PASSOU DAS MEDIDAS: GOVERNO FORA DA LEI QUER QUE CONGRESSO O AUTORIZE A JOGAR NO LIXO A CONSTITUIÇÃO

Publicado em 12/11/2014 06:04 e atualizado em 13/11/2014 13:14
por Reinaldo Azevedo, de veja.com

PASSOU DAS MEDIDAS: GOVERNO FORA DA LEI QUER QUE CONGRESSO O AUTORIZE A JOGAR NO LIXO A CONSTITUIÇÃO

Dilma Coreia do Norte

Meus caros, o assunto é meio chato, com aquela numerália toda, mas é importante. Vou falar aqui de um governo fora da lei.

As gestões de Miriam Belchior e Guido Mantega à frente, respectivamente, dos ministérios do Planeamento e da Fazenda foram tão ruinosas porá o país que mereciam, sim, ser coroadas com a patuscada desta terça-feira. O governo enviou ao Congresso uma revisão da Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2014 — sim, estamos em meados de novembro — que simplesmente não prevê meta fiscal nenhuma. Dilma quer uma carta branca do Congresso. Dilma pensa que é Kim Jong-un, o ditador da Coreia do Norte. Em matéria de Orçamento, ela promete fazer o máximo e pronto! Tá bom pra vocês? Eis aí a mandatária que disse em entrevista recente que pretendia fazer a lição de casa. Há muitos anos não se via um padrão tão baixo de governança pública. Vamos entender algumas coisinhas.

A Lei de Diretrizes Orçamentárias, conforme estabelece o Artigo 165 da Constituição, compreenderá “as metas e prioridades da administração pública federal, incluindo as despesas de capital para o exercício financeiro subsequente, orientará a elaboração da lei orçamentária anual, disporá sobre as alterações na legislação tributária e estabelecerá a política de aplicação das agências financeiras oficiais de fomento.” É coisa importante. Deveria ser ao menos.

O Executivo tem de mandar a proposta de LDO ao Congresso até o dia 15 de abril, e a ela tem de ser aprovada até 30 de junho — ou o Parlamento nem entra em recesso. Será que o governo pode simplesmente mandar a LDO às favas, prometer superávits que não cumpre, ignorar prioridades aprovadas pelo Poder Legislativo, manobrar os números como lhe der na telha?

Se a lei serve para alguma coisa, a resposta é não! A Lei 1.079 é explícita na Alínea 4 do Artigo 10. É crime de responsabilidade “Infringir, patentemente, e de qualquer modo, dispositivo da lei orçamentária.” E é precisamente isto o que está a fazer o governo Dilma, nos estertores do seu primeiro mandato. Sim, estamos falando de um governo fora da lei. Só para lembrar: se a Câmara aceita uma denúncia de crime de responsabilidade contra o chefe do Executivo, ele é obrigado a se afastar do poder.

Sigamos com a legislação. O Artigo 2º da Lei 12.919 Lei 12.919, que é a da LDO de 2014, estabeleceu que o governo faria um superávit primário neste ano de R$ 116,072 bilhões. Já era um número para inglês ver porque o Artigo 3º desse mesmo texto permitia que essa meta pudesse ser reduzida em até R$ 67 bilhões, valor relativo ao Programa de Aceleração do Crescimento e a desonerações de tributos. Na prática, portanto, o superávit obrigatório passou a ser de R$ 49,072 bilhões. Que já havia sido estropiado, diga-se, porque o governo já havia reduzido esse montante com outros abatimentos da ordem R$ 35 bilhões. Logo, o superávit que se buscava, na prática, era de R$ 14,72 bilhões. Acontece que, nos nove primeiros meses do ano, a gestão Dilma conseguiu foi produzir um déficit primário de R$ 15,7 bilhões.

Então chegou a hora de fazer a mágica. Prestem atenção para o truque vigarista: em vez de descontar apenas R$ 67 bilhões daquela meta inicial de R$ 116,072 bilhões, o governo enviou uma emenda à LDO que permite o desconto de total gasto com o PÀC e com as desonerações, o que somava, até outubro, R$ 130,4 bilhões. É claro que esse valor vai aumentar.

