Os últimos dias do PT no poder: a hipótese otimista e a pessimista...

Publicado em 21/06/2014 10:33 e atualizado em 16/07/2014 11:50
por Reinaldo Azevedo, de veja.com.br

Os últimos dias do PT no poder: a hipótese otimista e a pessimista

O PT realizou a sua convenção nacional neste sábado (post anterior) e oficializou a candidatura de Dilma Rousseff à Presidência da República. Ela vai ganhar? Ela vai perder? Não sei. Seja como for, estamos assistindo a um capítulo do fim de um ciclo. Se o PT tiver mais um mandato, o que espero que não aconteça, vai se arrastar no poder pelos próximos quatro anos, como um cadáver adiado. Não tem mais nada a oferecer ao país. Restará torcer para Dilma terminar o mandato sem uma crise de proporções gigantescas.

Acabou! Os petistas não têm mais futuro a oferecer. E explico o que quero dizer com isso. Um partido não tem de estabelecer com a sociedade e uma relação de doador e donatário de benesses. Até porque a riqueza que se distribui tem de ser produzida por alguém — e, por certo, não é pelos partidos, não é mesmo? Quando afirmo que o petismo não tem mais “futuro” a oferecer, refiro-me à perspectiva de mudanças que possam efetivamente melhorar a vida dos brasileiros no médio e no longo prazos, fazendo deles mais do que pedintes e beneficiários de migalhas.

O repertório do PT se esgotou. Os programas sociais estão aí, em curso, mas a gestão não sabe como conciliar, em proporções ao menos razoáveis, crescimento econômico, combate à inflação e juros civilizados. Ao contrário: a realidade se tornou perversa, descompensada: inflação e juros altos para crescimento baixo. O que restou ao PT? justamente a relação viciada de doador e donatário.

Para que esse discurso convença, é preciso demonizar o outro; transformá-lo na fonte de todos os males do Brasil e da política, a exemplo do que se viu, mais uma vez, neste sábado. A convenção petista, dados os discursos que lá se  fizeram — inclusive o da presidente —, oferece aos brasileiros apenas um debate sobre o passado. Lula, ele mesmo, foi bastante explícito a respeito. Convidou os presentes para a dialética do obscurantismo. Disse ser preciso convencer os eleitores que tinham 7, 8 anos quando o PT chegou ao poder e hoje estão com 19, 20. Afirmou que é preciso lhes dizer que quão ruim era o país…

Ocorre que só havia país em 2003 porque os tucanos haviam chegado ao poder em 1995 e porque o PT perdeu a guerra contra o Plano Real. Só havia país em 2003 porque havíamos vencido a batalha contra os fatores estruturais da hiperinflação. Só havia país em 2003 porque havíamos vencido a batalha em favor da privatização, que dotou o país de infraestrutura em setores essenciais. Quem, em 2002, votava pela primeira vez, aos 16, 17, 18, tinha de 8 a 10 em 1994, quando o plano foi implementado. A propósito: uma pessoa que nasceu em 1986 era uma criança no ano do do Real, está hoje com 28, é um adulto, e não sabe o que é um país com hiperinflação. E só não sabe porque o PT foi derrotado em 1994 e 1998 e porque teve de jogar fora o seu programa para se eleger em 2002.

A disputa sobre o passado, como a propõe o partido, é essencialmente desonesta; é intelectualmente vigarista, porque define o adversário como um monopolista do mal e se coloca como um monopolista do bem. “E os adversários do PT? Não fazem o contrário?” Não. Desconheço quem lastime ou reprove a ampliação de programas sociais que o partido levou adiante no poder. Podem não ser, e não são, a resposta para todos os males, mas se trata de um ativo que a legenda tem — e reconhecido por todos. O PT, no entanto, é incapaz de admitir que é uma realidade derivada da estabilidade econômica contra a qual lutou. “Fez isso porque era mau?” Não! Porque, em razão de preconceitos ideológicos, não reconhecia seus instrumentos como válidos. E estava, obviamente, errado.

Agora o país chegou a um nó que requer mais do que o tatibitate redistributivista do PT. E a turma não sabe o que fazer. Está ilhada em seus próprios preconceitos e na sua falta ade alternativa. Daí que pretenda fortalecer essa fachada de grande doador de benesses, acusando o adversário de verdugo das causas sociais. Como resta pouco a oferecer no terreno da doação, os petistas repetem a sua propaganda de TV, inventam um passado que não existiu e o colocam como uma sombra a ameaçar o futuro.

Na convenção, em suma, o PT apelou a um passado que não houve para capturar as pessoas para um futuro que, com o PT no poder, jamais haverá. Não sei se vai funcionar. Caso seja bem-sucedido, depois de uma luta difícil — o que o obrigará a multiplicar o “promessismo” —, uma coisa é certa: será a última vez. O PT está por pouco: na hipótese otimista, seis meses. Na pessimista, quatro anos e meio. E aí o país se liberta de uma formidável teia de mistificação. Até poderia se cobrir de glórias. Mas, para tanto, teria de ser um defensor incondicional da democracia. O partido que faz lista negra de jornalistas, no entanto, gosta mesmo é de ditadura. “Ah, mas não é um ditador!” É só porque não pode, não porque não queira.

PS: Será que aquele comentador de peladas acha este um texto que “espalha o ódio”, escrito para “leitores fanáticos”?

Por Reinaldo Azevedo

 

Eita! Gilberto Carvalho diz, de novo!, que José Trajano, da ESPN, e seus melancias às avessas da Disneylândia estão errados: não foi a “elite branca de SP” que vaiou Dilma! Ministro, no entanto, ignora os fatos para constranger a imprensa

gilberto carvalho mãos

Nunca tratei aqui Gilberto Carvalho (foto), secretário-geral da Presidência, como o meu homem público predileto, como sabem. Já o critiquei bastante, o que também é notório. Mas há uma coisa sobre ele que eu nunca disse — porque não acho: que seja burro. Não é mesmo! Ao contrário. Eu o conheço faz tempo, desde quando ele era o braço-direito de Celso Daniel, em Santo André — ele me conhece também —, e sei que é muito inteligente, ainda que sua inteligência seja posta a favor de teses que abomino. Daí que esteja tentando consertar a burrada que alguns companheiros seus — inclusive os da imprensa — andaram fazendo quando afirmaram que os xingamentos e vaias a Dilma, no Itaquerão, são coisa da “elite branca de São Paulo”. Carvalho, que está certo neste particular, concorda, ora vejam, com Reinaldo Azevedo: ele acha que isso é mentira! Parabéns, ministro! Também acho. Mas ele aponta essa mentira por maus motivos, o que vou explicar daqui a pouco.

