Fraude da CPI – Petistas e governo cometem um crime contra o Congresso, contra a democracia e contra o estado de direito

Publicado em 04/08/2014 14:57 e atualizado em 09/10/2014 11:05
por Reinaldo Azevedo, de veja.com.br

Fraude da CPI – Petistas e governo cometem um crime contra o Congresso, contra a democracia e contra o estado de direito; só o mensalão foi mais grave do que isso!

A presidente Dilma: mais uma vez, ela não sabia de nada, como sempre?

A presidente Dilma: mais uma vez, ela não sabia de nada, como sempre?

O PSDB pretende entrar com representações nas comissões de Ética do Senado e da própria Presidência da República contra a presidente Dilma Rousseff, funcionários da Petrobras, parlamentares, funcionários do Senado e da Secretaria de Relações Institucionais. Por quê? Fraude na CPI. Sim, leitores, vocês já devem ter lido a respeito. Reportagem de capa da VEJA desta semana demonstra que uma grande farsa foi armada na comissão destinada a investigar no Senado o prejuízo bilionário com a compra da refinaria de Pasadena. Trata-se de uma das maiores agressões jamais feitas contra o Poder Legislativo. Nessa matéria, a partir de agora, só o PT supera o PT. Um grande teatro foi armado para que não se investigasse nada. As perguntas elaboradas pelos parlamentares foram previamente passadas aos convocados, tudo sob a supervisão de funcionários graduados do governo e de políticos do alto escalão. Já entro em detalhes.

Já escrevi isto aqui algumas dezenas de vezes: é claro que o PT não inventou a corrupção e o malfeito na política. Já existiam antes dele; continuarão a existir depois. O partido inovou num aspecto: nunca antes na história deste país, como costuma dizer Lula, um partido tentou profissionalizar o crime político e fazer dele um método. Infelizmente, o PT trouxe essa novidade — e tomara que ela seja interrompida e não tenha continuadores. O que foi o mensalão? Cumpre lembrar: mais do que simples roubo de dinheiro público, mais do que peculato, mais do que corrupção ativa, mais do que corrupção passiva, mais do que formação de quadrilha, mais do que evasão de divisas, mais do que lavagem de dinheiro. O mensalão foi tudo isso para ser algo bem maior do que isso. Tratou-se de uma armação para criar um Congresso paralelo, movido pelo propinoduto, de sorte que o povo brasileiro tivesse solapado seu principal canal de expressão: o Poder Legislativo. Que passaria a se mover nas sombras. Esse, sim, foi o grande crime do mensalão. Mais do que o roubo, que já era muito grave, o que se viu foi o assalto ao estado de direito e ao estado brasileiro.

Muito bem: agora, VEJA revela mais um escândalo deplorável. Um vídeo de 20 minutos que veio a público traz uma reunião entre o chefe do escritório da Petrobras em Brasília, José Eduardo Sobral Barrocas, o advogado da empresa Bruno Ferreira e uma terceira personagem, ainda desconhecida. Gravado provavelmente com uma caneta-câmera, a reunião demonstra que as perguntas feitas pelos parlamentares na CPI foram previamente passadas ao grupo para que os depoentes pudessem ser “treinados”. Participaram da conspirata Paulo Argenta, assessor especial da Secretaria de Relações Institucionais; Marcos Rogério de Souza, assessor da liderança do governo no Senado; Carlos Hetzel, assessor da liderança do PT na Casa; o senador Delcídio Amaral (PT-MS); o senador José Pimentel (PT-CE), relator da CPI; Graça Foster, presidente da Petrobras, e José Eduardo Dutra, ex-presidente do PT e hoje um dos diretores da estatal. Vejam trecho.

O alvo maior da preocupação era mesmo Nestor Cerveró, aquele que omitiu do Conselho de Administração da Petrobras duas cláusulas essenciais na compra da refinaria de Pasadena. Barrocas, o chefe do escritório da empresa em Brasília, quer saber se as perguntas já estão com Cerveró e deixa claro que expediente idêntico foi empregado nos depoimentos de Gabrielli e de Graça. Pimentel, o relator da CPI, recorre à presidente da empresa e a Dutra para fazer um “gabarito” com as perguntas e respostas.

O PT se assustou com os desdobramentos da CPI dos Correios, que está na raiz da condenação da cúpula do partido, que foi parar na cadeia. Decidiu, então, desmoralizar esse expediente, que, na prática, já depôs um presidente e mandou para casa os tais “anões do Orçamento”. Eis aí: esse é o partido que diz querer fazer uma reforma política para moralizar o Congresso.

