Argentina: o estrago socialista na safra agrícola

Publicado em 26/03/2014 16:49 e atualizado em 11/06/2014 15:58
por Rodrigo Constantino, Augusto Nunes, Carlos Brickmann e José Casado

Crise InternacionalEconomiaSocialismo

Argentina: o estrago socialista na safra agrícola

A Argentina já foi um país muito rico no começo do século 20, mais rico do que Japão ou Áustria. Foi onde Onassis fez sua fortuna, por exemplo. A pujança agrícola, com sua natural vantagem comparativa, sempre foi invejada no mundo todo. Não mais. O socialismo estraga tudo aquilo que toca.

Claro, o estrago não é de agora. Começou com o peronismo, e a Argentina vem, desde então, perdendo posição no ranking global de prosperidade. O populismo é avassalador, e ao colocar os pobres contra os produtores de riqueza, acaba apenas gerando mais pobreza.

Mas com o casal Kirchner e suas receitas socialistas, inspiradas no blovarianismo, a velocidade da destruição aumentou. Essa reportagem sobre a produção agrícola esperada dá o tom sombrio da situação:

Nesse ambiente contraditório, o país que no passado se consagrou como grande exportador de grãos e carne assiste, quase paralisado, ao crescimento da demanda mundial de alimentos. Faz cinco anos que a produção anual de grãos da Argentina estacionou em um patamar próximo de 100 milhões de toneladas. Há oito, o país ostentava o posto de terceiro maior exportador de carne do mundo. Está, atualmente, no 11º lugar.

A produção de leite repete volumes de 1999 e a de trigo parou na história. “Os 9 milhões de toneladas do ano passado representaram a menor marca dos últimos 110 anos”, afirma o presidente da Sociedade Rural Argentina, Luis Miguel Etchevehere. Tampouco a expectativa de recorde na safra de soja este ano (52,5 milhões de toneladas) é motivo de alegria. “Como vamos comemorar produzir um pouco além dos 48 milhões de toneladas do ano passado quando teríamos potencial para volumes muito acima disso?”, questionou.

A menor produção de trigo nos últimos 110 anos! É esse o potencial de estrago do socialismo: fazer um país regressar mais de um século no tempo e na história. Como se pode ver, as pragas naturais que os produtores precisam enfrentar em nada se comparam à praga ideológica que os seres humanos inventam. E pensar que tem tantos adeptos dessa ideologia por aqui, em nosso Brasil…

Rodrigo Constantino

 

MST invade fazenda produtiva e dispara tiros na direção dos proprietários

Dilma-MST

O MST é um movimento criminoso, defendido apenas por aqueles idiotas úteis que perderam o bonde da história e ainda acreditam que a solução para a agricultura é o modelo socialista em vez de o agronegócio. Contra os “latifúndios”, criam verdadeiras favelas rurais sustentadas com nossos impostos. E como não dá mais para bancar o discurso de “latifúndio improdutivo”, invadem com violência fazendas produtivas mesmo.

Foi o que aconteceu em Casserengue, na Paraíba. Os bandidos chegaram atirando:

A polícia acredita que foram mais de 100 disparos. O carro do dono da fazenda foi queimado e, ainda segundo a polícia, a invasão ocorreu por volta das três horas da madrugada na casa onde  estavam o dono da fazenda, o caseiro e a família. Durante os disparos, todos ficaram trancados no banheiro.

[...]

De acordo com a coordenação do movimento, 40 famílias Sem-Terra estão no local. Eles dizem que a violência partiu do dono da fazenda.

Mas como todo comunista, mentem. Segundo olaudo policial, todos os tiros partiram de fora para dentro, na direção da casa dos proprietários. O jornalista Cândido Nóbrega faz um relato mais detalhado da situação:

De acordo com informações do delegado de Solânea, Diógenes Chaves, que atendeu a solicitação, bem como de familiares e pessoas que testemunharam o ocorrido, o proprietário da terra, Leonardo Jardelino, que estava dormindo no interior de sua residência juntamente com um casal e respectivos filhos, dentre eles uma criança de 6 anos, foi surpreendido por tiros, ameaças físicas e incêndio patrimonial. O veículo Fiat Uno, de placa MNO 2396, foi completamente destruído pelo fogo.

