Abiove deverá deixar a moratória da soja, diz Lovatelli

Publicado em 02/09/2013 15:12 e atualizado em 18/09/2013 13:17
no Blogs de Lauro Jardim, e Augusto Nunes, de veja.com.br

Brasil

Novas regras

Acordo contribuia para reduzir desmatamento

Carlo Lovatelli, presidente da Abiove, a entidade que congrega as esmagadoras de soja que atuam no Brasil, avisou a diversas Ongs ambientalistas que não vai renovar a moratória da soja.

Essa moratória, adotada em 2006, tem sido um importante fator de contenção do desmatamento da Amazônia. Com ela, as indústrias não podem comprar de fornecedores cujas fazendas foram flagradas desmatando depois de junho de 2006.

Há pelo menos três anos que a Abiove tenta fugir das regras da moratória. Motivos: dão muito trabalho, têm algum custo de execução e, finalmente, incentivam o aumento de exigências por parte dos grandes compradores na Europa e EUA. É isso.

Por Lauro Jardim

 

Diversos

30 milhões de reais

Kulal: multiplicação de sêmen e de dinheiro

Kulal, o imponente touro aí de baixo, vale ouro. Ou, mais precisamente, valeu ouro para os seus proprietários. Em seus vinte anos de vida, que completa na sexta-feira, Kulal gerou cerca de 30 milhões de reais em valores atualizados, quando se soma o valor da venda das 250 000 doses dos seu sêmen e dos seus filhos. Um recorde.

Por Lauro Jardim

 

Economia

Spread zero

Mantega: novas medidas

Guido Mantega determinou que o BNDES derrube pesadamente o spread para a transferência de recursos para a banca privada para ajudar no financiamento dos leilões de concessão da área de infra-estrutura, conforme revelou o Valor de hoje. O spread cairá a zero.

O objetivo é não só tornar mais barato o custo dos empréstimos que vão bancar as concessões, mas também estimular a participação das instituições financeiras privadas no processo.

Por Lauro Jardim

 

‘Um PIB sem vitamina’, editorial do Estadão

Publicado no Estadão deste domingo

O Brasil teve um segundo trimestre quase chinês, segundo a comparação do ministro da Fazenda, Guido Mantega. A exibição de entusiasmo foi breve, mas com alguma base aritmética. A economia chinesa cresceu entre abril e junho em ritmo equivalente a 6,9% ao ano. No mesmo período, o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro aumentou 1,5%. Em quatro trimestres isso resultaria numa taxa acumulada de 6,1%.

Mas a semelhança termina aí. A China cresceu durante anos a taxas próximas de 10%. O impulso diminuiu nos últimos tempos, em parte porque o governo decidiu remodelar a economia e dar mais peso ao mercado interno, mas, a expansão deve continuar acima de 7% em 2013 e em 2014.

Por aqui, o panorama tem sido muitíssimo diferente. Depois de aumentar apenas 2,7% em 2011, a produção brasileira avançou 0,9% no ano passado. Para 2013, o ministro Guido Mantega se absteve de apresentar uma projeção e anunciou um 2014 “mais promissor”. O paralelo com a China foi abandonado rapidamente. Mas a fala otimista foi mantida e reforçada com a apologia da política econômica.

O ministro mostrou especial entusiasmo em relação à retomada do investimento. A economia, segundo ele, está crescendo “com qualidade”. O valor investido em máquinas, equipamentos, construções e obras de infraestrutura aumentou 3,6% em relação ao primeiro trimestre e foi 9% maior que o de igual período do ano passado. O total dos primeiros seis meses foi 6% superior ao do primeiro semestre de 2012 ─ um belo resultado ─, mas o acumulado em 12 meses cresceu apenas 0,2%.

A recuperação do investimento ocorreu, portanto, sobre uma base muito baixa, até porque o valor investido no ano passado foi 4% menor que o de 2011. Além disso, mesmo com a recuperação, o País investiu no segundo trimestre apenas 18,6% do Produto Interno Bruto. Entre abril e junho do ano passado havia ficado em 17,9%. A maior taxa alcançada num segundo trimestre, nas últimas duas décadas, foi de 19,2%, em 2010. Em economias latino-americanas mais dinâmicas o valor aplicado em capital fixo (máquinas, equipamentos, etc.) tem atingido e até superado 25% do PIB (acima de 27% na Colômbia, por exemplo). Os 24% ou 25% indicados pelo governo como objetivos razoáveis para o Brasil continuam muito distantes.