Estamos diante de um dos maiores crimes jamais cometidos contra a República. Ah, sim, o que Dilma tem com isso? Paulo Argenta é braço-direito de Ricardo Berzoini, ministro das Relações Institucionais. Berzoini foi nomeado justamente para tentar, digamos, segurar o escândalo da Petrobras na unha. Não custa lembrar que era ele o presidente do PT quando veio à luz o tal escândalo dos aloprados. Ficou claro que sabia de tudo. Quem escolhe um Berzoini escolhe também um método, não é mesmo, presidente Dilma?

Por Reinaldo Azevedo

 

Gilberto Carvalho não vê escândalo nenhum!

Gilberto Carvalho, secretário-geral da Presidência, realmente não surpreende ninguém. Ele veio a público nesta segunda para, vejam que cândido,  afirmar que não vê escândalo nenhum na fraude da CPI. Segundo informa a Folha, o gigante disse o seguinte: “Eu não vou falar sobre um tema que eu ainda não tive a oportunidade de efetivamente discutir. [...] Em outro momento podemos até falar disso. Para mim não há qualquer escândalo na medida em que eu não conheço. Há uma denúncia. Uma denúncia não necessariamente é um escândalo. Uma denúncia tem que ser verificada e aí a gente pode depois conversar sobre isso”.

Carvalho faz o contrário de São Tomé: ele não acredita nem no que ouve nem no que vê.

Ah, sim. Ele também se referiu ao pessimismo:
“Porque todo dia é esse prenúncio de tragédias que felizmente que não se concretizam. E a luta do governo é dura porque tem que enfrentar setores que, por falta de proposta –e como no passado eles não têm muito o que mostrar, porque foi um Passado muito duro, de desemprego, de recessão–, eles têm que tentar fazer uma pregação do terrorismo, do pessimismo, para tentar ganhar o apoio popular”.

Quem tinha proposta no passado era o PT: destruir o Plano Real. Tenham paciência!

Por Reinaldo Azevedo

 

Fraude na CPI – Dilma tenta dar uma de Valesca Popozuda. Não cola!

Fraudar uma CPI é fraudar a vontade popular.
Fraudar uma CPI é fraudar a democracia.
Fraudar uma CPI é fraudar a República.
Fraudar uma CPI é atentar contra o estado de direito.
Fraudar uma CPI é cometer um crime para tentar esconder crimes antigos.

Infelizmente, o governo e o PT fizeram tudo isso quando se organizaram para repassar com antecedência aos depoentes da CPI da Petrobras as perguntas que seriam feitas pelos senadores — perguntas, pasmem vocês!, que já vinham com as respostas, com o gabarito, conforme demonstrou reportagem de capa da VEJA desta semana. No comando da operação, políticos, altos funcionários da Petrobras e servidores de pedigree. E Dilma Rousseff?

Nesta segunda, a presidente diz não ter nada com isso e afirmou ser esse um problema do Congresso. Não é, não! A chefe da nação estaria errada se não estivesse apenas empregando a tática do despiste. Só para lembrar: o relator da CPI da Petrobras no Senado, José Pimentel (PT-CE), apelou a Graça Foster, presidente da Petrobras, e ao petista José Eduardo Dutra, diretor da estatal, para passar adiante as perguntas que seriam feitas a depoentes da comissão — entre eles José Sérgio Gabrielli, Nestor Cerveró e a própria Graça.

Estrelam ainda a tramoia o senador Delcídio Amaral (PT-MS); Paulo Argenta, assessor especial da Secretaria de Relações Institucionais; Marcos Rogério de Souza, assessor da liderança do governo no Senado; Carlos Hetzel, assessor da liderança do PT na Casa; o chefe do escritório da Petrobras em Brasília, José Eduardo Sobral Barrocas; Leonan Calderado Filho, que responde pelo departamento jurídico desse escritório e não havia sido ainda identificado, e Bruno Ferreira, advogado da empresa.

Sim, trata-se de pessoas da cúpula da estatal, indicadas por Dilma, e de figuras do escalão superior do petismo. Mais: Argenta, peça-chave da tramoia, é braço-direito de Ricardo Berzoini, ministro das Relações Institucionais, nomeado pela presidente com a tarefa de “controlar” o caso Petrobras. Estamos vendo como.

Depois do mensalão, essa é a mais grave agressão institucional praticada pelo petismo contra o Poder Legislativo. As oposições devem entrar hoje com representações na Comissão de Ética do Senado, na Comissão de Ética da Presidência e na Procuradoria-Geral da República.

