E um blogueiro lulo-petista fez o primeiro roteiro do livro de Tuma Júnior, que compromete gravemente o… PT! Leiam o e-mail

Publicado em 15/12/2013 12:32 e atualizado em 06/03/2020 20:01
por Reinaldo Azevedo, de veja.com.br

E um blogueiro lulo-petista fez o primeiro roteiro do livro de Tuma Júnior, que compromete gravemente o… PT! Leiam o e-mail

Quem diria!?

Paulo Henrique Amorim, que se mostra um lulo-petista mais ortodoxo do que caixinha de Maizena (para lembrar Luis Fernando Verissimo, um “autêntico”), participou ativamente do livro de Romeu Tuma Jr., intitulado “Assassinato de Reputações – Um Crime de Estado”. O delegado acusa o governo petista de montar uma máquina para fabricar e esquentar dossiês contra adversários. O autor chega a agradecer a colaboração de Amorim e Mino Carta…

Acreditem, meus caros! Eu realmente não leio o que escrevem aqueles que se dizem “blogueiros progressistas” e afins. Vejam o quanto produzo e em quais frentes. Não tenho tempo a perder. Mas, é claro, fico sabendo, de vez em quando,  de uma coisa ou outra.

Leitores enviaram comentários para o blog afirmando que  Amorim acusou Tuma Jr. de mentiroso. Pois é… Liguei para o delegado. “Paulo Henrique Amorim diz não ter nada a ver com o livro. Acho que ele ficou com receio da reação dos petistas. Afinal, a Caixa Econômica Federal é anunciante lá no blog dele…”
— Como não tem nada a ver? Eu comecei a fazer o livro com ele.
— Mas ele já era um defensor fanático do PT, com anúncio da Caixa Econômica Federal?
— Já!
— E por que ele está dizendo isso agora?
— Sei lá. Foi ele quem fez o primeiro roteiro do livro pra mim.
— O roteiro?
— É.
— Sugeriu os casos também sobre os quais o senhor deveria escrever?
— Tudo!
— No seu livro, o Gilberto Carvalho não se sai nada bem no caso Celso Daniel.
— Foi sugestão dele. Recomendou que eu falasse do Greenhalgh também…
— É mesmo?
— Sugeriu  que eu demonstrasse o real papel do Zé Dirceu no caso Daniel Dantas; do Tarso Genro…
— Que coisa! E por que pulou fora depois?
— Sei lá. Acho que ficou com medo de perder o patrocínio da Caixa e a fama de amiguinho do governo.
— O senhor tem provas disso?
— Tenho o e-mail que ele me mandou com o roteiro.
— O senhor pode me passar?
— Claro que eu posso. Só que você apaga os endereços porque eu tenho ética.
— Apago.

Segue o e-mail. Volto em seguida.

E-mail Paulo Henrique 1

 E-mail Paulo Henrique 2

E-mail Paulo Henrique 3

Encerro
Na campanha eleitoral de 1998, Paulo Henrique Amorim comandava reportagens que acusavam Lula de pesadas irregularidades na compra de seu apartamento de cobertura em São Bernardo. Para ler mais a respeito, clique aqui. Lula ganhou até direito de resposta, como se vê no vídeo abaixo.

Amorim não gostava nada do petismo. Depois virou um lulo-petista fanático, mais precisamente, a partir de 2003. Deve ter tido seus motivos. Em 1998, Lula era da oposição. Em 2003, virou governo.

E por que ele próprio sugeriu, quando já era um “blogueiro progressista”, um roteiro que pode ferrar com a vida de muito petista graúdo caso se faça uma investigação a sério das denúncias que lá estão?

Sei lá… Tenho uma hipótese: quanto mais denúncias houver contra petistas, mais necessários se tornam os blogueiros que os defendem, entenderam? É uma espécie de lei de mercado. Deve crescer a demanda por seu “trabalho”, o que valoriza a mão de obra… Essa é, reitero, apenas uma hipótese. A outra já diz respeito a coisas como  caráter, convicção, fidelidade, lealdade etc. Aí cada um faça o seu próprio juízo. Os leitores de Amorim, havendo quem o leia, devem ficar numa crise existencial terrível: confiam no blogueiro que leem ou naquele que fez um roteiro para Romeu Tuma Jr.? 

Por Reinaldo Azevedo

 

Juízes denunciam caos na Papuda desde a chegada dos mensaleiros, apontam risco de rebelião em razão dos privilégios de que gozam os criminosos de pedigree e pedem afastamento

Pois é… O óbvio sempre se lembra de acontecer. Juízes denunciam ameaça de rebelião na Papuda? Motivo? Os privilégios de que gozam os mensaleiros — os criminosos aristocratas. Antes que chegue lá, lembro algumas coisinhas.

No debate do dia 5 deste mês, na VEJA.com, a partir dos 16min22sw, afirmei:
“Se houver uma rebelião na Papuda, o culpado é o Zé Dirceu; os culpados são os senadores que foram lá [visitar mensaleiros]; os culpados são os deputados que foram lá. São os culpados políticos por uma eventual rebelião”.

O vídeo está aí. Volto em seguida.

No dia seguinte, em post neste blog escrevi:
“Afirmei isto no debate da VEJA.com, na quinta-feira, e reitero: os companheiros mensaleiros do PT — na verdade, parece que só eles importam (ver texto abaixo) — estão fazendo um esforço brutal para provocar uma rebelião na Papuda. Se acontecer, serão eles os únicos culpados.”

Leiam, agora, o que informa Vinicius Sassini, no Globo Online. Volto depois:
Três juízes que atuam na Vara de Execuções Penais (VEP) em Brasília, responsável pelos processos das prisões dos condenados do mensalão, pediram para ser removidos da Vara em razão dos conflitos surgidos desde a chegada dos condenados ao Complexo da Papuda. Entre os motivos elencados nos pedidos, encaminhados à Vice-Presidência do Tribunal de Justiça do Distrito Federal, está a iminência de ocorrer uma rebelião e uma tentativa de fuga na próxima terça-feira, dia 24, véspera de Natal.

Eles também denunciam a existência de uma suposta sabotagem por parte de agentes penitenciários com o objetivo de prejudicar a VEP. Os pedidos dos juízes foram remetidos ao primeiro vice-presidente, desembargador Sérgio Bittencourt, no último dia 9. Dois dias depois, o desembargador negou a remoção dos juízes e encaminhou à Presidência do TJ, “com urgência”, as denúncias de rebelião, fuga e sabotagem.

Os juízes escreveram no pedido de remoção que magistrados, promotores de Justiça e defensores públicos constataram a tensão no sistema prisional desde a chegada dos mensaleiros à Papuda, principalmente em razão das regalias concedidas a eles pela administração penitenciária. Entre esses privilégios estava um dia especial de visitas, as sextas-feiras, medida derrubada pelos juízes substitutos da VEP.

Situação de caos no sistema prisional
A argumentação dos juízes para serem transferidos da VEP se baseia na situação que consideram “de caos” do sistema prisional desde a chegada dos condenados do mensalão. As detenções ocorreram em 15 de novembro, e, diante dos conflitos deles com o juiz titular da VEP, Ademar Silva de Vasconcelos, os magistrados já alegavam a necessidade de remoção da Vara.

Os primeiros pedidos nesse sentido foram feitos ainda em novembro e negados pela Vice-Presidência do TJ, a quem cabe decidir sobre remoções de juízes. Há poucos dias, diante da ampliação da tensão nos presídios da Papuda, inclusive com uma suspeita de sabotagem por parte de agentes prisionais, os magistrados voltaram a pedir remoção.
(…)
Pelo menos três fontes independentes teriam alertado um dos juízes sobre a possibilidade de rebelião na véspera do Natal. A unidade onde detentos estariam arquitetando a revolta é o Centro de Detenção Provisória (CDP), que fica ao lado do Centro de Internamento e Reeducação (CIR), dentro do Complexo da Papuda. É numa cela especial do CIR onde estão presos o ex-ministro José Dirceu; o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares; o ex-tesoureiro do PL (hoje PR) Jacinto Lamas; e os ex-deputados Romeu Queiroz, Pedro Corrêa, Bispo Rodrigues, Valdemar Costa Neto e Pedro Henry. Também é dada como certa, no pedido remetido à cúpula do TJ, que os agentes tentarão uma sabotagem com a finalidade de atrapalhar a atuação da Justiça.
(…)

Voltei
Os irresponsáveis fizeram de tudo para levar o caos à Papuda. Além dos políticos que foram fazer romaria para visitar os criminosos, a Secretaria da Segurança Pública do Distrito Federal é corresponsável pela tensão porque passou a administrar um sistema de privilégios. Se o pior acontecer, os senadores e deputados petistas que foram visitar os mensaleiros devem ser escalados para negociar com os presos. 

Por Reinaldo Azevedo

 

Promotor quer taxistas fora dos corredores e ameaça processá-los. Ou: Eis o homem que propõe negociação com quem usa coquetéis molotov e ameaça com cadeia os pacíficos

Promotor Ribeiro Lopes

Maurício Ribeiro Lopes!

Esse é o nome dele. É promotor. Do Ministério Público de São Paulo. Ele gosta de polêmicas. Ele procura a notícia. Ele é conhecido no meio jurídico — não por bons motivos. Lembro tudo daqui a pouco. Eu sei reconhecer um homem moderno quando vejo um que não se orienta por critérios muito convencionais. 