No momento da invasão o proprietário foi baleado nos dois pés, instante no qual se manteve refugiado no banheiro da residência, já perdendo sangue, solicitando socorro policial e médico. As ameaças por parte dos invasores não cessaram.

Até quando o Brasil vai conviver com esses invasores criminosos do MST, sustentados por dinheiro público, financiados até pelo BNDES, apoiados pelo próprio governo, recebidos pela presidente Dilma após agredirem policiais, como se fossem parte de um movimento legítimo, e elogiados pelo ministro Gilberto Carvalho?

Tudo isso é uma afronta ao estado democrático de direito, ao império das leis, aos trabalhadores de verdade que labutam dia a dia para pagar tantos impostos e sustentar vagabundos que se julgam acima das leis só porque usam um boné vermelho na cabeça-oca. Chega!

Rodrigo Constantino

 

Opinião

‘A vaquinha das tetas de ouro’, de Carlos Brickmann

Publicado na coluna de Carlos Brickmann

Refinaria de Pasadena? Peanuts, diriam os americanos. Argent de poche, diriam os franceses. Petequeiros, diria Roberto Jefferson. Merreca, diremos nós.

A refinaria de Abreu e Lima, na região metropolitana do Recife, foi projetada a pedido do presidente venezuelano Hugo Chávez, para processar o petróleo pesado que representa boa parte da produção da Venezuela e produzir gasolina, diesel e outros derivados para exportação. O nome homenageia o general brasileiro José Inácio de Abreu e Lima, que lutou com Simon Bolívar, O Libertador, pela independência da América espanhola. A refinaria foi orçada em US$ 2,5 bilhões, sendo 60% investidos pela Petrobras e 40% pela PDVSA, Petroleos de Venezuela. Deveria começar a produzir em 2011. Até hoje não processou um barril sequer de petróleo. Seu custo deve atingir US$ 20 bilhões. A PDVSA não investiu nenhum centavo: todo o investimento é da Petrobras. Tudo bem, se a PDVSA nada investiu, nenhuma parcela terá da refinaria, nem participará de seus lucros. Mas alguém poderia explicar como o custo foi de US$ 2,5 para US$ 20 bilhões?

 

Há o caso da refinaria japonesa Nansei Sekiyu, que a Petrobras comprou por US$ 71 milhões em 2008. Modernizou-a, ao custo de US$ 200 milhões. Agora quer vendê-la, mas não conseguiu nenhuma oferta superior a US$ 150 milhões.

John D. Rockefeller, da Standard Oil, dizia que o melhor negócio do mundo é uma empresa de petróleo bem administrada; o segundo melhor negócio, uma empresa de petróleo mal administrada. A Petrobras provou que ele estava errado.

CPI? Não é por aí
Saia ou não saia a CPI da Petrobras, não deve criar muitos problemas ao Governo além das chateações de praxe e das nomeações necessárias para sossegar os mais aguerridos. Até aprová-la, cada partido indicar os nomes, haver o debate da pauta, todos trabalhando de terça a quinta, a crise esfria – a menos que o Governo atue com altíssimo grau de inabilidade.

O problema é outro e tem nome e sobrenome: Nestor Cuñat Cerveró, jogado às feras e escolhido para desempenhar o papel de único culpado. Só que esqueceram de combinar com ele. E Cerveró, ao que se informa, não tem a menor vocação para entrar sozinho no matadouro. Uma boa entrevista, substanciosa, pode perfeitamente jogar a crise para o alto.

A escolinha… 
A inflação se manteve sempre acima do centro da meta, o déficit público aumentou muito, os 3% de superávit primário foram trocados por 1,9% ─ e não são todos que acreditam que seja viável ─ há déficit comercial dos grandes.

Governo gastando menos? Assunto proibido: bom mesmo é gastar mais. E a nota do Brasil na classificação de riscos de crédito acabou baixando. Não é o fim do mundo; mas indica que há alguma perda de confiança internacional na economia brasileira, e que tanto o Governo quanto as empresas terão de pagar juros maiores no Exterior. Se houver outra queda, o Brasil perde a categoria de investimento seguro, e muitos fundos internacionais serão obrigados a retirar seus dólares.