Dilma está tentando ser a Valesca Popozuda da política, achando que pode dar um “beijinho no ombro” e sair altiva pelo salão. Não pode! E os funcionários que estão sob o seu comando e, comprovadamente — porque há a prova —, se envolveram numa fraude contra o Congresso? O que vai acontecer com eles? Sem contar, é bom destacar, que uma CPI também tem poderes de polícia. Estamos diante de um crime de estado.

E, para arremate dos males, note-se: Dilma tentou dar nesta segunda o tal “beijinho no ombro” numa visita que fez a uma Unidade Básica de Saúde em Guarulhos, na Região Metropolitana de São Paulo, que recebeu profissionais do Mais Médicos. Era agenda de candidata, não de presidente, embora tudo tenha sido organizado com dinheiro público — viagem a São Paulo, deslocamento de assessores, mobilização de seguranças etc. Sem contar que a dita “presidenta” estava em horário de expediente! E como a gente sabe que se tratava de campanha? Uma equipe de João Santana, seu marqueteiro, estava presente para registrar tudo. Acompanhava Dilma em sua campanha eleitoral com dinheiro público o ministro da Saúde, Arthur Chioro. Ilegalidade praticada pela chefe. Ilegalidade praticada pelo subordinado.

Eles acham que podem tudo. Até quando?

Por Reinaldo Azevedo

 

MTST – Como se constrói em SP a farsa de Guilherme Boulos, o coxinha extremista que se quer pensador universal e caiu nas graças dos idiotas

Guilherme Boulos (de vermelho), o coxinha radical, com Dilma e Haddad: só uma das faces do petismo

Guilherme Boulos (de vermelho), o coxinha radical, com Dilma e Haddad: só uma das faces do petismo

Guilherme Boulos, o coxinha extremista metido a pensador universal, em quem a ignorância de manual só é superada pela arrogância dos que se consideram acima da lei, comanda o MTST. Trata-se, como vocês verão abaixo, de uma mistura de leninismo tardio, meritocracia militante e estelionato político. O resultado é uma farsa. Leiam a reportagem de Eduardo Gonçalves, na VEJA.com. As fotos que ilustram o texto são de Felipe Cotrim.
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Militante do MTST faz a lista de chamada para ver se invasor compareceu à tarefa do dia

Militante do MTST faz a lista de chamada para ver se invasor compareceu à tarefa do dia

Na tarde do dia 29 de julho, a vendedora Maria Lúcia Gomes da Silva, de 48 anos, era uma das poucas pessoas no terreno invadido pelo Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) na Estrada do M`Boi Mirim, na periferia da Zona Sul de São Paulo – o maior acampamento do grupo, montado numa área de 1 milhão de metros quadrados, batizado Nova Palestina. Por sofrer de hipertensão, Maria Lúcia teve um mal-estar no último protesto do MTST, dia 23 de julho, após esperar sete horas até o fim da passeata que travou o trânsito da cidade para assinar a lista de presença. A persistência de Maria Lúcia e dos outros 2.500 sem-teto que compareceram ao ato tem um único motivo: acumular pontos na planilha dos líderes do MTST para furar a fila dos programas públicos de financiamento habitacional. “Sem muitos pontos, nós somos impedidos de fazer o cadastro. Quem não luta, não ganha. Esse é o lema deles”, explica Maria Lúcia.

No modelo montado pelo MTST, o comparecimento nos protestos semanais vale cinco pontos. Para quem frequenta os acampamentos, prepara a comida, patrulha a área invadida ou recolhe o lixo rende um ponto. “O Guilherme [Boulos, líder do MTST] falou para a gente que a principal luta é na rua, que não adianta ficar parado nas ocupações. Foram 34 atos, quem não apareceu em pelo menos cinco entrou na lista de repescagem. E eles sabem de tudo, anotam tudo”, afirma Maria Lúcia.

É com base nessa tabela de pontos que o MTST determina quem será contemplado, por exemplo, pelo programa federal Minha Casa, Minha Vida, cujo cadastro é controlado pela prefeitura de São Paulo. “O movimento cadastra e encaminha para a prefeitura. Todos os dias tem que ter presença, mas ganha mais pontos quem participa dos protestos. Mas, no começo, eram 15.000 pessoas na ocupação, agora são 4.000. Não é todo mundo que aguenta essa rotina”, afirma Francisco Silva, de 44 anos.

