‘Um terno de R$ 500 mil’, de José Casado

Publicado em 06/11/2013 16:15 e atualizado em 20/02/2014 11:07
artigos no blog de Augusto Nunes, de veja.com.br

‘Um terno de R$ 500 mil’, de José Casado

Publicado no Globo desta terça-feira

JOSÉ CASADO

O tom de voz era grave:

─ Quero ganhar a eleição para cuidar do meu povo como mãe cuida do filho, é pra isso que serve o Estado.

Soou estranho. Não era mulher falando, mas o presidente da República. Lula discursava como se fosse Dilma Rousseff, em Salgueiro, a 500 quilômetros de Recife. Naquela terça-feira, 17 de agosto de 2010, a estreante do PT estava em São Paulo, mas pairava onipresente no sertão ─ em roucos arremedos do presidente.

À noite, na capital paulista, o empresário Eike Batista pagou R$ 500 mil por um terno de Lula. Foi num leilão beneficente promovido pelo cabeleireiro da primeira-dama Marisa Letícia. E, diante dela, o dono das empresas “X” arrematou a cena: comprometeu-se a dobrar o valor da coleta filantrópica (R$ 2 milhões, dos quais 25% desembolsados por ele).

Lula despediu-se prometendo a redenção do Nordeste, segundo maior colégio eleitoral do país: para Pernambuco, daria refinaria, porto e estaleiro; ao Ceará, refinaria e estaleiro; e, ao Maranhão, siderúrgica e exploração de gás natural.

─ A coisa tá tão boa que até no Maranhão, onde o Sarney reclamava que era pobre, o Eike Batista acaba de achar gás ─ festejou.

Dois dias depois, convidou-o ao Palácio do Planalto. Ao sair, o empresário revelou uma reserva maranhense “de 10 a 15 trilhões de pés cúbicos” de gás natural, equivalentes a “quase a metade das reservas confirmadas de gás da Bolívia”.

Assessores do governo e teóricos do PT exaltavam o “surgimento de uma camada de empresários dispostos a seguir as orientações do governo”, da qual Eike Batista era “figura emblemática”. Sobre Dilma, já com 11 pontos de vantagem nas pesquisas, escreveu-se: “É talhada, por sua biografia, para levar adiante um projeto nacional pluriclassista.”

O dono das “X” ganhara status de fato relevante num projeto de hegemonia político-partidária. Governo e PT desejavam usá-lo para exorcizar o “modelo privatista” do adversário, o PSDB. E Eike, dispondo-se a ser a face privada de uma “reestatização branca”, poderia se beneficiar influenciando decisões de seu interesse.

Aproximados pelo governador Sérgio Cabral, presidente e empresário haviam traçado doze meses antes um roteiro para transferir 17,5% do controle da mineradora Vale, em mãos do Bradesco, para o grupo “X”. O governo controla 60% das ações (via BNDES e fundos de pensão estatais), mas a gestão era do banco privado.

Lula queria a submissão da Vale, como a estatal Petrobras. Alquimista de papéis, sem retorno à vista, o empresário viu a chance de “monetizar” seus investimentos ─ na definição em economês da Itaú Securities. Ou seja: fazer dinheiro com o BNDES, “o melhor banco do mundo”, como Eike repetia.

O Bradesco manteve sua parte, em acordo com Lula. Ele sustentou a campanha “antiprivatização” e elegeu Dilma, que ampliou o poder estatal na economia. Eike quebrou com um terno de R$ 500 mil no armário, que não cabe no seu figurino e muito menos na massa falida. Deixou R$ 6,3 bilhões pendurados no BNDES e na Caixa. Virou a imagem do capitalismo de laços, bem descrito em livro por Sérgio Lazzarini.

Não é o fim da história. Dilma vai tentar se reeleger em 2014. Dois anos depois, o acordo de acionistas da Vale será renegociado. “Se me encherem o saco, volto” ─ anuncia Lula para 2018.