…do professor Mantega
A posição do Brasil é a de sempre: a culpa é dos outros. Diz a nota do Ministério da Fazenda que o rebaixamento da avaliação do país “é inconsistente com as condições da economia”, e que contradiz “a solidez e os fundamentos do Brasil”.

A escolha é dos investidores internacionais: a redução da nota brasileira ou os protestos do ministro Mantega afirmando que a redução é injusta.

Chega de chantagem! 
O jornalista gaúcho Jayme Copstein foi até o Supremo Tribunal Federal e deu um passo gigantesco para acabar com a chantagem que figurões engravatados praticam contra jornalistas e empresas jornalísticas, exigindo indenizações milionárias. O Supremo julgou improcedente a ação de um desembargador gaúcho contra Copstein e o jornal O Sul: Sua Excelência queria ser indenizado porque, a seu ver, Copstein tratou com ironia sua decisão de conceder regime semiaberto a Carlos Antônio Balengo da Silva, líder do PCC no Rio Grande do Sul.

Decidiu o Supremo: “Críticas a agentes públicos, por mais duras, contundentes ou mordazes que sejam, não implicam dano moral. Não geram indenização material, como têm pretendido e eventualmente conseguido em tribunais inferiores ações movidas contra jornalistas e empresas jornalísticas”.

É importante: gente bem relacionada tenta fugir de críticas exigindo centenas de milhares de reais pelos danos causados à sua honra ─ que muitas vezes, convenhamos, não vale isso.

Bebendo na fonte
Para enfrentar melhor os engravatados que dão preço à honra, clique aqui. Em Número do Processo, escreva ARE 734067.

Perde o pelo 
O guru indiano Rayneet Singh, consultor da campanha presidencial de José Serra (PSDB) em 2010, foi preso nos Estados Unidos, acusado de buscar doações ilegais para candidatos em San Diego, na Califórnia.

Cá como lá
André Luís de Carvalho, ministro substituto do TCU, faz palestra hoje em seminário do Conselho Federal de Enfermagem ─ que é investigado pelo TCU.

Tags: Carlos BrickmannCPI da PetrobrasGuido MantegaPDVSAPetrobras,refinaria de Abreu e LimaRefinaria de Pasadenasuperavit

 

Direto ao Ponto

A Petrobras virou uma usina de negócios desastrosos e casos de polícia

O valor de mercado da Petrobras caiu pela metade entre 2010 e 2014. Em 2013, cresceu em 50% a dívida da empresa que, em cinco anos, despencou do 12° para o 120° lugar no ranking das maiores do mundo. A autossuficiência proclamada por Lula em 2006 morreu afogada no oceano de barris importados mensalmente. As jazidas milagrosas do pré-sal continuam onde sempre estiveram desde o Dia da Criação. Só o palanque ambulante conseguiu enxergar no fundo do mar a “dádiva de Deus” que transformaria o Brasil Maravilha em sócio perpétuo da OPEP.

Aberto na semana passada por uma reportagem do Estadão, o baú de notícias espantosas não para de assombrar milhões de brasileiros que não sabiam de nada. Na quarta-feira, 19 de março, Dilma Rousseff confessou que em 2006, quando presidia o Conselho Administrativo da Petrobras, aprovou sem ter lido o contrato da compra, por 360 milhões de dólares, de metade da refinaria que meses antes custara 42,5 milhões a uma empresa belga.

Na quinta, a culpa pelo negócio que acabou engolindo US$ 1,18 bilhão foi transferida para Nestor Cerveró, diretor da Área Internacional da Petrobras até 2011 e, desde então, diretor financeiro da BR Distribuidora. Na sexta-feira, soube-se que Paulo Roberto Costa, preso pela Polícia Federal por lavagem de dinheiro, ajudara a arquitetar o melhor negócio da história da Bélgica instalado no gabinete de diretor de Refino e Abastecimento da Petrobras.