Lopes se reuniu nesta terça com o secretário de Transportes da capital, Jilmar Tatto. O promotor decidiu dividir com Fernando Haddad a responsabilidade de administrar a cidade. Deu um prazo de 45 dias para a Prefeitura proibir a circulação de táxis nos corredores. Ou proíbe ou ele promete entrar com uma ação pública contra o município para ver se consegue impor a proibição. Calma! Ele ainda não acabou.

A coisa é mais complexa do que parece. Trata-se de uma ação coordenada entre setores do MP Paulista e os xiitas de Fernando Haddad, que querem impor, na marra, o que chamam a “coletivização” do transporte público. Como costuma acontecer no socialismo, a ideia não é fazer com que todos vivam bem — ainda não nos libertamos do reino da necessidade, como poderia dizer o velho Marx, aquele que elaborou uma teoria sobre as sociedades sentado sobre furúnculos. Imaginem a dor. Quem consegue ser feliz e pensar felicidades sentindo o tempo inteiro dor no traseiro? A analgesia ainda era pouco desenvolvida. Doía e pronto. Como costuma acontecer no socialismo, a ideia é fazer com todos vivam igualmente mal. Para um socialista, a solução de um problema costuma sair da sua generalização. Mas volto ao ponto.

A culpa principal é da Prefeitura. Foi ela quem encomendou um estudo picareta demonstrando que a retirada dos táxis dos corredores aumentaria a velocidade dos ônibus. Agora o tal Lopes exige a retirada em nome do povo, dos pobres, dos coletivos, entendem? A exemplo de toda solução proposta pelas esquerdas, o resultado será pior para todos, incluindo os pobres, já que os passageiros de táxis não verão um bom motivo para deixar seu próprio carro em casa.

Processar quem protesta
Nesta segunda, os motoristas de táxi promoveram um protesto na cidade. Lopes foi indagado sobre a possível — e justa — reação dos motoristas. Sabem o que ele responde? Disse que pretende processar o sindicato. O doutor Lopes acha que determinados grupos sociais não têm o direito de se manifestar.

Ele é useiro e vezeiro nessa prática. Lopes é aquele rapaz que, ao receber uma petição de um grupo de moradores de Pinheiros que não queria um albergue na sua rua resolveu processar… os moradores! Sim, ele os acusou de racismo; ele os comparou a nazistas. Escrevi, então, a respeito. O texto está aqui.

Associações de sem-teto põem fogo em áreas da cidade dia sim, dia também. São Paulo virou um pátio dos milagres, com movimentos de caráter ideológico a estimular ocupações irregulares. Há líderes de invasores com casa própria, carro etc. Maurício Ribeiro Lopes nunca quis saber se sua prática é justa ou não, é legal ou não. Os taxistas, no entanto, segundo ele, devem ser proibidos de se manifestar. Quando Lopes concorda com a reivindicação, ele não indaga se a lei está sendo respeitada ou não. Quando ele discorda da reivindicação, aí ele quer criminalizar quem se manifesta.

Homem exótico
Este Lopes é mesmo um homem que cultiva valores, vamos dizer, exóticos. Tem opinião sobre tudo. Já se posicionou contra o projeto Nova Luz (extinto por Haddad), opôs-se à construção de um túnel, afirmou que a internação compulsória de moradores de rua viciados em crack é só mais um “higienismo social” e vai por aí. É já foi protagonista de um caso de plágio escandaloso: nada menos de 38 páginas de sua tese de livre docência da Faculdade de Direito da USP foram copiadas do trabalho de um colega (leia mais a respeito). A livre-docência foi cassada pela instituição.

Ele parece, definitivamente, se orientar por critérios muito particulares que sejam moralidade, legalidade e decência.

Quando o movimento Passe Livre promoveu as três primeiras manifestações contra o reajuste de ônibus em São Paulo — nos dias 6, 7 e 11 de junho —, Ribeiro Lopes afirmou que era preciso negociar com os valentes. Atenção! A turma já havia recorrido ao quebra-quebra, a coquetéis molotov e ao espancamento de policiais. Mas o promotor queria “negociação”. Os taxistas não quebraram nada. Lopes quer colocá-los na cadeia.

 Por Reinaldo Azevedo

 

Haddad: a pior ideologia ainda é a incompetência — misturada à arrogância. Ou: Os motoristas que escolham a esquerda!

Escrevi nesta manhã um post sobre a gestão desastrada do prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, do PT. Seus “especialistas” querem agora proibir a circulação de táxis nos corredores de ônibus, o que levará a ainda mais carros na rua, como pode deduzir qualquer ser lógico. Vejam esta foto, de autoria de Marco Ambrosio (Frame/Folhapress), publicada pela Folha Online.

Taxistas - Marco Ambrosio Frame-Folhapress

Os taxistas realizaram um protesto no começo desta tarde em frente à Prefeitura. Dizer o quê? Um mau prefeito torna pior a vida na cidade, que já não é lá essas coisas. Proibir os táxis de circular nos corredores fará, evidentemente, com que caia a demanda por esse serviço, os taxistas ficarão presos nas vias estranguladas por corredores e faixas, o usuário desaparecerá, e a tendência é que acabe usando o próprio carro, piorando ainda mais o trânsito.

O prefeito e seus xiitas dizem que isso significa apostar no transporte público. Pois é. De todas as ideologias, a pior ainda é a incompetência. Quando misturada à arrogância, o resultado é explosivo.  No Ministério da Educação, o seu jeito de ser não era percebido porque gente como ele pode se esconder na burocracia. Na Prefeitura, as coisas são diferentes. O rei sempre fica nu.

Haddad, que é considerado muito sabido, não ouve ninguém. Fiquei sabendo há pouco que os técnicos da Companhia de Engenharia de Tráfego advertiram o prefeito que corredor ou faixa exclusiva em vias com muita conversão à direita mais criam problemas do que soluções. Mas ele ignorou tudo e mandou bala. Vai ver é opção ideológica, né? O motorista que escolha à esquerda. Há “faixas” de ônibus em que há mais pontilhados do que linhas contínuas, obrigando os motoristas de carro a um entra e sai da faixa que logo vai se transformar numa indústria de multas.

Falei a respeito na Jovem Pan, num dos comentários desta manhã. Para ouvi-lo, clique aqui.

Por Reinaldo Azevedo

 

Em 36 dias, Haddad não consegue mandar arrumar a grade de um viaduto, pondo em risco a vida dos paulistanos. É um dos “postes” de Lula!

No dia 10 de novembro — há 36 dias!!! — o motorista de uma Mini Cooper perdeu o controle do veículo e despencou do Viaduto Okuhara Koei, caindo na Avenida Rebouças. Felizmente, nada de pior aconteceu com o casal que estava no carro. Já a cidade, coitada! Vejam a foto (J. Duran Machfee/Futura Press/Estadão Conteúdo). Volto em seguida.

 carro despenca

Não sei se o conserto foi feito nesta manhã. Até ontem, dia 15 de dezembro, a proteção do viaduto estava assim, como vocês veem, com cavaletes e fitas. Atenção! Esse viaduto tem uma calçada larga, com passagem intensa de pedestres. Está a algumas dezenas de metros apenas da Avenida Paulista, área de constantes protestos. Há escolas, bares e lanchonetes no entorno, o que sempre atrai muitos adolescentes — nem sempre os mais, como direi?, prudentes.  O viaduto é passagem para os hospitais de Clínicas e Emílio Ribas, além de ficar coado a  uma estação de metrô, Uma criança que se desgarre da mãe pode sofrer um acidente fatal.

Trinta e seis dias, e a gestão de Fernando Haddad não conseguiu fazer o conserto. Ainda que se alegue que toda a grade, que está velha, precisa ser trocada, não se pode deixar de fazer o menos, quando serviço de emergência, porque é preciso fazer o mais.

Com um ano de gestão, nota-se uma degradação impressionante da zeladoria da cidade. As avenidas 23 de Maio e Ruben Berta, por exemplo, estão um lixo, como pichações de cabo a rabo. Os “especialistas” de Haddad devem achar que isso é expressão da criatividade…

Lula nos deu um poste: Dilma. É meia-bomba, mas vá lá.
Lula nos deu outro poste: Haddad. A cidade vive um apagão de competência.
Lula agora quer dar aos paulistas outro poste: Alexandre Padilha.

Assim como o ex-presidente diz que Haddad foi o “melhor ministro da Educação deste país”, sustenta que Padilha já é “o melhor ministro da Saúde deste país”. Faça o seguinte, eleitor paulista: antes de votar, verifique como andam os hospitais públicos. E veja como está a cidade de São Paulo. Aí você decide o que fazer com o novo poste de Lula.

Explicação para quem não conhece São Paulo: escrevo sobre uma área nobre da cidade, contígua a um de seus mais famosos cartões-postais. O bobinho logo pensa: “Ah, por isso a reclamação! Fosse na periferia…”. O raciocínio esperto e civilizado é outro: quando uma gestão deixa de lado até as regiões nobres é porque as pobres já foram abandonadas há mais tempo.

Por Reinaldo Azevedo

 

Haddad, o “Louco” do Tarô, acha que os pobres não têm mesmo condições de compreendê-lo. Pois é…

Louco - Tarô

O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, concedeu duas longas entrevistas, uma a Cristiane Agostine, publicada no “Valor”, na quinta, e outra a Elvis Pereira e Ivan Finotti, da Folha, neste domingo. Os repórteres foram generosos com o prefeito, poupando-o de lhes contar — e ouvi-lo sobre o assunto — o que os próprios petistas dizem a seu respeito nos bastidores, especialmente os vereadores e alguns secretários. O adjetivo mais repetido é “incompetente”. A avaliação mais corriqueira é que “não é do ramo”. É incomum, eu sei, mas é assim: os seus correligionários estão mais irritados com ele do que os adversários.