Em entrevista a Natuza Nery, na Folha desta segunda, Carvalho repete o que dissera na quarta em entrevista aos blogueiros chapas-brancas, que fazem os chamados “blogs sujos”, financiados pelo governo federal e por estatais. Segundo ele, esse negócio de culpar a elite branca é “um erro de diagnóstico”. E, com acerto, afirma: “Quando você não tem um bom diagnóstico, não tem um bom remédio”. É o que escrevi na quinta neste blog e comentei, no mesmo dia, na Jovem Pan. Carvalho chega a citar o show do Rappa, lembrando por mim num post de 15 de junho, a saber: na madrugada do dia 1º, o público que acompanhava o show do grupo em Ribeirão Preto já havia premiado a presidente Dilma com os mesmos xingamentos que se ouviram no Itaquerão. Segue o vídeo para quem ainda não viu.

Trajano desolado
Desolados com essa avaliação do chefão petista devem estar o tal José Trajano, da ESPN, e sua equipe de melancias às avessas da Disneylândia: vermelhos por fora e verdinhos por dentro. O comentador de futebol não só acha que as vaias decorreram da elite branca de São Paulo como afirmou, vejam vocês!, que tanto a manifestação como os protestos de que a própria emissora foi alvo partem dos leitores de Reinaldo, eu mesmo, Demétrio Magnoli, Augusto Nunes e Diogo Mainardi.

Carvalho é mais do que um prosélito vulgar, desses que saem por aí puxando o saco do governo para ganhar seu rico dinheirinho. Ele é um articulador do poder. Se interessa a um governo a fama de amigo dos negros, dos índios, dos chamados “oprimidos”, não interessa a de inimigo dos “brancos”. É preciso ser muito imbecil para cair nessa conversa — que, reitero, começou na imprensa, muito especialmente na ESPN. Parte do PT, inclusive Lula, adotou a tese em seguida.

O Planalto dispõe de pesquisas e sabe que Dilma não ganhou um miserável voto com isso. Aquela história de que o xingamento tinha sido bom para a presidente, que chegou a ser veiculada em alguns jornais, era mentirosa. E Carvalho confessa isso mais uma vez.

“Ah, Reinaldo, então o ministro está, desta vez, com uma boa tese?” É claro que não! Na entrevista à Folha, a exemplo do que disse para os blogs sujos, ele insiste na existência de uma espécie de conspiração da mídia contra o governo e contra o PT, o que é mentira. Esse complô é que seria responsável pelas manifestações contra o governo.

Essa tese do complô está na raiz da iniciativa do partido de criar uma lista de negra de jornalistas. De resto, trata-se de uma bobagem autoevidente: afinal, o PT está no seu terceiro mandato e tem boas chances de emplacar o quarto, o que lhe daria 16 anos ininterruptos de poder. Das duas uma: ou esses supostos conspiradores são muito incompetentes, ou o governo sabe vencê-los com facilidade. Num caso ou noutro, então, não deveriam preocupar ninguém.

A verdade é que há milhões de pobres e remediados — brancos, pretos e pardos — descontentes com o governo por sua própria conta. Carvalho sabe disso. Só não o admite porque, entre as suas tarefas, está constranger a imprensa e jogá-la na defensiva para que o partido lucre com o seu esforço — o da imprensa — de provar que ele está errado. E quem não cai na sua conversa e não tenta provar que é inocente do crime que não cometeu vai parar numa lista negra.

Texto publicado originalmente às 4h40

Por Reinaldo Azevedo

 

PT lança Dilma, reconhece que campanha será dura e multiplica ataques à oposição

Por Gabriel Castro, na VEJA.com. Comento no próximo post.
A Convenção Nacional do PT que marcou o lançamento de Dilma Rousseff à reeleição revelou o quanto os petistas estão preocupados com a possibilidade de derrota na disputa pela Presidência. Os discursos se concentraram mais em ataques aos adversários do que em propostas para um segundo mandato. A convenção, realizada em Brasília, teve a presença dos principais nomes do partido e foi aberta com um coro de crianças cantando uma música que pedia “mais futuro em nossa vida”. O primeiro a discursar foi o presidente do PT, Rui Falcão. Ele anunciou oficialmente a indicação de Dilma Rousseff para a reeleição, ao lado do peemedebista Michel Temer como vice.

Em seu discurso, a própria Dilma tratou de criticar o governo que se encerrou doze anos atrás: “Antes, o Brasil se defendia das crises de uma forma extremamente perversa, arrochando o salário dos trabalhadores, aumentando as taxas de juros a níveis estratosféricos, aumentando o desemprego, diminuindo inteiramente o crescimento e vendendo o patrimônio publico”, disse ela, que continuou: “Não fui eleita para mendigar dinheiro do FMI, porque não preciso”. Para o segundo mandato, a presidente anunciou algumas propostas antigas, não cumpridas no primeiro mandato, como a revisão do pacto federativo, a popularização da banda larga e o esforço pela realização da reforma política. “Precisamos de mais oito anos para construir uma obra à altura dos sonhos do Brasil”, afirmou.

Já o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mais aplaudido do que Dilma, demonstrou preocupação com os jovens e pediu que os militantes se esforcem para conquistar o voto dos mais novos: “Quem tinha seis ou oito anos doze anos atrás não tem obrigação de saber tudo o que nós fizemos”, disse ele. Lula também disse que nunca se desentendeu com a sucessora durante os quatro anos de governo. “É possível criador e criatura viverem juntos em harmonia”, afirmou. A convenção reuniu centenas de militantes e autoridades petistas em um centro de convenções de Brasília. No ato, planejado pelo marqueteiro João Santana, apenas quatro pessoas discursaram: Dilma, Lula, o vice-presidente Michel Temer e o presidente do PT, Rui Falcão. O presidente do PSD, Gilberto Kassab, foi vaiado quando entrou no palco.

Ataques
Rui Falcão fez um discurso sintomático, uma amostra do que será o tom da campanha petista: como se o PT fosse oposição e não governo, ele gastou mais tempo atacando os adversários e os governos do PSDB do que falando dos méritos da gestão Dilma. Pediu que a militância retomasse o espírito de 1989 e atacou o “neoliberalismo”.

“Não vamos permitir retrocessos, nem a volta a um passado de recessão, arrocho e desemprego, cuja figura-símbolo, antes condenada ao ostracismo pelos parceiros, agora ressurge como guru nas convenções dos tucanos”, disse o petista, em referência a Fernando Henrique Cardoso. Rui Falcão admitiu a dificuldade da vitória: “Já se tornou lugar comum dizer que esta eleição será a mais dura, a mais difícil de todas. E os fatos mostram que sim”, disse.

Corroborando as palavras do petista, no meio da convenção o PTB, um dos partidos da base aliada, anunciou o rompimento com o governo e a adesão à campanha de Aécio Neves.

Por Reinaldo Azevedo

 

No dia em que PT oficializa Dilma, quem tem uma boa notícia é Aécio. Ou: O bloco hegemônico está rachando

O PTB rompeu com a candidatura da presidente Dilma Rousseff e anunciou, neste sábado, seu apoio ao tucano Aécio Neves. É claro que se trata de um fato importante — e por várias razões. Começo pela básica: o partido tem 1min15s no horário eleitoral gratuito. Isso significa que a desproporção ainda brutal entre os tempos do PT e do PSDB diminuiu em 2min30s — o tempo que ela não terá será dele. Há pouco mais de um ano, a impressão que se tinha era a de que haveria um candidato do PSDB, com apoio do DEM e do PPS, contra o resto. O cenário mudou bastante.

