no passado.

O sr. acha que aquele episódio em que diz ter avisado o ex-presidente Lula do mensalão motivou a convocação?
É o que os jornais, os articulistas, a imprensa têm afirmado durante todo esse período, quase 100 dias. Espero que não seja. Não sou capaz de guardar por um segundo sequer ódio ou rancor por qualquer pessoa. Espero sinceramente que os sentimentos do presidente Lula sejam nobres. Afinal de contas, ele já tentou tantas vezes me prejudicar em Goiás, nas eleições, nas aparições dele, nas declarações, que eu imagino que ele possa estar se dando por satisfeito depois de tudo que foi feito para tentar me derrotar, especialmente na última eleição. Um homem que foi presidente do Brasil por duas vezes, deixou o governo com alta popularidade, deveria ou deve se comportar como um estadista, assim como ocorre com ex-presidentes dos EUA, como acontece com outros ex-presidentes aqui, como em outros cantos do mundo. Especialmente creio que esses sentimentos devem ser nobres em se tratando de alguém que acabou de passar por uma provação recente, que foi um câncer. Todas as pessoas do Brasil, inclusive eu, rezamos por ele. Quero imaginar que isso não parta dele, seria muito pequeno, muito mesquinho, se esse tipo motivação pudesse povoar a cabeça dele.
(…)

Por Reinaldo Azevedo

 

11/06/2012 às 5:31

Cachoeira intermediou venda da casa de Marconi Perillo

Por Chico de Gois, no Globo:
Uma gravação da Polícia Federal, obtida pelo GLOBO, entre Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, e o ex-vereador de Goiânia Wladmir Garcez revela a participação do contraventor na venda da casa de Marconi Perillo (PSDB), governador de Goiás. Cachoeira chega a ordenar que o dinheiro da venda seja levado para o governador no Palácio das Esmeraldas, sede do governo de Goiás. No diálogo, interceptado às 8h23m do dia 12 de julho do ano passado, Garcez diz que irá se encontrar com o presidente da Agência Goiana de Transportes e Obras (Agetop), Jayme Rincón. A escritura da venda do imóvel ocorreu um dia depois do telefonema.

Perillo, que depõe nesta terça-feira na CPI do Cachoeira, tem afirmado que a negociação se deu por intermédio de Garcez e que não recebeu dinheiro pela transação, mas três cheques, que foram depositados em sua conta. Os cheques foram assinados por um sobrinho de Cachoeira, mas o governador afirma que não sabia disso. Na semana passada, o professor Walter Paulo Santiago, que se intitula administrador da Mestra Participações, em nome da qual está a casa, disse que pagou pela imóvel em dinheiro vivo, em pacotinhos de notas de R$ 50 e R$ 100.

Gravação não identifica emissário
Na ligação, Garcez dá a entender que está esperando um emissário. Não fica claro se se trata de Lúcio Fiúza, assessor especial de Perillo que pediu exoneração na semana passada, ou do professor Walter Paulo. O ex-vereador diz a Cachoeira que irá se encontrar com Jayme Rincón em um shopping. Antes, o contraventor questiona se seria bom ele estar presente, mas Garcez o desestimula, porque não vê uma boa explicação para justificar a presença do chefe no encontro.

— Tá aí? — pergunta Cachoeira, sem se referir a uma pessoa específica.

— Não. Ele ligou agora (disse) que tá chegando. Atrasou um pouquinho — responde o auxiliar.

— Quer que eu vá ai? — pergunta o contraventor.

— Precisa não, você que sabe — sugere Garcez, para complementar — O que você está fazendo aqui?

— É verdade, então não vou aí, não — admite Cachoeira.

— O Jayme já está indo lá no Alpha Mall, marcou comigo, qualquer coisa vou encontrar com ele na Agetop — informa Garcez.

Cachoeira fala para o auxiliar ligar para Jayme Rincón e dizer que atrasou, mas que é para ele aguardar Garcez na própria Agetop. E demonstra pressa na conclusão da transação. Na ligação, Cachoeira manda Garcez fechar o negócio no mesmo dia.

— Você liga para o Jayme, fala para ele te esperar na Agetop, que atrasou. Tô indo lá, encontrar com o menino. Vende este trem hoje, hein. Pega o dinheiro logo, urgente — ordena o bicheiro.

— Aquilo que nós combinamos. Não vou perder. Dois mil (milhões) a gente já fechou. Se ele não fizer mais nada que dois, mete bronca. Mas vou tentar os R$ 2.250. Se não der… aí eu te dou uma ligada disfarçada, daquele jeito, viu — combina o ex-vereador.

Cachoeira pede para o auxiliar dizer que é para entregar o dinheiro para o governador, no Palácio.

— Fala: é pro governador. Vamos lá pagar ele logo no Palácio, chega lá pro Jayme. Já manda ele levar o dinheiro. Já entrega a chave pra ele, entendeu. Depois tira os trens que tem que tirar aqui — diz o contraventor.

A casa de Perillo foi vendida com todos os móveis. O valor da transação informado na escritura, no entanto, é de R$ 1,4 milhão.

— Eu já liguei pro Lúcio, inclusive, falando que qualquer coisa eu estou indo lá, falar com ele — declara Garcez, em referência a Lúcio Fiúza.

Na semana passada, o professor Walter Paulo apresentou um recibo, no valor de R$ 1,4 milhão, em nome de Garcez e de Fiúza. Depois do depoimento de Walter Paulo na CPI, Fiúza pediu exoneração. Ele também é apontado pelo jornalista Luiz Carlos Bordoni como o responsável pelo pagamento da prestação de serviço durante a campanha de Perillo. Bordoni fez um trabalho de locução e R$ 40 mil de uma empresa ligada ao esquema de Cachoeira foram depositados na conta da filha dele.

Walter Paulo seria vice de Demóstenes
O contraventor também manda Garcez argumentar com Walter Paulo que não seria bom ficar negociando muito desconto na transação imobiliária, porque o professor podia se tornar candidato a vice na hipotética chapa de Demóstenes Torres (sem partido) para a prefeitura de Goiânia.

— Já resolve isso logo. Vai baixando, de R$ 2,3 milhões para R$ 2,2 milhões. Vamos fechar isso aqui logo. O cara não pode ter má impressão sua não. Mexer com picuinha. Você vai ser o vice do Demóstenes.

Numa outra ligação, no mesmo dia 12, às 8h52m, Garcez informa que está ao lado do professor Walter Paulo e que está concluindo a negociação. E informa a Cachoeira que, antes, Jayme Rincón esteve com eles.

— Tô (sic) com o professor Walter, já estou terminando. Assim que terminar, encontro com você. Mas o menino esteve aqui, o Jayme, tudo ok. Pode se despreocupar, que ele esteve com o cara ontem à noite — informa Garcez.

— Tá com o professor aí? Fechou? — indaga Cachoeira.

— O professor está mandando um abração para você. Tá louquinho. Nunca vi um homem duro igual esse não, Carlinhos — diz o ex-vereador, que solta uma gargalhada.

— Manda fechar logo, rapaz. Quanto? — quer saber Cachoeira, mas o valor não é informado.

Na sequência, ele informa que irá se encontrar com os negociadores:

— Eu vou dar um pulo aí daqui a pouco.

— Vem cá, nós estamos aqui. Vem cá — conclui Garcez.

O GLOBO procurou a assessoria do governador Marconi Perillo, mas não teve resposta até o fechamento desta edição.
(…)

Por Reinaldo Azevedo

 

11/06/2012 às 5:29

Dilma deve trocar cúpula do Banco do Nordeste

Na Folha:
A presidente Dilma Rousseff deverá promover mudanças na diretoria do Banco do Nordeste do Brasil (BNB), após suspeitas levantadas pela Polícia Federal de que um esquema de fraudes em operações de crédito desviou R$ 100 milhões da instituição.No sábado, o presidente do banco, Jurandir Santiago, demitiu seu chefe de gabinete, Robério Gress do Vale, suspeito de comandar o suposto esquema, revelado pela revista “Época” anteontem.

Segundo interlocutores de Dilma, serão afastados diretores indicados por PT e PMDB. Hoje, o conselho de administração do BNB, que conta com dois representantes do Ministério da Fazenda, vai analisar a auditoria interna realizada para investigar operações do banco. Essa investigação, segundo a revista, apontou que uma empresa de cunhados de Vale obteve R$ 12 milhões em créditos fraudulentos. A suposta fraude teria se concentrado entre o final de 2009 e o início de 2011.
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Por Reinaldo Azevedo

 

11/06/2012 às 5:27

Brasil já gastou quase R$ 2 bilhões no Haiti

Por Rubens Valente, naFolha:
O que começou como uma operação emergencial de seis meses, com um custo previsto de R$ 150 milhões, completou no início deste mês oito anos de duração, a um preço de quase R$ 2 bilhões. A operação militar do Brasil no Haiti, iniciada em 1º de junho de 2004 como parte do plano do governo Lula para obter um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU, consumiu até agora mais de seis vezes o que foi gasto pelo governo federal com a Força Nacional brasileira entre 2006 e 2012. Além disso, equivale a cerca de dois anos de gastos do principal programa de segurança pública da União, o Pronasci.

O valor de R$ 1,97 bilhão, já descontada a inflação do período, foi obtido pela Folhapor meio da Lei de Acesso à Informação junto ao Ministério da Defesa. A conta total é ainda maior, pois o ministério alegou não dispor de informações sobre auxílios, indenizações e outros benefícios previstos numa lei, criada após a entrada do Brasil no Haiti, que trata da remuneração de militares que atuam em missões internacionais de paz. Mais de 16 mil militares brasileiros estiveram no país desde 2004.

Segundo o levantamento, uma boa parte do dinheiro gasto pelo Brasil no Haiti foi dirigida à modernização de equipamentos. O Brasil adquiriu veículos (R$ 162,3 milhões), explosivos e munições (R$ 24,3 milhões), armamentos (R$ 22 milhões) e embarcações e equipamentos para navios (R$ 18,1 milhões). Uma parte dos gastos do Brasil no Haiti é reembolsada pela ONU, responsável pela missão de paz. Até outubro de 2010, foram R$ R$ 328 milhões, ou apenas 25% do total (o ministério não repassou números atualizados).