Entrada do suposto acampamento Vila Nova Palestina: é tudo um cenário

Entrada do suposto acampamento Vila Nova Palestina: é tudo um cenário

A maioria dos que aderem ao MTST diz acreditar que somente com a indicação do grupo conseguirá o financiamento de uma casa — há casos de sem-teto que já estavam cadastrados em programas habitacionais há anos, mas recorreram ao grupo para agilizar o processo. E o pensamento, infelizmente, não está errado. O Ministério Público do Estado de São Paulo acionou na Justiça a prefeitura paulistana por privilegiar o MTST. “Trata-se de privilegiar o absurdo dos absurdos. Aceitar-se o descontrole em nome de política rasa de privilégio a grupos em troca de votos ao invés de respeitar o direito de milhares”, escreveu o promotor Maurício Antonio Ribeiro Lopes na ação civil pública apresentada à Vara da Fazenda Pública da capital. Um dos exemplos do favorecimento foi a liberação de um terreno invadido pelo grupo no Campo Limpo, na Zona Sul, para o MTST por meio do Minha Casa, Minha Vida Entidades – nessa modalidade do programa, o governo federal repassa verbas para movimentos sociais destinadas à construção de moradias e são eles que indicam os beneficiários. Na mesma ação, o promotor afirma que não existe “justiça social” em “atos, ocupações e toda sorte de atividades que geram pontos ou créditos na visão do movimento”.

Na última quarta-feira, ao encerrar uma passeata no Centro, os líderes do MTST reuniram os participantes para entregar uma filipeta indicando o dia em que eles deveriam ir à prefeitura para se cadastrar em programas habitacionais. Questionada pelo site de VEJA, a prefeitura admitiu que fez um acordo com os sem-teto que estavam no acampamento batizado Portal do Povo, na Zona Sul, para cadastrá-los no Minha Casa, Minha Vida, mas afirmou que a fila dos programas habitacionais é respeitada. “Em reunião com o MTST, a Secretaria Municipal de Habitação disponibilizou senhas aos integrantes do movimento para que eles se organizem em diferentes dias e horários para fazer o cadastro nos programas habitacionais. A Sehab busca cadastrar assentamentos que são considerados prioritários, a partir de determinação judicial. São casos de moradores que estão em áreas de risco ou apresentam alta vulnerabilidade social”, disse em nota a Sehab.

Barracos só servem para demarcar território: não mora ninguém ali

Barracos só servem para demarcar território: não mora ninguém ali

“Indústria de ocupações”
O Ministério Público define o MTST como uma “indústria de ocupações urbanas”. Quem adere ao movimento é identificado com um número, o mesmo pintado em sua barraca na data da invasão do terreno. Ao final de cada protesto ou assembleia, formam-se filas divididas conforme os blocos de cada área invadida para o registro de presença em cadernos. Quando o movimento não organiza assembleias nem atos, a lista é passada no final da tarde nos terrenos – nesse horário, as invasões costumam ficar cheias e, ao cair da noite, esvaziam.

As barracas, feitas de madeirite, lona e bambu, são montadas apenas para demarcar território e não para abrigar os sem-teto, já que a maioria paga aluguel ou mora em cômodos de familiares e conhecidos. O movimento proíbe os chamados “gatos” feitos em favelas para ter acesso à rede elétrica.

Uma serventia, ao menos, os barracos têm: viram garagem

Uma serventia, ao menos, os barracos têm: viram garagem

O MTST está estruturado em uma hierarquia piramidal. Segundo a cartilha publicada no site do movimento, os coordenadores das ocupações são subordinados aos coordenadores regionais, que por sua vez respondem aos estaduais. No topo, está o coordenador nacional, Guilherme Boulos. O grupo também conta com um núcleo de comunicação, responsável pela confecção de bandeiras e camisetas e por elaborar os gritos de ordem.

A invasão de imóveis privados é feita por meio de comboios que levam os sem-teto recrutados em outros terrenos invadidos. Com exceção da cúpula do MTST, os sem-teto não são informados previamente do endereço e devem manter os celulares desligados. São convocados pelo menos cem pessoas, incluindo idosos e crianças, para impedir uma ação de reintegração de posse imediata da Polícia Militar. Nos dias seguintes à invasão, militantes distribuem folhetos e carros de som circulam pela região convocando pessoas a aderirem à invasão.