Quanto a esse aspecto, só com uma dose excepcional de boa vontade se pode falar de crescimento com qualidade. Por enquanto, não há nada além de uma recuperação. Além disso, boa parte das máquinas e equipamentos comprados neste ano foi de caminhões e bens de produção destinados à agricultura. Há um vínculo claro entre esse detalhe e o desempenho do setor rural. No segundo trimestre, a produção da agropecuária cresceu 3,9% em relação ao primeiro e foi 13% superior ao de um ano antes. O resultado do primeiro semestre foi 14,7% maior que o de janeiro a junho de 2012 e a expansão acumulada em 12 meses chegou a 7,4%.

O crescimento industrial no primeiro semestre ficou em 0,8% e a produção em quatro trimestres foi apenas 0,1% maior que a do período anterior. O número do segundo trimestre, 2% maior que o de janeiro a março, pode ser uma boa notícia, mas a atividade industrial continua medíocre em 2013. Em quatro trimestres a indústria de transformação cresceu apenas 0,4%. Os dados de julho da indústria paulista, divulgados pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), indicaram um nível de atividade (INA) 1,6% mais baixo que o de junho, descontados os fatores sazonais, e 4% mais alto que o de julho do ano passado. Mas o aumento do INA em 12 meses ficou em 1,7%. O ano está comprometido, disse o diretor do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos da entidade, Paulo Francini.

Os números do segundo trimestre mostram 0 acerto da política econômica, segundo o ministro da Fazenda. Mas nem ele ousa projetar para 2013 um crescimento razoável para o PIB. Essa hesitação contrasta com a apologia das medidas oficiais. Fora do governo talvez seja mais fácil vê-las como são: uma política fracassada.

(O Estado de S. Paulo)

 

Reynaldo-BH: O caso Dias Toffoli demonstra que a ordem é nivelar pelo subsolo

REYNALDO ROCHA

O que será necessário acontecer para que Dias Toffoli, o birreprovado, tenha a dignidade de se declarar impedido em ações quando claramente tem ligações com uma das partes?

E não é somente ele. A AGU de Luis Adams também deveria ser uma advocacia da União. E não do governo federal.

Se for submetido ao plenário do STF um pedido de suspeição, os outros ministros, que terão de optar pelo óbvio ou pela indignidade.

É impossível alguém se sentir livre de pressões ao julgar quem recebe mensalmente 92% de seu próprio salário! Sem falar na atuação em processo cujos acusados/condenados eram antigos empregadores e atuais patrões da companheira.

Será que nosso sentimento de revolta e vergonha é de menor importância?  Não entendem que não queremos criticar pela crítica em si? Toffoli é ministro do Supremo. Não queríamos. Mas é. E, como tal, possui estabilidade funcional, não podendo ser demitido por ninguém. Esta é a essência do estado de Direito, que protege os juízes em nome da independência. Por isso a necessidade de contar-se sempre com a reputação ilibada, ao lado do notório saber jurídico. Toffoli falha clamorosamente em ambos.

A reputação que está sendo construída (ou reforçada) pode ser tudo, menos ilibada. Até o saber jurídico mínimo entende o que seja suspeição.

Valeria a pena relembrar as causas de IMPEDIMENTO (mais grave) e da SUSPEIÇÃO (menos grave, porém também excludente)?

Causas de IMPEDIMENTO:

─ quando o julgador tiver funcionado (na demanda) seu cônjuge ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral até o terceiro grau, inclusive, como defensor ou advogado, órgão do Ministério Público, autoridade policial, auxiliar da justiça ou perito;

─ quando ele próprio houver desempenhado qualquer dessas funções ou servido como testemunha;

─  quando ele próprio ou seu cônjuge ou parente, consanguíneo ou afim em linha reta ou colateral até o terceiro grau, inclusive, for parte ou diretamente interessado no feito.

Pergunta-se: em qual destas razões de impedimento Toffoli se enquadra? A companheira ainda é advogada de um dos réus do Mensalão. Toffoli atuou como defensor de um dos réus e da organização criminosa (PT) a que o defendido pertencia. Basta?

Quanto à SUSPEIÇÃO, ela se aplica a alguém que for credor ou devedor, tutor ou curador, de qualquer das partes.