Entenderam como se faz uma mágica contábil e se transforma déficit em superávit? Sim, ouvinte, note que, até outubro, PAC e desonerações já somam um valor maior do que aquilo que deveria ter sido economizado. Estima-se que esses dois itens, somados, possam chegar a R$ 167 bilhões em dezembro. Pelo novo critério, o governo pode chamar isso de superávit, embora a dívida pública não tenha sido abatida em um tostão.

Um país não pode permitir um governo fora da lei. O Brasil sairia ganhando se Dilma admitisse o déficit. Ao Congresso, restaria fazer a esta altura o quê? Teria de aprovar a emenda à LDO. É claro que seria um desgaste político, mas o governo se pareceria menos com um circo mambembe. O que não é aceitável é a mentira.

É assim que Dilma pretende recuperar a confiança dos agentes econômicos? O governo enviou uma proposta ao Congresso pedindo autorização para jogar no lixo o Artigo 165 da Constituição. Se a proposta for aprovada, entendo, cabe recorrer ao Supremo com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade. E Dilma, de resto, incorre em crime de responsabilidade, conforme dispõe a Lei 1.079. Estou sendo muito severo? Não! O governo é que passou de todas as medidas.

Assuma o déficit, presidente! Admitir o vexame não é vexame maior do que perpetrá-lo, tentando, adicionalmente, ignorar a Constituição.

Por Reinaldo Azevedo

 

Novo drible fiscal do governo é ‘balde de água fria’ para 2015, dizem economistas

Por Luis Lima e Naiara Infante Bertão, na VEJA.com. Voltarei ao assunto.
A proposta de mudança na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) apresentada pelo governo nesta terça-feira foi encarada com frustração por economistas e analistas de mercado. Caso seja aprovada no Congresso, a medida retira o limite para que sejam abatidos da meta fiscal os gastos com o PAC e as desonerações. O valor teto, atualmente, é de 67 bilhões de reais. A meta de superávit fiscal é a economia que o governo deve fazer anualmente para o pagamento dos juros da dívida. Uma forma de, digamos, economizar menos, é tirar da conta os gastos com o PAC e as desonerações. Com o limite para abatimentos, o governo se via forçado a fazer esforço fiscal. Sem ele, terá mais espaço para gastar.

Tudo indica que o governo conseguirá aprovar as mudanças, tendo em vista que a base aliada já foi convocada pelo presidente em exercício, Michel Temer, para votar a favor. Segundo especialistas ouvidos pelo site de VEJA, a medida joga um “balde de água fria” nos que tinham qualquer expectativa que o ano de 2015 pudesse trazer maior credibilidade fiscal. Com a nova manobra, o governo pode acumular um déficit primário até o final do ano e usar esse desconto do PAC e das desonerações, que soma 130 bilhões de reais, para anular o fato de não ter economizado. “Isso é muito ruim, pois mostra que o governo não avaliou todos os riscos dessa politica de conceder desonerações. Elas começaram em 2009 de forma modesta, com a crise, e se seguiram desde então. O governo não soube avaliar os riscos envolvidos, e seguiu na armadilha. Ele não tem receita primária suficiente para pagar todos os compromissos, inclusive os juros da dívida pública. É um péssimo sinal para os credores dessa dívida, pois mostra que a capacidade de pagamento, a solvência, é preocupante”, afirma o economista Gabriel Barros, da Fundação Getulio Vargas (FGV).

A avaliação dos economistas é de que, por mais que as contas fechem no azul, a qualidade do resultado será muito pior. “É um precedente ruim para o ano que vem. Esses sinais contraditórios de longa data criam essa espiral negativa de credibilidade”, diz Barros. Para o economista Raul Velloso, um dos maiores especialistas em contas públicas do país, a medida é mais uma forma de jogar a meta fiscal “no lixo”. “O que o governo fez foi o seguinte: pegou o termômetro, mediu a febre e, em vez de enfrentar a doença, jogou o termômetro no lixo”, diz. Desde o início do governo Dilma, o economista bate na mesma tecla: seria melhor assumir uma meta fiscal mais baixa, mas crível, do que enganar o mercado com metas impossíveis para um governo que se mostra incapaz de fazer ajuste fiscal. “É um problema de postura que contamina a gestão não só hoje, mas também no futuro”, afirma.

Os economistas concordam que a situação fiscal do Brasil não é a pior da história, mas temem que possa haver problemas graves devido à falta de confiança que medidas como essa possam suscitar nos credores da dívida. “É fundamental uma boa sinalização, porque interessa a muitos as expectativas das trajetórias. É preciso sinalizar metas críveis para que as expectativas se cumpram”, afirma Lauro Gonzalez, professor de Finanças da FGV.