 

‘Pimenta nos olhos’, de Carlos Brickmann

Publicado na coluna de Carlos Brickmann

A espionagem americana era intolerável, tanto que a presidente Dilma cancelou a visita ao presidente Obama. Mas a espionagem do Brasil é boa e desejável, tanto que os brasileiros que vazaram sua existência serão severamente punidos, segundo nota do Governo. “O vazamento de relatórios classificados como secretos constitui crime”, informa Brasília. Snowden, aqui como lá, iria a julgamento.

O Governo brasileiro tem razão nos dois casos; e não tem razão em nenhum dos dois. A espionagem deve ser combatida, deve haver protestos diplomáticos; mas sabendo-se que quem combate a espionagem também a faz. É dupla moral, sim. Faz parte do jogo internacional. Espionagem é um fato da vida: existiu, existe e continuará existindo, entre inimigos e amigos. Há que proteger-se, há que evitá-la, sabendo que sempre existirá. Há que monitorar amigos e inimigos, sabendo que, se descobrirem, haverá protestos e encenações de grande indignação. Só não se pode levar a sério as promessas de que essas coisas agora vão mudar.

Às vezes, espionar é vital. Richard Sorge, jornalista alemão a serviço da União Soviética no Japão, soube que a Alemanha declararia guerra a Moscou; Stalin não acreditou nele e foi surpreendido. Mais tarde, Sorge informou que o Japão não atacaria a URSS, permitindo que as tropas soviéticas fossem deslocadas para a frente alemã. Alguém acredita que algum país possa desistir dessas informações? O Brasil também as quer, claro.

Só não precisava passar pelo ridículo de ficar bravo com a espionagem de lá e com os vazadores da espionagem daqui.

Final infeliz
Richard Sorge foi capturado pelos japoneses, que o ofereceram à URSS em troca de espiões presos pelos soviéticos. Moscou rejeitou a proposta, alegando que nem sabia quem era aquele senhor. Sorge foi enforcado. Vinte anos depois, foi-lhe outorgado o título (merecido) de Herói da União Soviética.

Destino de mensaleiros
O ministro Joaquim Barbosa, presidente do Supremo Tribunal Federal, marcou para a semana que vem o julgamento dos embargos de declaração de dez mensaleiros. Se os recursos forem rejeitados, o STF poderá determinar o imediato início do cumprimento das penas a que foram condenados ─ alguns em regime fechado, outros em semiaberto.

Os recursos dos demais mensaleiros, que puderam apresentar embargos infringentes, deverão ser julgados no ano que vem.

Auto-insuficiência
Lembra do presidente Lula, anunciando em 2005 que o Brasil tinha alcançado a autossuficiência em petróleo? Não era bem assim: nos primeiros nove meses de 2013, o déficit na conta-petróleo foi de US$ 10,9 bilhões.

É recorde: mais que o dobro do custo da transposição do rio São Francisco, ou da compra de caças supersônicos para a Força Aérea Brasileira, que se arrastam ambos desde 2008.

Bom livro, boa hora
O procurador João Benedicto de Azevedo Marques, ex-secretário nacional de Justiça, lança hoje o livro Violência e Corrupção no Brasil. Não poderia haver momento mais adequado: o que não falta é violência, a habitual e a dos baderneiros, nem corrupção, nos mais diversos níveis administrativos e com ampla participação de grandes empresas. Azevedo Marques reúne no livro 25 artigos sobre violência urbana, atuação das policias, políticas de segurança pública, maioridade penal, situação das prisões, ação do Ministério Público em investigações criminais.

Na Livraria da Vila, Alameda Lorena, 1731, SP, a partir das 18h30.

O próximo, o próximo! 
Candidato é o que não falta: escolha o seu! Quem será o próximo empresário “campeão nacional”, com farto apoio publicitário do Governo, ampla divulgação pela imprensa, acesso a excelentes financiamentos a juros baixinhos, a seguir o caminho de Eike Batista? Envie o nome do candidato (seu nome, caro leitor, só será citado se houver autorização expressa)!