Em segundo lugar, mas não em ordem de importância, estamos diante de mais uma fratura da base — e já há muitas. Vejam o caso do PMDB: o tempo acabou ficando com a petista, mas é certo que o partido não caminha unido para a disputa. O apoio a Dilma contou com a adesão de apenas 59% dos convencionais — em 2010, de 84%.

O PSC, que terá como candidato Pastor Everaldo, também já integrou a base governista. Não apoiará Aécio no primeiro turno; vai de candidatura própria — e, até agora ao menos, fala uma linguagem francamente de oposição. Aliás, se levarmos em conta o discurso da legenda, é o mais abertamente oposicionista porque faz uma contestação também ideológica do regime. Everaldo está longe de ser o brucutu que muitos gostariam que fosse. Ao contrário: tem um discurso articulado, coerente, fundamentado. Tem entre 3% e 4% dos votos. Se ficar só nisso, estamos falando de um potencial de mais de 5,5 milhões de eleitores. Mas acho que ainda deve crescer. Pode ter uma importância fundamental num segundo turno. E não vejo como o eleitorado de Everaldo migraria para Dilma no segundo turno,

O PSD também estará com Dilma na coligação federal, mas não é segredo para ninguém que o partido não marcha unido com a candidata porque existem as realidades regionais. Em São Paulo, por exemplo, o mais provável ainda é um acordo com o PSDB. Aliás, no estado do maior eleitorado do país, o PMDB terá um candidato a governador, Paulo Skaf, que vai terçar armas com um petista e que não mobiliza um eleitorado exatamente favorável a Dilma.

No chamado “presidencialismo de coalizão”, como há no Brasil, a menos que governos façam gestões catastróficas (é evidente que catástrofe não temos nem corremos o risco de ter até outubro), a troca de guarda só se dá quando há divisões no bloco do poder e quando algumas forças se desgarram do grupo hegemônico. Tomemos 2002 como referência. É claro que houve circunstâncias derivadas da gestão propriamente que levaram à vitória do PT. Mas teve peso decisivo o fato de o então poderoso PFL ter decidido romper com o PSDB. Hoje, seria o correspondente de o PMDB cair fora da aliança com o PT.

Como reconhecem os próprios petistas (post anterior), o rompimento não é bom para o governo. Quando menos, estimula outros a fazerem o mesmo, oficial ou extraoficialmente. De 2002 para cá, esta será a eleição mais difícil para o PT. Parte do desespero e da violência retórica que tomam conta do partido deriva daí.

Pior: a direção do partido, hoje, deve estar ouvindo menos um João Santana, que sabe que a estridência doidivanas atrapalha, do que um Franklin Martins, que continua com sangue nos olhos e ainda não desistiu de se vingar da demissão da Globo — daí a obsessão de controlar a mídia. Transformou em política uma questão pessoal.

Não sei se Dilma ganha ou perde; sei que não será fácil. E sei também que o PT está velho e não percebeu que o país mudou bastante nos últimos tempos. A velha guerra do “nós” contra “eles” encontra hoje uma população bem mais desconfiada, que já percebeu que, quando o partido fala “nós”, isso não a inclui. O “nós”, de fato, para o homem comum, soa cada vez mais como “eles”.

Arremato
Viram? Será que eles não gostam de mim porque espalho o “ódio”? Mentira!! Eles não gostam de mim porque escrevo textos como este.

Por Reinaldo Azevedo

 

PTB confirma rompimento com Dilma e apoio a Aécio

Por Laryssa Borges e Gabriel Castro. na VEJA.com. Comento no próximo post.
O Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) confirmou neste sábado o rompimento com Dilma Rousseff e o apoio ao senador Aécio Neves (PSDB-MG) na disputa pela Presidência da República em 2014. Na noite de sexta-feira, Benito Gama, presidente da legenda, já havia sinalizado que o divórcio poderia acontecer em breve. O PTB daria a Dilma cerca de 1 minuto e 15 segundos na propaganda eleitoral de TV – tempo que agora vai para a candidatura tucana.

“Hoje, mais uma vez sintonizado com o desejo de mudanças que vem sendo expressado pela ampla maioria do povo brasileiro, o PTB declara seu apoio ao senador Aécio Neves para as eleições presidenciais desse ano. Temos convicção de que Aécio reúne as condições para a retomada do crescimento econômico, seja na garantia da manutenção das conquistas sociais hoje incorporadas à vida nacional”, diz nota oficial do partido.

O anúncio do rompimento aconteceu no início da tarde de sábado, em Salvador — simultaneamente à convenção que, em Brasília, lançava a presidente Dilma à corrida pela reeleição. Reforça-se, assim, o prognóstico de que eleição de 2014 será a mais dura para o PT desde o pleito de 2002, que levou o partido ao Planalto. Foi esse prognóstico que motivou as lideranças petebistas a promover o desembarque da aliança com o PT. “A Dilma de 2014 não é a Dilma que Lula construiu em 2010″, disse ao site de VEJA um cacique petebista.

A nota oficial do PTB atribui sobretudo a questões regionais a saída da base de apoio ao governo: “Essa decisão atende o clamor da maioria da bancada federal e de estados, onde os conflitos locais entre PTB e PT ficaram insustentáveis, como, por exemplo, Distrito Federal, Roraima, Piauí e Rio de Janeiro.”

Abordado no evento de lançamento da candidatura de Dilma Rousseff à reeleição o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência Gilberto Carvalho procurou demonstrar tranquilidade ao comentar as notícias sobre o PTB. “Só temos que lamentar, porque é um partido que esteve conosco durante muito tempo. Mas temos certeza de que, junto com os partidos que continuam conosco, teremos força suficiente para vencer essa eleição.”

O deputado federal Vicentinho, líder do PT na Câmara, foi na mesma toada. “É muito ruim para nós”, disse. “Nós convivemos todo esse período na bancada. A gente caminhou juntos ao longo desses anos. Nós lamentamos, mas a gente acredita na capacidade de explicar para o eleitor qual é a diferença entre os governos do passado e os governos do Lula e da Dilma”

Solidariedade
Também neste sábado, Aécio Neves participou da Convenção Nacional do Solidariedade, em São Paulo, para sacramentar o apoio do partido à sua candidatura. “O Solidariedade não apenas participa da nossa aliança, mas participa daquilo que será fundamental para os brasileiros, que é a formulação do nosso programa de governo”, disse o candidato durante o evento, ao qual foi acompanhado por Geraldo Alckmin e o ex-governador José Serra, entre outros tucanos e aliados.

Aécio disse que ainda não decidiu quem será seu vice. “Estou muito feliz porque temos nomes muitos qualificados, de vários partidos. No dia 30 vamos escolher o que seja melhor para vencer as eleições.”