Se aprovada, a mudança deve impactar, também, nas expectativas das agências de classificação de risco em relação ao Brasil. “Toda mudança brusca, ainda mais se tratando de meta e projeções, tem de estar atrelada à credibilidade daquele governo. Quando a projeção não se mostra verdadeira, a credibilidade fica reduzida”, afirma o advogado Fernando Vianna, do escritório Siqueira Castro. A nota de crédito brasileira tem perspectiva negativa, o que significa que o país pode perder o grau de investimento na reavaliação de nota feita pelas agências em 2015. O principal fator para a mudança de perspectiva da nota no primeiro semestre deste ano foi a conduta fiscal do governo Dilma. As agências pedem uma sinalização de ajustes. O que receberam, até agora, foi o contrário.

Por Reinaldo Azevedo

 

O TCU e o tamanho do escândalo na Petrobras: não vamos misturar alhos com bugalhos. Ou: Um Brasil que se move nas sombras. Ou ainda: Tribunal alertou o governo, e nada aconteceu

Augusto Nardes, presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), afirmou que o escândalo da Petrobras — ou a soma de escândalos — é o maior jamais apurado pelo tribunal. Ele nem precisava ter dito isso, é claro! Nós já sabíamos! E, convenham, isso é o que veio a público até agora. O conjunto soma R$ 3 bilhões. Eis aí a evidência de que os ladrões perderam a modéstia no Brasil, não é mesmo?

Atenção: nesses R$ 3 bilhões não estão os US$ 792 milhões — sim, setecentos e noventa e dois milhões de dólares — de prejuízo com a desastrada compra da refinaria de Pasadena. O ministro se refere a irregularidades constatadas nas refinarias Abreu e Lima; em Pernambuco; Duque de Caxias (Reduc), no Rio; e Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), no Paraná.

Atenção! É bom não confundir alhos com bugalhos. O Decreto 2.745, de 1998, permite à Petrobras contratar empresas na modalidade “convite”, sem se subordinar à Lei de Licitações. O TCU já multou a estatal várias vezes, que fez o óbvio: recorreu ao Supremo. Afinal, existe uma lei que permite o procedimento. A questão está parada no STF.

Os R$ 3 bilhões apontados pelo tribunal nada têm a ver com essa questão que envolve a Lei de Licitações. A soma apontada por Nardes diz respeito a evidências de outras irregularidades. Não custa lembrar que, segundo depoimentos de Paulo Roberto Costa e Alberto Youssef, Abreu e Lima era um dos empreendimentos, digamos, favoritos da quadrilha.

Avisou
Na entrevista coletiva que concedeu, Nardes diz ter advertido o governo sobre as irregularidades na Petrobras. Citou explicitamente o nome da então ministra Gleisi Hoffmann como uma das interlocutoras. Nada foi feito. Gleisi, não custa lembrar, é acusada de ter recebido R$ 1 milhão do esquema para financiamento de campanha. Ainda na gestão Lula, o tribunal recomendou a suspensão de recursos para as refinarias Abreu e Lima e Comperj. O parecer foi aprovado pelo Congresso, mas Lula vetou e mandou tocar as obras. O resultado está aí. Só nesses dois empreendimentos, as irregularidades apontadas chegam a R$ 2 bilhões. 

De fato, caros leitores, nunca antes da história deste país houve uma roubalheira nessa dimensão. Já se sabe, também, que mensalão e petrolão eram duas das cabeças da hidra. Por que a gente deveria supor que o padrão de governança em outras estatais era diferente? Afinal, as nomeações para cargos de confiança obedecem à mesma lógica política. E sempre nos cabe a pergunta óbvia, de resposta igualmente óbvia: por que um partido político faz tanta questão de ter a diretoria de uma estatal? Que tipo de, digamos, cultivo ideológico ele pode fazer por lá? Ninguém dirige uma estatal para divulgar ideias, não é mesmo?

O escândalo pantagruélico da Petrobras evidencia que existe um país que se move nas sombras. E agora Dilma Rousseff e Gleisi Hoffmann devem explicações: foram ou não foram alertadas pelo Tribunal de Contas da União..