Alguém poderia dizer: “Em se tratando de petismo, pode ser bom sinal: talvez, então, ele esteja fazendo coisas boas”. Não é o caso. Ocorre que a impopularidade do prefeito — só 18% de “ótimo” e “bom” e 39% de “ruim” e “péssimo”, segundo o Datafolha — tem impacto também no partido, especialmente no trabalho dos vereadores, que não são recebidos pelo prefeito, junto às suas bases. Haddad, vocês sabem, se considera um pensador, um homem de grandes voos teóricos (ao menos ele tem essa impressão sobre si mesmo), e odeia o que considera as miudezas do dia a dia. Também não foi indagado sobre seu fabuloso projeto — de fato, uma fábula! — apelidado de “Arco do Futuro”, do qual nunca mais ninguém ouviu falar. Ele, no entanto, parece convicto de que está no rumo certo. Lembra “O Louco” do Tarô, que segue feliz para o abismo. Há uma leitura virtuosa da carta… Quem sabe, né? Se depender dos paulistanos, no entanto…

São Paulo já estava intransitável. Haddad resolveu transformar a vida dos paulistanos num verdadeiro inferno, com as suas faixas exclusivas de ônibus. Inicialmente, a ideia parecia boa — afinal, se os usuários chegarão com mais rapidez a seu destino, por que não? Ocorre que a medida conseguiu desagradar a gregos e troianos e ainda atingir outros “povos” que não estavam na contenda. E o prefeito promete aumentar a dose do remédio para ver se minimiza os efeitos colaterais. Ninguém discute com o Louco. Vejam a carta. O cãozinho bem que tenta adverti-lo… Ele, no entanto, segue em frente.

Faixas da discórdia
Com as faixas, os ônibus ficaram mais rápidos, claro!, e as empresas aproveitaram para diminuir o número de veículos — logo, eles estão, agora, lotados a qualquer hora do dia. Como se tornou virtualmente impossível mexer nessa equação por falta de recursos, não há o que possa ser feito. Os usuários, que poderiam ser os maiores beneficiários da medida, estão furiosos.

As faixas estrangularam o espaço dos carros, provocando a paralisia de determinados pontos da cidade que tinham, até outro dia, um trânsito fluente. Em algumas avenidas — cito o caso da Sumaré, na Zona Oeste, onde circulam poucos ônibus — as faixas ficam desertas, sem ver um único coletivo por muitos minutos, enquanto os motoristas de carros amargam congestionamentos imensos. Estão descontentes os usuários de transporte coletivo e também os donos de automóveis.

Os comerciantes das avenidas que ganharam a faixa viram minguar o seu faturamento porque, evidentemente, não vendem só a pedestres. Fernando Haddad conseguiu o milagre de desagradar a todos ao mesmo tempo. Nas entrevistas, no entanto, o Louco parece ver aí uma espécie de medida do seu sucesso. Indagado a respeito, disse à Folha:
“Se fosse fácil [implementar as faixas], teriam feito antes. É que não é fácil você tomar uma medida como essa e privilegiar o transporte coletivo numa cidade caótica do ponto de vista da mobilidade. É uma decisão difícil. Agora, está correta? Na minha opinião, está. É a tendência mundial. São Paulo é criticada por ter demorado tanto tempo para tomar essa decisão. Agora, a resistência vai se organizando. As pessoas vão começar a contestar, é natural. Mas duvido que perca a aprovação da maioria.”

Os xiitas de Haddad e os táxis
E o mais comovente é que o prefeito pensa em radicalizar a experiência, tornando a vida dos paulistanos ainda mais difícil. A que me refiro? Os “especialistas” do prefeito querem proibir os táxis de usar os corredores, o que hoje é permitido se estiverem com passageiros. Essa exigência, note-se, é um erro — e este não motorista dirá em breve por quê. Nas faixas exclusivas, os taxistas já não podem transitar. Muito bem! Basta circular pela cidade para perceber que os táxis não atrapalham os coletivos. Até porque, nos corredores de alta demanda — avenidas Rebouças e Santo Amaro, por exemplo —, com alguma frequência, melhor é fugir deles para não pegar uma fila interminável de ônibus.

Acontece que os esquerdinhas do miolo mole que ficam soprando ao ouvido do prefeito soluções fáceis e erradas para problemas difíceis são chegaditos  a um arranca-rabo de classes. Nas entrevistas que concedem, demonizam o transporte individual e tratam os motoristas de carros particulares como se fossem criminosos e sabotadores da cidade. Eis que, de súbito, o usuário de táxi entrou na dança. Afinal, também essa modalidade seria nada menos do que “transporte individual”. É? PERGUNTA RÁPIDA: AS CICLOVIAS, POR ACASO, PRIVILEGIAM O TRANSPORTE COLETIVO, SENHOR FERNANDO HADDAD?

Há uma questão de lógica elementar que precisa ser levada em conta: a esmagadora maioria dos usuários de ônibus não tem carro. Assim, tornar mais rápidos os coletivos não tira necessariamente automóveis da rua. Não ainda. Para que isso venha a ocorrer em volume significativo, o serviço tem de melhorar brutalmente. Com o táxi, é diferente. SE PUDEREM TRANSITAR NOS CORREDORES E NAS FAIXAS, muita gente deixará seu carro em casa. Pode até gastar um pouco mais, mas vai escolher perder menos tempo. O carro particular costuma, de fato, carregar apenas uma pessoa; um táxi transporta por dia mais de 30 passageiros.

Assim, em vez de proibir os táxis de circular nos corredores, o correto seria permitir que circulassem também nas faixas — COM OU SEM PASSAGEIROS! Por quê? Para que cheguem mais depressa a seu destino e atendam com mais rapidez o cliente. Se o objetivo é tirar carros de circulação, quanto mais houver estacionados em suas respectivas garagens, melhor!  Ora, por que o dono de um automóvel escolheria enfrentar o congestionamento num táxi a fazê-lo em seu próprio veículo, ouvindo a música ou a estação de rádio de que gosta?

O sabichão e o povo desprezível
Mas quê… Haddad não está nem aí. Ele é sabido demais. E deixa claro que o problema é o “conservadorismo”… O prefeito confunde a sua incompetência com progressismo. E parece desconfiar bastante da sabedoria do povo… Ao “Valor”, afirmou: “Não digo que São Paulo é conservadora, mas atuam na cidade forças muito conservadoras, um poder econômico muito conservador.”Huuummm. Digam-me em que os “conservadores” andam a prejudicar o seu trabalho.

Numa fala um tanto oblíqua, sugere que a avaliação negativa que dele têm os paulistanos é coisa de gente ignorante, entenderam? Especialmente os pobres. Leiam o que ele disse ao “Valor”:
“Estamos fazendo um Plano Diretor depois de 11 anos, que é revolucionário. Repactuando a dívida com a União. Mas isso tudo como é que a população do Itaim Paulista vai compreender? Não vai. Não existe possibilidade de conseguir explicar reformas estruturais para uma pessoa que passava até outro dia quatro, cinco horas dentro de um ônibus. A pessoa não tem essa possibilidade de se informar.”

Entendi. Os pobres não têm competência intelectual para compreender o prefeito… O mais impressionante é que o prefeito venceu a eleição justamente em razão da maioria que obteve nessas áreas pobres. Assim, parece que ele só é prefeito por obra da desinformação. Querem saber? Isso faz sentido!

Por Reinaldo Azevedo

 

Votação pífia imporá moderação a Bachelet; 74% dos eleitores chilenos não votaram nela; 58% não votaram em ninguém!

Podem sentar, que acho que Michele Bachelet, a presidente eleita do Chile (já governou o país entre 2006 e 2010) será mansa. A Concertación — parceria entre o Partido Socialista e a Democracia-Cristã — governou o país de 1990 a 2010. E não mexeu em muitos dos marcos institucionais que herdou do regime Pinochet. O país tem, sim, algumas correções a fazer, mas é um dos mais arrumados da América Latina. Desta feita, a Concertación resolveu abrigar também o Partido Comunista, formando a tal “Nova Maioria”, e o discurso de Bachelet foi mais para a esquerda. Ocorre que…

 Ocorre que a votação de Bachelet, na verdade, foi pífia, embora eleita em segundo turno com 62,16% dos votos. Ao contrário do que sugere a porcentagem, no entanto, isso é muito pouco. O voto no Chile não é obrigatório — o que, diga-se, é o certo numa democracia. Voto obrigatório como temos aqui, no Brasil, é uma excrescência, coisa de jecas. Apenas 41,95% dos 13.573.143 de eleitores chilenos compareceram para votar. Bachelet obteve, portanto, 62,16% dos votos entre os 5.694.291 que foram às urnas. Assim, meus caros, ela teve pouco mais de 3,5 milhões de votos daqueles quase 14 milhões que poderiam ter comparecido. Ou seja: contou com a adesão de 26% do eleitorado chileno.

Quase 75% dos eleitores chilenos, portanto, não escolheram o seu nome. Não estou pondo em dúvida a sua legitimidade, é bom que fique claro. Essas são as regras do jogo, com as quais todos concordam. Portanto, ela será a presidente legítima do Chile. Mas alguém que chega ao poder com o endosso de pouco mais de um quarto do eleitorado sabe que tem limites.

É bem verdade que os mais de 58% que não compareceram ao pleito também não se interessaram por sua adversária, Evelyn Matthei, da direita. Ocorre que Evelyn não estará no poder, e Bachelet, sim.