Vista do bairro Nova Palestina: uma invasão sem gente, só com barracos de mentirinha

Vista do bairro Nova Palestina: uma invasão sem gente, só com barracos de mentirinha

Por Reinaldo Azevedo

Tags: Guilherme BoulosMTST

 

O tráfico volta a dar as cartas no Complexo do Alemão. Deu errado o que não tinha como dar certo

Enquanto o Brasil não aprender a lidar com o óbvio, o óbvio vai nos golear com mais facilidade do que a Alemanha enfrentando a Seleção de Felipão. Quem recorrer ao arquivo deste blog vai encontrar várias dezenas de textos sobre as UPPs, as tais Unidades de Polícia Pacificadora, um nome que nasceu torto, fruto de uma consciência torta para um programa não menos… torto. Notem: é claro que eu defendo, hoje como antes, que a polícia chegue ao morro. É claro que eu defendo, hoje como antes, que se faça o policiamento comunitário. Ocorre que parte do Complexo do Alemão, que conta com quatro UPPs, já está, de novo, entregue ao narcotráfico. Policiais admitiram à reportagem da Folha que não entram mais nos becos para evitar confrontos. Os tiroteios voltaram a ser diários. De janeiro a julho, oito pessoas morreram em confrontos — duas eram PMs. Na campanha eleitoral de 2010, como esquecer?, Dilma dizia que a política de segurança do Rio era um modelo e que ela pretendia adotá-la Brasil afora. Ainda bem que a presidente não é do tipo que cumpre o que promete…

Pois bem… O que sempre esteve errado com a política de segurança pública do Rio? Resposta: não prender bandidos, mas espantá-los. Com o tempo, nem isso foi necessário. Como escrevi aqui no dia 8 de setembro de 2011, o que se pediu a eles é que se comportassem. Mas sabem como são os criminosos. Nem sempre cumprem acordos, não é? O Rio de Janeiro continua lindo. Fazer presídios, por exemplo, pra quê? Se a política espanta-traficante tivesse chegado ao máximo de eficácia, todos os bandidos teriam deixado o Estado do Rio e migrado para São Paulo, Espírito Santo e Minas Gerais… Tenham paciência! Mas nem isso aconteceu. Eles se contentaram com Niterói mesmo…

É evidente que a vida melhorou em favelas em que o narcotráfico parou de andar de revólver e fuzil à mostra e em que não há mais risco de confronto entre facções. É evidente que os dias ficaram mais tranquilos nas “comunidades”, como se diz por lá, em que as UPPs ou soldados do próprio Exército são convidados a atuar como seguranças do narcotráfico, garantindo que não haverá guerra de quadrilhas ou enfrentamento com aquelas excrescências que são as milícias.

Mas isso basta? É o que o estado tem a oferecer à população? Um acordo de cavalheiros com o narcotráfico? A confissão de uma falência? Sim, boca de fumo tem em qualquer lugar. Mas não é em todo lugar que homens com fardas oficiais, de entes públicos, atuam, então, como pacificadores de gangues, garantindo a tranquilidade do poder paralelo instalado. Essa equação iria desandar. E desandou.

Há pobres, sim, nas favelas do Rio, mas não tão pobres que não saibam distinguir o bem do mal. É matéria de escolha. No fundo, é o mesmo mecanismo que nos permite distinguir amigo de inimigo ou escolher entre um sorvete de uva e um de framboesa. É que os “antropólogos” do asfalto adoram ver o pobre como um exótico.

Essa confusão entre “comunidade” e “bandidagem” tem um erro de origem: a suposição de que o marginal é uma vítima social. O Brasil tem tantas vítimas que eu gostaria de saber onde estão os algozes. Já notaram? Os traficantes, coitados!, são vítimas. Essas vítimas, por sua vez, vendem seu produto a outras vítimas: os que fumam e cheiram. Como diria o Apedeuta, “eu estou convencido de que” os vilões da história são, então, os que nem vendem nem cheiram pó e os que nem vendem nem fumam maconha…

É essa, como posso chamar?, ”conspiração das vítimas” que impede que se faça a coisa certa. É claro que prender mais supõe uma polícia mais eficiente e menos corrupta. Mas isso é parte de uma política de segurança pública, certo?

Dilma
Abaixo, eis um vídeo-propagada do PT, em que a companheira Dilma anuncia que as UPPs do Rio são o caminho. Transcrevo o que ela disse e volto em seguida.

“A gente considera que o resultado da política aqui, dessa parceria do governo federal com o governo estadual, aqui, com o governador Sérgio Cabral, ela construiu uma referência no que se refere (!!!) à… No que se refere basicamente à… estruturação de uma política de segurança através das Unidades de Polícia Pacificadora. É transformar territórios em guerra em territórios de paz (…). Em muitos estados, não transferiram os chefes do crime organizado para as penitenciárias de segurança máxima. Aqui foi transferido. Os daqui estão em Catanduvas, Campo Grande e Mossoró. Com isso, o que é que acontece? Você tira do presídio os líderes e os cabeças e impede que os presídios sejam transformados em plataformas do crime (…).