Não precisa ter McLaren exposto na sala: basta ser favorito dos homi, gostar de arriscar nosso dinheiro, prometer transformar-se em maior do mundo, ligar-se a mulher bonita e colunável (recomendado, mas não obrigatório) e, em sua opinião, ostentar o perfil típico de quem tem multidões de amigos quando oferece gratuitamente lugar em jatinhos e helicópteros particulares, bons passeios, bons jantares e bebidas bem caras.

Então é Natal
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, está caprichando: depois de criar o vice-ministério da Suprema Felicidade (por que é “vice-ministério” e não “ministério”?), decidiu mudar por decreto a data tradicional do nascimento de Jesus. Na Venezuela, o Natal passou a ser comemorado no dia 1º de Novembro. “Queremos a felicidade para todo o povo, a paz”, disse Maduro. “O Natal antecipado é a melhor vacina para aqueles que querem inventar tumulto e violência”.

E ─ acredite ─ inaugurou em Caracas a Feira Natalina Socialista 2013.

Que o caro leitor não se assuste: Maduro já conversou com um passarinho, a quem considerou porta-voz do falecido presidente Hugo Chávez; e viu nas paredes de um túnel que está sendo escavado em Caracas a imagem de Hugo Chávez, que estaria ali para solidarizar-se com os operários. Maduro é assim mesmo.

 

No vídeo, a presidente e Sérgio Cabral se deslumbram com o passeio pela galeria de vigarices virtuais que Eike criou

ATUALIZADO ÀS 12H35

Em 26 de abril de 2012, ciceroneados pelo risonho vendedor de nuvens, a presidente Dilma Rousseff e o governador Sérgio Cabral baixaram no litoral do Rio para deslumbrar-se com as duas façanhas mais recentes de Eike Batista: o começo da produção de petróleo da OGX na Bacia de Campos (iniciada oficialmente três meses antes) e os trabalhos de parto, em São João da Barra, do Superporto do Açu. Só “porto”, sem o “super”, pareceu muito pouco para um megaempresário, que enfeitou a segunda vogal de Açu com um acento tão justificável quanto a euforia da comitiva.

O vídeo registra parte da discurseira que celebrou, ao fim do passeio, a audácia, o tirocínio e a onisciência do oitavo colocado no ranking mundial dos bilionários da revista Forbes. “Eu quero dizer, Eike, que pra nós é um grande orgulho, e o Brasil precisa cada vez mais reconhecer  os seus empreendedores”, derreteu-se Cabral. O governador faz uma pausa ligeiríssima, olha Eike nos olhos e capricha na bajulação em dilmês de principiante: “E você dando continuação a esse grande brasileiro que é o seu pai, assim como a Dilma dando continuação ao grande brasileiro que é o Lula”.

A presidente pega o bastão e solta outra peróla do dilmês erudito: “Eu acho que uma empresa privada de petróleo tem todo sentido no Brasil, sobretudo pelo fato de que aqui temos uma empresa privada nacional de petróleo”, derrapou Dilma Rousseff. Em seguida, a chefe de governo e o chefão do império virtual posam para a posteridade vestindo jaquetas da OGX. Encerrada a cerimônia, o comício ufanista prosseguiu com a entrevista coletiva.

“Mais empresários deveriam seguir o exemplo do Eike Batista” , aconselhou a presidente. ”Tanto o primeiro óleo de uma empresa nacional privada de petróleo como toda a realidade desse porto integrado merece nosso respeito e merece da parte do governo, vocês podem ter certeza, toda a atenção e todo o suporte”, emocionou-se o neurônio solitário. Que, antes de decolar rumo a Brasília, avisou que esperaria o início das operações do superporto, ainda em 2012, para voltar a São João da Barra. Se a condicionante for mantida, a cidade jamais verá Dilma de novo.

O vídeo abaixo foi concebido para mostrar ao mundo o que acontece quando um empresário genial age em parceria com uma supergerente de país. Menos de dois anos depois de divulgado, é só outra evidência do que é capaz de fazer um fabricante de tapeações virtuais protegido por um neurônio solitário e poderoso. Enquanto maquetes, gráficos e outras formas de ilusionismo desfilam na tela, uma boa voz despeja números hiperbólicos e garante que o céu é o limite.

