Surto de insônia em Brasília: Jeany Mary Corner voltou ao noticiário pornopolítico...

Publicado em 03/12/2013 18:03 e atualizado em 10/03/2020 15:48
por Augusto Nunes, em veja.com.br

Surto de insônia em Brasília: Jeany Mary Corner voltou ao noticiário pornopolítico

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Sete anos depois de viver suas dez semanas de fama como uma das principais coadjuvantes da chanchada pornopolítica “República de Ribeirão”, protagonizada pelo então ministro da Fazenda Antonio Palocci, Jeany Mary Corner voltou repentinamente ao noticiário nesta segunda-feira, ao ser presa em companhia de oito parceiros (veja reportagem aqui no site de VEJA). Ela é acusada de “tráfico interno de pessoas, rufianismo e associação criminosa”.

Tanto quanto a profissão oficial que aparece no seu cartão de visitas ─ “promotora de eventos” ─, o juridiquês de polícia camufla com palavras enroladas o verdadeiro ofício de Jeany: fornecedora de prostitutas padrão Fifa. No comando dessa batalhão de elite, supre com presteza e muita competência as necessidades da clientela composta por figurões da capital federal.

Jeany atende a qualquer tipo de encomenda, faz entregas em domicílio ou deposita a mercadoria em esconderijos remotos sem exagerar no frete. No ramo há mais de vinte anos, aprendeu como poucas concorrentes a ganhar dinheiro, fazer amigos e influenciar pessoas.

Em 2006, Jeany fez um conciso balanço do negócio que administra há muitos governos. “O de Collor foi o melhor. O de FHC foi ‘marrom’(‘marromenos’, traduziu em seguida). O de Lula estava bom demais para ser verdade”. Aparentemente, os ventos continuaram soprando a favor no segundo mandato de Lula e nestes três anos de Dilma Rousseff.  Antes que conte como foram as coisas nesse período, Jeany decerto será libertada.

Para tirar da cadeia a dona da agenda telefônica de altíssimo risco, a turma atormentada pelo surto de insônia é capaz de tudo (até de pilotar uma operação aérea de resgate a bordo da frota de jatinhos da FABTur). Os poderosos festeiros perderam a vergonha há muito tempo. Mas nenhum perdeu o instinto de sobrevivência, aguçado pela existência de vídeos e fotos.

Nessas circunstâncias, mesmo os extraordinariamente inventivos ficam sem saber o que dizer em casa. A patroa pode achar que a coisa passou dos limites. E mulher de político é um perigo. Pode bater-lhe a vontade de vingar-se da humilhação contando tudo sobre o maridão.

(por Augusto Nunes)

 

Direto ao Ponto

A cafetina dos pais-da-pátria, o São Jorge de bordel e a estrela de chanchada pornopolítica

O súbito regresso de Jeany Mary Corner ao noticiário policial animou alguns leitores a sugerirem a republicação do post que compara Lula a um São Jorge de bordel. Boa ideia. O texto reproduzido na seção Vale Reprise rima com o caso da cafetina que, em 2006, contribuiu involuntariamente para a primeira queda do ministro Antonio Palocci. Confiram. Tudo a ver.

O post foi publicado neste espaço em 17 de setembro de 2012. Exatamente dois meses e cinco dias depois, a Polícia Federal patrocinou a estreia da mistura de chanchada pornopolítica com policial classe C estrelada por Lula e Rosemary Noronha. De novo: tudo a ver.

(por Augusto Nunes)

 

Infidelidade em questão

Kátia: mudou de partido

Kátia: mudou de partido

Entre os treze deputados que tiveram o mandato pedido pelo procurador-geral da República na semana passada por infidelidade partidária, paira uma dúvida. Por que o Ministério Público não fez a mesma denúncia contra Kátia Abreu, que deixou o PSD e ingressou no PMDB?

Por Lauro Jardim

 

Opinião

‘Laços de família’, por José Casado

Publicado no Globo desta terça-feira

JOSÉ CASADO

Eram quatro mil colonos, entre eles Marcos. Deixara uma reduzida lavoura no entorno da represa de Capivaras, na divisa entre Paraná e São Paulo, seduzido pela promessa de terras férteis e baratas dois mil quilômetros acima, às margens do Rio Colorado, no Sul de Rondônia.

Chegou com a família e a velha Bíblia, em meados dos anos 70. Trabalhou por uma década, venceu a eleição para a prefeitura e nomeou a parentela para as secretarias. Oito anos depois, a hegemonia do clã foi reafirmada na eleição do mais velho dos filhos, Melkisedek, que também nomeou 13 parentes.