Por Reinaldo Azevedo

 

Chefão petista se irrita com “Repórteres Sem Fronteiras” porque entidade defende liberdade de imprensa

Que pitoresco!

O senador Humberto Costa (PE), um dos chefões do PT, está irritado com a entidade “Repórteres Sem Fronteiras”, que expressou sua preocupação com a lista de jornalistas “inimigos do regime”, feita pelo PT.

Para este grande patriota, a entidade não deveria se envolver nesse assunto. Entenderam? Se o PSDB fizesse a sua lista de “inimigos”, Costa certamente apoiaria o protesto da entidade. Se a Igreja Católica o fizesse, idem. Como é o PT, ele acha que está tudo certo. Leiam o que informa Gabriel Castro, na VEJA.com. Volto em seguida.
*
O líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), respondeu com irritação neste sábado à nota em que a respeitada entidade Repórteres Sem Fronteiras, sediada em Paris, demonstra preocupação com a ofensiva do partido que ocupa o governo contra jornalistas. O texto foi motivado por um artigo no qual Alberto Cantalice, vice-presidente do PT, elenca numa lista negra nove profissionais que identifica como inimigos — entre eles, Reinaldo Azevedo, colunista do site de VEJA. A resposta de Costa, que parece não compreender o conceito de liberdade de imprensa, reforça o que afirmam os representantes da entidade internacional. “Eu acho um absurdo esse tipo de colocação, e acho que uma instituição que tem a credibilidade do Repórteres Sem Fronteiras não deveria se imiscuir nesse assunto”, disse ele neste sábado, após a convenção nacional do partido, em Brasília. Costa prosseguiu: “E o lado da presidente da República, das lideranças do PT? A liberdade de imprensa é só de um lado?”. Já o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, não quis comentar o caso.

Retomo
É espantoso! O senador ainda não entendeu que um dos papéis da imprensa é mesmo ser crítica do poder. E, como é óbvio, existem os jornalistas afinados com o petismo, e existem os que não são. A obrigação indeclinável de uns e de outros é não mentir.

É curioso que o PT não aponte em meus textos: “Olhem, aqui ele está veiculando uma mentira, e a verdade é esta…” Preferem sair gritando: “Vejam o que ele escreveu! Como ele é reacionário! Ele espalha o ódio!” Ora, quem fez a lista das pessoas a serem odiadas foi o… partido!

Um evento assim seria um escândalo moral em qualquer país democrático do mundo. Imaginem se, nos EUA, os partidos Democrata ou Republicano fariam algo parecido! Quem se atrevesse estaria acabado. Por aqui, reitero, há covardes que estão agradecendo o fato de terem ficado fora do rol dos “inimigos do regime”.

Humberto Costa finge não saber que tanto o governo como o partido têm o direito de responder a críticas que considerem incorretas ou injustas. Mas não têm o direito de mandar para o paredão um grupo de profissionais que, na maioria dos casos, não mantêm relações de amizade; nem mesmo se conhecem. São pessoas diferentes, com escolhas e pensamentos distintos. A única coisa que os une, à sua revelia, é o ódio que o PT lhes devota. Nada mais.

Por Reinaldo Azevedo

 

“Repórteres sem Fronteiras”, a mais importante entidade internacional de proteção ao trabalho de jornalistas, critica “a lista do PT” de “inimigos da pátria”. O mundo, ao menos, está atento à escalada autoritária. Ajudem a divulgar o texto

Repórteres Sem Fronteiras

Se, no Brasil, muita gente prefere olhar de lado e fazer de conta que nada aconteceu, não é assim em países e entidades em que a liberdade de expressão é levada a sério. Tomei conhecimento, primeiro, por intermédio do blog do jornalista Claudio Tognolli, cujo post reproduzo abaixo: a entidade “Repórteres Sem Fronteira” publica um  texto em seu site (versão em inglês) em que expressa a sua preocupação com o fato de o PT criar uma “lista” de jornalistas que não agradam ao regime. Leiam. Volto depois.
*
A tensão entre o governo e os jornalistas da oposição acaba de subir de tom. Num artigo publicado a 16 de junho de 2014 no site do Partido dos Trabalhadores (PT), atualmente no poder, o vice-presidente do partido Alberto Cantalice estabelece uma lista negra de jornalistas designados como os “pitbulls da grande mídia”. Para o dirigente petista, o ódio de Reinaldo Azevedo, Arnaldo Jabor, Demétrio Magnoli, Guilherme Fiúza, Augusto Nunes Diogo Mainardi, Lobão e dos humoristas Danilo Gentili e Marcelo Madureira contra as medidas progressistas dos governos Lula e Rousseff se tornou ainda mais evidente desde o começo do Mundial, que esperam que fracasse.

Esses “inimigos da pátria” não demoraram a responder. O jornalista Demétrio Magnoli denunciou em Globo um artigo “calunioso” e uma ação de propaganda por parte do PT. Magnoli se mostra preocupado pelo fato de um político do partido no poder convidar à “caça” dos jornalistas opositores “na rua”. Já Reinaldo Azevedo, da revista Vejaafirmou sua intenção de processar Alberto Cantalice por “difamação”.

“Repórteres sem Fronteiras expressa sua inquietação pelas graves acusações dirigidas contra os jornalistas provenientes de um alto cargo do PT”, declara Camille Soulier, responsável da seção Américas da organização. “Não ignoramos o contexto polarizado da mídia, que pode exagerar o descontentamento geral. No entanto, as dificuldades sentidas pelo PT não justificam o recurso à propaganda de Estado.”

Essas acusações foram lançadas num clima social tenso, com a multiplicação de movimentos populares contra as despesas do governo com a Copa do Mundo. A polícia militar tem respondido através da força e alguns jornalistas foram agredidos. No total, a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (ABRAJI) já contabilizou 17 agressões de jornalistas no âmbito de manifestações desde a abertura do Mundial. Entre as vítimas, contam-se correspondentes da CNNe de agências internacionais, como a Reuters e a Associated Press, assim como jornalistas da mídia local ou profissionais independentes. Karinny de Magalhães, jornalista e ativista do coletivo Mídia NINJA, foi detida e espancada até desmaiar.

Aos 17 casos citados se juntou a detenção arbitrária de Vera Araújo, do diário O Globo, no passado dia 15 de junho, elevando para 18 o número de abusos. A jornalista estava filmando a detenção de um turista argentino e acabou também sendo presa. Uma investigação foi aberta contra o policial militar responsável pela detenção.

O Brasil se situa no 111º lugar em 180 países na última Classificação Mundial da Liberdade de Imprensa, elaborada por Repórteres sem Fronteiras. Por ocasião da Copa do Mundo de futebol, a organização lançou uma campanha para sensibilizar o público sobre a situação da liberdade de informação nos países participantes.

Voltei
As pessoas sérias não hesitam em repudiar “listas de inimigos do Estado”. Atuam em favor da liberdade, não de um partido ou de uma ideologia.