Os jornais de sábado informaram que a punição chegara oito anos depois de cometido o pecado: Cerveró, de férias na Europa, fora demitido pelo Conselho de Administração da BR Distribuidora. No domingo, o negociante desempregado avisou que ficaria em silêncio num tom de quem estava pronto para abrir o bico. Na segunda, enquanto prosseguiam os trabalhos de parto da CPI da Petrobras, o noticiário político-financeiro-policial teve de abrir espaço para a refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco.

No editorial desta terça-feira, o Estadão comenta o que anda acontecendo nas catacumbas da obra planejada pela dupla Lula-Chávez. Quando foi concebida, custaria US$ 2 bilhões. Já chegou a US$ 18 bilhões sem sequer ter nascido. “A parceria com a PDVSA, em termos desvantajosos para o país, é o fruto podre das afinidades ideológicas de Lula com o ‘socialismo do século 21′ do autocrata Hugo Chávez, de um lado, e, de outro, da néscia intenção de mostrar altivez perante os Estados Unidos”, lembra o texto.

No meio desse tsunami que mesmo milhares de parágrafos não conseguiriam descrever em sua assustadora inteireza, encalhou na praia a garrafa com a mensagem do PT. “Mais uma vez, estamos presenciando a oposição e os setores conservadores da nossa sociedade fazer ataques para atingir a imagem da Petrobras”, delira um trecho da nota redigida pelos Altos Companheiros. Os bandidos do faroeste estão preocupados com a reputação do banco que saqueiam há mais de 11 anos. Haja cinismo.

Tags: Dilma RousseffLulaNestor CeveróPaulo Roberto CostaPetrobras,petróleorefinaria de Abreu e LimaRefinaria de Pasadena

 

Estranhas transações, por José Casado (em O Globo)

A Petrobras amplia seu espaço no noticiário policial. Nas próximas horas o Ministério Público decide se pede a prisão preventiva do ex-diretor da empresa Paulo Roberto Costa. Ele foi detido em casa, quinta-feira passada, sob acusações de lavagem de dinheiro. A prisão preventiva (mínimo de 30 dias) costuma ser usada para induzir à colaboração no inquérito.

Costa foi diretor de Abastecimento da estatal durante oito anos. Chegou à diretoria em 2004 na esteira dos acordos de Lula e José Dirceu com líderes de partidos aliados, que resultaram no mensalão. Foi apadrinhado por José Janene, então líder do PP na Câmara, que recebeu US$ 2 milhões, via corretoras como a Bônus-Banval, operada por Enivaldo Quadrado, condenado no mensalão, em ligação com o doleiro paranaense Alberto Yussef.

Janene morreu em 2010, antes do julgamento, com o mandato de deputado que a Câmara se recusou a cassar. Com o desgaste do padrinho, Costa passou à órbita de um consórcio integrado por frações de PR, PT e PMDB.

Dilma Rousseff e Graça Foster, presidente da estatal, gastaram dois anos em negociações — com o PT e o PMDB — para demitir Costa e os diretores Renato Duque, de serviços de engenharia, e Jorge Zelada, da área internacional.

Duque era o mais antigo do trio na diretoria. Assumiu em 2003 sob o patrocínio de José Dirceu, chefe da Casa Civil. Dirceu passou um mês (de 1º de janeiro a 2 de fevereiro) no Conselho de Administração da Petrobras. Saiu ao perceber riscos no acúmulo dessa posição com o mandato de deputado federal. Duque permaneceu, com a credencial de militante do PT, via núcleo Novo Brasil.

Jorge Zelada ascendeu à área internacional em 2008, no lugar de Nestor Cerveró indicado por PT e PMDB. Lula e o então presidente da estatal, José Gabrielli, negociaram a troca de guarda com núcleos do PMDB do Rio e de Minas Gerais. Desde a demissão de Zelada em 2012, a função é acumulada por Graça Foster, presidente da empresa. Cerveró foi levado ao caixa da BR Distribuidora, e expurgado na semana passada.