Em nota, o ministério afirmou à Folha que os gastos estimulam a indústria militar brasileira. “A aquisição de material moderno para equipar os militares brasileiros permite, além da eficiência no emprego da tropa, fomentar a indústria de defesa brasileira e projetar o Brasil internacionalmente.” Um dos generais que lideraram a missão no Haiti disse, sob garantia de não ser identificado, que o Brasil “já devia ter pensado em sair” do país caribenho. O oficial reconhece que o Brasil não vai retirar suas tropas “tão cedo” e por uma razão política: a missão é usada como cartão de visitas do Brasil no exterior, como um exemplo de sucesso.
(…)

Por Reinaldo Azevedo

 

11/06/2012 às 5:23

Parada Gay dos “4 milhões” reúne apenas 270 mil pessoas, afirma Datafolha

Por Evandro Spinelli e Cristina Moreno de Castro, na Folha:
A 16ª edição da Parada Gay de São Paulo, um dos principais eventos turísticos da cidade, reuniu ontem 270 mil pessoas, de acordo com o Datafolha — 65 mil delas fizeram o percurso inteiro do evento. Pela primeira vez na história, a manifestação teve uma medição de público com caráter científico. O Datafolha inaugurou o método em maio na 28ª Caminhada da Ressurreição, procissão católica por ruas da zona leste da capital. Segundo o instituto, nenhum evento similar no mundo tem medição científica de público. Em alguns países, ele é estimado a partir do lixo produzido. Em outros, pela concentração de pessoas ao longo da parada — este método, no entanto, não leva em conta o público flutuante.

A organização e a Polícia Militar não divulgaram estimativas. Ao fim do evento, porém, o trio elétrico da diretoria da Associação da Parada do Orgulho GLBT anunciou que “com certeza” o ato atingiu público de 4 milhões. A parada saiu do Masp às 13h40, após a execução do hino nacional e discursos da senadora Marta Suplicy (PT) e Fernando Quaresma, presidente da associação. O último trio chegou à praça Roosevelt, no centro, às 18h13.
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Por Reinaldo Azevedo

 

10/06/2012 às 18:03

Tucano Otávio Leite lança candidatura no Rio; a difícil, mas não impossível, tarefa de apear Eduardo Paes da Prefeitura

A reeleição do prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), parece tranquila caso se levem em conta os números das pesquisas. Mas a corrida mal começou. Terá um adversário à esquerda, Marcelo Freixo (PSOL), que caiu no gosto dos “socialistas” de Copacabana, Ipanema e Leblon. A postulação de Freixo pode ser desgastante para o prefeito porque “o homem que combateu as milícias”, incensado por artistas e descolados em geral, encarna a bandeira da “ética”. Em tempos de “República do Guardanapo” e dancinha na boquinha da garrafa em Paris, Paes pode ter de pular miudinho. Afinal, hoje, ele não se distingue de seu mais recente padrinho político, o governador Sérgio Cabral (PMDB), o amigão de Fernando Cavendish.

Disputam o espaço que vai da centro-direita à centro-esquerda, onde Paes transita hoje, os deputados Rodrigo Maia (DEM), coligado ao PR de Anthony Garotinho, e Otávio Leite (PSDB), que lançou sua candidatura na manhã deste domingo. A situação do prefeito, em tese, é confortável, dadas a coligação gigantesca que o apoia — liderada por PMDB e PT — e a mobilização de duas máquinas poderosas: a Prefeitura e o governo do estado.

Vamos ver.  Com Cabral na berlinda e incapaz de dizer, afinal de contas, que diabos a sua corte fazia em Paris, o viés de Paes é de baixa, ainda que as pesquisas indiquem uma situação confortável. Seus vínculos com o governador certamente comporão o arsenal dos adversários para tentar tirá-lo da Prefeitura — tarefa difícil, sim, mas não impossível. Leiam trechos de duas reportagens de Ítalo Nogueira (íntegras aqui e aqui), na Folha Online, sobre o lançamento da candidatura do tucano Otávio Leite neste domingo.
*
O deputado federal Otávio Leite (PSDB), 50, lançou na manhã deste domingo (10) sua candidatura à Prefeitura do Rio e vai iniciar a campanha acionando a Justiça Eleitoral contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o prefeito Eduardo Paes (PMDB), que tentará a reeleição.

A sigla vai questionar amanhã no Tribunal Regional Eleitoral do Rio suposta campanha antecipada de Lula e Paes durante a inauguração do corredor de ônibus Transoeste, realizada na semana passada. No evento, o ex-presidente disse que vai pedir votos para o peemedebista “em 2012 com muito mais convicção”.

“O presidente Lula pode apoiar quem ele bem entender. O que não é justo e democrático é fazê-lo num palanque custeado pelo povo do Rio de Janeiro. Houve ilegalidade porque foi campanha antecipada e ofensa grave à democracia, porque não se pode usar a máquina pública para pedir votos”, disse Leite.
(…)
Lula decadente
O senador Álvaro Dias (PSDB-PR) disse na manhã deste domingo (10), no Rio, que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é “decadente” e criticou a suposta tentativa do petista de interferir no julgamento do mensalão pelo STF (Supremo Tribunal Federal).

Presente ao lançamento da candidatura do deputado Otávio Leite (PSDB) à Prefeitura do Rio, o tucano criticou também o ex-ministro José Dirceu. O petista, em encontro da UJS (União da Juventude Socialista) ontem, pediu que a juventude proteste nas ruas pedindo a absolvição dos acusados no processo do mensalão, grupo do qual faz parte o ex-ministro da Casa Civil do governo Lula.

“O Supremo Tribunal Federal não será derrubado. Durante a ditadura, cassaram mandatos, fecharam o Congresso, mas não derrotaram o Supremo. Não é agora que um ex-presidente decadente irá derrotar o Supremo Tribunal Federal, que haverá de realizar um julgamento sério, rigoroso, para colocar na cadeia aqueles que lá devem estar. E não pelas ruas do país pedindo o apoio da nossa juventude”, disse o senador.
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Por Reinaldo Azevedo

 

O crescimento do patrimônio de Agnelo Queiroz e a incrível presença de Juliana Roriz na vida de familiares do governador do DF

Por Chico de Gois, no Globo:
O governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), que depõe na próxima quarta-feira na CPI do Cachoeira, embora seja de partido diferente do seu colega de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), terá de dar explicações sobre um fato comum: o crescimento exponencial de seu patrimônio desde 1998. Nesse período, a soma dos bens do petista subiu quase 12 vezes. Perillo, como revelou O GLOBO na semana passada, teve um aumento patrimonial de cinco vezes, mas, na conta, não estão computados cinco imóveis que o tucano deixou de informar à Justiça Eleitoral.

O porta-voz do governo do Distrito Federal, Ugo Braga, informou que “a evolução patrimonial do casal (Agnelo e mulher) deve-se ao trabalho de ambos durante 30 anos de casados”.

Do apartamento à mansão sem financiamento
No início de sua carreira política, Agnelo tinha poucos bens: apenas um apartamento, no valor de R$ 70 mil, mais três carros — um deles um Chevette 1989, avaliado, na época, em R$ 4 mil — e quatro telefones, dois dos quais celulares. Em 2010, quando concorreu ao governo do DF, a situação era bem diferente. A soma de tudo aquilo que estava registrado em seu nome, com o de sua mulher, atingia a cifra de R$ 1,150 milhão. No período de 12 anos, a frota continuou sendo de três veículos, mas todos seminovos.

O apartamento também continua em posse do casal, mas, agora, Agnelo mora em uma mansão de 549 metros quadrados de área construída, adquirida em março de 2007 por R$ 400 mil, segundo informações do 1 Cartório de Registro de imóveis, mas que, para efeitos de declaração pública, foi registrada por R$ 450 mil. Ainda segundo o cartório, a mansão foi adquirida “sem condições” e não há referência a financiamento.

Há, ainda, outros dois imóveis em Brasília — um deles, no valor de R$ 139 mil, dos quais R$ 79 mil foram financiados —, e cerca de R$ 150 mil depositados em contas e aplicações. Em 1998, ele não informou que possuía recursos financeiros.

Na eleição anterior, em 2006, Agnelo também mantinha um patrimônio modesto, que somava R$ 224 mil. Na época, suas contas bancárias somavam R$ 45 mil. Em 2002, ele entregou cópia da declaração de Imposto de Renda da esposa, atestando que tudo o que constava ali lhe pertencia também, além de uma Parati, ano 2002, que havia comprado e pela qual pagara R$ 30 mil. No total, naquele ano, os bens do casal eram de R$ 214 mil.

Nesse ínterim, além de deputado federal eleito pelo PCdoB em 1998 e reeleito em 2002, Agnelo assumiu o Ministério do Esporte no primeiro governo Lula, em 2003, e, em outubro de 2007, foi nomeado para diretor da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), uma vez que não havia conseguido se eleger senador no pleito de 2006. A partir daí, não apenas ele, mas também sua família começaram a melhorar o padrão de vida.

Franquias repassadas para parentes
A mansão que Agnelo e a esposa adquiriram em 2007 tinha como proprietários o advogado Glauco Alves e Santos e a mulher dele, Juliana Roriz Suaiden Alves e Santos. Ela é irmã de Jamil Elias Suaiden, dono da F.J. Produções. Durante o período em que Agnelo foi diretor da Anvisa, a F.J. venceu um leilão de registro de preços para realizar 260 eventos. O preço vencedor foi de R$ 14 mil cada. O que chamou a atenção é que os demais concorrentes apresentaram propostas risíveis: R$ 23,06, o que é totalmente inexequível. Por conta disso, todas as empresas foram desclassificadas e a F.J. Produções levou a melhor.

De um faturamento de R$ 61,9 mil em 2006, a F.J. Produções passou a receber uma bolada do governo federal: R$ 4,8 milhões, em 2007; R$ 19,1 milhões em 2008; R$ 50,9 milhões em 2009; R$ 103,2 milhões em 2010; e R$ 71,3 milhões em 2011.