Lendo o texto de “Repórteres Sem Fronteiras”, eu me dou conta de algo que chega a ter a sua graça: algum outro jornalista, de centro, direta ou esquerda, pode ter sido tão duro como fui com as manifestações contra a Copa; mais duro, acho que não houve.

Está em arquivo tudo o que escrevi sobre os protestos de junho do ano passado até agora. Quem passou a mão na cabeça de baderneiros foi Dilma, foi o PT. Não eu. Tentem achar um único texto meu antevendo que a Copa seria um fiasco. Nunca entrei nessa! Podem não gostar de mim, mas não sou burro.

A perseguição a mim e aos outros nada tem a ver com a Copa do Mundo. O que eles não toleram é a divergência. Fazem listas para tentar intimidar os nove citados e para ganhar o silêncio dos demais — no que, parece, estão sendo bem-sucedidos.

Por mim, tudo bem: mais convicto do que ontem e menos do que amanhã. O PT quer cabeças. Eu quero liberdade, especialmente para os que divergem de mim. Para chegar a esse ponto, a liberdade tem de ser um valor, não um mero instrumento. Antes do PT, só as ditaduras fizeram listas de jornalistas. E encerro dizendo que há pessoas que estão se borrando por nada. O partido sabe reconhecer “contestadores a favor”.

Por Reinaldo Azevedo

 

Trajano ofende os espectadores da ESPN, sente a reação do SEU PÚBLICO e decide culpar os outros; com medo de perder o emprego, posa de vítima e diz que estou querendo fechar a emissora! Então vamos ver

Ai, ai… Lá vou eu me divertir mais um pouco. A Folha de hoje publica uma reportagem sobre os ataques que um certo Trajano — a esta altura, vocês sabem quem é — fez a quatro jornalistas e a resposta que dei a ele.

Reconstituição histórica

1: 12.06 – Torcida vaia e xinga Dilma no jogo de abertura da Copa;

2: 12.06 – Trajano e sua equipe dão um pito na torcida e dizem que aquilo é coisa de branco endinheirado. Surge, então, a tese da “detestável elite branca de São Paulo”, logo encampada pelo PT e por Lula;

3: 13.06 – TELESPECTADORES DA ESPN ficam furiosos com Trajano e se manifestam nas redes sociais;

4: 13.06 – Trajano diz na TV que os que estavam protestando eram seguidores, imaginem vocês, de “Reinaldo Azevedo, Diogo Mainardi, Augusto Nunes e Demétrio Magnoli”. Até então, eu nunca tinha ouvido falar desse babão bobalhão. Seríamos propagadores do “ódio e da inveja”.

5: 14.06 – Respondo ao ataque de Trajano. Sim, eu jamais havia tocado no nome dele até então porque ignorava a sua existência. Os agredidos, que fique claro, somos eu e os outros três; Trajano é o agressor;

6: 16.06 – Vice-presidente do PT elabora uma lista negra com nove jornalistas — entre eles, estão os quatro citados por Trajano. A acusação é a mesma: propagariam o ódio.

7: 19.06 – Trajano tenta fazer uma intervenção ao vivo na ESPN, logo depois do jogo entre Inglaterra e Uruguai. Ao fundo, ouve-se um coro: “Trajano vendido/ Trajano vendido” (vídeoaqui). Pode ser uma alusão ao fato de que as estatais federais anunciam fartamente na ESPN.

8: 19.06 – Amiguinhos de Trajano tentam invadir meu blog para me responsabilizar também por isso: os que gritam “Trajano vendido” seriam meus leitores.

9: 20.06 – Publico um post intitulado, ironicamente, de “As orientações de Reinaldo Azevedo sobre um certo Trajano”. É uma ironia porque não tenho relação de mando com meus leitores e ouvintes. Por mim, ele continua a fazer o seu trabalho irrelevante de sempre.

10: 20.06 – A caminho da praia (sim, praia com frio; torna o frio menos cretino), no carro, a reportagem da Folha me acha e me informa que seria publicada, neste sábado, uma reportagem a respeito.

Nessa reportagem, o, a esta altura, hilariante Trajano afirma sobre os que o têm chamado de “vendido”:
“São seguidores daqueles que disseminam o ódio. Eu não imaginava que pudesse ser tão feroz, parece coisa de fanático religioso. Fazem isso quando você está trabalhando, esperam entrar ao vivo, é uma covardia”.

Corajoso é Trajano, que usa a emissora em que trabalha para disseminar o ódio contra quatro jornalistas que jamais citaram seu nome.

Sobre mim, diz o seguinte:
“Ele quer desempregar as 500 famílias de quem trabalha na empresa? É coisa de louco. Ele não vai conseguir”.

Encerrarei este post com uma resposta a essa questão em particular.

A Folha traz parte da resposta que dei, digitada no celular. Tudo o que está lá, eu disse. Mas nem tudo o que disse está lá porque, é claro, o espaço é limitado. Segue, por isso, a minha resposta na íntegra, num misto de português e internetês:

“Eu só fiquei sabendo q existia um Trajano, que não o bom imperador romano, pq este sr. me atacou. E só então fiquei sabendo q foi a turma da espn q lançou a tese de q a vaia era coisa da elite branca. Os espectadores deles reagiram. E Trajano vai ao ar e diz q os culpados somos eu, Diogo , Augusto e Demétrio ? É ridículo! Meu blog receberá mais de 7 milhões de visitas em junho, mas não me dou tanta importância. Escrevi hj a respeito. Se houver alguém q faça o q recomendo, o q duvido, acho q este senhor deve voltar à sua irrelevância, ser deixado na paz, perseguido apenas por seus zumbis íntimos. Não tenho seguidores, mas leitores e ouvintes. Boa parte discorda de mim. Alguns, como esse Trajano aí, me odeiam. Há quem ame, mas o ódio é sempre mais fiel do q o amor. Quem ama pode se distrair e até trair. Quem odeia é de uma fidelidade comovente. Noto q ele apenas antecipou a lista negra feita pelo PT. Aliás, deixo registrada e, por favor, publique minha sugestão de pauta à Folha. Nunca houve lista negra de jornalistas no Brasil na vigência da democracia. O PT fez a primeira. Essa não é uma boa pauta? Esse Trajano achou q poderia usar o poder de sua TV para me demonizar e a outros. Pra cima de mim, não. Mas entendo: há quanto tempo ninguém dava bola pra ele? Virou notícia até na Folha. E conseguiu isso me atacando e a outros. Espero q ele fique em paz. Em latim, a frase ficaria mais densa… Publique, por favor, minha sugestão de pauta. Abs, Reinaldo”

Agora os 500 empregos
Foi o melhor que consegui digitar no celular, com miopia e solavancos. Quanto a eu querer desempregar 500 famílias… Santo Deus! Esse cara se tem em tão alta conta que acha que a sua eventual demissão significaria o fim da ESPN. Ele acha que, sem ele, a Disney — a quem pertence a emissora —, fecha o negócio.