Quando Colorado do Oeste pareceu pequena, Melkisedek migrou para a vizinha Vilhena. Elegeu-se prefeito em 1996. Reelegeu-se em 2000 com o primo Marlon na vice, que lhe sucedeu em 2004. E fez da irmã Miriam prefeita de Colorado.

O clã partilhou o Sul de Rondônia sob a legenda do PMDB. Fez prefeitos, vices e vereadores em diferentes cidades ─ todas com menos de 30 mil habitantes e dependentes do dinheiro de Brasília. A família ainda tentou chegar ao governo do estado e ao Senado. Sem êxito, contentou-se com a eleição do deputado estadual Marcos Antonio, logo instalado na presidência da Assembleia. Em 2004, vinte anos depois de o patriarca trocar o cultivo da terra pela lavoura de votos, seu terceiro filho, Natan, chegou à Câmara dos Deputados. Era o animador dos comícios do PMDB, explorando o vibrato natural em coletâneas de músicas sertanejas.

O clã virou caso de estudo, como mostra o livro do jornalista Chico de Gois, pelo repertório de falcatruas cometidas contra a administração pública ─ de nepotismo e fraude eleitoral a desvio e roubo de verbas federais, estaduais e municipais. Os ex-prefeitos Melkisedek e Miriam foram condenados por desonestidade. A Justiça proibiu o irmão mais velho de passar em frente da sede da prefeitura de Vilhena.

Outros dois irmãos já não frequentam os plenários em Porto Velho e em Brasília. A cela do deputado estadual Marcos, condenado a 9 anos, fica a 2.400 quilômetros de distância do presídio onde está o deputado federal Natan, sentenciado a 13 anos. São locais “P-0″, “prisão-zero” no jargão da carceragem, porque ali não tem nada, os detentos têm no máximo direito à companhia de um balde ─ “para, quando acabar a água, você ter uma água reservada”, contou Natan há 40 dias, ao sair do presídio, algemado, para assistir à sessão na qual a Câmara decidiu não lhe cassar o mandato. Até levou um recado dos companheiros penitenciários: “Eles me falaram: ‘Deputado, não se esqueça de falar da nossa alimentação.’ É muito ruim, inclusive tenho a síndrome do intestino irritável, que, associada ao estresse, me faz passar muita dificuldade lá.”

Mais da metade da bancada federal de Rondônia enfrenta processos por suspeita de roubo de dinheiro público. Não é exotismo amazônico. Mais de 800 ações judiciais contra políticos, que têm ou tiveram mandato, aguardam julgamento no Supremo Tribunal Federal. Elas indicam um padrão de desvios que começa com nepotismo, evolui para o roubo, e, às vezes, termina em homicídio. O Legislativo introduziu uma novidade: se mostra decidido a proteger seus presidiários. Os irmãos Marcos e Natan Donadon há meses vivem em celas com seus baldes e comem a “xepa”, mas continuam deputados.

 

Nada de presos políticos, eles são é políticos presos

por José Nêumanne

(de O Estado de S. Paulo

Base petista não entra nesse papo furado da prisão “injusta” dos apenados do mensalão

O Partido dos Trabalhadores (PT) tem dado, ao longo destes seus 34 anos de existência, lições de militância e democracia interna que seriam capazes de matar de inveja seus adversários, normalmente agremiações disformes com cabeças imensas e praticamente sem pernas. Sendo assim, como manter os pés no chão, não é mesmo? É possível contestar a afirmação feita acima argumentando que os petistas traíram seus ideais pelo poder e agora fazem o diabo, no dizer da presidente Dilma Rousseff, para se manterem nele. Isso, contudo, não desmente a afirmação feita de início, comprovada na recente reeleição direta de seu presidente nacional, Rui Falcão, que reafirmou a aposta pragmática na aliança multipartidária. Esta não é apenas da cúpula, mas também da base, conforme confirmou a votação por ele recebida.

A condenação dos ex-presidentes nacionais do PT José Dirceu e José Genoino por corrupção e formação de quadrilha, todavia, está desafiando a comunhão de convicções e ideais entre a cúpula e as bases petistas, que tem sido a regra na história do partido desde sua fundação. Desde que a maioria dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) resistiu às constrangedoras pressões do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para adiar o julgamento do escândalo de corrupção na compra de apoio parlamentar para seu primeiro governo, o famigerado mensalão, a cúpula petista tem tentado evitar que esses senhores respondam perante a Justiça pelos crimes comuns que cometeram. O argumento de que o processo, transmitido pela televisão, influiria negativamente nas eleições desmoronou ante a sólida sensatez da maioria do colegiado. E, depois, sob o peso dos fatos, pois não houve influência alguma da exposição das vísceras do partido no poder nas disputas eleitorais municipais do ano passado. Ao longo do julgamento, a direção do PT vendeu a fantasia do “caixa 2” e, com as condenações e depois das ordens de prisão, passou a desqualificar o STF.