Juliana Roriz também aparece como sócia de restaurantes e docerias abertas em 2007 e que em seguida acabaram transferidos para parentes do governador, incluindo sua mãe, irmãs e irmão. A sequência dos negócios é sempre a mesma: Juliana abre uma franquia, permanece poucos meses e as repassa para um parente do governador. Para Agnelo, embora admita que seus parentes só conheceram Juliana e Glauco depois da transação imobiliária, em 2007, tudo é mera coincidência.
(…)

Por Reinaldo Azevedo

 

10/06/2012 às 5:57

Dirceu convoca “juventude socialista” e a UNE a sair às ruas em sua defesa

Por Cássio Bruno, no Globo:
Um dos 38 réus do mensalão, o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu convocou os estudantes a irem às ruas defendê-lo durante o julgamento do processo pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que começa no dia 1º de agosto. Dirceu participou neste sábado à tarde do 16º Congresso Nacional da União da Juventude Socialista (UJS), ligada ao PCdoB, na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj). Segundo ele, a partir de agora será “a batalha final”.

“Todos sabem que este julgamento é uma batalha política. E essa batalha deve ser travada nas ruas também porque senão a gente só vai ouvir uma voz, a voz pedindo a condenação, mesmo sem provas. É a voz do monopólio da mídia. Eu preciso do apoio de vocês”, discursou Dirceu, aplaudido pelos 1.100 estudantes que lotaram o auditório da Uerj.

Ao lado do ex-ministro do Esporte Orlando Silva, demitido pela presidente Dilma Rousseff após suspeitas de corrupção na pasta, Dirceu disse para os jovens ficarem “vigilantes”:

“Não podemos deixar que este processo (do mensalão) se transforme no julgamento da nossa geração. Por isso, peço a vocês, hoje aqui, fiquem vigilantes. Não permitam julgamento político. Não permitam julgamentos fora dos autos (do processo). A única coisa que nós pedimos é o julgamento nos autos e que a Justiça cumpra o seu papel.”

Dirceu afirmou ainda que deseja “olhar nos olhos dos que o acusaram”: “Eu tenho que provar a minha inocência. Eu deveria ter a presunção da inocência. Mas sou eu que tenho de provar. Me lincharam, me condenaram. Se eu estou aqui hoje de pé é graças a vocês, com a UJS, com a UNE (União Nacional dos Estudantes). Mas agora é a batalha final. É a reta final. Eu quero este julgamento. Quero olhar nos olhos daqueles que me acusaram e me lincharam esses anos todos.”

O ex-ministro concentrou seus ataques na imprensa: “Estamos travando uma batalha contra quem? Contra a oposição? Não. São partidos que foram derrotados em duas eleições presidenciais. Estamos enfrentando o poder da mídia, do monopólio dos veículos de comunicação.”

Paes defende UNE, investigada pelo TCU
Pela manhã, o 16º Congresso Nacional da UJS contou com a presença de vários políticos, entre eles o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), pré-candidato à reeleição. Em seu discurso, Paes defendeu a UNE e o presidente da entidade, Daniel Iliescu. Investigação do Ministério Público aponta indícios de irregularidades em convênios entre a UNE e o governo federal, como revelou o GLOBO na sexta-feira.

Ao analisar as prestações de contas do Ministério da Cultura com a UNE para apoio ao projeto Atividades de Cultura e Artes, o procurador do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (TCU), Marinus Marsico, constatou o uso de notas frias e gastos com a compra de bebidas, como vodca, cachaça e uísque, entre outros itens.

“Daniel, é assim mesmo. O problema é o seguinte: as eleições estão chegando. Como a UNE se posiciona, fica difícil não apanhar. Então, casca grossa, vai em frente que a UNE é maior do que tudo isso”, declarou Paes.

Momentos antes e na presença do prefeito, uma dirigente da Associação Nacional dos Pós-Graduandos, Luana Bonone, também defendeu a UNE: “Não é nenhuma matéria de jornal que vai nos calar”.

A UNE até hoje não construiu a sua nova sede, no Rio, apesar de ter recebido R$ 30 milhões do governo Lula, em 2010. O lançamento da pedra fundamental contou com a presença de Lula e do arquiteto Oscar Niemeyer, que doou o projeto. No terreno doado pelo governo Itamar Franco, na Praia do Flamengo, era para ter sido erguido um prédio de 13 andares. O espaço continua vazio.

Elogios também ao ex-ministro do Esporte
No congresso da UJS, Paes elogiou ainda o ex-ministro do Esporte Orlando Silva, demitido por Dilma após denúncias de corrupção na pasta. Paes se referiu a Orlando como “uma das maiores lideranças políticas do país”. O ex-ministro pertence ao PCdoB, partido que faz parte da base de apoio a Paes nas próximas eleições. “Você (Orlando) já superou a crise. Vai se eleger vereador de São Paulo”.

Paes destacou as realizações de seu governo, principalmente projetos voltados aos jovens. No fim, o prefeito assinou um termo de compromisso com uma série de reivindicações dos estudantes. Silva também discursou e lembrou do período em que deixou o governo Dilma: “Na política, não há limites para os ataques. Foi difícil acordar de manhã e ler os jornais cheios de mentiras”. A deputada federal Manuela D’ Ávila (PCdoB), pré-candidata à prefeitura de Porto Alegre (RS), também marcou presença. O congresso teve início na quinta-feira e vai até amanhã.

Por Reinaldo Azevedo

 

10/06/2012 às 5:27

Investimentos caem com freio nos gastos de estatais

Por Gustavo Patu e Valdo Cruz, na Folha:
Empresas controladas pelo Tesouro Nacional, em especial a Petrobras, frearam suas despesas com obras e projetos no governo Dilma Rousseff, o que contribuiu para a queda dos investimentos e do crescimento do país. Mesmo liberadas da política oficial de controle de gastos, as estatais, que respondem por dois terços dos investimentos da União, ainda não retomaram o patamar de participação na economia que atingiram no fim do mandato do ex-presidente Lula. De acordo com os dados mais atualizados, essas empresas destinaram, no primeiro quadrimestre deste ano, R$ 26,4 bilhões à ampliação da infraestrutura e da capacidade produtiva nacional, o equivalente a 1,9% do PIB (Produto Interno Bruto).

Nos quatro meses iniciais de 2010, após sucessivas altas anuais, os investimentos das estatais em energia, aeroportos, portos e outros setores somavam 2,2% do PIB. A diferença ajuda a explicar o agravamento do principal obstáculo apontado atualmente para a recuperação da economia brasileira: a escassez de investimentos necessários para expandir a oferta de bens e serviços. De dois anos para cá, o investimento total no país caiu de 19,2% para 18,7% da renda nacional. No diagnóstico da equipe econômica, é preciso uma taxa de 25% para sustentar um crescimento do PIB vigoroso e duradouro. No setor privado, as incertezas do cenário internacional são a principal causa da retração. Nas estatais, há problemas gerenciais, legais e até de política econômica.
(…)

Por Reinaldo Azevedo

 

09/06/2012 às 20:18

A ESPANHA PEDE SOCORRO! PODE LEVAR 100 BILHÕES DE EUROS!

Na VEJA Online:
O ministro da Economia espanhol, Luis de Guindos, anunciou neste sábado que o país vai pedir um empréstimo ao Eurogrupo - instituição que reúne os ministros das Finanças da zona do euro - para recapitalizar seu sistema bancário. Segundo Guindos, será uma quantia “alta e com uma grande margem de segurança”, mas cujo valor exato ainda será definido após análise de “auditores independentes”. Mesmo sem especificar o valor, o ministro disse que o teto é de 100 bilhões de euros. A quantia será emprestada pelo Eurogrupo e administrada pelo FROB - Fundo de Reestruturação Ordenada Bancária, órgão do governo espanhol criado pela recapitalizar o sistema bancário local após o estouro da bolha imobiliária em 2008 e 2009 - que repassará recursos aos bancos que necessitem de ajuda.

A Espanha é o quarto país europeu a receber ajuda do Eurogrupo. Irlanda, Portugal e Grécia já tiveram dinheiro injetado em suas economias pela instituição, com o apoio do Fundo Monetário Internacional (FMI).  Guindos evitou falar, porém, em “resgate”. “É um apoio financeiro e nada tem a ver com resgate. O dinheiro será dirigido ao FROB para que ele injete nas instituições que pedirem ajuda. Nem todas as entidades precisam de recapitalização - 70% do sistema financeiro espanhol pode resistir às piores condições possíveis, segundo relatório do FMI”, disse.

Punida pelo mercado
“É um empréstimo que se recebe em condições muito favoráveis, mais favoráveis que as do mercado e que do FROB. Por isso não falamos em resgate.” De fato, o maior problema da Espanha hoje é o esgotamento de recursos próprios para resgatar seu sistema bancário, cujas estimativas de perdas crescem dia a dia. Madri teria de ir a mercado captar recursos para evitar uma crise sistêmica - com potencial para contagiar bancos de todo o continente. Contudo, o prêmio de risco do país, que baliza os juros cobrados pelos agentes financeiros, bateu recorde na semana passada. Na prática, os investidores praticamente viraram as costas para a Espanha.

Guindos também evitou falar no prazo para pagar o empréstimo. “A única coisa que posso dizer é que a quantidade é suficientemente elevada para haver uma grande margem de segurança.”

Sem ajustes - Guindos disse que a ajuda financeira não está vinculada a pacotes de austeridade ou cortes nos gastos públicos. “Claro que existem condições para receber o dinheiro, mas não há nenhum tipo de condição fiscal nem de política macroeconômica, mas existem sim condições que as instituições deverão cumprir se quiserem receber o dinheiro.”

Sobre o papel do FMI (Fundo Monetário Internacional) no programa, Guindos afirmou que estará restrito à assessoria do setor financeiro e de apoio e implementação do programa.  De acordo com Guindos, o empréstimo também servirá para diminuir a pressão sobre a dívida pública espanhola. “Nos próximos dias se verá menor pressão sobre a dívida”, disse.