Mais claro impossível. Mais fiel ao caso atual, inimaginável. Afinal, Toffoli é devedor POR ANOS de 92% do salário que recebe como ministro do Supremo. Pouco importa se tem outras rendas. É muito estranho que um magistrado precise de rendas extras, nestas proporções, para a própria subsistência. Não é moralmente aceitável. Nem eticamente compreensível. Mas, todos nós sabemos, são valores ignorados nestes novos tristes tempos.

Também era inimaginável o desprezo que estes novos donos do poder têm pelo país. E acreditávamos impossível o escárnio de quem se julga acima das leis e da ética.

O que os leva a se julgarem invisíveis ou isentos de avaliação moral? Acreditam que nós somos cegos ou que desconhecemos as leis do Brasil?

É o retrato do país aparelhado. Do Judiciário atacado diariamente. Da tentativa permanente de transformar códigos em estatutos partidários, tribunais em assembleias políticas e juízes em parlamentares ou ministros do Executivo.

A ordem é nivelar pelo subsolo.

Tudo bem. Toffoli ─ pela própria visão e por quem deveria defender a União ─ está apto a julgar quem lhe tunga 92% do salário. Mas não está apto a ter o respeito de brasileiros com vergonha na cara.

Na Era da Mediocridade, Toffoli já não é mais medíocre. Ao contrário: é a representação da excelência. Isso explica muita coisa; até o cargo que ocupa em uma escolha que era, para alguns, incompreensível.

 

Celso Arnaldo: O dia em que Dilma Rousseff confundiu tijolo com diploma, piso com cobertura, primário com ginásio, Bolsa Família com bolsa escolar — e invocou dona Maria na hora errada

CELSO ARNALDO ARAÚJO

O que a presidenta fala não se escreve ─ o dilmês, inédito idioma com um único usuário, estacionou sua semântica na fase pré-escrita da linguagem e, por isso, não pode ser transcrito sem grave ofensa à instituição da Presidência da República. Ao quebrar esse dogma, reproduzindo os discursos de Dilma com fidelidade quase integral, minutos depois de terem sido cometidos, o Portal do Planalto oferece à consulta pública, em tempo real, documentos preciosos que um dia serão analisados por historiadores isentos ─ e só então encarados com o devido espanto.

Desde o início das manifestações de rua, com a consequente queda vertiginosa de sua incrível popularidade, os discursos de Dilma se avolumaram em duração e frequência ─ às vezes três numa mesma cidade, no mesmo dia, cada qual numa plataforma diferente do Brasil Maravilha. Só de “comprimentos”, dá mais de meia hora/dia.

Mas esta semana, em Campinas, onde participaria de duas cerimônias, o espanto foi da própria presidente, logo aos 32 segundos do primeiro discurso, que celebraria a entrega de unidades do Minha Casa, Minha Vida na cidade, ao se dar conta de que um auto-hacker, falando em dilmês escorreito, invadira sua fala.

O preâmbulo “cut-cut” do discurso seria o caso edificante de uma mulher resgatada de sua miséria por um curso profissionalizante ─ e que talvez já tenha até casa própria, mas não é da Dilma.

“Eu quero cumeçá contando uma história pra vocês de uma mulher que estudou somente até a 5ª série ginasial e… aliás, a 5ª série do curso fundamental, porque vivia na roça com mais nove irmãos e não teve condições de continuar estudano. Mas essa mulher… eu vou tratá dela nu, na, na próxima cerimônia que eu vou participar aqui em Campinas…”

Continuar estudano? Só aí caiu a ficha: “essa mulher” era figurante do discurso seguinte, o de entrega de diplomas de cursos profissionalizantes para formandos do Pronatec. O que estaria fazendo ela numa entrega de casa própria? Ao perceber o erro, a presidente promete “tratá dela” na próxima cerimônia ─ seria quando falasse do Mais Médicos?

Enquanto o pânico certamente se instala nos arredores ─ com os assessores remexendo nervosamente a papelada para encontrar o texto da vez ─ Dilma não acusa o golpe e, sem perder a embocadura, como sói acontecer entre os grandes oradores, tenta encenar o teletransporte, à cerimônia seguinte, da personagem que não pertencia àquele mundo:
“… na próxima cerimônia que eu vou participar aqui em Campinas, que é a formação…do Bolsa Família”.

Espere: não seria do Pronatec? Que formação é essa do Bolsa Família? Da poupança?