Por Reinaldo Azevedo

 

Caso Petrobras é o maior escândalo apurado pelo TCU, diz presidente do tribunal

Na VEJA.com:
O presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), ministro Augusto Nardes, afirmou nesta terça-feira que as irregularidades encontradas até agora em obras da Petrobras somam 3 bilhões de reais. O valor inclui o prejuízo apurado na compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, e em empreendimentos como o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) e as refinarias Abreu e Lima; em Pernambuco; Duque de Caxias (Reduc), no Rio de Janeiro; e Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), no Paraná. Segundo Nardes, o caso Petrobras é “o maior escândalo da história do TCU” dados os vultosos valores envolvidos.

Outros casos
Em meio à crise, o presidente da corte tenta destravar a fiscalização de obras da Petrobras, bloqueada por causa de 19 liminares concedidas pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Há duas semanas, Nardes se reuniu com o presidente do Supremo, ministro Ricardo Lewandowski, e pediu agilidade no julgamento desses casos, que discutem o cumprimento da Lei de Licitações pela petroleira. O ponto central da discussão é o Decreto 2.745, de 1998, que permite à Petrobras fazer contratações pela modalidade “convite”, sem obedecer aos critérios da Lei de Licitações. Em vários processos, o TCU multou a estatal por não seguir as normas previstas na legislação. A Petrobras recorreu ao Supremo, que suspendeu a aplicação das multas pelo tribunal de Contas.

Segundo Nardes, Lewandowski se comprometeu a pautar a discussão sobre as liminares envolvendo a Petrobras em breve. Além da conversa com o presidente do STF, Nardes também já falou sobre o assunto com Gilmar Mendes, ministro do Supremo, que também manifestou intenção de julgar os processos.

As declarações de Nardes foram dadas em almoço com a imprensa no qual ele apresentou o projeto de governança pública da corte. No próximo dia 17 de novembro, o tribunal entregará a todos os governadores eleitos do país um livro com um “raio-x” de cada Estado nas áreas prioritárias da administração. No evento, batizado “Pacto pela governança: um retrato do Brasil”, será distribuído um livro com os pontos a serem observados para uma boa gestão pública.

Por Reinaldo Azevedo

 

CPI DA VERGONHA – PSDB aprende, na prática, que acordo de procedimento com o PT é uma roubada

Pois é, pois é… Se ainda há oposicionistas que alimentam a ilusão de que algum acordo é possível com o PT, nem que seja de procedimento, podem tirar o cavalo da chuva — ou botar o burro na sombra, numa metáfora mais apropriada. Por que começo assim? Na semana passada, o deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP) aceitou fazer um acordo de procedimento com os governistas para não convocar políticos na CPMI da Petrobras, concentrando as convocações nas pessoas que exerceram cargos na estatal e subsidiárias. Não se tratou de nenhuma combinação escusa. É certo que a eventual convocação de nomões não resultaria em grande coisa, e seria razoável dar prioridade aos supostos operadores do esquema.

Acontece que a boa-fé da oposição ficou solteira. De fato, os petistas e governistas em geral não querem convocar ninguém. Em mais uma manobra vexaminosa, esvaziaram a sessão e impediram a convocação de Sérgio Machado, presidente licenciado da Transpetro, e de Renato Duque, ex-diretor de Serviços. Paulo Roberto Costa acusa o primeiro de lhe ter repassado R$ 500 mil em propina. Tanto Costa como Youssef sustentam que Duque era o homem do PT na Petrobras — vale dizer: segundo sustenta a dupla, era ele que cuidava pessoalmente da propina amealhada pelo Partido dos Trabalhadores.

Muito bem! O esvaziamento da comissão impediu a convocação de ambos. Acho que o deputado Carlos Sampaio aprendeu, na prática, que não existe acordo civilizado nessa área. Que todos os requerimentos sejam postos em votação. Se o governo não quer a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) e o ministro Paulo Bernardo (Comunicações) na comissão, que arque com o esforço de impedir a convocação. Não precisa contar com a ajuda da oposição, nem que seja de boa-fé.

Reitero: na semana passada, os tucanos não participaram de nenhuma conspirata para impedir a convocação de políticos. Em tese, a decisão tomada era mesmo a mais racional. Mas aí há o joguete político. Da forma como a coisa chegou à opinião pública, ficou parecendo que todos se uniam para assar uma pizza. E a pizza, por óbvio, hoje, só interessa ao governo.