Não ocorre a Trajano que pode ser o contrário, né? O grupo Disney certamente não se fez hostilizando o seu próprio público. Ele é que decidiu dar um pé no traseiro dos que lhe enviaram mensagens e, agora, sai por aí posando de vítima. Não sabe brincar? Não desça para o “play”, como diz a meninada. Vai que, sem Trajano, os 500 empregos vierem 600…

Há muitos imbecis que me ofendem nos blogs sujos e nas redes sociais. Costumo deixar pra lá. Com meus três empregos, não tenho tempo para a corja. A canalha tem porque precisam zelar pelo seu único: receber verba pública para atacar “os inimigos do poder”. Gente asquerosa!

Nada disso! Trajano não está sendo molestado por leitores meus, não — e dos outros três. Ele cometeu um erro muito próprio da arrogância: achou que poderia ofender o público que a sua própria emissora havia cativado.

Os outros 500 empregos? Ah, Trajano! Haverá ESPN depois de você, como haverá VEJA, Folha e Jovem Pan depois de mim. Eu me atribuo muito menos importância. É desagradável ter de dizer isso a esta altura, mas digo: amadureça, rapaz! Assuma as suas próprias responsabilidades. Você meteu a tarja “chapa branca” na ESPN. E vai ser difícil tirar enquanto você posar de porta-voz da emissora e garantidor de 500 empregos. Deixe de ser ridículo e megalômano.

Para encerrar, digo que ele e seus amiguinhos são o tipo de gente que chama americano de “estadunidense”, faz discurso anti-imperialista, posa de esquerdista, recebe honraria de Marcelo Freixo e, depois, embolsa o rico dinheirinho que lhe paga o grupo Disney. Chega, Trajano! Peça desculpas aos espectadores da ESPN e à própria empresa. Por mim, reitero, você é ignorado nos estádios, na TV, na chuva, na rua, na fazenda ou numa casinha de sapé.

De resto, peça a seus patrões americanos que lhe expliquem quanto custa criar uma marca. Você e seus esquerdistas enfatuados é que fazem mal à ESPN e aos 500 empregos, não eu! Não tenho dados, mas acho que muitos telespectadores deixaram de acompanhar as transmissões dos jogos da Copa pela emissora. Desculpe-se, Trajano! Quem sabe eles voltem… Eu, por exemplo, costumo dispensar leitores aqui — no caso, os petralhas. Eles sempre voltam. Ocorre que os espectadores da ESPN não são petralhas. Gente decente não tolera ofensas. Muda de canal.

Para ou continua, Trajano? Eu estou gostando. E você?

Por Reinaldo Azevedo

 

Passe Livre é a só a versão mascarada dos black blocs

Os milhões de visitas deste blog se devem, claro!, à disposição de vocês de ler, à minha de trabalhar e coisa e tal — aliás, corrijo em parte: vocês trabalham bastante aqui; são excelentes pauteiros, dão dicas e informações preciosas. Viva, em suma, a nossa parceria! Aquele ex-jornalista esportivo acha que isso é coisa de fanáticos. Gente que faz do ódio uma profissão não consegue entender relações virtuosas. Mas sigamos. Parte do sucesso desta página se deve, infelizmente, à covardia de muita gente. Por que escrevo isso? Vamos ver o que publiquei ontem aqui sobre a baderna que o tal Movimento Passe Livre promoveu em São Paulo anteontem. Volto depois.

black blocs no meu post

Voltei
Abaixo, vocês leem uma reportagem de Silvio Navarro e João Marcello Erthal, da VEJA.com. Leiam aí, no detalhe, como operam os valentes do MPL e o comportamento deles diante da baderna. No mínimo, são sócios. Há que investigar se não são os reais promotores. De fato, o MPL é só a versão “mascarada” — um outro tipo de máscara — dos black blocs. Leiam.
*
Depois do protesto que mais uma vez deixou um rastro de destruição na maior cidade do país, o chamado Movimento Passe Livre (MPL), que se autocongratula embrionário das passeatas de junho de 2013, postou em sua página do Facebook a seguinte mensagem: “O ato #NãoVaiTerTarifa seguia da Marginal Pinheiros para se dispersar no Largo da Batata quando a Polícia Mlitar atacou os manifestantes”. O movimento não redigiu uma linha para condenar com clareza os vândalos mascarados que depredaram o patrimônio público e privado – o equivalente a tacitamente endossar o que eles fazem. E resolveu culpar a PM pela baderna. Nesta quinta-feira, a marcha convocada pelo MPL pretendia lembrar um ano da revogação do reajuste das tarifas de transporte público. Ao comunicar às autoridades que promoveria o ato, o movimento também fez um perigoso pedido em ofício enviado à Secretaria de Segurança Pública: queria a Polícia Militar distante porque “os movimentos sociais devem ter autonomia para promover sua própria segurança”.

Mas nem de longe foi o que se viu. Minutos depois da marcha degenerar no quebra-quebra de sempre, com vândalos destruindo o que estava no caminho, os líderes do MPL rasgaram o que escreveram: “Não escolhemos quem participa dos nossos atos. Não foi o MPL que começou e não conseguimos sequer terminar o nosso ato, pois quando chegamos perto do Largo da Batata fomos atingidos por bombas da polícia”, disse Lucas Monteiro, porta-voz do movimento, ao jornal Folha de S. Paulo. “A depredação não aconteceu durante o protesto, então não cabe ao MPL explicar o motivo”, completou. Uma resposta bastante incoerente para quem reivindicava autonomia para assegurar a segurança do ato.

A passeata desta quinta-feira foi convocada pelo MPL no dia 6 de junho em sua página no Facebook – a ideia de realizá-la já era debatida desde o dia 31 de maio. Nas redes sociais, os vândalos mascarados manifestaram apoio. Ao contrário do que diz o MPL, não era difícil, portanto, prever que o Black Bloc participaria – como ocorreu em todos os atos agendados pelo movimento, independentemente do tamanho do prejuízo causado pelos vândalos.

A PM informou que destacou 500 homens para monitorar a manifestação e posicionou a Tropa de Choque e a Cavalaria para proteger o terminal de ônibus e a estação de metrô Pinheiros, considerados os principais alvos dos baderneiros – e onde o prejuízo ao patrimônio público poderia ser maior. Porém, ao contrário dos atos anteriores, a corporação abriu mão do protocolo eficaz de colocar homens caminhando lado a lado com os manifestantes, em cordões que sufocam atos de vandalismo e facilitam a identificação de quem esconde o rosto para depredar a cidade. Os policiais da chamada “tropa do braço”, praticantes de artes marciais e treinados para conter os vândalos, também não foram escalados. A PM diz que deixou seus homens distantes porque confiou – “e foi traída” – pelo MPL. Os danos causados pelos marginais deixaram claro que a decisão mostrou-se equivocada. Nesta sexta, o governador Geraldo Alckmin afirmou que essa estratégia será revista.