Guindos afirmou que “o governo espanhol está ciente da volatilidade dos mercados de capitais, e por isso decidimos fazer este anúncio porque se considera que é bom para a economia espanhola e para a Zona do Euro. Queremos afugentar os temores sobre o futuro da zona do Euro.”

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Por Reinaldo Azevedo

 

09/06/2012 às 19:48

VOCÊS TÊM DE LER UM ARTIGO INTITULADO “O ÚNICO CAMINHO É A CIVILIZAÇÃO”. OU: A ECOTEOLOGIA TEM DE CEDER À TEOLOGIA DA MODERNIZAÇÃO

A edição de VEJA desta semana traz uma série de textos sobre a “Rio+20″. Entre eles, está um artigo de seis páginas, escrito especialmente para a revista, de autoria dos antropólogos americanos Michael Schellenberger e Ted Nordhaus. Eles são autores de um texto que se tornou um clássico dos debates sobre ecologia e meio ambiente: “A Morte do Ambientalismo”.

Não! Não se trata de um libelo de céticos contra as teses do aquecimento global ou das mudanças climáticas. Ainda que assim fosse, noto, o ceticismo não é um mal em si. O mal está nas hipóteses não testadas que se querem teoria. Schellenberger e Nordhaus nem perdem tempo especulando se o homem altera ou não o meio ambiente, o clima etc. Dão de barato que sim. O ponto é outro: qual seria a alternativa e em que resultaram essas mudanças?

Eles acham que os problemas que a cultura humana criou para si mesma têm uma resposta: avanço técnico, saber, civilização. Como lembram, com leve ironia, o risco do bug do milênio não nos devolveu às máquinas de escrever, certo? O texto é longo e tem de ser lido na íntegra, na edição impressa da revista. Destaco abaixo alguns trechos.

A NOSSA NATUREZA É MUDAR A NATUREZA
(…)
A transformação das mãos e dos pulsos permitiu aos nossos antepassados andar cada vez mais eretos, caçar, comer carne e, assim, evoluir. Com a mudança na postura, o homem conseguiu correr atrás de animais atingidos por suas armas. A corrida de longa distância foi facilitada por glândulas sudoríparas que substituíram os pelos. O uso do fogo para cozinhar a carne adicionou uma quantidade muito maior de proteína à dieta, o que resultou em crescimento significativo do cérebro - tanto que algumas de nossas ancestrais começaram a dar à luz prematuramente. Esses bebês prematuros sobreviveram graças à criação de ferramentas feitas com vesículas e peles de animais que amarravam os recém-nascidos ao peito da mãe. A tecnologia, resumindo, nos tornou humanos.

É claro que, conforme nosso corpo, nosso cérebro e nossas ferramentas evoluíram, também evoluiu nossa habilidade de modificar radicalmente o ambiente. Caçamos mamutes e outras espécies até a extinção. Queimamos florestas e savanas inteiras para encontrar mais facilmente a caça e limpar a terra para a agricultura. E, muito antes de as emissões de CO² pela ação humana começarem a afetar o clima, já tínhamos alterado o albedo da Terra, substituindo muitas das florestas do planeta por áreas de agricultura cultivada. Mesmo que a capacidade do homem de alterar o ambiente, ao longo do último século, tenha aumentado substancialmente, essa tendência é antiga. A Terra de 100, 200 ou 300 anos atrás já havia sido profundamente moldada pelos esforços humanos — os entretítulos são deste escriba.
(…)

ESQUERDISMO FÁCIL E HIPOCRISIA
(…)
Líderes mundiais - para a alegria de um eleitorado de tendência esquerdista que controla o equilíbrio do poder político em muitas economias desenvolvidas - fazem promessas atrás de promessas sobre a mudança climática, a extinção de espécies, o desmatamento e a pobreza no mundo. Tudo enquanto cuidadosamente evitam qualquer ação que possa impor custos ou sacrifícios reais a seus eleitores. Mesmo que tenha sido conveniente para muitos observadores simpatizantes relacionar o fracasso de tais esforços à ganância corporativa, à corrupção e à covardia política, a verdade é que todo o projeto que poderíamos definir como pós-materialista é, de maneira confusa, construído sobre uma base de abundância e consumo material que seria consideravelmente ameaçada por qualquer tentativa séria de resolver as crises ecológicas por meio de uma redução substancial da atividade econômica. Não é tão difícil entender como essa hipocrisia acabou por contaminar uma parcela da nossa cultura com intenções aparentemente tão boas.
(…)

A ECOTEOLOGIA COM iPAD
(…)
Esses valores pós-materialistas abriram espaço para a ascensão de uma ecoteologia secular em grande parte incipiente, com medos apocalípticos de um colapso ecológico, noções desencantadas de uma vida em um mundo arruinado e a convicção crescente de que algum tipo de sacrifício coletivo é necessário para evitar o fim do mundo. Ao lado dessa pregação sombria, brilham visões nostálgicas de um futuro transcendente, era que os humanos poderiam, mais uma vez, viver em harmonia com a natureza por meio do retomo da agricultura em pequena escala ou até do estilo de vida dos caçadores-coletores.
As contradições entre o mundo como ele é - cheio de consequências não intencionais das nossas ações - e o mundo como muitos de nós gostaríamos que ele fosse resultam em uma quase rejeição da modernidade. Gestos ocos são os sacramentos que definem essa ecoteologia. A crença de que devemos reduzir radicalmente nosso consumo para sobreviver enquanto civilização não é impedimento para as elites que pagam por universidades particulares, viagens frequentes de avião e iPads.
(…)

A ANTIMODERNIDADE DOS RICOS DE NY, SP E RIO
(…)
Embora a ecoteologia seja mais forte em nações desenvolvidas da Europa e em cidades costeiras como Nova York e Los Angeles, nos Estados Unidos, essa tendência também pode ser facilmente identificada nos bairros ricos e bem-educados do Rio de Janeiro, de Nova Délhi e da Cidade do Cabo.
(…)
Pregando a antimodernidade enquanto vivem como pessoas modernas, as elites ecológicas, seja em São Paulo, seja em São Francisco, confirmam seu status no topo da hierarquia pós-industrial do conhecimento. As elites abastadas dos países desenvolvidos oferecem tanto a seus compatriotas menos favorecidos quanto aos pobres do resto do mundo uma extensa lista de “não façam” - não se desenvolvam como nós nos desenvolvemos, não dirijam utilitários bregas, não consumam demais. Isso gera o ressentimento, e não a emulação, de seus companheiros cidadãos no próprio país e no exterior. Que essas elites ecológicas se mantenham em um padrão diferente e ao mesmo tempo insistam que todos são iguais é mais uma demonstração de seu status superior, pois, dessa forma, elas não têm de responder nem mesmo à realidade.
Apesar de propor uma solução, a atual ecoteologia que nega o mundo é, na verdade, um obstáculo importante no tratamento dos problemas ecológicos criados pela modernização - obstáculo que deve ser substituído por uma nova visão de mundo criativa e que celebre a vida. Afinal, o desenvolvimento humano, a riqueza e a tecnologia nos libertaram da fome, da privação e da insegurança. Agora, eles devem ser considerados essenciais para superar os riscos ecológicos.

POR UMA TEOLOGIA DA MODERNIZAÇÃO
(…)
Enquanto a ecoteologia imagina que nossos problemas ecológicos são consequência da violação humana da natureza, a teologia da modernização enxerga os problemas ambientais como uma parte inevitável da vida na Terra. Enquanto a última geração de ecologistas via uma harmonia natural na Criação, os novos ecologistas veem mudanças constantes. Enquanto os ecoteólogos sugerem que as consequências não intencionais do desenvolvimento humano podem ser evitadas, os patrocinadores da modernização enxergam essas consequências como inevitáveis, tanto de forma positiva como negativa. Enquanto as elites ecológicas veem os poderes da humanidade como inimigos da Criação, os modernistas os veem como ponto fulcral para sua salvação. A teologia da modernização deveria, portanto, louvar, e não profanar, as tecnologias que levaram nossos ancestrais a evoluir.
(…)

Por Reinaldo Azevedo

 

09/06/2012 às 18:44

Dirceu quer tchu! Dirceu quer tchá! Dirceu quer tchu, tchá, tchu, tchá, tchu, tchá… Ou: Coitada de Maricá! Tão perto do petróleo, mas tão perto do PT!

Parece brincadeira.
Parece piada macabra.
Parece coisa de vilão de fábula infantil.
Mas é tudo verdade!

Reportagem de Leslie Leitão na VEJA desta semana conta um pouco da história de Maricá, cidade fluminense de quase 130 mil habitantes, a 60 km do Rio. Maricá tem o que poderia ser uma grande sorte: é um dos municípios beneficiados pelos royalties do petróleo, o que lhe rendeu R$ 35 milhões só nos primeiros três meses deste ano. Mas também tem uma grande urucubaca! É administrado pelo PT — o prefeito, Washington Siqueira, atende pelo apelido de Quaquá — e entrou na rede de interesses de José Dirceu. Sim, ele mesmo! O homem de verdade que se parece cada vez mais com vilão de fábula infantil.

A administração, vocês verão, está enrolada numa série de irregularidades. O desvio de dinheiro púbico pode chegar a R$ 150 milhões. Enquanto isso, os índices de pobreza se avolumam: 80% das casas não têm nem água encanada. A cidade é considerada a terceira pior do estado em atendimento à saúde. Mas o que importa é que Dirceu e sua turma podem dizer sobre a cidade: “Tá tudo dominado!” Leiam trechos da reportagem da VEJA.
*
(…)
Como prova do reposicionamento de Maricá na ordem de interesses, um dos principais caciques do PT, José Dirceu, visitou a cidade pelo menos duas vezes desde a posse do prefeito petista Washington Siqueira, o Quaquá, em 2009. Em franca preparação para a reeleição, Quaquá vem espalhando pelo município cartazes de obras milionárias. Os milhões têm saído dos cofres da prefeitura, não há dúvida, mas a cidade pouco tem se beneficiado deles. Nesses três anos e meio. Quaquá e sua turma passaram a ser alvo de 21 processos e cinquenta inquéritos. No rol de abusos, o beabá da cartilha da corrupção: improbidade administrativa, danos ao Erário, prevaricação, peculato, abuso de poder econômico, superfaturamento, contratação de empresas-fantasma — maracutaias que podem ter feito evaporar do caixa oficial cerca de 150 milhões de reais.