A presidente eleita já governou a país entre 2006 e 2010. O mandato é de quatro anos, sem reeleição consecutiva. Desta feita, seu discurso foi mais radical do que da primeira vez, mas não creio que vá forçar a mão. Ela terá, sim, uma maioria no Congresso, mas bastante apertada. A Nova Maioria, coligação pela qual venceu a disputa, tem apenas 20 dos 38 senadores e 57 dos 120 deputados. Parece muita coisa, mas não para o sistema chileno.

Para reformar a Constituição, é preciso ter um mínimo de 80 deputados e 25 senadores; para fazer uma reforma eleitoral, 72 deputados e 23 senadores. A exigência tem se mostrado sábia. Ainda que o Chile tenha muitas distorções a corrigir, o país tem sido um dos mais estáveis da América Latina e um dos que mais crescem. Há uma grande pressão por uma reforma do sistema educacional, por exemplo, que foi bastante explorada na campanha. Os números do Congresso e agora o das urnas sugerem que a Bachelet mais radical da campanha tenderá a ceder àquela mais moderada que já presidiu o país.

Até porque, na chamada coalizão de centro-esquerda que a sustenta, há também os democrata-cristãos, que estão longe de ser radicais. Bachelet prometeu reformar a Constituição. Como a gente vê, não será uma tarefa tão fácil. A história chilena é a prova viva de que soluções cartoriais, sem a adesão da maioria do povo, só conduzem à crise. A tragédia do governo Allende também serve de advertência às esquerdas sobre o que não fazer.

Por Reinaldo Azevedo

 

Refis de empresas ajudam a salvar arrecadação de novembro

Na VEJA.com:
O governo federal arrecadou 112,517 bilhões de reais em impostos e contribuições em novembro, informou a Receita Federal nesta segunda-feira. O valor é recorde para o mês e representa alta real de 27,08% em comparação ao mesmo período de 2012. A arrecadação também subiu em relação a outubro (10,81%). Foi o melhor resultado para meses de novembro e a terceira maior arrecadação mensal da história. A principal contribuição para o resultado foi o parcelamento de dívidas das empresas com a Receita Federal, o Refis da Crise, que rendeu 20 bilhões de reais aos cofres do Fisco.

A arrecadação das chamadas receitas administradas pela Receita Federal somou 110,583 bilhões de reais no mês passado. As demais receitas (taxas e contribuições recolhidas por outros órgãos) foram de 1,934 bilhão de reais. No acumulado do ano até novembro, a arrecadação soma 1,019 trilhão de reais, uma alta real de 3,63% sobre igual período do ano passado.

Impostos
A arrecadação de IRPJ/CSLL, que reflete o comportamento do lucro das empresas, subiu 3,82% no acumulado do ano até novembro. O valor recolhido nos 11 meses deste ano soma 173,924 bilhões de reais. No mesmo período do ano passado, a arrecadação foi de 167,528 bilhões de reais. A arrecadação com IOF caiu 11,56% e somou 26,898 bilhões de reais. O resultado, segundo a Receita, deve-se à redução na alíquota do IOF sobre operações de crédito das pessoas físicas.

Com Cofins, a arrecadação subiu 3,04% no acumulado do ano e somou 176,407 bilhões de reais. O PIS/Pasep subiu 2,02% e alcançou 46,368 bilhões de reais. Segundo a Receita, o que explica os aumentos é o crescimento no volume de vendas de dezembro de 2012 até outubro de 2013 em comparação com o período anterior. Já o imposto de importação (II) fez a arrecadação subir 34,328 bilhões de reais no acumulado do ano, uma alta de 11,46%. A Receita atribui esse resultado, entre outros motivos, ao aumento do valor em dólar das importações e da taxa média de câmbio. O recolhimento do IPI automóveis acumula queda de 18,56% no ano, somando 3,349 bilhões de reais, o que se deve à alteração da alíquota do tributo.

O IRPF somou 25,492 bilhões de reais no período e cresceu 1,68%. O crescimento é resultado, segundo a Receita, do aumento na arrecadação relativa às quotas da declaração de ajuste anual e no pagamento do carnê-leão. O que caiu, segundo o Fisco, oram os ganhos de capital na alienação de bens e direitos. A arrecadação com Cide-Combustíveis caiu 99,63% no acumulado do ano e somou 10 milhões de reais. A grande queda ocorreu devido à redução a zero das alíquotas do tributo referentes a gasolina e diesel. A receita previdenciária cresceu 3,23% e somou 294,5 bilhões de reais.

Desonerações
Segundo dados divulgados pela Receita , o governo deixou de arrecadar até novembro 70,385 bilhões de reais com as desonerações tributárias. O impacto dos cortes de tributos aumentou 67,79% em relação a igual período do ano passado, quando foi registrado perda de 41,94 bilhões de reais. O maior impacto das desonerações ao longo do ano foi com a folha de salários, que soma até agora 11,97 bilhões de reais. O governo também deixou de arrecadar 10,524 bilhões de reais com a desoneração da Cide-Combustíveis, medida adotada para diminuir o impacto da alta do preço da gasolina para o consumidor final e para ajudar no controle da inflação. Já a desoneração do IPI soma 10,80 bilhões de reais.  A Receita calculou que o impacto das desonerações em novembro chegou a 7,153 bilhões de reais ante 4,594 bilhões de reais em novembro do ano passado.

Arrecadação insuficiente
O resultado primário é a economia feita pelo governo entre sua receita e suas despesas para o pagamento dos juros da dívida pública. Mas mesmo com a arrecadação de novembro, o mercado não acredita que o governo conseguirá cumprir a meta ajustada de superávit, de 2,3% do Produto Interno Bruto (PIB) — ou 110,9 bilhões de reais, dos quais 48 bilhões correspondem ao superávit de estados e municípios.

Até o mês passado, o governo era responsável por cumprir a meta de outros entes da federação, se fosse necessário. Mas uma mudança na lei de Responsabilidade Fiscal foi viabilizada às pressas para tirar da União o ‘fardo’. Assim, o governo central, que é composto por Tesouro, Previdência e Banco Central, terá de cumprir uma meta menor: 73 bilhões de reais. Caso estados e municípios não consigam cumprir o restante da meta, mais um fracasso no controle das contas públicas entrará na (já ampla) lista do governo Dilma.

Por Reinaldo Azevedo

 

Pronto! Aécio ficou com as batatas. Agora PSDB precisa ser notícia com um novo assunto

Circula nas redes sociais uma pequena nota, redigida pelo ex-governador de São Paulo, José Serra, em que ele deixa claro que não pretende disputar a vaga de candidato do PSDB à Presidência da República. Pronto! Acabou! Agora, esse é um não assunto. Eis a íntegra do texto:
Para esclarecer a amigos que têm me perguntado :
Como a maioria dos dirigentes do partido acha conveniente formalizar o quanto antes o nome de Aécio Neves para concorrer à Presidência da República, devem fazê-lo sem demora. Agradeço a todos aqueles que têm manifestado o desejo, pessoalmente ou por intermédio de pesquisas, de que eu concorra novamente.

Retomo
Se a possibilidade de que Serra viesse a pleitear a vaga — abrindo, então, uma eventual disputa com o senador Aécio Neves (MG) — era o que impedia que o mineiro fosse considerado, desde já, o candidato do partido, convenham: não há mais impedimento.

A nota significa uma mudança no status do acordo estabelecido não há muito tempo entre Aécio e Serra: ficou combinado que uma decisão seria tomada em março e que ambos ficavam livres para tocar suas respectivas agendas, sem bateção de cabeça. Mas parece que isso não combinava com a aflição no PSDB. O acordo foi feito, mas as pressões do partido sobre o ex-governador de São Paulo continuaram no mesmo tom de antes. Haviam diminuído diante da possibilidade de ele deixar o partido. Depois voltaram ao de sempre.

A mim sempre pareceu — e já escrevi aqui — que Aécio só não seria, e só não será, o candidato do PSDB se não quiser. Vamos ser claros: Serra não era, não é e não será impedimento para que o mineiro se firmasse ou se firme como candidato. A história de que a não retirada de seu nome da disputa enfraquecia o mineiro é uma fantasia tola. Mas de fantasias também se faz a política. Bem, tire-se agora essa história da frente.

Espero que…
Espero que as oposições — e o próprio PSDB — não venham ainda a lamentar o desfecho. ALGUNS TUCANOS COM PAIXÕES SANGUINOLENTAS LEIAM DIREITO O QUE VEM AGORA. De que lamento estou a falar? Não! Não me refiro à hipótese já vencida, que sempre me pareceu remotíssima, de ser ele o nome tucano. Fico cá a indagar se, para a realização de um segundo turno, o prudente não teria sido que ele também fosse candidato, ainda que por um pequeno partido, como o PPS, numa ação concertada com o próprio PSDB.

Não me parece que seja fácil Dilma vencer no primeiro turno. O PT jamais conseguiu realizar essa façanha: nem em 2002, contra um governo então com baixa popularidade, como o era o de FHC, nem em 2006 e 2010, com a gestão Lula lá nas alturas. Mas impossível não é, num ano tão cheio de eventos, como será 2014. Antes de junho, qualquer especulação sobre as relações entre política e Copa do Mundo pareceria forçada, meio tola até. Depois de junho, ninguém sabe. Os estádios vistosos reacenderão a palavra de ordem “hospitais e escolas padrão Fifa” ou farão o brasileiro estufar o peito de orgulho?