Por Reinaldo Azevedo

 

Governo joga pesado e impede trabalhos de CPI

Por Gabriel Castro, na VEJA.com:
O governo usou todas as armas para barrar os trabalhos da CPI da Petrobras nesta terça-feira. Inicialmente, a base aliada esvaziou a primeira parte da reunião, na qual seriam votados os requerimentos de convocação de Sérgio Machado, presidente licenciado da Transpetro, e de Renato Duque, ex-diretor de Serviços da estatal. Depois, os parlamentares assistiram ao depoimento de uma testemunha que nada tinha a dizer e que havia sido convocada a pedido do PT: o gerente de contratos da empresa, Edmar Figueiredo. Por fim, quando o quórum estava completo e a oposição se preparava para a abertura de uma reunião extraordinária na qual seriam votados requerimentos de convocação de petistas, a Ordem do Dia do Senado teve início surpreendentemente cedo e o presidente da CPI, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), encerrou os trabalhos de forma incomum – a oposição pedia que a sessão fosse apenas suspensa, o que tornaria possível a votação dos requerimentos ainda nesta terça-feira.

A articulação governista ficou clara desde o início dos trabalhos. A programação era a de que a reunião seria aberta com a votação de requerimentos, e que depois os parlamentares ouviriam Edmar Figueiredo. Mas os aliados esvaziaram o quórum para impedir as deliberações. Não havia parlamentares do PT – à exceção de Afonso Florence (PT-BA), encarregado de fazer as perguntas ao depoente do dia por conta da ausência do relator Marco Maia (PT-RS). Por causa do baixo quórum, o presidente da CPI deu início à oitiva de Figueiredo.

A oposição criticou a manobra e o deputado Enio Bacci (PDT-RS) fez uma revelação: ele contou ter recebido “sete ou oito” pedidos de integrantes de seu partido e de outros parlamentares governistas para que não comparecesse à CPI – com a ameaça de que seria destituído de seu lugar na comissão. “É revoltante a forma como isso ocorreu. Em vinte anos, é a primeira vez em que houve uma pressão tão escancarada para que eu não comparecesse a uma CPI”, disse ele. O deputado não quis dar os nomes dos seus interlocutores: “Quem fez essa pressão não fez por vontade própria, mas vez pressionado por forças maiores, que são as forças do governo”, afirmou.

Depoimento vazio
O depoimento de Edmar Figueiredo não trouxe qualquer novidade. Ele reconheceu que está apenas na quarta linha decisória da estatal e afirmou que não poderia responder a qualquer pergunta sobre as denúncias envolvendo a SBM Offshore, que é investigada por pagar propina a funcionários da Petrobras.

“O nobre depoente não consta no organograma da Petrobras. É óbvio que não sabe de nada e veio aqui cumprir tabela”, disse o deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS). Após a morosa e improdutiva sequência de perguntas de Afonso Florence, a oposição anunciou que abriria mão de indagar Edmar Figueiredo e, já que o quórum havia sido formado, cobrou a abertura de uma sessão extraordinária – o que o regimento permite. O deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP) pretendia que a CPI votasse a convocação do tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, da senadora Gleisi Hoffmann e do ministro das Comunicações, Paulo Bernardo. Os três são citados pelo doleiro Alberto Yousseff como beneficiários do esquema de desvios na estatal.

Encerramento
A possibilidade de uma sessão extraordinária passou a ficar distante quando o plenário do Senado deu início à ordem do dia. O líder do governo, Humberto Costa (PT-PE), chegou à CPI e informou a Vital que a chamada para votação em plenário havia se iniciado. O peemedebista encerrou os trabalhos da CPI sem ouvir os oposicionistas, que pediam uma simples suspensão da sessão. Isso permitiria a retomada da reunião ainda nesta terça-feira.

Vital, que é cotado para um cargo no Tribunal de Contas da União, deixou a sala rapidamente e apresentou uma explicação confusa quando interpelado pela imprensa: “A mim não podem imaginar que está ou não com manobra.

Eu tenho é que conduzir os trabalhos e eu conduzo com a extrema rigidez do regimento interno”. O peemedebista deixou o local quando três deputados oposicionistas se aproximaram para protestar.