Ao montar sua máquina administrativa, Quaquá convocou duas pessoas de fora. Uma é Marcelo Sereno, ex-assessor dele mesmo, José Dirceu, nos tempos em que era ministro da Casa Civil. Em 2010, Sereno assumiu a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Indústria. Comércio e Petróleo de Maricá (…). Sereno se afastou em abril para concorrer a uma vaga na Câmara de Vereadores do Rio, mas seus tentáculos na política maricaense continuam firmes. Outro laço do chefão petista no município é com Maria Helena Alves Oliveira, a secretária executiva e de Administração, que tem no currículo cargos semelhantes, sempre por indicação de Dirceu, nas prefeituras de Nova Iguaçu e Manaus. Até Lurian, a filha do ex-presidente Lula, hoje funcionária da prefeitura de São José dos Campos, no interior de São Paulo, já prestigiou Maricá: esteve lá no Carnaval e, três meses depois, foi até agraciada com o título de cidadã maricaense.

Na cidade, todo mundo sabe: são os apadrinhados de Dirceu, muito mais do que o próprio Quaquá, que realmente dão as cartas. Várias pessoas relatam ter ouvido de Sereno, por mais de uma vez: “Quem manda lá é a gente”. Boa parte dos contratos sob investigação da Justiça leva a assinatura da secretária Maria Helena. Um deles trata dos gastos com locação de veículos - o processo em curso aponta problemas em contratos que somam 18 milhões de reais. Um terço dessa quantia destinou-se à Lumar Locadora de Transportes Ltda., que tem sede no município de Belford Roxo, na Baixada Fluminense, a 100 quilômetros de Maricá. No endereço visitado por VEJA, funciona uma pequena loja de material de construção. Quem responde pela Lumar é Rosana Francisco de Moura Correia, que por breve período foi gerente da Subsecretária Executiva de Projetos Especiais de Maricá.
(…)

Eis aí, meus caros. Leiam a íntegra da edição impressa da revista! Pobre Maricá! Tão perto do petróleo, mas tão perto de Dirceu!

Por Reinaldo Azevedo

 

09/06/2012 às 18:09

Empreiteiras que venceram licitação para Viracopos estão no laranjal da Delta

Leiam duas notas que estão na coluna “Radar”, na VEJA desta semana:

Laranjal no aeroporto
Os laranjas usados pela Delta também trabalharam para outras empreiteiras, como a UTC e a Triunfo, conforme detectado pelo Coaf e revelado por VEJA. E o que a UTC e a Triunfo têm em comum, além do fato de o governo ser seu cliente principal? Lideraram o consórcio que venceu a bilionária licitação da Infraero para a privatização do Aeroporto de Viracopos, há quatro meses. A Casa Civil já foi informada pelo Coaf do laranjal cultivado pela UTC e pela Triunfo. Talvez por isso, até hoje, o contrato da concessão não tenha sido assinado pela Infraero.

Se procurar, acha
A propósito, não é pequeno o grupo de políticos, sobretudo do PT, mas não exclusivamente, que estão com tremedeira nas pernas com a descoberta pelo Coaf da lavanderia comandada pelo paulista Adir Assad e usada pela Delta.

Por Reinaldo Azevedo

 

09/06/2012 às 7:08

LEIAM ABAIXO

— OS PELEGOS DA UNE PERDERAM DEFINITIVAMENTE A VERGONHA!;
— 
Diretor do Turismo é investigado por beneficiar entidade ligada a parentes;
— 
Governo federal depositou R$ 30 milhões na conta na UNE para prédio, mas projeto não saiu do papel;
— 
Reação no Supremo: Reclamação de petistas é “jus esperniandis”;
— 
A recaída bolivariana da diplomacia brasileira;

— PSB pode romper aliança com PT em Recife;
— 
Justiça concede liberdade para ex-diretor da Delta;

— Um lembrete para Lula — “Quos volunt di perdere dementant prius”;
— 
A herança maldita de Haddad — Alunos e professores acusam reitor de universidade federal criada em 2009 de praticar superfaturamento;
— 
Um dos “dirceuzetes” do PT solta os cachorros contra o Supremo. Alguém está surpreso?;

— UNE: Idealismo é com os liberais; comunista gosta mesmo é de dinheiro… dos outros!!! Ou: Desdentados financiam a cachaça dos comunas;
— 
PPS quer abrir a caixa-preta do BNDES! Já passou da hora!!!;

— Delta tinha a ficha suja desde 2010 segundo o próprio governo federal; no entanto, BNDES continuou a emprestar dinheiro à empresa com juros subsidiados. Luciano Coutinho tem de ir à CPI;
— Da série “Você vai acreditar no que eles dizem ou no que diz a lei?” - Governo do DF tem contrato milionário sob suspeita. Ou: “Pequena empresa”, grande negócio!;
— Lula, uma criação das elites. Ou: Lula é uma invenção de Marta!;
— Delta obteve financiamentos, com juros subsidiados, via BNDES, de R$ 139 milhões entre 2010 e 2012;
— 
O PT de Recife grita: “Ô Lula, decepção; em Recife você não manda não”;
— 
Bolsa-Juro do BNDES custou aos brasileiros R$ 28 bilhões em três anos;

— Do capítulo “A herança maldita de Haddad”; MEC atrasa R$ 11 milhões em verbas de apoio para programa de graduação;
— As universidades da dupla Lula-Haddad - Antes de policiais desalojarem invasores, a Unifesp já era caso de polícia;
— Mensalão - Julgamento marcado: Lula e Dirceu perderam. Isso quer dizer que o STF e as instituições ganharam! Pena Lewandowski ter faltado!

Por Reinaldo Azevedo

 

09/06/2012 às 6:57

OS PELEGOS DA UNE PERDERAM DEFINITIVAMENTE A VERGONHA!

A UNE (União Nacional dos Estudantes), comandada pelo PCdoB (com o apoio do PT) desde a sua reorganização, em 1979, tornou-se uma das entidades mais pelegas do país. Até a CUT, que é o braço sindical do petismo, consegue ter mais independência do que esses folgazões que se apropriaram da representação estudantil. Lula privatizou a entidade, comprou-a de porteira fechada. O governo repassou R$ 30 milhões para a reconstrução da sua sede, que não sai do papel. Essa é só uma parte da bufunfa.

Entre 2004 e 2009, a turma recebeu outros R$ 10 milhões do governo e de empresas estatais. Depois desse período, não consegui saber. Alguém estranha o silêncio desses patriotas e sua subordinação vexaminosa ao poder? A UNE tem um preço. Dada a sua irrelevância, é alto demais.

Entre 2006 e 2010, informou ontem o Globo, com base em levantamento feito pelo Ministério Público, a UNE e a União Municipal dos Estudantes Secundaristas (UMES) de São Paulo, também comandada pelo PCdoB, receberam R$ 12 milhões destinados à capacitação de estudantes e promoção de eventos culturais e esportivos. Muito bem: quando os órgãos de controle foram verificar a prestação de contas, descobriram que os vermelhos deixariam Carlinhos Cachoeira e seus rapazes verdadeiramente indignados: notas fiscais frias (de empresas inexistentes), compra de bebidas alcoólicas e despesas várias que não tinham relação com a finalidade dos convênios. Reproduzo trecho de reportagem do Globo com a lista de gastos: “cerveja, vinho, cachaça, uísque e vodca, compra de búzios, velas, celular, freezer, ventilador e tanquinho, pagamento de faturas de energia elétrica, dedetização da sede da entidade, limpeza de cisterna e impressão do jornal da UNE. Além disso, diversas notas emitidas por bares em que há apenas a expressão ‘despesas’ na descrição do gasto.”

Eis a UNE. Ai, ai… Fico cá me lembrando da minha juventude: “A UNE somos nós, nossa força, nossa voz”.

Daniel Iliescu, o tiozinho do PCdoB que preside a UNE — aos 27 anos, ele já poderia estar cursando pós-doutorado, não? — falou com O Globo. Negou as óbvias irregularidades e, bom comunista, resolveu apelar aos fundamentos da propriedade privada para explicar o fato de o prédio ser apenas uma ideia. Leiam:
“Somos uma entidade privada, e não há obrigação legal que define a destinação do dinheiro que recebemos. No entanto, a diretoria plena da UNE definiu que os recursos serão para a nova sede. Está no tempo absolutamente razoável. O início das obras será antes do dia 11 de agosto, quando faremos uma grande comemoração.”

Como é que é? Uma ova, senhor Iliesco! Uma ova!!! O projeto que destinou o dinheiro à UNE passou pelo Senado. Foi primeiro aprovado na Comissão de Assuntos Econômicos e, depois, em caráter terminativo, na Comissão de Constituição e Justiça. Estava muito claro que o dinheiro seria destinado à construção do prédio. Quer dizer, então, que o tiozinho acha que, na condição de “entidade privada”, ele pode receber a dinheirama e fazer com ela o que bem entender?

Ele tentou explicar por que a construção do prédio emperrou:
“Nossa especialidade não é construir prédios e, sim, debater educação e fazer passeata. Mas temos corpo técnico que nos deixa confortável para iniciar a obra.”
Estupendo! Estupendo, mas falso! De educação, a UNE nunca entendeu bulhufas. E Iliesco falta grotescamente com a verdade quando diz que a especialidade da turma é “fazer passeata”. Jamais contra o governo Lula e contra os desmandos do PT no poder, como sabemos.

— Quantas vezes vocês viram a UNE na rua contra o mensalão?
— Quantas vezes vocês viram a UNE na rua contra as condições sofríveis de boa parte dos campi federais?
— Quantas vezes vocês viram a UNE na rua contra a baixa qualidade de muitos cursos sustentados pelo ProUni?