MPL pede à PM que fique longe da manifestação e promete fazer a segurança

MPL pede à PM que fique longe da manifestação e promete fazer a segurança: piada!

O secretário de Segurança Pública de São Paulo, Fernando Grella Vieira, foi mais duro: “É inadmissível o acordo que foi feito entre a PM e o MPL. É inaceitável a inércia, houve uma falha no tempo de resposta da PM à ação daquele grupo de vândalos”, disse à Rádio Jovem Pan.

Foi assim também no Rio de Janeiro, onde os laços do MPL e dos Black Blocs se embaraçam com políticos de esquerda, como o deputado Marcelo Freixo (PSOL) e a ativista Sininho. No Rio, na greve do ano passado, o Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação (Sepe) resolveu turbinar a repercussão das manifestações de rua com um aval à ação dos mascarados. Os sindicalistas, amparados por quadros do PSOL e do PSTU que se instalaram no comando da entidade, afirmaram publicamente que o Black Bloc era, naquele momento, a “força de defesa” dos professores. Os mascarados entenderam o recado como uma convocação para o quebra-quebra, e assim fizeram. Quando mascarados mataram o cinegrafista Santiago Andrade, não houve professor para amparar a família da vítima.

Em maio deste ano, novamente os professores resolveram fechar o trânsito para um protesto em frente ao Palácio Guanabara, na Rua Pinheiro Machado, uma via importante de ligação do Centro com a Zona Sul da cidade. A manifestação prendeu no trânsito uma ambulância com um paciente em estado grave – como mostrou uma foto publicada pelo jornal O Globo. O protesto não teve quebra-quebra nem bombas de gás. Mas não há como considerar pacífico um ato que deixa ambulâncias presas. No último 12 de junho, quando o Brasil se mobilizava para o início da Copa do Mundo, os protestos estavam programados para ocorrer em várias capitais. No Rio, uma categoria relativamente pequena – os aeroviários – resolveu usar a data simbólica para cobrar atenção para suas reivindicações. Os aeroviários fecharam, então, o acesso ao aeroporto do Galeão. Mais uma vez, não houve quebra-quebra, mas um número incerto de passageiros perdeu voos, compromissos, negócios e pacotes de férias por obra de algumas dezenas de manifestantes.

Os organizadores de protestos de rua em série têm, como ideal, um mundo em que as responsabilidades têm pesos e medidas diferentes. Uma manifestação de rua é, em resumo, um grande evento, com consequências para a cidade e seu entorno. Um ano depois da onda de protestos que chacoalharam o Brasil, qualquer movimento disposto a organizar um ato nas grandes cidades do país pode (e deve) prever que marginais mascarados aparecerão. É uma lamentável rotina que se repete especialmente em São Paulo e no Rio de Janeiro, onde está concentrado o comando do Movimento Passe Livre.

O MPL nega responsabilidade e quer distância quando suas marchas saem do controle. Mas seu silêncio quando os protestos deixam um rastro de destruição parece soar como passe livre para os black blocs.

Por Reinaldo Azevedo

 

Alckmin diz que atuação de ontem da PM não se repetirá. Que bom! Governo existe para cumprir a lei, não para ser simpático a jornalistas de esquerda!

Geraldo Alckmin, governador de São Paulo, afirmou nesta sexta que a ação da Polícia Militar durante manifestações terá de ser revista. Ótimo! Não sei se a palavra é “revisão”. Sei é que não pode se repetir o que aconteceu ontem — do começo ao fim: do “acordo” feito com o tal Movimento Passe Livre (desde quando essa gente é de confiança?) à entrevista coletiva em que o representante da PM, na prática, se disse traído. Isso não existe.

Não havia nada de errado na forma como a PM — refiro-me à ação da corporação, como conjunto — vinha atuando em São Paulo. Havia casos de excessos aqui e ali? Havia, sim. Como pode acontecer na polícia da Suíça. “Ah, lá, muito menos…” Claro que sim! Basta ver quantas vezes a força policial tem de ser acionada.

A decisão de ontem, creio, deve ter sido motivada pelo spray de pimenta que foi jogado no rosto de um, como direi?, “manifestante” dia desses, depois que estava rendido. Não pode! Que se tente identificar o responsável para punir o desvio. O que não é aceitável é atar a mão dos policiais para ficar “de bem” com “formadores de opinião”.

Sim, a PM enfrenta também a hipocrisia de setores da imprensa — e, pior do que isso, dos simpatizantes de arruaceiros disfarçados de jornalistas. Existem aos montes. Se um “excesso” contra algum patriota do MPL ou dos black blocs tivesse acontecido ontem, hoje, os sites noticiosos estariam coalhados de subpensadores dizendo literatices sub-pós-marxistas… A PM e o governo têm de ignorá-los. Se essa gente tivesse importância, o PSOL e o PSTU seriam os partidos mais importantes do país. Ora vejam… Entre os “coluno-comunistas” chiques, não encontrei até agora ninguém indignado com o quebra-quebra. De algum modo, os “despensadores” da nossa imprensa também acham que depredar “só o patrimônio” é aceitável. Essa gente vota do PT para a esquerda e não tem cura.

Estou sugerindo o quê? “Porrada que dá voto?” Não! Estou sugerindo que se cumpra a lei. E jornalista que não gosta da lei que tenha a coragem de defender a mudança do texto, ora essa, descriminalizando a depredação. Que tal? Quem tem a coragem? A PM e o governo não têm de dar bola a esses covardes.

Os jornalistas e “opinadores” que digam o que quiserem. É o que eu faço, por exemplo. A população espera que aqueles que têm o monopólio do uso legítimo da força a usem. DENTRO DA LEI, REITERO. Se isso provocar alguma dor nos cornos de bandidos — DENTRO DA LEI, INSISTA-SE SEMPRE! — fazer o quê? Os que acham que o próximo passo é a anarquia precisam saber que essa “revolução” vai custar alguma dor, não é mesmo?

Quem quer que tenha tomado, nesta quinta, aquela sequência de decisões na PM — incluindo, certamente, a Secretaria de Segurança Pública — agiu muito mal. Que não se repita! E que o governador cobre a responsabilidade do… responsável! No caso, do secretário Fernando Grella Vieira.

Por Reinaldo Azevedo

 

Ação criminosa dos black blocs do MPL e decisão equivocada da PM resultam na depredação impune de cinco bancos, duas lojas de automóveis e de um carro da imprensa

Pode tudo parecer uma piada, mas é verdade. O Movimento Passe Livre, o MPL, notório por ter dado início, em São Paulo, à onda baderneira que se espalhou pelo país, marcou uma manifestação para esta quinta na cidade para comemorar o aniversário de um ano da redução de tarifa de ônibus e metrô — os vinte centavos, lembram-se? Saldo do evento: cinco agências bancárias, duas lojas de carros de luxo e um veículo da imprensa depredados. Obra dos tais black blocs. O que vai acontecer com eles? Nada! Desta vez, dois equívocos se estreitaram num abraço insano: o da Polícia Militar e, para não variar, o da imprensa. Antes, vejam este vídeo. Volto em seguida.