Mas volto ao ponto: o pior cenário para Dilma já não existe mais, e era aquele em que ela teria de enfrentar Aécio, Marina Silva, Eduardo Campos e, na hipótese de que trato, José Serra. Os adversários se reduziram a dois, um deles agora definido sem nem mais aquela aresta de dúvida — será Aécio —, e o outro ainda nem tão definido assim. Não acho que esteja absolutamente certo que Campos será o nome do PSB se Marina chegar a março ou abril com o dobro das intenções de voto e se o seu nome significar a diferença entre a vitória de Dilma no primeiro turno e  realização de um eventual segundo turno. Mas isso fica para depois.

Pronto! O PSDB agora que trate de buscar ser notícia sem contar com a facilidade da guerrinha Aécio X Serra. Aécio ficou com as batatas. Agora é preciso descobrir um novo assunto.

Por Reinaldo Azevedo

 

A Frente OAB-STF-PT e o golpe da cláusula pétrea. Ou: A marcha dos idiotas. Ou ainda: negar que exista doação de empresas nos EUA é coisa de pilantras. Ou: A República dos Cinco

Pois é… Como já escrevi aqui, se a essência das coisas coincidisse com a sua aparência, os idiotas seriam os cientistas, e os cientistas, os idiotas. Acompanhei atentamente o voto do ministro Luiz Fux, do STF, e não consegui achar em que ponto o doutor demonstra que o financiamento privado de campanha — a doação de empresas — viola cláusulas pétreas da Constituição. Quais cláusulas? Que direitos fundamentais ou que valores essenciais sobre os quais se assentam a Constituição e a República estariam sendo feridos de morte?

As cláusulas pétreas — e não adianta o leitor tentar encontrá-las em algum artigo ou parágrafo porque se trata, vamos dizer assim, de um espírito — estão virando uma espécie de caminho do golpe constitucional. Quando uma maioria do STF decide que já é hora de legislar, então basta evocar as ditas-cujas e pronto! A partir daí, tudo é possível. Se, amanhã, algum amigo do doutor Luís Roberto Barroso cismar que o direito à propriedade fere a dignidade humana, joguem-se foram todas as garantias porque ninguém mais será dono de nada. E olhem que não estou brincando, não.

O Artigo 5º garante o direito à propriedade no caput e no Inciso XXII, mas o XXIII diz que “a propriedade atenderá à sua função social”. Como “a função social” é, convenham, matéria um tanto controversa porque depende do que cada um entende por isso, abre-se o caminho, como se tem visto por aí, para decisões judiciais as mais exóticas. O MST e um empresário do setor rural certamente não pensam a mesma coisa a respeito. Ah, sim: a “função social da propriedade” é cláusula pétrea, tá, pessoal? Não se pode fazer uma emenda suprimindo esse inciso.

Pilantragem retórica
Fux e outros estão tentando meter goela abaixo do Congresso o financiamento público de campanha — que interessa principalmente ao PT — sob o argumento de que o financiamento privado agride cláusulas pétreas. Como não se pode fazer emenda suprimindo-as ou alterando-as, então os parlamentares estariam obrigados a aprovar o financiamento público. A indignação dos quatro ministros que já votaram, como se o Brasil fosse o único país a contar com financiamento privado em campanhas eleitorais, ou expõe a própria ignorância ou se aproveita da ignorância alheia — talvez as duas coisas. Como evidenciou Daniel Jelin emreportagem na VEJA.com, o financiamento privado de campanha é padrão no mundo democrático, não exceção.

Afirmar, como tenho lido aqui e ali, que não há dinheiro de empresas na eleição americana é coisa de vigaristas. Pra começo de conversa, as regras da disputa são muito diferentes. Não há a jequice cartorial do horário eleitoral gratuito (que nós pagamos) por lá. Os partidos compram tempo na TV. Empresas financiam think tanks que se encarregam de divulgar teses, palavras de ordem e pontos de vista identificados com este ou aquele candidatos. São os chamados PACs (Comitês Cívicos). Em 2010, a Suprema Corte do país decidiu que os Super-PACs — lobbies organizados — PODEM ARRECADAR QUANTO LHES DER NA TELHA, TAMBÉM DE EMPRESAS — para defender seus pontos de vista. Mais: o candidato pode usar o próprio dinheiro para fazer campanha — o que Fux também quer proibir por aqui.

Vale dizer: o sistema brasileiro — ao menos o que está na lei — É MAIS TRANSPARENTE DO QUE O AMERICANO. De fato, naquele país, uma empresa não pode doar a um partido ou a um sindicato, mas os PACs, na prática, fazem isso, só que de modo oblíquo. Ora, O DESVIO, NO BRASIL, ESTÁ NO CAIXA DOIS, NÃO NAS DOAÇÕES DEVIDAMENTE REGISTRADAS. Se acontecer o que querem Luiz Fux, Dias Toffoli, Joaquim Barbosa e Luís Roberto Barroso (por enquanto…), aí o desvio será a norma.

Volto ao eixo
Mas volto ao eixo deste texto. Evocar a cláusula pétrea tem sido o caminho para o Supremo legislar em lugar do Congresso. E notem: não é que 11 indivíduos possam substituir o Congresso, não! Bastam cinco! Cinco? Sim, para uma Ação Direita de Inconstitucionalidade (ADI) ser votada, é preciso que pelo menos oito ministros participem da sessão — nesse caso, bastam cinco para formar a maioria.

Se vocês recorreram ao arquivo, encontrarão as muitas vezes em que apontei que o STF estava indo além das suas sandálias — e as suas sandálias são a Constituição. No dia 26 de abril de 2012, escrevi aqui um post (que está no livro “O País dos Petralhas II”, página 313) em que alertava justamente para essa hipertrofia do Judiciário. Por mais que se queira dar nó no verbo, o fato é que o STF tomou decisões sobre cotas raciais, casamento gay, marcha da maconha e aborto de anencéfalos OU CONTRA A LETRA EXPLÍCITA DA CONSTITUIÇÃO OU CONTRA A LETRA EXPLÍCITA DA LEI.

Os tontos acharam, então, que critiquei o tribunal porque me oporia ao casamento de homossexuais. Não me oponho. Mas a Constituição existe e diz que união estável se dá entre homem e mulher. É preciso mudar a Carta, e quem faz isso é o Congresso! O Código Penal prevê as duas possibilidades para o aborto legal. Quem tem de introduzir uma terceira é… o Congresso! O código dispõe também sobre a apologia do crime — e consumir droga ilícita é crime. Para que deixe de sê-lo, é preciso votar uma lei no… Congresso!  O mesmo se diga sobre as cotas. Nesse caso, então, o malabarismo retórico é espantoso. É claro que elas ferem o fundamento da igualdade perante a lei — cláusula pétrea! Mas aí os doutores consideraram que se trata de uma igualdade formal que não realiza a igualdade material. E, vejam que fabuloso!, violaram uma cláusula pétrea e as consideraram constitucionais em nome da “verdadeira igualdade”, entenderam? Assim, quando lhes dá na veneta, em nome da cláusula pétrea, eles quebram a … cláusula pétrea!

Escrevi textos aqui contra essas decisões todas. E deixo claro: exceção feita ao caso do aborto de anencéfalos, incomodava-me menos o mérito do que a clara violação do que está escrito; incomodava-me menos O QUE ESTAVA SENDO DECIDIDO do que o fato de o tribunal estar tomando o lugar do Parlamento. Advertia aqui, quase solitariamente, que os bem-intencionados estavam botando uma corda à volta do pescoço.

Eis aí… Desta feita, evocando “cláusulas pétreas”, ministros querem proibir o financiamento privado, impor o financiamento público, ajudar a bater ainda mais a carteira dos brasileiros, elevar brutalmente o caixa dois de campanha e dar uma forcinha extra ao PT.

Usurparam uma vez a prerrogativa do Congresso. Foram aplaudidos. Usurparam uma segunda. Foram aplaudidos. Usurparam uma terceira. Foram aplaudidos. Usurparam uma quarta. Foram aplaudidos. Ficaram viciados. Querem mais.

E agora concluo
E notem que os ousados estão perdendo mesmo a cerimônia. A ADI que chegou com assinatura da OAB, insisto, tem as digitais de Luís Roberto Barroso. É ele o autor intelectual da causa de que se tornou um dos juízes. Isso fere a cláusula pétrea da ética e do bom senso.

Se os parlamentares não reagirem, seu destino será apenas mendigar um dinheiro do Executivo e, de vez em quando, aparecer nas páginas policiais, acusados de caixa dois. 

Por Reinaldo Azevedo

 

AINDA O FINANCIAMENTO DE CAMPANHA – Quem vai controlar os fundos de pensão das estatais? Barroso? Luiz Fux? Joaquim Barbosa? Dias Toffoli?

O Supremo Tribunal Federal está a dois votos de fazer uma grande, uma monumental, uma gigantesca bobagem, prestando um enorme desserviço ao Brasil, à democracia e à transparência nas eleições. Os males decorrentes da proibição das doações de empresas a partidos e candidatos são muitos, são de várias naturezas, e todos eles se combinam para tentar eternizar a hegemonia do petismo. Não por acaso, o país só está prestes a cair nessa esparrela agora que o PT é o maior partido do país. Quando ele amargava o seu naniquismo, certamente não pensaria em um sistema dito público de financiamento das eleições.

De alguns dos males já tratei aqui. Quanto mais converso — e o mesmo podem fazer os outros jornalistas —, novas possibilidades deletérias vão surgindo no horizonte. Já sabemos, até aqui, que a proibição das doações de empresas provocará:
– o aumento brutal do caixa dois de campanha;
– a imposição do financiamento público.