Bem, é a Dilma dos velhos tempos, com um raciocínio ainda mais confuso do que o de hoje e um vocabulário mais estreito. Mas está claro no vídeo, editado como propaganda, que a política de segurança de Sérgio Cabral era considerada exemplar.

Quatro anos depois, o Rio está em chamas. E não foi por falta de aviso. Não!, leitores, eu não acho que Cabral e José Mariano Beltrame, secretário de Segurança Pública, deveriam ter ouvido as minhas advertências. Penso que ambos, mais uma boa leva de bacanas que resolveram jogar os fatos no lixo, deveriam ter ouvido os apelos da lógica. A Internet presta uma grande contribuição à memória.

Pesquisem neste blog e em toda parte: durante uns bons anos, na grande imprensa, devo ter sido o único crítico da política de segurança do Rio. Apanhava que dava gosto — inclusive de muitos amigos cariocas! Alguns deles chegaram a se engajar numa pré-campanha para fazer de Beltrame candidato ao Prêmio Nobel da Paz. Sim, eu sei! Até Arafat ganhou o seu… Mas o ridículo em estranhos dói menos do que em pessoas que a gente ama ou admira, né?

O nome “polícia pacificadora” sempre me irritou porque carrega consigo uma óbvia impostura, mas também uma revelação involuntária. “Pacificar” quem exatamente? Pactos de paz se estabelecem entre inimigos beligerantes, postos em pé de igualdade e considerados igualmente legítimos. Cabe hoje, como sempre coube, a pergunta: quem está de cada lado? Então vamos estabelecer a “pax” entre a bandidagem e suas vítimas, é isso? Entre a lei e a não lei? Entre a sociedade de direito e o arbítrio do crime?

Sim, infelizmente, sempre se tratou exatamente disto: a polícia dita “pacificadora” traz na sua origem o reconhecimento de que existe certa legitimidade no banditismo. O que se cobrava dele é que fosse mais discreto; que não tiranizasse as populações do morro; que não as submetesse a uma disciplina escandalosamente de exceção; que não saísse matando desbragadamente; que fizesse o seu tráfico, mas com um pouco mais de decoro.

A receita desandou.

Por Reinaldo Azevedo

 

Liminar de Lewandowski lembra que existe liberdade de imprensa no Brasil: tentaram censurar VEJA.com e este blog

Na VEJA.com; Voltarei ao assunto mais tarde.
O ministro Ricardo Lewandowski, presidente em exercício do Supremo Tribunal Federal (STF), concedeu nesta quinta-feira liminar para suspender decisões da 44ª Vara Cível do Rio de Janeiro e do Tribunal de Justiça estadual que determinavam a remoção do site de VEJA de reportagem publicada em 8 de março de 2014 sobre o desaparecimento de parte do dinheiro arrecadado para a família do pedreiro Amarildo Dias de Souza. Em decisão individual, o ministro acolheu os argumentos da Editora Abril, que publica VEJA, e derrubou a mordaça.

A Justiça fluminense havia determinado a retirada do ar da reportagem “Cadê o (dinheiro do) Amarildo?” e da reprodução do texto e comentários sobre o tema no blog do jornalista Reinaldo Azevedo, sob pena de pagamento de multa diária. Tanto o juiz Gustavo Nascimento da Silva, da 44ª Vara Cível do Rio de Janeiro, que proferiu a decisão de 1ª instância, quanto a desembargadora Lúcia Helena do Passo, do TJ fluminense, tinham atendido a pedido do Instituto de Defensores de Direitos Humanos (DDH), presidido pelo advogado carioca João Tancredo.

Em recurso encaminhado ao STF no dia 21 de julho, a Editora Abril argumentou que as decisões judiciais contra a publicação da reportagem violam entendimento da própria corte sobre a liberdade de expressão, firmado em 2009 quando do julgamento que declarou inconstitucional a Lei de Imprensa, herdada da ditadura militar. Lewandowski fez parte da sessão histórica e expressou em seu voto, com clareza exemplar, a importância de se garantir o mais pleno direito à manifestação de pensamento.