“Não pode fugir, não, tem que responder sobre esta farsa montada pelo senador Vital do Rêgo e pela base do governo”, dizia Rubens Bueno (PPS-PR). “Ele lamentavelmente abriu mão de uma biografia positiva para servir ao governo numa manobra menor”, afirmou Lorenzoni.

A próxima reunião da CPI será na terça-feira. A oposição promete brigar para aprovar novas convocações apesar do prazo exíguo. A comissão vai funcionar até o dia 22 de dezembro. Com a troca na legislatura, será preciso abrir outra CPI para continuar as investigações a partir de 2015.

Por Reinaldo Azevedo

 

Marta, um pote até aqui de mágoa. Ou: Ministério pode voltar para as mãos de… Capilé!

Dilma vai devolver o capilé da Cultura ao Capilé? É bem possível!

Dilma vai devolver o capilé da Cultura ao Capilé? É bem possível!

Marta Suplicy, a agora ex-ministra da Cultura, continua um pote até aqui de mágoa. Mesmo tendo recebido a pasta como prêmio de consolação, o ressentimento por ter sido preterida na disputa pela Prefeitura de São Paulo, em 2012, não passou. Mas há algo estranho. Foi Lula, não Dilma, quem impôs Fernando Haddad na base do dedaço. Ainda assim, Marta chegou a esboçar um movimento “Volta, Lula”, quando a presidente não ia muito bem das pernas. Aí quem ficou magoada foi Dilma.

A senadora se demitiu por carta, quando a presidente está fora do país, em viagem ao Catar. Não é um jeito muito elegante de agir. Em favor de Marta, tenho ao menos uma coisa positiva a dizer: ela não sabe fingir. Carrega, ademais, um traço, digamos, de classe, meio senhorial. Se é para demonstrar descontentamento, demonstra mesmo. Fim de papo!

O tom da carta também surpreende. Leiam este trecho:
“Todos nós, brasileiros, desejamos, neste momento, que a senhora seja iluminada ao escolher sua nova equipe de trabalho, a começar por uma equipe econômica independente, experiente e comprovada, que resgate a confiança e credibilidade ao seu governo e que, acima de tudo, esteja comprometida com uma nova agenda de estabilidade e crescimento para o nosso país. Isto é o que hoje o Brasil, ansiosamente, aguarda e espera”.

As palavras fazem sentido. Marta está dizendo que a atual equipe não é nem independente nem competente, no que tem razão — convenham! — e que a confiança e a credibilidade estão em baixa, o que não requer comprovação porque autoevidente.

Ela volta ao Senado para mais quatro anos de mandato. Qual será o seu papel? A esta altura, não está claro. Não vive às mil maravilhas com Rui Falcão, presidente do partido, que já foi seu aliado. Tem, sim, a pretensão de disputar com Fernando Haddad o lugar na chapa do PT para a Prefeitura em 2016 — e é evidente que ele vai concorrer à reeleição, já que conta com 98% dos votos nas redações e com o apoio arreganhado de amplos setores da imprensa, o que confere sempre uma boa largada. Jornalistas são bichos criativos e conseguem até achar bicicletas na sua única obra de vulto: as ciclofaixas…

Se Haddad parecia jogar a favor da renovação de quadros em São Paulo, Alexandre Padilha pode ter demonstrado o contrário. Marta vai tentar disputar cargos executivos, sim! Fossem outras as circunstâncias, poder-se-ia dizer que está voltando para o Senado para enfrentar uma dupla tucana de peso: José Serra e Aloysio Nunes. Mas não parece — não por enquanto ao menos — que ela esteja reassumindo seu posto com uma delegação de Dilma.

Fora do Eixo em ação
É grande a chance de Dilma devolver o Ministério da Cultura a Pablo Capilé, aquele notório rapaz que diz coisas incompreensíveis sobre assuntos a respeito dos quais não sabe nada, mas com grande eloquência. Ele é o chefão do tal “Fora do Eixo”, que recebe farto financiamento de estatais e, entre outras delicadezas, chega a confessar que explora uma modalidade de trabalho análogo à escravidão. No blog, vocês encontram farto material a respeito.