O financiamento público, por sua vez, terá de obedecer a determinados critérios. O único razoável é aquele que distribui os recursos segundo o desempenho do partido na eleição anterior. Logo, a consequência óbvia será o fortalecimento de quem já é forte e o enfraquecimento de quem já é fraco — a menos que esses fracos recorram a métodos “não contabilizados” para tentar ganhar musculatura, coisa que os fortes certamente farão para continuar musculosos.

Podemos antever, então, todas as consequências óbvias e fatais do “novo constitucionalismo” do companheiro Luís Roberto Barroso, que contou, até agora, com a adesão entusiasmada de Luiz Fux, de Dias Toffoli e de Joaquim Barbosa. Ocorre que as coisas não param por aí.

A gente vai conversando e vai sabendo como funcionam as coisas, não é? Alerta-me alguém que há muito investiga o bas-fond das campanhas eleitorais que há um risco adicional. Não é segredo para ninguém que os fundos de pensão das estatais, todos eles controlados por homens do PT, já, como direi?, participam freneticamente do processo eleitoral por meios nada ortodoxos. Num cenário em que os adversários do partido estariam impedidos de se financiar fora dos limites impostos por um fundo eleitoral — a menos que corressem um risco imenso —, o modelo corresponderia a entregar as eleições a um “estamento” financeiro-sindical que passaria, de fato, a governar o país. Já hoje, note-se, os fundos de pensão são um dos pilares do poder petista. Muito especialmente em razão das privatizações que tanto demonizam. Sua importância cresceria enormemente.

Impedir a alternância do poder
O financiamento público de campanha, é bom que se tenha claro, pode significar o mais duro golpe, se não for o definitivo, contra a alternância de poder no país. De resto, todos sabem — e não o ignoram os ministros do Supremo — o peso que tem o estado no Brasil. Pouco são os grandes empresários (se é que existe algum) que não foram vítimas de alguma forma indecorosa de assédio. MAS ATENÇÃO! NÃO SÓ PARA FAZER DOAÇÕES PARA CAMPANHA. Isso é o de menos.

A doação legalizada, meus caros, não é a fonte da grande corrupção. Essa é uma das mais escandalosas falácias que se podem sustentar. A fonte maior da lambança é de outra natureza: está na licitação dirigida, na falta de licitação, nos aditamentos de contratos, no dinheiro sujo passado por baixo do pano etc. Proibir a doação legal de empresas a partidos e candidatos me lembra, em muitos aspectos, aquele referendo estúpido que tentou PROIBIR A VENDA DE ARMAS LEGAIS. Ocorre que o problema do país, nessa área, estava e está nas ARMAS ILEGAIS. A propósito:  que ideia tem Barroso, Fux, Toffoli e Barbosa contra as doações ilegais? Resolveram combatê-las proibindo as legais?

Por onde quer que se olhe essa história, o resultado é sempre o mesmo — e é invariavelmente ruim. De resto, há uma questão que é óbvia: não criem, senhores homens de estado, um sistema legal que predisponha à corrupção porque, a exemplo de qualquer outro, ele será comandado pelos mais aptos: os corruptos.

Por Reinaldo Azevedo

 

Autores da petição contra financiamento privado de campanha — aquela saída da turma de Barroso e “lavada” pela OAB — falaram nas audiências públicas como se fossem pessoas isentas. E eu lembrei de um poema de Drummond

Como vocês leem no post acima, o ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal, não se constrangeu em ser juiz da causa que ele próprio, na prática, patrocinou. Embora a petição inicial enviada ao Supremo pedindo que seja declarado inconstitucional o financiamento privado de campanha tenha a assinatura da OAB, a ordem assume explicitamente os autores intelectuais do texto. Um deles é Daniel Sarmento, colega de departamento de Barroso na UERJ e seu subordinado intelectual. Outro, Eduardo Mendonça, já foi sócio do agora ministro num escritório de advocacia e hoje é seu assessor no Supremo. E as coisas podem ficar ainda mais feias.

Em seu voto, Luiz Fux, o relator, citava com muito entusiasmo passagens das “audiências públicas” que realizou para debater o assunto. Realmente comovente. Foram ouvidas 30 pessoas: por incrível que pareça, no grupo estavam nada menos do que… Sarmento e Mendonça. Vale dizer: eles eram chamados para dar uma opinião — ISENTÍSSIMA!!! — sobre uma peça da qual, na verdade, eram autores. Com a devida vênia, isso é bastante vergonhoso. Segue a lista dos que participaram das audiências. Volto em seguida.

Audiência 1

Audiência 2

Audiência 3

Voltei
Aí é ruim, né? Ora, o autor de uma petição, convenham, fala é na petição, não na audiência pública. Essa turma toda está me lembrando um poema de Drummond chamado “Quadrilha”, aquele do João que “amava Teresa que amava Raimundo que amava Maria…” Todo mundo está ligado, né?

Ainda estou lendo os depoimentos. Estou na página 114 de 252. É coisa pra caramba! Mas eu não ligo, não! Um dos segredos da minha chatice com os bacanas é ser metódico e determinado. Não faltam ponderações razoáveis, sensatas, nas audiências. Mas o ministro Luiz Fux devia estar surdo naquele dia. O mais impressionante é que os fanáticos contra o financiamento privado NÃO MEDIRAM EM NENHUM MOMENTO AS CONSEQUÊNCIAS DA PROIBIÇÃO. Limitaram-se a demonstrar que são homens bons e favoráveis à igualdade. E não faltou o patético, é claro!

O petista Henrique Fontana, relator da reforma política que não aconteceu, tentou emplacar o financiamento público de campanha. Quebrou a cara. Vão tentar agora o tapetão. Destaco uma fala do petista. Prestem bem atenção!

“Quem decide, por exemplo, os candidatos que a FEBRABAN vai financiar para montar a sua bancada de influência dentro do Congresso Nacional? Não é o povo brasileiro. Essas listas fechadas devem, sim, preocupar a todos os cidadãos brasileiros. Sonho com o dia em que, depois de eleito um Presidente da República, ao responder a pergunta “quem financiou a sua campanha, Presidente Fernando Henrique Cardoso, Presidente Lula ou Presidenta Dilma?”, a resposta possa ser: foi o povo brasileiro inteiro que financiou a minha campanha”.

Comento
Quem decide os candidatos que serão apoiados pelos sindicatos, senhor Fontana? Se os bancos doarem dinheiro “por dentro”, com registro, tanto melhor! No caso da máquina sindical, o financiamento se dá por vias tortas porque eles estão proibidos de fazer campanha política. Mas fazem mesmo assim, não é?, por intermédio de recursos indiretos. Um caminhão de som que participa de um comício é ou não é DINHEIRO?

De resto, o que impedirá as empresas de continuar a financiar candidatos, mesmo com a proibição?

Por Reinaldo Azevedo

 

Argentina restringe importação de carros e atinge o Brasil.O Mercosul é mesmo uma maravilha!!!

Por Patrícia Campos Mello, na Folha. Ainda voltarei ao tema:
A decisão do governo da Argentina de limitar em até 27,5% as importações de automóveis e veículos comerciais leves, anunciada anteontem, pode ter um grande impacto sobre a indústria automobilística brasileira e a balança comercial do país. Entre janeiro e novembro deste ano, o Brasil exportou US$ 5 bilhões em automóveis de passageiros. Desse total, 87% (US$ 4,4 bilhões) foram para a Argentina. Na quinta-feira, a ministra argentina da Indústria, Debora Giorgi, comunicou ao setor automotivo do país que eles terão de reduzir entre 20% e 27,5% as importações no primeiro trimestre de 2014, em relação ao mesmo período deste ano. Montadoras que exportam o mesmo valor que importam não teriam que reduzir compras externas, enquanto as deficitárias e as importadoras estariam incluídas na nova restrição.

 A medida seria uma maneira de estancar a sangria de reservas internacionais da Argentina, que caíram 21% apenas neste ano. O Ministério do Desenvolvimento afirma que não foi informado oficialmente da medida e não vai comentar. Dentro do governo brasileiro, que foi surpreendido pela medida, espera-se que seja possível negociar com os argentinos. A iniciativa da ministra é vista pelo governo brasileiro como uma medida de política industrial equivocada, uma tentativa de fazer indústrias de autopeças se instalar na Argentina –com poucas chances de funcionar. E também um sintoma da enorme preocupação com a queda no nível de reservas.

Analistas acreditam que a restrição deve atingir mais os veículos de maior valor, importados principalmente da União Europeia e do Japão, e menos os carros pequenos e médios que vêm do Brasil. Mas, como 67% dos veículos importados pela Argentina vêm do Brasil (em valor), uma redução será inevitável, afirmam especialistas. ”Toda intervenção estatal desse tipo é muito prejudicial, e o setor automotivo é uma das poucas cadeias de produção estabelecidas na região”, diz Welber Barral, sócio da consultoria Barral M Jorge.
(…)

Por Reinaldo Azevedo

 

Doação de empresas a campanhas não é “disparate”. É o padrão

Por Daniel Jelin, na VEJA.com:
Ao contrário do que sustentaram os ministros Luiz Fux, Joaquim Barbosa, Dias Toffoli e Luís Roberto Barroso, doação eleitoral de empresas não é um “disparate”, não é incompatível com a democracia nem tem qualquer relação verificável com níveis de corrupção. Barrá-la, mundo afora, é a exceção. A regra é acolhê-la, dentro de limites.