Não há nada que não possa ser consertado em dilmês:
“Quiquié formação do Bolsa Família? Quando a gente dá o Bolsa Família, nós estamos permitindo que as pessoas sobrevivam..”.

Humm, essa história não vai acabar bem… Enfim, depois de segundos que pareceram uma eternidade, a mão salvadora ─ veja no vídeo acima ─ deposita sobre o púlpito o papel certo. Seria a hora de mudar de assunto e abandonar o penoso improviso ─ o tema da cerimônia, afinal, é a casa própria. Mas não Dilma.

Ela vai até o fim. A tal “formação do Bolsa Família” ─ que parece ter deixado de ser esmola para ser escola ─ precisa ser explicada.
“Quando a gente dá o Bolsa Família, nós temos de dá também condições pras pessoas mudarem de vida. Mudá de vida ocê muda de várias formas. Primeiro, estudano….”.

É o toque aristolélico, que explica a “formação do Bolsa Família”. Mas, espere: de novo, e a casa própria? Aqui está ela, gloriosa, embora em versão “própia”:

“Primeiro a casa própia. Segundo, curso profissionalizante pra pessoa tê a carteira assinada e podê consegui um emprego”.

Fechou o raciocínio? Sem dúvida, mas é preciso dar uma caprichada no enunciado, inclusive linkando a coisa com o motivo do discurso seguinte, de onde “essa mulher” saiu inadvertidamente:

“Tô feliz, bastante feliz, porque hoje, aqui em Campinas, é minha primeira visita como presidente. E como presidente, eu venho fazer dois atos que são essenciais pra mudar a vida das pessoas: casa própia de um lado, formação profissional de outro lado”.

E dona Maria ─ como se verá adiante ─ no meio dos dois.

Bem, o discurso prossegue, além do vídeo, por longos 22 minutos, integralmente transcritos pelo Portal do Planalto, com Dilma em seu melhor habitat: a velha história da casa que é muito mais do que uma casa. É uma casa:
“Hoje, nós estamos entregando 1060, 1060 moradias que são na verdade, não são construção, porque uma casa pode ser de material, pode ter azulejo, ferro, aço, alumínio, mas uma casa não é isso. Uma casa é onde a gente cria os filhos, onde a gente mora com a família, onde a gente recebe os amigos, onde a gente cria os laços afetivos que qualquer ser humano quer carregar ao longo da sua vida”.

Passada a tensão inicial, Dilma parecia exultante ─ mas com os pés no chão:
“Eu estou muito feliz, porque eu entro lá nos apartamentos para olhar o quê? Eu olho o chão, eu olho se o chão está coberto. A moça ali me perguntou, porque antes não se cobria o chão. A primeira fase, a primeira fase não se cobria o chão, agora que se começou a cobrir. Nós decidimos várias coisas, melhorias, porque você vai aprendendo. Agora é obrigado ─ é bom vocês saberem o que é obrigado a fazer: por exemplo, o chão tem de estar coberto, ou por madeira ou cerâmica, e a área social também. Se o seu não estava, ele terá de estar”.

E nada como o olhar de uma igual:
“Eu sou, como vocês… hoje eu não sou dona de casa porque eu sou presidente, mas eu fui dona de casa até pouco tempo atrás. Quero dizer para vocês que, como qualquer dona de casa, vocês têm de fazer o seguinte: vocês têm de olhar os preços nas lojas. E olhar o preço, ver qual é o melhor e comprar o que é melhor”.

Não é à toa que se tornou presidente: alguém já tinha pensado nisso antes?

A seguir:

─ A mulher que invadiu por engano o discurso da casa própria volta com tudo no discurso certo e é obrigada a ouvir a profissão de fé da presidente na educação e nos nossos mestres:
“E o professor, o professor, a pessoa professor e professora, nós, sociedade brasileira, governo, estudantes, nós temos de valorizar”
“Independentemente de quem quer que seja, nós carregamos a educação que nós conquistamos para nós”

─ Dilma pede ajuda aos universitários para lembrar o nome do micro-ondas

─ Os desafios do Mais Médicos:
“Nós vamos primeiro atacar o grosso”
“Gripe é aquilo que ataca cada um de nós”
“O Brasil precisa de oncologista, que vai tratar das doenças do câncer”

(blog Augusto Nunes)

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Fonte:
Blogs Lauro Jardim e Aug. Nunes

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