Capilé tem o que poderia ser definido como um “laranja político”: é Juca Ferreira, atual secretário da Cultura da cidade de São Paulo, que já foi ministro. O saliente Capilé apareceu na propaganda eleitoral de Dilma, é claro, revelando que nunca foi o que nunca foi: só um militante independente da cultura. É… A tal “Mídia Ninja” anda meio por baixo. Precisa mesmo do capilé estatal. Quanto a Ferreira, dizer o quê? Entre ele continuar secretário da Cultura de São Paulo e virar ministro em Brasília, prefiro a segunda alternativa. Assim, ele fica mais longe da cidade em que moro. Também tenho o meu lado egoísta.

Por Reinaldo Azevedo

 

Marta e Dilma: porque o copo entornou

Dilma e Marta: sorriso é coisa do passado

Dilma e Marta: sorriso é coisa do passado

De acordo com dois ministros petistas, pelo lado de Marta Suplicy a relação entre ela e Dilma Rousseff azedou de vez na noite de 15 de setembro, em plena campanha eleitoral.

Naquela noite ocorreu no Teatro Casagrande, no Rio de Janeiro, um encontro de artistas  e intelectuais que apoiavam a presidente. Marta foi e Dilma, claro, também estava lá. Quem apareceu lá também foi Juca Ferreira, antecessor de Marta.

Juca foi aplaudidíssimo. Teve até o nome dele gritado pela plateia. Já Marta recebeu palmas quase inaudíveis quando foi citada em discursos.

Desde então Marta fechou a cara e, sabe-se lá porque, atribuiu a Dilma a desfeita. E ruminou o ressentimento.

Só que Dilma nem tinha porque tentar ajudar sua ministra da Cultura em nada. Marta foi, no ministério, a porta estandarte mais ativa do Volta, Lula no primeiro semestre.

Ou seja, a carta de ontem foi apenas a segunda paulada que Marta deu em Dilma. Antes, teve oVolta, Lula.

Por Lauro Jardim

 

Aécio e Marta

aécio

Carta digna de oposição

A propósito, depois do que Marta Suplicy fez ontem ao divulgar sua carta de demissão, o senador Aécio Neves terá que subir o tom como líder da oposição. Senão, parecerá muito light em comparação a Marta.

Por Lauro Jardim

 

A Gilbertinha

Vai esperar Sarney chegar?

Marta torceu pelo “Volta, Lula”

A carta de demissão entregue por Marta Suplicy hoje complicou de vez sua vida no PT. Deverá ser tratada a pão e água pelo partido no Senado. Em linguagem política: nada de comissões de visibilidade ou de relatoria de assuntos importantes. Entre os senadores, aliás, o fogo amigo de Marta lhe rendeu um apelido: a Gilbertinha.

Por Lauro Jardim

 

Conexão Venezuela

Resposta pronta

Nunes quer saber sobre acordo entre MST e Maduro

Aloysio Nunes Ferreira está convidando o embaixador da Venezuela, Diego Molero, para comparecer à Comissão de Relações Exteriores do Senado para que explique o acordo assinado entre o MST e o governo Maduro “para troca de experiências entre a entidade e o país vizinho na área de agroecologia”.

Por Lauro Jardim

 

 

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Fonte:
Blog Reinaldo Azevedo (VEJA)

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1 comentário

  • Paulo Roberto Rensi Bandeirantes - PR

    Sr. João Olivi, estou com comichões, o desenrolar desta operação Lava Jato está desenhando um final que remete a outro esquema famoso: O “Mensalão”.

    Calma, não estou me referindo as penas “água com açúcar” que os condenados estão cumprindo nas suas residências, no conforto obtido com o “sangue dos brasileiros”. Sim, digo isto, pois muitos não se lembram mais dos “desvios” no DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte) e de “outros desvios”, mas a realidade é que 980 Mil brasileiros morreram em acidentes no trânsito em 2013, porque?

    A Operação Lava Jato, nesta fase de delação premiada, tornou-se um verdadeiro tsunami. O empresário Ricardo Villani, dono da agência de propaganda e marketing Muranno Brasil, entregou e-mails trocados com pessoas da Petrobrás entre 2006 e 2009; que reforçam a citação de Youssef, sobre a ordem de pagamento à Muranno, dada pelos presidentes da Petrobrás e da REPÚBLICA.

    Aí que entra o “mensalão”, o ex-herói do povo brasileiro (José Dirceu) foi julgado e condenado pelo STF pela adoção inédita da “teoria do domínio do fato”.

    Estou “queimando velas”, para que:

    “A HISTÓRIA SE REPITA” !

    ....”E VAMOS EM FRENTE” ! ! !....

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