Sob Cerveró e Zelada e Gabrielli, o conselho da Petrobras presidido por Dilma sancionou a compra com prejuízos da refinaria de Pasadena (Texas) e negociou ativos na Argentina com um dos financistas da família Kirchner, Cristóbal López, concessionário de cassinos.

A transação teria sido intermediada no Brasil à taxa de 20%. O “destravamento” do negócio custou US$ 10 milhões a López, como divulgou o repórter Hugo Alconada Mon no “La Nación”, de Buenos Aires, em agosto do ano passado. Na mesma época, um ex-funcionário da Petrobras, João Augusto Rezende Henriques, contou ao repórter Diego Escosteguy, da revista “Época”, que não havia negócio internacional sem pagamento de “pedágio”, com 60% a 70% do dinheiro “repassado ao PMDB”.

Dilma enfrenta críticas do PT pela tentativa de “limpeza” na Petrobras — “disciplina na utilização dos recursos financeiros da companhia”, como definiu Graça Foster.

Ela tem a chance de iluminar obscuros negócios realizados na estatal. O detergente institucional é sempre o melhor remédio. A omissão significa assumir riscos, como o de assistir à “delação premiada” de escândalos em plena luta pela reeleição.

(por José Casado, em O Globo)

 

Privatização

Se entendi direito, Delfim Netto sai da toca e diz sobre Petrobras: Privatize Já!

Delfim Netto

Em sua coluna de hoje na Folha, Delfim Netto ataca a visão esquerdista arcaica de que o estado deve ser dono de empresas e que isso é “socialismo”. Delfim, como meus leitores já sabem, tem o dia de médico e o dia de monstro. Depende, portanto, da lua. Há que se tomar cuidado. Mas se entendi corretamente seu texto, trata-se de um duro ataque aos defensores da estatização como caminho para o socialismo. Logo no começo ele já descasca a turma:

Tristes e lamentáveis notícias emergem dos descuidos da Petrobras na compra de uma refinaria no exterior. Desde sempre uma velha esquerda que namora a construção de uma economia centralizada, que ela pensa ser o “socialismo”, o identifica com uma organização por meio de “empresas de propriedade do Estado”.

O problema é que qualquer economista razoavelmente bem informado sobre a sofisticada discussão teórica dos anos 20/30 do século passado a respeito da possibilidade de se construir uma economia centralizada eficiente, sabe que não é possível organizá-la (“racionalmente”) sem o uso das informações produzidas pelos “mercados”. O colapso da URSS, depois de 70 anos de um desenvolvimento material sem atender à exigência básica do processo civilizatório, que é a mais completa liberdade de iniciativa individual, foi uma espécie de prova empírica do prognóstico teórico.

Em seguida, Delfim defende o funcionamento de um mercado mais livre, sem ser uma panaceia, dependendo de um estado forte e com escopo constitucionalmente limitado. Mas ainda assim um mercado que possa cumprir seu papel, sem ser asfixiado pelo próprio estado.

Por fim, o economista mergulha em suas experiências passadas, na Iugoslávia, mostrando que as estatais eram empresas aparelhadas, com forte “espírito de corpo” que as impedia de ver seu atraso tecnológico e realizar mudanças. Apelavam inclusive para contabilidade criativa. Não havia possibilidade de compromisso com o futuro dessas empresas, ou qualquer tipo de problema ético em “deixar a sucata para a próxima geração”.

É o que costuma acontecer com empresas “sem dono”, lembrando que aquilo que é de todos, não é de ninguém. Delfim alfineta com ironia à guisa de conclusão: “Ver qualquer semelhança nas lambanças da Petrobras, que até ontem foi politicamente aparelhada, com alguma empresa iugoslava dos anos 70 é, obviamente, pura maldade…”

Não há como ler seu texto e não pensar que o autor faria coro aos liberais: Privatize Já!

Rodrigo Constantino

 

EconomiaInvestimentos

Ou o eleitor pune, ou o mercado vai punir de forma mais severa depois

A esquerda pode acreditar que dá para ignorar ou enganar o “mercado”, mas as leis econômicas são inexoráveis. Cedo ou tarde, ele, o temido “mercado”, resolve aplicar um duro corretivo nos irresponsáveis, com elevado custo político para os governantes. Em casos extremos, estamos vendo isso na Argentina e na Venezuela hoje.