Deu no que deu. O império está em escombros, mas Eike não ficou pobre. Os pagadores de impostos terão de bancar o prejuízo decorrente do golpe bilionário. Como Lula, Dilma não para de gabar-se de assombros que ninguém vê. É compreensível que se tenha deslumbrado com um superporto que morreu sem ter nascido e uma empresa que encheu trilhões de barris com petróleo inexistente.

O padrinho é um Eike de palanque. A afilhada é um Eike de terninho ─ e incapaz de dizer coisa com coisa.

Tags: Dilma RousseffEike BatistaOGXSérgio CabralSuperporto do Açu

(por Augusto Nunes)

 

‘O gigante continua adormecido’, de Marco Antonio Villa

Publicado no Globo desta terça-feira

MARCO ANTONIO VILLA

O gigante voltou a adormecer. Seis meses depois das manifestações de junho, o Brasil continua o mesmo. Nada mudou. É o Brasil brasileiro de sempre. Mais uma vez, os fatores de permanência foram muito mais sólidos do que os frágeis fatores de mudança.

As instituições democráticas estavam — e continuaram — desmoralizadas. Basta observar as instâncias superiores dos Três Poderes. O Supremo Tribunal Federal chegou ao cúmulo de abrir caminho para a revisão das sentenças dos mensaleiros. Mais uma vez — e raramente na sua história esteve na linha de frente da defesa do Estado Democrático de Direito — cedeu às pressões dos interesses políticos.

 

O ministro Luís Roberto Barroso — o “novato” — descobriu, depois de três meses no STF, que o volume de trabalho é irracional. Defendeu na entrevista ao Globo que o Supremo legisle onde o Congresso foi omisso. E que o candidato registre em cartório o seu programa, o que serviria, presumo, para cobranças por parte de seus eleitores. Convenhamos, são três conclusões fantásticas.

Mas o pior estava por vir: disse que o país não aguentava mais o processo do mensalão. E o que ele fez? Ao invés de negar a procrastinação da ação penal 470, defendeu enfaticamente a revisão da condenação dos quadrilheiros; e elogiou um dos sentenciados publicamente, em plena sessão, caso único na história daquela Corte.

O Congresso Nacional continua o mesmo. São os “white blocs”. Destroem as esperanças populares, mostram os rostos — sempre alegres — e o sorriso de escárnio. Odeiam a participação popular. Consideram o espaço da política como propriedade privada, deles. E permanecem fazendo seus negócios….

Os parlamentares, fingindo atentar à pressão das ruas, aprovaram alguns projetos moralizadores, sob a liderança de Renan Calheiros, o glutão do Planalto Central — o que dizer de alguém que adquire, com dinheiro público, duas toneladas de carne? Não deu em nada. Alguém lembra de algum?

E os partidos políticos? Nos insuportáveis programas obrigatórios apresentaram as reivindicações de junho como se fossem deles. Mas — como atores canastrões que são — fracassaram. Era pura encenação. A poeria baixou e voltaram ao tradicional ramerrão. Basta citar o troca-troca partidário no fim de setembro e a aprovação pelo TSE de mais dois novos partidos — agora, no total, são 32. Rapidamente esqueceram o clamor das ruas e voltaram, no maior descaramento, ao “é dando que se recebe.”

E o Executivo federal? A presidente representa muito bem o tempo em que vivemos. Seu triênio governamental foi marcado pelo menor crescimento médio do PIB — só perdendo para as presidências Floriano Peixoto (em meio a uma longa guerra civil) e Fernando Collor. A incompetência administrativa é uma marca indelével da sua gestão e de seus ministros. Sem esquecer, claro, as gravíssimas acusações de corrupção que pesaram sobre vários ministros, sem que nenhuma delas tenha sido apurada.