Por se tratar de pedido em fase de liminar, a Editora Abril ainda não pôde apresentar argumentos sobre a veracidade das informações publicada nas reportagens. Com a retomada dos trabalhos do Poder Judiciário, o STF ainda vai analisar, em plenário, o caso. A relatora é a ministra Cármen Lúcia.

Censura prévia
O bloqueio ao acesso à reportagem de VEJA.com e ao post de seu colunista — agora revogado por Lewandowski — já havia representado um golpe na liberdade de imprensa. Mas outra liminar expedida pela Justiça fluminense foi além e instituiu uma espécie de censura prévia, prática explicitamente vedada pela Constituição. A juíza Andrea de Almeida Quintela da Silva deu provimento integral ao pedido de João Tancredo para não apenas remover uma nota de 8 de abril da coluna Radar on-line, de Lauro Jardim, que informou que a família de Claudia Silva Ferreira, morta arrastada por uma viatura policial, desautorizou o advogado carioca a representá-la na Justiça como também determinou que VEJA seja proibida, na internet ou no papel, “de autorizar ou promover quaisquer outras inclusões de igual teor”. A Editora Abril recorre da decisão.

Por Reinaldo Azevedo

 

Planalto pode ser impedido de editar Wikipédia

Por Renata Honorato, na VEJA.com:
Nesta semana, o jornal Folha de S.Paulo revelou que computadores instalados no Palácio do Planalto, sede do governo federal em Brasília, foram usados para editar artigos de políticos na Wikipédia – precisamente, a página do candidato do PT ao governo de São Paulo, Alexandre Padilha, que citava suspeitas de corrupção, foi alterada por servidores federais. As mudanças foram realizadas no ano passado, antes do início da campanha, mas o serviço colaborativo já se prepara para a enxurrada de edições tendenciosas que tradicionalmente ocorrem às vésperas de eleições, criando “perfis-pinóquio” de candidatos. A ação, que é comum no Brasil e exterior, é repelida por um exército de editores, que ao primeiro sinal de conflito de interesses reedita um texto na enciclopédia virtual. Em caso de reincidência, a Wikipédia não perdoa e bloqueia por tempo determinado o endereço IP (sequência de números que identifica um dispositivo em uma rede local ou pública) responsável pela mudança no termo.

Na prática, os computadores instalados no Palácio do Planalto podem ser impedidos de editar artigos da enciclopédia, caso a comunidade identifique alterações tendenciosas, que geralmente exaltam qualidades e omitem fatos de interesse público. Nos Estados Unidos, por exemplo, uma faixa de IPs da Câmara dos Deputados foi bloqueada por dez dias depois que a Wikipédia identificou que computadores da sede do governo americano tinham vandalizado artigos. Na ocasião, a página sobre a teoria da conspiração que diz ser falso o Programa Apollo e sua chegada à Lua, acusava o governo de Cuba de espalhar os boatos.

Segundo Katherine Maher, diretora de comunicação da Fundação Wikimedia, gestora da Wikipédia, o dono do IP em questão — o governo americano, no caso — já tinha sido notificado sobre as edições inapropriadas. Como aviso, o endereço chegou a ser bloqueado por um dia. As alterações continuaram a acontecer mesmo depois do alerta e, como castigo, a enciclopédia cancelou por dez dias qualquer edição feita a partir de um IP da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos. “A decisão partiu de um membro da comunidade Wikipédia em inglês. São eles que tomam as decisões com base nas políticas editoriais e só bloqueiam um acesso em casos extremos”, explicou a executiva ao site de VEJA.

Lucas Teles, estudante de medicina de 28 anos, é um dos administradores da Wikipédia em português. Teles vive em Salvador (BA) e desde 2008 colabora com a enciclopédia. “As edições tendenciosas acontecem com frequência. O que não é comum é identificar a origem do IP responsável pela mudança”, explica. De acordo com Teles, muitos endereços já foram bloqueados no Brasil por causa dessas alterações. “Caso recente é o do ex-senador mineiro Clésio Andrade (PMDB). Um IP relacionado ao político foi identificado por fazer mudanças sensíveis no artigo e isso fez com que o endereço fosse bloqueado por 45 dias”, conta Teles.

Katherine afirma que as políticas de edições variam de idioma para idioma, mas na maioria dos casos é proibido que um usuário edite seu próprio artigo ou que pessoas próximas a ele façam o mesmo. O objetivo, diz a diretora, é evitar conflito de interesse. “Claro que nem todos seguem à risca essa regra editorial. É por isso que de tempos em tempos vemos políticos alterando suas próprias páginas. Historicamente, o tiro sempre sai pela culatra quando um parlamentar, uma empresa ou celebridade tentar melhorar a sua imagem na Wikipédia. Os editores reeditam o artigo e a imprensa publica reportagens sobre a manobra”, diz a porta-voz da enciclopédia.