O rebaixamento da nota de crédito pela Standard & Poor’s foi apenas um aperitivo, uma palhinha do que vem por aí se os rumos não forem alterados. O problema é que, como reconheceu a própria diretora da S&P ementrevista à Folha, não há expectativa de mudança, nem mesmo após as eleições, caso Dilma seja reeleita.

Em sua coluna de hoje no mesmo jornal, Alexandre Schwartsman afirma que, pelo cenário base de reeleição da presidente, a tendência é o problema econômico se agravar, até que se torne inadiável um ajuste mais sofrido. Schwartsman rechaça o otimismo daqueles que acreditam ser possível mudanças pela equipe atual, que estaria aguardando apenas a reeleição:

Permaneço cético. No cenário político mais provável (a reeleição), tanto as crenças profundamente enraizadas sobre as “virtudes” do atual modelo, quanto os interesses econômicos encastelados nas proximidades do governo devem se manter como forças contrárias à mudança.

A tendência, portanto, é de aprofundamento do estresse nos próximos anos, até que o peso dos desequilíbrios acabe por tornar a mudança imperativa. Quando, porém, esta alteração ocorrer, as condições, quase que por definição, serão menos favoráveis que as prevalecentes hoje ou no futuro próximo.

A recusa em enfrentar os problemas apenas aumenta o custo futuro do ajuste. Vimos isto nos últimos anos – quando desperdiçamos nossas chances – e veremos de novo. Imunidade ao aprendizado acaba saindo caro.

Caro demais, indeed. Principalmente para o povo, que não poderá alegar desconhecimento depois se for cúmplice na reeleição de Dilma. Ficamos assim, então, para resumir: ou o eleitor pune a incompetência nas urnas, para efetivamente forçar uma mudança nos rumos, ou então o “mercado” vai punir depois, de forma bem mais severa, todos nós. Não há almoço grátis.

Rodrigo Constantino

 

Direto ao Ponto

A deputada sem medo precisou de dois minutos para dizer a Chávez o que a oposição oficial brasileira deveria estar dizendo há dez anos a Lula e Dilma

“Estivemos durante oito horas escutando o senhor descrever um país muito distante do que sentem todas as mulheres e mães venezuelanas”, disse a deputada Maria Corina Machado já no começo da histórica admoestação endereçada ao presidente Hugo Chávez em janeiro de 2012, no plenário do Congresso. Clara, concisa e corajosa, a parlamentar oposicionista precisou de menos de dois minutos para demolir a discurseira fantasiosa.

Entre outras constatações, Maria Corina acusou o bolívar-de-hospício de “expropriar e roubar propriedades privadas”, repetiu que gostaria de enfrentá-lo num debate público e convidou-o a transferir-se para o mundo real. “Diga a verdade à Venezuela, aqui há uma Venezuela decente”, desafiou a economista de 45 anos, mãe de três filhos, que conseguiu uma vaga no Legislativo em 2010 com a maior votação do país.

Na réplica bisonha, um Chávez grávido de constrangimento lembrou duas vezes, com expressão de quem não acredita no que acabou de ouvir, que havia sido chamado de ladrão. Também por isso achou mais sensato recusar o convite para o confronto verbal com a adversária singularmente articulada. Passados 15 meses, o chefe da revolução bolivariana segue insepulto numa urna de vidro. Maria Corina agora concentra a artilharia retórica no sempre claudicante Nicolás Maduro.

O vídeo foi incorporado ao acervo dos grandes momentos da saga sul-americana. Em 110 segundos, Maria Corina Machada disse a Hugo Chávez o que Lula e Dilma Rousseff deveriam estar ouvindo de políticos da oposição oficial. Sobram motivos. O que falta é altivez.

Tags: Bolívar de hospícioCongressoDilma RousseffHugo ChávezladrãoLula,Maria CorinaNicolás Madurooposiçãorevolução bolivarianaVenezuela

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Fonte:
Blog Rodrigo Constantino (VEJA)

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