Tentando ser simpática às ruas, fez dois pronunciamentos em rede nacional. Alguém lembra das propostas? Vestiu vários figurinos, ora de faxineira, ora de executiva, ora de chefe exigente. Enganou quem queria ser enganado. Não existe sequer uma grande realização do governo. Nada, absolutamente nada.

As manifestações acabaram empurrando novamente Luiz Inácio Lula da Silva para o primeiro plano da cena política. Esperto como é, viu a possibilidade de desgaste político da presidente, que colocaria em risco o projeto do PT de se perpetuar no poder. Assumiu o protagonismo sem nenhum pudor. Deitou falação sobre tudo. Deu ordens à presidente de como gerir o governo e as alianças eleitorais. Foi obedecido. E como um pai severo ameaçou: “Se me encherem o saco, em 2018 estou de volta.”

Seis meses depois, estamos no mesmo lugar. A política continuou tão medíocre como era em junho. A pobreza ideológica é a mesma. Os partidos nada representam. Não passam de uma amontoado de siglas — algumas absolutamente incompreensíveis.

Política persiste como sinônimo de espetáculo. É só no “florão da América” que um tosco marqueteiro é considerado gênio político — e, pior, levado a sério.

A elite dirigente mantém-se como o malandro do outro Barroso, o Ary: “Leva a vida numa flauta/Faz questão do seu sossego/O dinheiro não lhe falta/E não quer saber de emprego/Vive contente sem passar necessidade/Tem a nota em quantidade/Dando golpe inteligente”.

Estão sempre à procura de um “golpe inteligente.” Mas a farsa deu o que tinha de dar. O que existe de novo? Qual prefeito, por exemplo, se destacou por uma gestão inovadora? Por que não temos gestores eficientes? Por que não conseguimos pensar o futuro? Por que os homens públicos foram substituídos pelos políticos profissionais? Por que, no Congresso, a legislatura atual é sempre pior que a anterior? Por que o Judiciário continua de costas para o país?

Não entendemos até hoje que a permanência desta estrutura antirrepublicana amarra o crescimento econômico e dificulta o enfrentamento dos inúmeros desafios, daqueles que só são lembrados — oportunisticamente — nas campanhas eleitorais.

O gigante continua adormecido. Em junho, teve somente um espasmo. Nada mais que isso. Quando acordou, como ao longo dos últimos cem anos, preferiu rapidamente voltar ao leito. É mais confortável. No fundo, não gostamos de política. Achamos chato. Voltamos à pasmaceira trágica. É sempre mais fácil encontrar um salvador. Que pense, fale, decida e governe (mal) em nosso nome.

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“Rolando lero”, de Dora Kramer

Publicado no Estadão desta terça-feira

DORA KRAMER

Houve um tempo em que reunião ministerial era coisa séria. Pedia cobertura jornalística intensa e detalhada, rendia manchete de jornal. Era uma época em que ministérios, bem como os titulares de suas pastas, eram cercados de uma atmosfera de autoridade.

Isso veio se perdendo. Perdeu-se a ponto de um ministro sair da reunião do último sábado, no Palácio do Planalto, fazendo o comunicado de que a equipe havia levado “algumas broncas, umas poucas”. Passa, assim, como muito natural o fato de ministros receberem da presidente da República tratamento de colegiais.

 

No primeiro governo Lula da Silva gastou-se o instrumento por excesso de uso propagandístico e carência de resultados. Foram várias as reuniões ministeriais realizadas na Granja do Torto, cheias de pompa.

Na reunião seguinte discutia-se novamente a mesma pauta sem a preocupação com cobranças nem de ter como ponto de partida as decisões tomadas no encontro anterior. Como se veria depois, quando os veículos de comunicação saíram do estupor de encantamento com o “governo operário” e começaram a fazer levantamentos dos projetos e obras anunciadas, não havia resultados consistentes para serem mostrados.

Mas o presidente ia levando tudo na conversa e assim foi até que o governo precisou se dedicar a assuntos mais consistentes: a crise nos transportes aéreos e o escândalo do mensalão, comissões de inquérito, queda e cassação de José Dirceu.