Não dá tempo! A UNE não pode mais comparecer a esses eventos ou mesmo promovê-los porque deve estar muito ocupada contando a dinheirama que inunda o seu caixa. É asqueroso ver uma entidade que, vá lá, tem a sua história, a se comportar como se fosse uma dessas ONGs vagabundas, cujo objetivo é mesmo assaltar o erário — às vezes, em benefício de partido; às vezes, dos próprios larápios. É preciso ver em que caso se encaixam as lambanças apontadas pelo Ministério Público.

O melhor dos mundos
Os burgueses do capital alheio da UNE, disfarçados de comunistas, vivem no melhor dos mundos. A entidade mal existe no meio estudantil — está ligeiramente presente nas universidades públicas, mas é uma entidade fantasma na esmagadora maioria das instituições privadas. Sua diretoria é escolhida em eleição indireta, e os delegados saem de assembleias manipuladas, a que comparecem não mais do que 1% ou 2% dos estudantes. Sem base, mas também sem adversários que possam ameaçar a sua posição, os valentes podem transformar as eleições em meros processos homologatórios.

Dependessem, para existir, da militância e da contribuição dos estudantes, teriam de se virar para demonstrar que existem. Mas isso não é necessário. O governo federal fornece aos valentes uma montanha de dinheiro, e estes, em troca, lhes dão seu silêncio cúmplice.

O mais impressionante na era da economia digital é ver os dinossauros do movimento estudantil resistir à tecnologia. Hoje, cada estudante universitário brasileiro já poderia valer um voto. Seria possível escolher o (a) presidente da UNE em eleições diretas votando pelo celular. Mas quê… A vanguarda do retrocesso não admite essas modernidades, não! Ela não pode correr o risco de perder a boquinha.

Reitero, leitor: está a fim de falar com idealistas? Use a lanterna para tentar achar um liberal. Comunista gosta é de dinheiro.

Por Reinaldo Azevedo

 

09/06/2012 às 5:03

Diretor do Turismo é investigado por beneficiar entidade ligada a parentes

Por Fábio Fabrini, no Estadão:
Com 21 convênios e termos de parceria firmados desde 2005, o Instituto Marca Brasil (IMB) tornou-se um dos campeões em pagamentos do Ministério do Turismo (MTur) enquanto um aliado de peso atuava a seu favor. Diretor do Departamento de Estruturação, Articulação e Ordenamento Turístico (Deaot) da pasta, Ricardo Martini Moesch aprovava contas, autorizava contratos e liberava verbas para a entidade, que tinha a mãe dele em cargo de direção e sua mulher como advogada. Alvo de investigações do próprio governo, às quais o Estado teve acesso, Moesch responde por favorecer o IMB em processos internos, além de participar diretamente da administração do instituto. Apesar das irregularidades, constatadas num relatório de outubro, o ministro Gastão Vieira (PMDB-MA), que assumiu com a promessa de sanear a pasta, mantém o diretor no cargo.

Uma sindicância aberta pelo Turismo concluiu que Moesch liberava as prestações de contas do IMB, mesmo sem documentos comprobatórios da execução regular dos convênios. Assim, a entidade ficava livre para receber recursos, parte deles usada para pagamentos à mulher do diretor, Letícia Affonso da Costa Levy, por serviços de advocacia. A comissão encarregada das apurações pediu a abertura de processo disciplinar contra ele, em curso na Controladoria-Geral da União (CGU), por uso do cargo para proveito pessoal ou de terceiros.

Conforme as investigações, a mãe do servidor, Norma Martini Moesch, tinha funções de direção e gerência no IMB como conselheira fiscal e, posteriormente, deliberativa. A assinatura dela consta de atas da Assembleia Geral do instituto. Em ao menos duas dessas reuniões, o próprio diretor teria atuado como procurador da mãe, influenciando em decisões da entidade, aponta a sindicância.

Evolução. Com sede em Porto Alegre, o IMB já emplacou projetos de R$ 27,4 milhões no Turismo. Com a chegada de Moesch à pasta, os negócios aumentaram. Após sua nomeação, a entidade obteve a maioria das parcerias (18), que somam R$ 25,7 milhões. Sete delas, no valor de R$ 10,7 milhões, vieram depois de sua nomeação como diretor. Em nenhum caso houve convocação ampla de entidades para executar os serviços.

Num dos convênios, para cadastramento de prestadores de serviços turísticos, o IMB solicitou aditivo para alterar o prazo e o valor originalmente pactuados. Entre outros pleitos, o documento pedia o aumento do quantitativo de horas pagas ao orientador jurídico, tarefa a cargo de Letícia. Coube à Coordenação-Geral de Qualificação e Serviços Turísticos, então ocupada por Moesch, liberar o pedido. Ele próprio aprovou a prestação de contas parcial do convênio, referente às duas primeiras parcelas repassadas, embora faltassem documentos contábeis e financeiros que comprovassem gastos e a execução dos serviços. Em seguida, encaminhou memorando solicitando a liberação da terceira parcela.

Em outra parceria, para apoiar a produção de roteiros turísticos, ao custo de R$ 1,6 milhão, Letícia foi selecionada para prestar serviços jurídicos embora outra profissional, que participou da cotação de preços, tenha oferecido proposta mais vantajosa.O IMB apresentou pedido para que o valor do projeto fosse ampliado em R$ 250 mil, o que incluía, inclusive, os serviços de orientador jurídico. Moesch concordou. Ele próprio solicitou o repasse dos recursos e, no ano passado, deu parecer favorável à aprovação das contas, embora a documentação necessária para isso não conste do processo analisado na sindicância.
(…)

Por Reinaldo Azevedo

 

09/06/2012 às 4:31

Governo federal depositou R$ 30 milhões na conta na UNE para prédio, mas projeto não saiu do papel

Por Cássio Bruno e Jaqueline Falcão, no Globo:
O lançamento da pedra fundamental da nova sede da UNE, no Rio, em 20 de dezembro de 2010, foi marcado por uma grande festa, com direito a palanque e discursos de políticos e estudantes. O convidado principal era o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Naquela ocasião, o próprio Lula anunciou a liberação de R$ 30 milhões - de um total de R$ 44 milhões - para a construção do prédio de 13 andares em um terreno da Praia do Flamengo, no número 132, na Zona Sul. Até hoje, porém, não há nenhum sinal de que no local será erguido o projeto desenhado e doado à entidade pelo arquiteto Oscar Niemeyer, que também estava presente ao evento.

“Não foi fácil avaliar quanto custava este prédio aqui. Chegamos a R$ 32 milhões, depois a R$ 44 milhões. Nós já depositamos R$ 30 milhões na conta da UNE. Já está depositado. Ela (a UNE) nunca esteve tão rica como agora. O que vocês estão conquistando, na verdade, é muito mais do que um espaço para fazer uma sede. Eu acho que a conquista aqui é um espaço para a consolidação do processo democrático brasileiro, para o debate político, para a formação da nossa juventude e para discutir as coisas que o movimento estudantil tem que discutir”, afirmou Lula no discurso, o último dele dedicado a estudantes antes de deixar a Presidência da República.

UNE diz que obras começam em agosto
O terreno foi doado à UNE no governo Itamar Franco. E o dinheiro repassado por Lula a título de indenização pelos danos sofridos durante a ditadura militar. A antiga sede foi incendiada pelo regime, em 1964. Dos R$ 44 milhões, R$ 14 milhões que também estavam previstos para o novo prédio ainda não foram liberados. As obras deveriam ter começado no primeiro semestre do ano passado, com duração de até dois anos, incluindo salas de cinema, teatro, museu Memória do Movimento Estudantil e a administração. À época, os dirigentes também tinham planos de alugar alguns andares.

Quando a quantia foi transferida para a UNE, o presidente era Augusto Chagas. Procurado pelo GLOBO nesta sexta-feira, ele não quis comentar o caso: “Está combinado com a UNE que só o atual presidente fala. É indelicado eu me pronunciar, não é adequado. Peço desculpas. Conversa com o Daniel (Iliescu, atual presidente).”

Iliescu afirmou que a construção deverá ocorrer até 11 de agosto deste ano, quando a UNE comemora 75 anos de existência: “Somos uma entidade privada e não há obrigação legal que define a destinação do dinheiro que recebemos. No entanto, a diretoria plena da UNE definiu que os recursos serão para a nova sede. Está no tempo absolutamente razoável. O início das obras será antes do dia 11 de agosto, quando faremos uma grande comemoração.”

Iliescu não explicou o motivo da demora e destacou que a especialidade da UNE  não é construir prédios: ” Nossa especialidade não é construir prédios e, sim, debater educação e fazer passeata. Mas temos corpo técnico que nos deixa confortável para iniciar a obra.”

Segundo Iliescu, os R$ 30 milhões estão em uma “conta bancária específica”, que é auditada pelo Conselho Fiscal da UNE. O Ministério Público Federal abriu uma ação para tentar anular a doação do terreno alegando que a UNE nada fizera para construir a sede. Mas a Justiça optou por arquivar o caso, em 2006, diante do compromisso da UNE em erguer o prédio.

O Ministério do Esporte informou nesta sexta-feira que já pediu à UNE a devolução integral dos recursos repassados à entidade, em convênio relacionado à 6ª Bienal de Artes, Ciência e Cultura, realizada em 2009. Como o GLOBO mostrou, o Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (TCU) aponta a existência de indícios de irregularidades graves em convênios do governo federal com a UNE e a União Municipal dos Estudantes Secundaristas (UMES), de São Paulo. O procurador Marinus Marsico pediu ao TCU que investigue os repasses.

O convênio do Ministério do Esporte com a UNE, no valor de R$ 250 mil, foi encerrado em 28 de fevereiro de 2009. Em março de 2012, após já ter prorrogado o prazo de entrega da prestação de contas, o Ministério do Esporte incluiu a UNE na lista de inadimplentes do Siconv, sistema que gerencia os convênios da União. Segundo a pasta, a solicitação de devolução integral do dinheiro foi feita em 23 de maio, um dia antes de o procurador Marsico protocolar a representação no TCU. O valor restituído deverá ser corrigido pela inflação do período.