Os 11 ministros reunidos passaram a representar o espírito revanchista da direita desalojada do poder pelos bravos companheiros de jornada e o Poder Judiciário teria assumido o papel de destruidor das conquistas populares obtidas nos oito anos de mandato de Lula e quase três de Dilma. Tal argumento não resiste, porém, nem aos fatos nem à lógica. Oito desses ministros foram nomeados pelos presidentes petistas. E tanto o presidente da Corte à época do julgamento, Ayres Britto, quanto o relator que foi alçado à presidência, Joaquim Barbosa, votaram no PT. O primeiro, que teve um comportamento exemplar no processo, chegou a fazer parte das bases, da aguerrida militância petista.

O coro de desmanche moral dos ministros do STF, puxado por Rui Falcão, tem encontrado eco nos diretórios regionais escolhidos no mesmo processo eleitoral. Exemplo notório disso foi o tom dos discursos de todos os oradores que prestigiaram a posse do prefeito de Maricá, Washington Quaquá, no comando do PT no Estado do Rio. Do próprio Quaquá à representante da bancada federal fluminense do PT, Benedita da Silva, eles manifestaram irrestrita solidariedade aos companheiros apenados e presos e execraram a “injustiça” do Supremo. Dirceu, Genoino e Delúbio Soares – ex-tesoureiro do partido que lidera a aliança governista federal – foram chamados de “heróis” e “guerreiros”, vítimas da direita e da grande imprensa.

Os três se dizem “presos políticos”, mas, de fato, como dizia o saudoso comentarista Joelmir Beting, não passam de “políticos presos”. A diferença, que os discursos de Quaquá e Benedita não conseguem encobrir, é que a primeira denominação define condenados que ousam desafiar o poder estabelecido e a segunda, homens públicos que cumprem pena por crimes comuns, como furto e formação de bando (daí o substantivo bandido).

A lição do gênio do marketing do nazismo, Josef Goebbels, segundo a qual a insistência da propaganda pode transformar uma mentira em verdade, contudo, não parece estar surtindo efeito nessa chantagem subversiva da direção do PT contra a cúpula do Judiciário. O Datafolha divulgou – no mesmo fim de semana em que os dirigentes petistas fluminenses tentavam transformar meliantes comuns, condenados por formação de bando para desviar dinheiro público, em mártires – pesquisa que revela com clareza a discrepância entre o discurso da direção e a convicção dos militantes.

O Datafolha ouviu 4.557 pessoas em 194 municípios brasileiros. Entre elas, 86% acharam que o relator do mensalão e presidente do Supremo, Joaquim Barbosa, agiu bem ao mandar prender os mensaleiros condenados no feriado de 15 de novembro, dia da Proclamação da República. Somente esse número já poderia bastar para a cúpula petista pensar duas vezes antes de prosseguir em sua teimosa e mendaz campanha para satanizar o Poder Judiciário, sobre cujas costas pesa a responsabilidade da manutenção de regras sem as quais a democracia, que é o império da lei, sucumbiria. O interessante nessa pesquisa é que 87% dos entrevistados que se disseram “adeptos do PT” manifestaram opinião idêntica.

Juristas de nomeada têm socorrido os dirigentes petistas na defesa da hipótese de que o presidente do STF teria mandado prender os réus cujo processo foi dado como “passado em julgado” para “se promover pessoalmente”, não tendo agido “com justiça” nem feito “o que deveria ser feito”. Entre os entrevistados, 78% discordam dessa teoria. Dos que se dizem petistas, 80% concordaram com a maioria e discordaram dos maiorais. É previsível que estes tentem desqualificar a pesquisa por ser o instituto ligado a um jornal da “grande imprensa”. Mas fariam melhor pelo PT se respeitassem a lógica, o amor à verdade e o ódio à corrupção que a população e os petistas da base dizem ter.

por José Nêumanne, Jornalista, poeta e escritor

(em O Estado de S. Paulo)

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Fonte:
Blog Augusto Nunes (veja.com.br)

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1 comentário

  • JOAO AUGUSTO PHILIPPSEN Santo Augusto - RS

    Vi que a traidora da Kátia Abreu trocou de partido e a PGR deveria pedir a sua cassação, não o fez porquê? É miguinha da Dilma!!! Que vergonha, vamos pedir a cassação do Procurador gente e essa traidora que vai arder no inferno ou que se declare e vá fazer coro na Papuda para os COPANHEIROS PETRALHAS.

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