No segundo mandato de Lula a prática foi deixada um pouco de lado, para ser retomada com a presidente Dilma Rousseff. Mas apenas de vez em quando, assim que se apresenta a necessidade de ocupar espaço, para dar a impressão de dinamismo.

A penúltima, realizada para “responder” às manifestações de junho, produziu meia dúzia de anúncios cujas consequências inexistem. A última reuniu 15 dos 39 ministros para que a presidente cobrasse a “entrega” de obras e projetos sociais. Estudadamente convocada para um sábado de feriado, a fim de reforçar a imagem de que com Dilma ninguém pode, é trabalho de sol a sol.

Qual trabalho? Segundo o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo (o mesmo que transmitiu a notícia de que rapazes e moças levaram “algumas broncas”), a presidente “está preocupada” e mais, “quer que as coisas aconteçam”. Quais coisas? De acordo com ele, “Dilma está cobrando os resultados do que havia sido combinado”.

O que havia sido combinado, quando, com quem? Palavras da ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann: “A presidenta lançou diversos programas, fez compromissos e agora está na hora de fazer as entregas de governo”.

A quais entregas se referia? “São várias entregas, e a presidenta cobrou dos ministros que agilizassem inclusive alguns resultados e que pudéssemos prestar contas à população. Isso tem a ver com resultado de governo. Um governo é eleito, organiza seus programas, trava compromisso com a população e tem de prestar contas”, explicou a ministra sem explicar coisa alguma a respeito do que de substantivo foi tratado na reunião. De onde fica a nítida impressão de que o palavreado não obstante óbvio é bonito, mas recende a pura embromação.

Tags: Dilma RousseffDora KramerGleisi HoffmannLulaministériosministros,Paulo Bernardo

 

Collor perde outra ação indenizatória: o colunista ganha mais uma medalha

Fernando-Collor-Jamil-BittarReuters

O site Consultor Jurídico publicou nesta terça-feira uma reportagem sobre a mais recente derrota  judicial sofrida por Fernando Collor. Pela sexta vez, o ex-presidente moveu uma ação indenizatória contra o colunista, agora por sentir-se injuriado pelo post aqui publicado em 14 de maio de 2012 com o título O farsante escorraçado da presidência acha que o bandido vai prender o xerife.  Perdeu de novo.

Collor achou que merecia receber R$ 500 mil para compensar os estragos na imagem provocados pelo artigo, sobretudo por um trecho que afirma o seguinte: “O agora senador Fernando Collor, destaque do PTB na bancada do cangaço, quer confiscar a lógica, expropriar os fatos, transformar a CPMI do Cachoeira em órgão de repressão à imprensa independente e, no fim do filme, tornar-se também o primeiro bandido a prender o xerife”.

Confira abaixo a reportagem do Consultor Jurídico. E leia na seção Vale Reprise a íntegra do texto que originou a ação ─ e garantiu ao colunista mais uma medalha de ouro:

A Justiça de São Paulo rejeitou mais um pedido de indenização do senador e ex-presidente Fernando Collor de Mello (PTB-AL) contra a Editora Abril e o jornalista Augusto Nunes, colunista da revista VEJA. Em abril, o Tribunal de Justiça de São Paulo negou um pedidosemelhante por causa da publicação de textos que acusam o senador de ter gasto, em um mês, R$ 70 milhões em verbas indenizatórias do Senado.

Dessa vez, Collor alegou que foi ofendido em um texto de Augusto Nunes publicado no blog do jornalista. Diz o ex-presidente que os termos “bandido”, “chefe de bando” e “farsante”, empregados em publicação de 14 de maio do ano passado, foram empregados com o intuito de denegrir seu nome. Ele pediu, inicialmente, R$ 500 mil em indenização.