“Considerando que o princípio da ampla defesa e o prazo para manifestação da parte conveniada foram garantidos, o Ministério do Esporte procedeu pedido à entidade de restituição do valor integral do convênio, devidamente atualizado monetariamente nos termos da Lei”, diz nota divulgada pelo ministério.

Na representação que fez ao TCU, Marsico registrou a demora do Ministério do Esporte em tomar providências diante do atraso da UNE em prestar contas sobre o uso do dinheiro público. Segundo o procurador, a pasta só agiu depois de provocada por ele: “Isso é muito perigoso, porque envolve uma atuação estrutural dos ministérios, que deveriam agir prontamente. Só conseguimos pegar essas coisas no tribunal de contas muito depois. E aí o prejuízo já está bem maior”, disse Marsico ao GLOBO.
(…)

Por Reinaldo Azevedo

 

09/06/2012 às 4:29

Reação no Supremo: Reclamação de petistas é “jus esperneandi”

Por Fernanda Krakovics e Maria Lima, no Globo:
O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Carlos Ayres Britto, e o ministro Marco Aurélio Mello reagiram nesta sexta-feira à acusação do secretário nacional de Comunicação do PT, deputado André Vargas (PR), de que o STF cedeu a pressões ao marcar o início do julgamento do mensalão para agosto, coincidindo com a campanha eleitoral.

Marco Aurélio minimizou as críticas do petista ressaltando que o calendário do Supremo não leva em conta o processo eleitoral, e sim os ritos processuais, o ministro afirmou que adiar o julgamento poderia acarretar prescrição dos crimes, em caso de condenação.

“O Supremo não age a partir de sugestionamentos ou pressões. Ninguém quis essa coincidência. Essa reação é muito conhecida no Direito: é o ‘jus esperneandis’”, ironizou o ministro Marco Aurélio, ao comentar as declarações de Vargas.

Mais comedido, o presidente do tribunal também refutou as acusações do petista, por meio de sua assessoria de imprensa: “O processo está maduro para julgamento, tanto que foi unânime a decisão de fixar o cronograma. Sete anos já decorreram da denúncia e não há como confundir predisposição para julgar com predisposição para absolver ou condenar. Uma coisa não tem nada a ver com a outra”, afirmou Ayres Britto.
(…)

Por Reinaldo Azevedo

 

09/06/2012 às 4:27

A recaída bolivariana da diplomacia brasileira

Leia editorial do Estadão:
Na esvaziada Assembleia-Geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), encerrada quarta-feira passada em Cochabamba, na Bolívia, o Brasil desprezou mais uma oportunidade de marcar posição em defesa dos direitos humanos no continente. Numa recaída bolivariana influenciada também pela intenção de retaliar a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) - que no ano passado pediu a suspensão das obras da Hidrelétrica de Belo Monte até que se apurassem as denúncias de que estariam sendo infringidos direitos da população indígena -, o governo brasileiro preferiu, mais uma vez, alinhar-se com os regimes autoritários do Equador, Bolívia, Nicarágua e Venezuela, violadores contumazes dos direitos humanos, principalmente a liberdade de imprensa. Felizmente, porém, malogrou a tentativa de que o plenário da OEA votasse resolução que impõe restrições à ação da Comissão Interamericana de Direitos Humanos, que os bolivarianos acusam de servir a “interesses imperialistas”.

A proposta de enquadramento da comissão - que por extensão acaba atingindo a Corte Interamericana de Direitos Humanos - teve como defensor principal o presidente equatoriano Rafael Correa, o único chefe de Estado presente ao encontro, além do anfitrião Evo Morales, que acusou aquele órgão da OEA de favorecer “a liberdade de extorsão do jornalismo”. Ele combate a “imprensa burguesa” ferozmente em seu país, com a imposição de medidas econômico-financeiras, legislativas e judiciais que têm sufocado os veículos de comunicação que lhe fazem oposição. Evo Morales e os representantes da Venezuela e da Nicarágua, integrantes da Alternativa Bolivariana para as Américas (Alba), fizeram eco às diatribes de Correa. O embaixador da Venezuela na OEA, Roy Chaderton, declarou à agência de notícias Reuters que a CIDH “é um instrumento do império composto por cúmplices e covardes” e reiterou as críticas de seu governo ao trabalho do argentino Santiago Cantón na Secretaria Executiva da Comissão Interamericana de Direitos Humanos. A função dessa comissão é promover, fiscalizar e proteger os direitos humanos nas Américas, o que tem feito com o mesmo rigor com que, no passado, condenava as práticas antidemocráticas das ditaduras direitistas no continente.

O Brasil, ao lado de México e Argentina, não chegou a endossar os ataques diretos à Comissão Interamericana de Direitos Humanos, mas defendeu a necessidade de “modernizar” os mecanismos de atuação dos órgãos da OEA que atuam na área de direitos humanos, o que significa, na prática, diminuir sua autonomia, transferindo as principais decisões para o plenário da OEA e, como consequência, esvaziando o poder da Corte Interamericana de Direitos Humanos. Exatamente por esse motivo, essa “modernização” é combatida por entidades como a Human Rights Watch e a Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP).

Ao final, o esvaziamento da Assembleia-Geral da OEA acabou impedindo o avanço de mais essa conspiração bolivariana contra o sistema interamericano de direitos humanos. Compareceram à reunião de cúpula apenas os 2 chefes de Estado, Morales e Correa, e 16 chanceleres, com os demais países, Brasil inclusive, representados por seus embaixadores na organização. O Conselho Permanente da OEA havia decidido submeter a proposta à Assembleia-Geral de Cochabamba. Mas o plenário da conferência esvaziada devolveu a questão ao Conselho Permanente, para que seja reestudada e encaminhada à próxima Assembleia-Geral, ainda sem data para se reunir.

Para justificar sua posição dúbia nessa questão vital para a preservação dos direitos humanos no continente, o governo brasileiro alega que as reformas preconizadas pelo radicalismo bolivariano de Correa, Morales, Chávez e companhia não afetarão o trabalho da CIDH e destinam-se apenas a aperfeiçoar os critérios para sua atuação. Mas a origem da proposta não deixa dúvidas quanto a suas reais intenções. É estranha, portanto, a posição brasileira, que está em contradição com o fato de que aqui a liberdade de expressão tem sido respeitada, malgrado as episódicas e lamentáveis exceções de interpretações judiciais equivocadas.

Por Reinaldo Azevedo

 

09/06/2012 às 4:12

PSB pode romper aliança com PT em Recife

Por Fábio Guibu, naFolha:
A crise interna que coloca em risco a hegemonia de 12 anos do PT na Prefeitura de Recife poderá levar seu principal aliado, o PSB, a lançar candidato próprio a prefeito na capital pernambucana. Por determinação do governador de Pernambuco e presidente nacional do PSB, Eduardo Campos, quatro secretários de Estado foram exonerados ontem de seus cargos e nomeados pré-candidatos do partido em Recife.Sileno Guedes, Danilo Cabral, Geraldo Julio e Tadeu Alencar acompanharão as articulações internas do PT, mas também se movimentarão de forma independente.

Os socialistas, que ocupam a vice-prefeitura da capital, querem estar preparados para a possibilidade de o candidato imposto pelo PT, o senador Humberto Costa, não conseguir unir a base aliada, formada por 15 partidos. A Folha apurou que Campos já avisou o ex-presidente Lula da possibilidade de romper a aliança em Recife.

O governador disse que aguardaria as tentativas de pacificação no PT, mas que seu limite seria o risco de uma derrota eleitoral -possibilidade que passou a enxergar com a resistência do prefeito João da Costa (PT) em aceitar a candidatura do senador.O prefeito afirma que não se submeterá “a um ato de força” da Executiva Nacional do PT. Ele deve recorrer ao Diretório Nacional e não descarta procurar a Justiça para viabilizar a sua candidatura.
(…)

Por Reinaldo Azevedo

 

08/06/2012 às 20:16

Justiça concede liberdade para ex-diretor da Delta

Por Erich Decat, naFolha Online:
A juíza Ana Cláudia Barreto da 5ª Vara Criminal do DF determinou no final da tarde desta sexta-feira (8) a soltura do ex-diretor da Delta na Região Centro-Oeste Cláudio Abreu. A decisão foi tomada com base no pedido de revogação da prisão apresentado pelos advogados de Abreu. A determinação da soltura foi informada ao diretor do Complexo Penitenciário da Papuda em Brasília, João Feitosa, onde Abreu está preso desde o último dia 25 de abril. “Ele efetivamente vai ser solto. Fomos comunicados por telefone e assim que o alvará chegar ao complexo, ele será liberado”, disse Feitosa.

“Fomos informados no final da tarde sobre a decisão da titular da vara. Ele deve ser solto nas próximas horas”, afirmou o advogado de Abreu, Roberto Pagliusio. Apesar de solto, Abreu terá que cumprir algumas medidas cautelares. Entre elas, ele deve comparecer mensalmente perante o juízo, entre os dias 10 a 15, independentemente de intimação. O ex-diretor da Delta também fica proibido de manter contato com os demais réus e outras pessoas citadas na denúncia. Além disso, também terá de entregar o passaporte e manter endereço atualizado nos autos.

Para a juíza, a permanência de Abreu preso não tinha mais fundamento “visto que não é mais diretor da empresa Delta e, ainda que fosse, os crimes que lhe foram imputados são de conhecimento nacional, de maneira que dificilmente conseguiria praticar novas condutas semelhantes”.
(…)

Por Reinaldo Azevedo

 

08/06/2012 às 20:10

Um lembrete para Lula — “Quos volunt di perdere dementant prius”

Nem sempre concordo com o jornalista e ex-deputado Fernando Gabeira, mas admito que já há muito ele tem se dedicado a temas que considero pertinentes. E tem se posicionado sobre eles com a devida responsabilidade. Mais: Gabeira fez parte da geração que escolheu o caminho da ditadura comunista para “corrigir o Brasil”. Não o aplaudo por seu suposto mea-culpa — esse nunca foi o ponto. Eu o aplaudo por sua adesão realmente sincera, sempre comprovada, aos valores universais da democracia. Infelizmente, não é o padrão. Muitos dos que são hoje beneficiários da democracia a têm como mero valor tático.