Normas de financiamento político têm uma complexidade necessária. Isso porque devem prever freios e contrapesos que mantenham o jogo político equilibrado, garantindo a competitividade dos atores, o engajamento do eleitorado e a transparência da disputa. Espanta, assim, a ligeireza com que os ministros se dispuseram a reformar isoladamente um único aspecto da legislação, coisa que nem a base aliada no Congresso topou, quando o PT, sob o pretexto de ouvir a voz das ruas, tentou patrocinar o plebiscito que levaria ao crivo do eleitorado a seguinte pergunta: “Você concorda que empresas façam doações para campanhas?”. Parlamentares acharam a questão simplista demais…

“O diabo mora nos detalhes”, diz Sam van der Staak, do Institute for Democracy and Electoral Assistance (Idea). “A mesma regulação sobre transparência pode ser positiva em certo contexto e em outro servir à perseguição política. O mesmo vale para restrições às doações. Em um contexto, elas podem limitar o fluxo de dinheiro para os políticos. Em outro, pode ser um meio de o partido no poder limitar o financiamento da oposição”.

Modelo ideal
Fundado em 1995 em Estocolmo, o Idea radiografa diversos aspectos do jogo político mundo afora. O financiamento de partidos e candidatos é um deles. Para tanto, formula 43 perguntas. São 18 sobre doações privadas, dez sobre financiamento público, seis sobre limites de gastos e doações e nove sobre prestação de contas. E o instituto não se contenta com respostas do tipo “sim” ou “não”: boa parte das questões admite nuances e quase todas exigem ressalvas, comentários e informações adicionais prestadas por especialistas consultados em diversos países.

A primeira constatação que o exame das regras eleitorais mundo afora permite é que, em linhas gerais, a legislação brasileira não destoa da de outras sólidas democracias. Assim como o Brasil, a maioria dos países proíbe doações de estrangeiros; autoriza contribuições de empresas; provê alguma forma de financiamento público direto; veta doações anônimas; garante acesso subsidiado ou gratuito aos meios de comunicação; não impõe limite aos gastos eleitorais; obriga a prestação pública de contas de campanha etc. Algumas poucas questões põem o Brasil no bloco minoritário, mas ainda assim em companhia de países de tradição democrática. Por exemplo: Brasil, Estados Unidos, Canadá e França fazem parte do pequeno grupo de países que proíbem doações por parte de sindicatos.

No conjunto, a radiografia do financiamento político evidencia que não existe um modelo ideal. O que as democracias mais vibrantes têm em comum não é esta ou aquela norma, mas, segundo Van der Staak, condições equilibradas para a disputa política; instituições fortes para monitorar e fazer valer a legislação; e transparência na prestação de contas. O pesquisador informa também que não foi encontrada correlação estatística entre corrupção e doação de empresas – ou qualquer outro aspecto do financiamento político.

É possível, contudo, descartar o financiamento exclusivamente público, este sim um disparate. Não há democracia séria no mundo que se submeta a um regramento que, ao mesmo tempo, engessa o processo político, compromete a alternância de poder, mina a participação do eleitor e, além de tudo, não é impedimento para a corrupção. Até países onde as normas são anedoticamente duras autorizam alguma forma de doação privada. No Butão e na Guiné-Bissau, dois casos extremos, as contribuições são restritas aos militantes de carteirinha.

Um pouco mais comum, mas ainda uma exceção, é o veto às doações por parte de qualquer pessoa jurídica. De 165 países, 38 (23%) proíbem empresas de financiarem diretamente candidaturas. É verdade que há nesse grupo sólidas democracias, como os Estados Unidos. Mas, sem demonizar o empresariado, a legislação americana o autoriza a contribuir com comitês independentes. O Japão também está entre os 38 países que barram doações das empresas aos candidatos, mas, como em outros 11 países, o veto não se aplica ao financiamento de partidos. Na Rússia e em outros 10 países, é o contrário: pessoa jurídica pode contribuir para o caixa do candidato, mas não do partido.

Mais países optam por impedir as doações de alguns tipos jurídicos bem definidos, como por exemplo empresas de capital misto (Brasil, Islândia e Itália), companhias que têm contratos com o governo (Sérvia e Uruguai), casas de jogos ou apostas (Argentina e Honduras), clubes de futebol (Brasil), milícias (Iraque), grupos terroristas (Uganda), bancos (Libéria), empresas endividadas (Quirguistão e Croácia), entidades beneficentes ou religiosas (Bélgica e Armênia) etc. e etc.

Alternância de poder
A resistência ao veto às empresas se deve ao fato de que a medida é potencialmente asfixiante, especialmente para países de pouca tradição democrática e baixo engajamento eleitoral: o financiamento público reforça o cacife dos governantes de turno, comprometendo a alternância de poder. Além disso, a maioria dos países considera que empresas não são, por princípio, venais. Isso não equivale a autorizar qualquer tipo de doação. Uma das medidas mais adotadas nos últimos anos, conta Van der Staak, é a imposição de tetos, o que obriga os candidatos a alargar suas fontes de financiamento e ao mesmo tempo evita que uma mesma companhia apadrinhe um grande número de políticos.

O Brasil está nesse grupo de países, mas aqui, de fato, há uma jabuticaba: o limite das doações no Brasil não foi estipulado em valores, mas em razão do poder econômico do doador: 2% do faturamento bruto da empresa no ano anterior à eleição ou 10% da renda anual no caso de pessoas físicas. No caso dos grandes doadores, é dinheiro mais que suficiente para bancar toda a campanha eleitoral. A revisão dessa regra, de qualquer modo, exige cautela, como explica Van der Staak: se o teto de doação é muito alto, a influência de uma única empresa ou pessoa pode de fato se tornar excessiva; mas se o limite é muito estreito, os partidos com dificuldade para se cacifar serão tentados a recorrer ao caixa dois.

Fux, relator da ação que contesta as doações das empresas, pode se assombrar com o custo das campanhas no Brasil e com o peso do capital das empresas no caixa dos partidos (mais de 95% no ano passado, segundo levantamento do site G1). Mas vilanizá-las não tornará a disputa política mais equilibrada, vibrante ou virtuosa.

Por Reinaldo Azevedo

 

Perguntas a Fux, Toffoli, Barbosa e Barroso. Não creio que respondam porque resposta não há!

Barroso: tese contra financiamento privado saiu de sua toga esvoaçante

Barroso: tese contra financiamento privado saiu de sua toga esvoaçante

Com todo o respeito às pessoas e desrespeito proporcional aos ataques à lógica, a quantidade de bobagens que já se falou no Supremo contra o financiamento privado de campanhas é espantosa — para não falar do solene desprezo à história.

É preciso ter um pouco de memória. Procurem saber como se noticiou, em 1993, a lei que passou a permitir, com o devido registro, a doação de empresas a campanhas eleitorais. Foi saudada, e com correção, como um mecanismo de transparência. Porque, afinal de contas, é mesmo disso que se tratava. Todos os políticos sabiam e sabem — e isso também vale para aqueles senhores e senhoras togados do Supremo — que as empresas faziam, fazem e continuarão a fazer doações. Assim, a lei de 1993 concorria para a moralização, não para o contrário.

As tolices foram se acumulando, às vezes com retórica inflamada, com sotaque condoreiro, como se os doutores estivessem ali para desagravar a cidadania aviltada. O ministro Luiz Fux chegou até a inventar um estranho conceito de “comunismo da doação”. Já explico em que consiste.

Custo da campanha
Afirmou-se no tribunal que a doação privada encareceu a campanha!!! É mesmo? Quer dizer que o sistema brasileiro fornece aos candidatos o horário eleitoral gratuito (que gratuito não é; a gente paga), uma excrescência típica de um país de jecas cartoriais, e não quer que a campanha política vá para os cornos da Lua? Ora, os partidos farão o quê? Contratarão os melhores marqueteiros da praça. Os marqueteiros, por sua vez, vão querer os melhores diretores de vídeo, os melhores diretores de fotografia, os melhores roteiristas, a melhor equipe de jornalistas e publicitários… Os custos vão se multiplicando.

Eu desafio o ministro Fux — e os que o seguiram: Joaquim Barbosa, Dias Toffoli e Roberto Barroso — a responder uma questão. Se conseguirem, publico no blog. Se não quiserem responder a mim, respondam ao país e aos brasileiros: sem o financiamento privado, todos esses profissionais passarão a cobrar menos por seus serviços? Qual é a lógica? Fico aqui a imaginar: “Ah, não, eu orçaria a campanha em R$ 60 milhões; mas, agora, sem a grana das empresas, faço por R$ 5 milhões”. É um troço ridículo.

A verdade, e os ministros não são idiotas, É QUE OS CUSTOS DECLARADOS JÁ SÃO MENTIROSOS. DE TODOS OS PARTIDOS. A campanha eleitoral custa muito mais do que vai registrado na prestação de contas. Vale dizer: mesmo com a lei permitindo a doação, é evidente que muito dinheiro rola por baixo do pano.

Dias Toffoli foi um dos que vituperaram contra a atual lei. Ele já foi advogado do PT. Mesmo com as doações privadas sendo legais, o PT houve por bem pagar Duda Mendonça em moeda estrangeira, no exterior, com dinheiro do caixa dois. Aguardo também sua resposta, ministro: se, em 2002, só houvesse financiamento público, os “companheiros” não teriam recorrido a esse expediente??? Conte pra mim, ministro Barroso: se, com a doação legalizada, ainda assim, existe caixa dois, por que a “ilegalização” das doações hoje consideradas regulares concorreria para a moralização do sistema?

Quando homens e mulheres da mais alta corte do país decidem jogar a lógica no lixo para exercitar seus próprios preconceitos, é claro que a gente deve se preocupar.