Na sentença, a juíza Andrea Ferraz Musa, da 2ª Vara Cível do Foro de Pinheiros, disse que, em um estado democrático, o jornalista tem o direito de exercer a crítica, ainda que de forma contundente. Ela acolheu os argumentos dos defensores de Nunes e da Abril, Alexandre Fidalgo e Otávio Breda, do escritório EGSF Advogados.

“Embora carregada e passional, não entendo que houve excesso nas expressões usadas pelo jornalista réu, considerando o contexto da matéria crítica jornalística. Assim, embora contenha certa carga demeritória, não transborda os limites constitucionais do direito de informação e crítica”, disse a juíza.

No texto publicado na internet, Augusto Nunes trata da atuação de Fernando Collor na chamada CPI do Cachoeira. Na ocasião, o senador aproveitou a exposição do caso para criticar a imprensa, e por ela foi criticado. No pedido de indenização, Collor alegou que foi absolvido de todas as acusações de corrupção pelo Supremo Tribunal Federal e que há anos vem sendo perseguido pela Abril.

A juíza, entretanto, considerou irrelevante a decisão do STF. “As ações políticas do homem público estão sempre passíveis de análise por parte da população e da imprensa. O julgamento do STF não proíbe a imprensa ou a população de ter sua opinião pessoal sobre assunto de relevância histórica nacional”, justificou.

Tags: Consultor jurídicoFernando Collormedalhaprocesso

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Fonte:
Blog de Augusto Nunes (veja.com)

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1 comentário

  • Maurício Carvalho Pinheiro São Paulo - SP

    O PT, o safadão e a Dilma entraram em desespero !!!! Estão fazendo campanha descarada na TV Globo no horário nobre !!! A eleição é só em outubro do ano que vem !!! Não existe mais TRE/SP, mais TSE (Lewan dowski não está mais lá mas uma senhora amiguinha da Dilma ???) ??? Escancararam no desrespeito às Leis ou tem grana para as multas ???

    O que acontece é que vençam ou não a eleição de 2014, é apenas questão de tempo para o país entrar em parafuso!!! Os carinhas só estão fazendo aquilo !!! Parecem um nacional intestino grosso !!!!! E a Petrobras uma gigantesca Paulipetro !!! É só aguardar !! Coitado do país !! E tome nova pesquisa fajuta //encomendada// com 2005 entrevistas em um país de 200 milhões de possíveis entrevistados ou 0,0010.... %.

    E mesmo assim a machorra só tem 8% de Ótimo !!!

    E como sempre vai ganhar no 1º turno (se trouxerem a eleição para amanhã !!!) o que nunca aconteceu nem com o Lula, mas aparece em todas essas pesquisas fajutas.

    Provavelmente, esqueceram as classes sociais, idade, salários, instrução, etc., do relatório obrigatório da Lei e entrevistaram a Nova Classe Média, só 1/2 duzia daqueles que ganham hoje entre R$ 291,00 e R$ 1.291,00

    juntando todos da familia (Ah ! Ah! Ah!) Acho que foi feitas no escritório da MDA e como sempre pagas pela CNT a maior financiadora dessas pesquisas encomendadas.

    Segundo o Ciro Gomes Ibope e Sensus vendem pesquisas

    o Datafolha não mostra onde foram feitas as entrevis tas,só menciona as 5 regiões do país, muito menos o detalhamento. E a oposição que tem um prato cheio para ir atrás fica burramente omissa !! Enquanto os danadinhos ficam pondo na cabeça (manipulando) dos 70% de semi-analfas que votam, por serem obrigados, para receber inclusive o Bolsa Esmola e SM; que êles continuam por cima da carne seca e tem a opinião do //país inteiro// favorável para que continuem a DESTRUIR O PAÍS !!! Segundo o safadão o povão só quer saber se o Coringão vai ganhar amanhã, e que hoje não ganha mais nada, acho que até por influencia dessa turma de safados, ficaram iludidos como o povão, o que é o mesmo que dizer que o voto desses miseráveis intelectuais não se compra com instrução e empregos dignos e o voto deveria ser OPCIONAL !!!!!!!!!!!!!!!!!!!

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