Voltei
Começo pelo erro que diz respeito à “catchiguria” a que pertenço. Em quase toda parte, desinformam-se os leitores, os internautas, os ouvintes e os telespectadores com a cascata inverídica, intelectualmente vigarista, jornalisticamente falsa, politicamente dolosa, segundo a qual os “black blocs” se infiltraram na manifestação ou dela se aproveitaram. É uma mentira escandalosa! Sejam os “black blocs” um grupo, uma tática ou apenas uma prática, o fato é que não existe distinção entre eles e o MPL.

Em julho do ano passado, quando a primeira manifestação do movimento completou um mês, publiquei aqui uma cronologia dos eventos. Demonstrei, por A mais B, que os três primeiros protestos pela gratuidade da passagem, nos dias 6 e 7 e 11 de junho de 2013, já tinham sido notavelmente violentos, com coquetéis molotov, depredações e um policial quase linchado. Aí veio o grande confronto com a PM no dia 13 de junho, e o país entrou em transe. Delinquentes foram transformados em heróis da resistência.

Assim, desde a primeira hora, a violência é parte da ação desses coxinhas extremistas e desocupados, que inventaram o socialismo da catraca, embora a maioria nunca tenha andado de ônibus na vida.

O outro erro brutal desta quinta foi da Polícia Militar, sem sombra de dúvida — e acho que as explicações dadas até agora são amplamente insuficientes. Em entrevista coletiva, o coronel Leonardo Torres Ribeiro disse que havia 500 homens acompanhando a manifestação — que reuniu 1.300 pessoas (2,68 pessoas por policial!) —, mas que o faziam a distância, respeitando um acordo com o MPL, que havia enviado um ofício ao Comando se responsabilizando pela segurança do protesto, pedindo que não houvesse ação policial. E deu no que deu.

Como? Acordo com o Passe Livre, um movimento que nem tem existência jurídica? Que tipo de entendimento é possível com gente que jamais censurou a ação dos ditos “black blocs”? Ao contrário: sempre que lhes foi dada a oportunidade, os integrantes do MPL falaram genericamente de certo “direito à manifestação” e preferiram atacar a própria polícia.

Não foi diferente desta vez. Um dos porta-vozes da turma, o sr. Lucas Monteiro, de 29 anos — não é, assim, um desses adolescentes rebeldes de manual —, confirmou o pedido, mas diz que o MPL não se responsabiliza por nada. Cinicamente, afirmou que a “depredação não aconteceu durante o protesto e que não cabe ao MPL explicar o motivo”.

Aconteceu em São Paulo rigorosamente aquilo a que se assistiu no Rio durante a greve dos professores. Lá e cá, os mascarados participam da passeata. Tão logo se dá o ato por encerrado, começa a pancadaria. Na capital fluminense, a coisa era tão acintosa que se anunciava no microfone: “Ó, o protesto já acabou, hein?” Era a senha. Começava o quebra-quebra. Mas a nossa imprensa, que não quer ficar de mal com o “espírito das ruas” nem ser malhada nas redes sociais, fica com medinho e mente para o seu público, sustentando que a manifestação era pacífica, mas que acabou sendo infiltrada por vândalos. Talvez acredite que, enganando a si mesma, engana os fatos e muda a verdade.

É claro que os responsáveis pelo quebra-quebra são os dirigentes do MPL, mas quem responde pela demora na repressão aos atos de vandalismo é, infelizmente, a Polícia Militar mesmo. Ou será que o movimento tem uma ficha recomendável para que se celebre com ele um acordo?

Esta imagem, de um policial ferido no dia 11 de junho de 2013, prova que não.

Policial ferido 3

“Pô, Reinaldo, você costuma elogiar a PM…” É verdade. Quando merece. De resto, elogio a polícia que não faz acordos com o MPL, não a que faz. Com criminosos, não se negocia.

Texto publicado originalmente às 5h12

Por Reinaldo Azevedo

 

Minha coluna na Folha de hoje: “O Nacional-Socialismo Petista”

Leiam trecho:
Sim, eu estava perplexo com o “Dilma, vai tomate cru”! Pensava: “O que aconteceu com o povo cordial dos que não leram Sérgio Buarque de Holanda e dizem que o nosso povo é cordial?”. Muitos cronistas se arrepiaram de emoção com o hino a capela e de horror com o protesto, especialmente porque quem cantou uma coisa também cantou outra. Deve ser bom se arrepiar por tão tolos motivos… De súbito, apareceu o coro dos Catões dispostos a moralizar a República, rebaixando os torcedores a uma “elite branca sem calo na mão”. Houve até quem pedisse desculpas a Dilma em nome dos brasileiros! Em meu nome? Não endosso xingamentos. Mas eu é que espero que a Soberana se desculpe por ter usado o meu dinheiro para tirar uma casquinha eleitoral da Copa. Ela não tem o direito moral de recorrer à Rede Nacional para não ouvir o Itaquerão.

O PT pode se perder nos fatos, e está perdido, mas sempre se arranja nas versões. Esta semana foi tomada por uma avalanche de notícias assegurando que as vaiais foram excelentes para a presidente porque ela pôde, assim, exercer o poder da vítima. Não é Nietzsche, mas malandragem política. As vaias e os xingamentos teriam servido à estratégia petista de fazer a luta do “nós” (a turma do amor) contra “eles” (a turma do ódio). Então tá!

Se assim é; se, há tempos, os petistas esperavam uma boa notícia para a campanha eleitoral, e se as vaias e os xingamentos ajudaram o PT a encontrar um discurso, o que dizer? Vai ver os companheiros decidiram se comportar como Odorico Paraguaçu, de “O Bem-Amado”, de Dias Gomes. Quando ele queria um pretexto para empastelar o jornal da oposição, mandava pichar na parede: “Odorico é ladrão”. Se as ofensas são um ativo eleitoral, quanto mais, melhor! O PT me obriga a ser binário: então quem vaia vira cabo eleitoral de Dilma. Qual é a razão do chororô?

É evidente que o lado positivo da vaia é cascata. Essa versão é obra de “spin doctors”, cujo trabalho só é efetivo quando conta com a opinião abalizada de “especialistas” e com a sujeição voluntária ou involuntária da imprensa.
(…)
Para ler a íntegra, clique aqui

Por Reinaldo Azevedo

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Blog Reinaldo Azevedo (VEJA)

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2 comentários

  • Edison tarcisio holz Terra Roxa - PR

    fora anti brasil ou seja ptralhada

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  • Paulo Roberto Rensi Bandeirantes - PR

    Sr. João Olivi, convoco os mais de 70% dos eleitores brasileiros, que querem mudanças sem a presidenta no comando e, lanço uma campanha:

    DESINTRUSÃO JÁ!! (A retirada petista do poder!)

    ....”E VAMOS EM FRENTE” ! ! !....

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