A alternativa
De resto, há de se pensar na alternativa. Se o dinheiro privado não financiar a campanha, como é evidente, será preciso recorrer ao financiamento público. E é claro que a distribuição desses recursos vai ser proporcional ou à bancada dos partidos na Câmara ou ao desempenho dos partidos na eleição anterior. Do contrário, será preciso dividir fraternalmente a bufunfa entre o PCO e o PT, por exemplo.

A tese fuxiana da doação
A lei permite que pessoas físicas — ou “naturais”, como gostam os nossos togados — doem a candidatos até 10% da renda bruta que obtiveram no ano anterior à eleição. O ministro Fux viu aí uma terrível desigualdade. Citou o exemplo: o sujeito que recebeu R$ 200 mil num ano poderia doar R$ 20 mil, e o que recebeu R$ 40 mil, apenas R$ 4 mil. Não endossou a proibição das doações de pessoas físicas, mas acha, uau!!!, que o critério também é inconstitucional porque fere o princípio da igualdade e da isonomia.

Pergunto: “Ministro, é uma questão de princípio, ou Vossa Excelência é contra a desigualdade, mas até certo ponto?”. Sim! Se é princípio, há que ter como referência da doação possível o menor benefício pago pelo Bolsa Família, certo? Já com alguma largueza de espírito, a doação máxima teria de ser um percentual do salário mínimo.

Venham cá: o indivíduo que, como pessoa física, faz uma doação está exercendo um a) direito; b) privilégio; c) uma obrigação? Tendo a achar que se trata de exercício de direito. Mas que se note: ele se tornou um financiador do processo democrático. Parece-me que atende ao princípio da proporcionalidade que aquele que tem mais contribua com mais, certo? A menos que se considere que essa doação não passa de pilantragem e ludíbrio.

Voto perigoso e abuso
Quem prestou atenção ao voto de Fux — e daqueles que o seguiram — percebeu que, para o ministro, a doação de empresas a campanhas eleitorais fere… cláusulas pétreas. É isto mesmo: estão querendo forçar a barra para que a questão seja considera uma interpretação conforme a Constituição, de sorte que o Parlamento brasileiro seja impedido de votar uma emenda constitucional que preveja o financiamento privado.

É claro que se trata de um abuso — e abuso de Poder, aí com “p” maiúsculo. Vá lá que que o Supremo acabe legislando muitas vezes porque um fundamento assegurado na Constituição não encontra lei correspondentes. Assim, se o Congresso não faz, o tribunal então atua. Já acho, confesso, uma tese bastante complicada porque abre as portas para abusos.

Mas e nesse caso? O Congresso expressou a sua vontade, sim. Só que alguns ministros do Supremo, tendentes a formar a maioria, não gostaram. Ora, se não gostaram, então eles dão um pé no traseiro do Legislativo e dizem: “Vocês votem a lei que quiserem, desde que seja esta”. E pouco importa se seus argumentos fazem ou não sentido; pouco importa se estão ancorados na lógica ou não; pouco importa se encontram ou não respaldo nos fatos.

O PT realiza o seu congresso — nesta quinta, na presença de Dilma e Lula, houve vivas a mensaleiros e ataques ao STF (já falo a respeito). Uma das teses dos “companheiros”, ora vejam, é justamente o financiamento público de campanha. Para o petismo, é mel da sopa:
1: ficará com a maior fatia do dinheiro público;
2: continuará a ter a maior fatia do dinheiro privado (e tudo poderá ser feito por baixo dos panos);
3: continuará a usar a propaganda do governo para fazer campanha eleitoral disfarçada;
4: continuará a usar a propagada de estatais para o mesmo fim;
5: continuará a usar dinheiro público (inclusive de estatais) para financiar a sua rede de difamação (de adversários) na subimprensa;
6: continuará a contar com o trabalho “gratuito” (que vale dinheiro) de sindicatos, ONG e movimentos sociais.

Só para encerrar (ainda voltarei ao tema): o ministro Luís Roberto Barroso é muito mais do que apenas um voto nesse caso. Essa história nasceu do “barrosismo”. Mas fica para mais tarde.

Por Reinaldo Azevedo

 

O eixo OAB-STF-PT. Ou: O rottweiler democrata reage ao beagle bolivariano

Leiam trecho da minha coluna na Folha desta sexta:
*
OAB, STF e PT resolveram se juntar contra a democracia. O tribunal está prestes a declarar inconstitucional a doação de empresas para campanhas eleitorais, aprovada em 1993, e a restringir a de pessoas físicas. Se acontecer, o primeiro e óbvio efeito será o aumento brutal do caixa dois. O sistema político voltará à clandestinidade da qual havia parcialmente saído há 20 anos e que resultou, por exemplo, no Collorgate. Essa “conspiração dos éticos” de calça curta chega a ser asquerosa. Trata-se de um truque vulgar na América Latina bolivarianizada. Na região, não se dão mais golpes com tanques, mas com leis. Usa-se a democracia para solapá-la. E o Judiciário tem sido peça fundamental da delinquência política.

Se o financiamento não pode ser privado, terá de ser público. O STF, que não foi eleito para legislar, definirá que o Congresso é livre para fazer a escolha única. O “novo constitucionalismo” é só bolivarianismo com sotaque praieiro. Engana trouxas com seu jeitinho beagle de ser. Um rottweiler do estado democrático e de direito logo reage. O PT já havia tentado extinguir as doações privadas. Não deu certo. Agora a OAB, que pede a inconstitucionalidade da atual lei, serve-lhe de instrumento para o golpe togado, no tapetão. O que o partido tem com isso? Explica-se.
(…)
Integra da coluna aqui

Por Reinaldo Azevedo

 

BOMBA! ESCÂNDALO! ABSURDO! Pela primeira vez na história dos EUA, líder do Partido Democrata ataca a Suprema Corte na presença de Obama, que ouve tudo calado; partidários do presidente defendem criminosos presos e acusam os republicanos de serem financiados pelo tráfico de drogas; presente, Clinton incentiva o disparate

Estão espantados com a notícia? Não leram isso em lugar nenhum senão aqui? Estão chocados com o furo mundial que acabo de dar? Acham que os Estados Unidos, desse jeito, caminham para a lata de lixo da história? Entendem que o presidente Barack Obama é mesmo brasa encoberta? Alguém aí acredita que ele é inocente nessa história, que não sabia o que fariam seus correligionários?

Pois é. Nada disso se deu nos Estados Unidos. Algo assim jamais aconteceria na França. Na Alemanha, obviamente, também não. Ou no Japão. Nem no Chile ou no Uruguai, que é governado por Mujica Bolado, algo semelhante seria possível. O escândalo se deu, mudem-se as personagens, foi no Brasil mesmo. Na pátria de Dilma Bolada.

A presidente participou do congresso do PT. Foi recebida aos gritos de “José Dirceu guerreiro do povo brasileiro”. A rima infame foi repetida para José Genoino e Delúbio Soares. Na presença da chefe de Estado, Rui Falcão, presidente do PT, desceu o sarrafo no Supremo Tribunal Federal. E declarou a superioridade do seu partido, deixando claro que representa a exceção moral do país:
“Ninguém pode se arvorar no direito de nos dar lição de ética. Ninguém pode se arvorar no direito de nos ensinar qual o verdadeiro sentido da política. Ninguém pode se arvorar no direito de nos ensinar o que significa justiça social. Mas nós, sim, podemos e devemos dar uma lição permanente, a nós mesmos, de renovação, autocrítica e de avanço”.

Os novos professores de ética: José Dirceu, Delúbio Soares e José Genoino.

Um congresso partidário recebe delegados. Não é gente miúda do partido, não. Havia 700 lá. Em coro, começaram a cantar: “Sou brasileiro e não me engano, a cocaína financia os tucanos”. Referiam-se à apreensão de quase meia tonelada de cocaína no helicóptero da família Perrella. O senador Zezé Perrella (PDT-MG) e seu filho, o deputado Gustavo Perrella (SDD-MG), apoiam a candidatura de Aécio Neves à Presidência. A história é enrolada, confusa, com lances absurdos, sim. Mas o que o PSDB tem a ver com isso? Nada! Mais: a Polícia Federal, cujo chefe é José Eduardo Cardozo, já descartou o envolvimento de pai e filho com o crime.

Um mínimo de decência, um mínimo de decoro, um mínimo de responsabilidade obrigariam os comandantes do encontro a desestimular manifestações dessa natureza. Especialmente porque lá estava a presidente da República. Mas quê… Na sua vez de falar, Lula fez rigorosamente o contrário: alimentou a delinquência.

Pressionado pela turma de Dirceu a defender os mensaleiros, o Apedeuta, inicialmente, afirmou que deixaria para falar sobre o assunto depois do fim do julgamento. Mudou de ideia e voltou a uma tese que já havia esboçado outro dia — a de que a imprensa esconde a notícia do helicóptero com cocaína, o que uma mentira deslavada. Afirmou:
“Se for comparar os erros do PT com os erros dos outros partidos políticos… Se for comparar o emprego do Zé Dirceu com a quantidade de cocaína no helicóptero, a gente percebe que pelo menos houve uma desproporcionalidade no assunto”.

E a plateia, claro!, voltou a urrar delinquências.

E tudo se dava ali, na presença de Obama!

Obama assistia ao chefe de seu partido vituperar contra a Suprema Corte.

Obama assistia ao chefe de seu partido a defender criminosos.

Obama via Bill Clinton a sugerir intimidade entre os republicanos e o tráfico.

Obama via, em suma, Bill Clinton a atacar a imprensa.

Nessa toada, os EUA ainda acabam rivalizando com o Brasil. Ainda acabarão sendo governados por Dilma Bolada.

Por Reinaldo Azevedo

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Blog de Reinaldo Azevedo (VEJA)

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