No Estadão de hoje, ele escreve um excelente artigo intitulado “Lula e nosso futuro comum”. Correto da primeira à última linha, que remete a um ditado latino, sem autoria: “Os deuses primeiro enlouquecem aqueles a quem querem destruir”, ou em latim: “Quos volunt di perdere dementant prius”. A citação no singular é mais conhecida: “Quem vult deus perdere dementat prius” — “Deus primeiro enlouquece aquele a quem quer destruir”. O problema de “deus”, no singular, é que a frase parece remeter ao Deus único, este nosso (ou meu, hehe), não àqueles vários do paganismo, que viviam atazanando os homens. Mas isso também tem explicação. Uma das variantes do ditado era com Júpiter: “Quem vult Jupiter…”. E Júpiter, em certo sentido, era “o deus” porque senhor do Olimpo.

A frase é muitas vezes atribuída a Eurípides, autor de coisas absolutamente notáveis. Não escreveu essa, mas certamente a subscreveria. Ao artigo de Gabeira.
*
O ponto de partida é uma frase de Lula: “Não deixarei que um tucano assuma de novo a Presidência”. Lembro, no entanto, que não sou de pegar no pé de Lula por suas frases. Cheguei a propor um “habeas língua” para o então presidente na sua fase mais punk, quando disse que a mãe nasceu analfabeta e que se a Terra fosse quadrada a poluição não circularia pelo mundo. Lembro também que hoje concordo com o filósofo americano Richard Rorty: não há nada de particular que os intelectuais saibam e todo mundo não saiba. Refiro-me à ilusão de conhecer as leis da História, deter segredos profundos sobre o que dinamiza seu curso e dominar em detalhes os cenários futuros da humanidade.

Nesse sentido, a eleição de Lula, um homem do povo, sem educação formal superior, não correspondeu a essa constatação moderna de Rorty. Isso porque, apesar de sua simplicidade, Lula encarnava a classe salvadora no sonho dos intelectuais, via luta de classes como dínamo da História humana, e traçava o mesmo futuro paradisíaco para o socialismo. Na verdade, Lula falava a linguagem dos intelectuais. Seus comentários que despertaram risos e ironias no passado eram defendidos pelos intelectuais com o argumento de que, apesar de pequenos enganos, Lula era rigorosamente fundamentado na questão essencial: o rumo da História humana.

A verdade é que a chegada do PT ao poder o consagrou como um partido social-democrata e, ironicamente, a social-democracia foi o mais poderoso instrumento do capitalismo para neutralizar os comunistas no movimento operário. São mudanças de rumo que não incomodam muito quando se chega ao poder. O capitalismo é substituído pelas elites e o proletariado salvador, pelos consumidores das classes C e D. Os sindicalistas vão ao paraíso de acordo com os critérios da cultura nacional, consagrados pela canção: É necessário uma viração pro Nestor,/ que está vivendo em grande dificuldade.

Se usarmos a fórmula tradicional para atenuar o discurso de Lula, diremos que o ex-presidente queria expressar, com sua frase sobre um tucano na Presidência, que faria todo o esforço para a vitória do seu partido e para esclarecer os eleitores sobre a inconveniência de eleger o adversário. Lula sabe que ninguém manda no processo eleitoral. São os eleitores que decidem se alguém ocupará a Presidência. Foi só um rápido surto autoritário, talvez estimulado pelo tom de programa de TV, luzes e uma plateia receptiva.

Se o candidato tucano for, como tudo indica, o senador Aécio Neves, também eu, em trincheira diferente da de Lula, farei todo o esforço para que o tucano não chegue à Presidência. Aécio foi um dos artífices na batalha para poupar Sérgio Cabral da CPI e confirmou, com essa manobra, a suspeita de que não é muito diferente do PT no que diz respeito aos critérios de alianças e ao uso da corrupção dos aliados para fortalecer seu projeto de poder. Tudo o que se pode fazer, porém, é tornar clara a situação para o eleitor, pois só ele, em sua soberania, vai decidir quem será o eleito.

Na verdade, essa batalha será travada também na esfera da economia. Vivemos um momento singular na História do mundo. A crise mundial opõe defensores da austeridade, como Angela Merkel, e os que defendem mais gastos e investimentos, dentro da visão keynesiana de que a austeridade deve ser implantada no auge do crescimento, e não durante o período depressivo. O PT dirigiu o País num período de crescimento e muitos gastos, não tanto no investimento, mas no consumo. É possível que esse modelo de estímulo à economia tenha alcançado seus limites.

Muito possivelmente, ainda, o curso dos acontecimentos não dependerá tanto da vontade de Lula nem dos nossos esforços individuais. A democracia prevê alternância no poder. E a análise de como essa alternância se dá na prática revela, em muitos casos, uma gangorra entre austeridade e gastança. De modo geral, a crise derrota um governo austero e coloca seu oposto no poder, como na França. Mas às vezes derrota um governo social-democrata e elege seu adversário direto, como na Espanha.

Pode ser que o esgotamento do modelo de estímulo ao consumo abra espaço para discurso de reformas fiscal e trabalhista, de foco em educação e infraestrutura, enfim, de uma fase de austeridade. E não é totalmente impossível que um partido de oposição chegue ao governo. Restaria ao PT, nesse caso, um grande consolo: ao cabo de um período de austeridade, o partido teria grandes chances de voltar ao poder com seu discurso do “conosco ninguém pode”, do “vamos que vamos”, “nunca antes neste país”… Não estou afirmando que esse mecanismo vai prevalecer, é uma das possibilidades no horizonte. A outra é o próprio PT assumir algumas das diretivas de austeridade e conduzir o processo sem necessariamente deixar o poder.

Por mais que a crise seja aguda, o apelo ao consumo e à manutenção de intensas políticas sociais é muito forte na imaginação popular. O discurso de austeridade só tem espaço eleitoral quando as coisas parecem ter degringolado.

O futuro está aberto e não será definido pela exclusiva vontade de Lula. Com todo o respeito ao Ratinho e sua plateia, o povo brasileiro é mais diverso e complexo. Se é verdade que a História não se define nas academias intelectuais, isso não significa que ela tenha passado a ser resolvida nos programas de auditório.

No script do socialismo real o proletariado foi substituído pelo partido, o partido pelo comitê central e o comitê central por um só homem. No script da social-democracia tropical Lula substituiu o proletariado, o partido, o comitê central e o próprio povo brasileiro ao dizer que não deixará um tucano voltar à Presidência. Se avaliar com tranquilidade o que disse, Lula vai perceber que sua frase não passa de uma bravata.

O que faz um homem tão popular e bem-sucedido bravatear no Programa do Ratinho é um mistério da mente humana que não tenho condições de decifrar. A única pista que me vem à cabeça está na sabedoria grega: os deuses primeiro enlouquecem aqueles a quem querem destruir.

Por Reinaldo Azevedo

 

08/06/2012 às 18:55

A herança maldita de Haddad — Alunos e professores acusam reitor de universidade federal criada em 2009 de praticar superfaturamento

Por Gabriel Castro, na VEJA Online:
Um grupo de professores e alunos da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa) levou ao Tribunal de Contas da União (TCU) e ao Ministério da Educação um dossiê acusando o reitor da entidade, José Seixas Lourenço, de superfaturar gastos. O material mostra graves indícios de sobrepreço na compra de equipamentos e na aquisição de lotes pela instituição de ensino. O documento lista 13 itens utilizados em pesquisas que teriam sido comprados por valores inflados.

No total, o acréscimo seria de 1,8 milhão de reais. Em um dos casos, a diferença de preço entre o valor pago e o praticado pelo mercado ultrapassa os 2.000%: um ultrassom avaliado em 15 800 reais foi comprado por mais de 343.000. Há ainda questionamentos quanto à aquisição de três terrenos. Em um dos casos, a universidade pagou 1,2 milhão por um lote que a prefeitura de Santarém avaliara, meses antes, em 238.000.

A Ufopa comprou ainda um terreno de 5 hectares por 4 milhões de reais depois de rejeitar, pelo mesmo preço, a aquisição de um lote de 100 hectares às margens do Rio Tapajós. “As aquisições foram feitas unilateralmente pelo reitor, sem consulta a nenhuma instância colegiada da universidade”, diz o dossiê. Além da comunidade acadêmica, que pede a saída do reitor do cargo, o deputado federal Zé Geraldo (PT-PA) encampou a mobilização contra o comando da Ufopa.

A Universidade Federal do Oeste do Pará foi criada em novembro de 2009 e ainda não apresentou uma prestação de contas sequer. O reitor, José Seixas Lourenço, ocupa o mandato interinamente, enquanto o estatuto da instituição não fica pronto. A demora na convocação de eleições também suscita críticas da comunidade acadêmica.

 

Tabela aponta superfaturamento em compras da UFOPA: diferença ultrapassa 2000%

Tabela aponta superfaturamento em compras da UFOPA: diferença ultrapassa 2000%

Resposta
A reitoria se diz vítima de “ataques” e nega as acusações de corrupção. A entidade reconhece, entretanto, indícios de sobrepreço em parte das compras e alega ter exigido explicações da empresa responsável pelos equipamentos. Mas, para se defender, alega que a variação nos valores se deve a fatores como o preço do frete e tarifas alfandegárias. A reitoria também rebate a afirmação de que houve irregularidades na aquisição dos terrenos. Diz que a avaliação dos imóveis é feita com base em critérios objetivos. A entidade alega ainda que o terreno de 100 hectares nem mesmo chegou a ser formalmente oferecido à Ufopa.

Por Reinaldo Azevedo

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Fonte:
Blog Reinaldo Azevedo (VEJA)

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