Para evitar que computadores instalados em sedes do governo sejam usados para modificar de forma inapropriada artigos na Wikipédia, programadores independentes criaram robôs que atualizam perfis no Twitter a cada alteração feita a partir de um IP do governo. “Essas contas já funcionam nos Estados Unidos, Rússia e Grã-Bretanha. Nada impede que alguém crie uma solução similar ao @congressedits para monitorar as edições feitas a partir do congresso ou senado brasileiros”, explica Katherine. E foi o que aconteceu dias após a revelação das edições do Planalto. A conta @brwikiedits no Twitter já está no ar e IPs do Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro), que fornece serviços de TI ao governo, são fiscalizados diariamente e publicados no microblog.

Oona Castro, consultora do Programa Catalisador da Wikimedia no Brasil, explica que funcionários de empresas, relações públicas de celebridades e assessores de políticos de todos os níveis da federação tendem a editar artigos na enciclopédia. “Se uma dessas pessoas edita uma página de maneira isenta, não há problema. A questão complica quando interpretam que a Wikipédia é uma plataforma de divulgação e quando querem omitir fatos já reportados em outras fontes ou incluir informações sem referência”, diz Oona. “Nesses casos, os editores mais experientes e ativos simplesmente reeditam os artigos.”

Por Reinaldo Azevedo

 

Suplicy, o falso sonso, circulou no Facebook como publicidade paga

Santo Deus! O senador Eduardo Suplicy, candidato a um, pasmem!, quarto mandato consecutivo no Senado — serão 32 anos se ele conseguir!!! —, me dá uma preguiça monumental. Se vocês procurarem em arquivo, verão o que penso de seu lado folclórico. Nada ali é espontâneo; tudo é calculado. Suplicy é o que a gente chama em Dois Córregos de “o falso sonso”, aquele que dá uma de “João Sem-Braço”; que, na prática, burla a boa-fé alheia quando semelha ser uma personagem quase poética, dotada de uma inocente ingenuidade. Nada disso é verdade! Tudo ali é calculado.

A que vêm essas considerações? Sabem a foto em que Suplicy aparece sustentando Alexandre Padilha nos ombros? Eu a republico. Volto em seguida.

Padilha nos ombros de Suplicy

Pois é… A postagem circulou no Facebook como publicidade paga. Um suposto “admirador” do senador, sabem?, resolveu fazer bombar uma postagem feita pelo petista no Facebook. Suplicy, ora vejam, diz não ter nada com isso. Sabem por quê? Trata-se de uma ilegalidade. A lei eleitoral proíbe publicidade paga na Internet.

Eu não sei se os outros candidatos ao Senado por São Paulo conseguiriam carregar nos ombros os respectivos candidatos ao governo de sua chapa. Nesse quesito, Suplicy deve mesmo estar na frente, né?

É uma tarefa inglória tentar saber o que Suplicy fez em 24 anos no Senado. Agora a gente já sabe: ele é capaz de carregar um homem nos ombros.

Por Reinaldo Azevedo

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Blog Reinaldo Azevedo, de VEJA

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2 comentários

  • Paulo Roberto Rensi Bandeirantes - PR

    Sr. João Olivi, as recentes “bombas” detonadas na mídia, referentes à CPI da PETROBRAS; penso e repenso, acho que um provérbio que calça como uma luva neste caso é: “Uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa”.

    Os ditos do provérbio vêm de encontro à realidade do contexto. Segundo repórteres experientes na lida no Congresso, afirmam “combinar perguntas é fraude habitual em CPIs, a diferença é que esta foi gravada. Em período eleitoral os ânimos se aquecem, mas deve-se “tirar o véu” da noticia. Na reunião onde foram gravadas as imagens, provavelmente eram todos integrantes da mesma quadrilha, porque foi feita a gravação e, qual o verdadeiro motivo desta ir parar em mãos alheias?

    Não existe aí um interesse em desvalorizar mais o Congresso? Não é “plantar” mais um defeito nos já desacreditados do País? Quem leva a melhor? Não é quem tem o “poder nas mãos”?

    DEVEMOS MATUTAR NO TEMPO CERTO !

    ....”E VAMOS EM FRENTE” ! ! !....

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  • Edison tarcisio holz Terra Roxa - PR

    nimguem sabia de nada só o governo inteiro hahahaha

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