SARDENBERG: A Petrobras já está sendo privatizada desde a época de Graça Foster — com alienação do patrimônio para pagamento de

Publicado em 05/04/2015 20:27
Blog de Augusto Nunes, em veja.com

SARDENBERG: A Petrobras já está sendo privatizada desde a época de Graça Foster — com alienação do patrimônio para pagamento de dívidas

(Foto: AP)

Levy e Dilma: um ortodoxo recrutado para salvar o governo. Ele respeita e ouve os mercados, mas ela diz que não governa com “especuladores”  (Foto: AP)

PRIVATIZANDO NA BACIA DAS ALMAS

Artigo de Carlos Alberto Sardenberg publicado no jornal O Globo

Carlos-Alberto-Sardenberg1Não faltam manifestações a favor da Petrobras e contra sua privatização. O PT, sindicatos e associações de petroleiros atribuem a sanha privatista às elites e aos mercados.

Mas a Petrobras já está sendo privatizada, e isso desde a época de Graça Foster. Chamam a operação de “vender ativos” ou “desinvestimento”, mas o nome é privatização na forma mais clássica: alienar patrimônio para pagar dívidas e fazer caixa…

E mais: privatizam no pior momento. A estatal, superendividada, está desesperada atrás de caixa; o petróleo está em baixa forte e, parece, duradoura, o que desvaloriza todos os ativos do setor. Privatizam na bacia das almas.

Parece ser a sina dos desenvolvimentistas: obrigados a tocar políticas ortodoxas para corrigir os estragos causados por suas políticas supostamente desenvolvimentistas. Com uma agravante: são estranhos à ortodoxia, não a estudaram, não a praticaram, acabam fazendo tudo mal feito.
Pensaram no atual momento do governo Dilma?

Pois é isso mesmo, com uma diferença importante. A presidente chamou um legítimo ortodoxo, assim celebrado no Brasil e lá fora, para tocar esse serviço.
Para quem considera que o ajuste é necessário, trata-se de uma vantagem. Mas os conflitos são inevitáveis.

A presidente e ministro Levy até que se esforçam para não criar atritos e/ou para desarmar os que aparecem. Mas toda vez que uma ou outro fala espontaneamente, quando deixam fluir as ideias, dá trombada.

Levy respeita e ouve os mercados. Dilma diz que não governa para especuladores. O ministro considera que o ajuste das contas públicas é questão de princípio, que não há vida sem equilíbrio fiscal e monetário. Dilma acha que o ajuste é um atalho, um mal necessário para um problema momentâneo.

Levy escreveu diversas vezes sobre os equívocos da política do Dilma-1. Previu os desastres quando disse, por exemplo, que o crescimento dos salários sem ganhos de produtividade levaria fatalmente ao aumento do déficit das contas externas e da inflação. Dilma acha que o crescimento dos salários é seu mérito e que os problemas vieram não disso, mas da crise internacional.

Levy tem dito que a crise já acabou. Dilma ainda sustenta que a Europa está estragando tudo com sua austeridade.

Então, poderão perguntar, por que a presidente aplica aqui a mesma austeridade? Não é a mesma, sustenta a presidente. Lá é questão de princípio, aqui é mal passageiro.

Levy disse que a alta de salários sem ganhos de produtividade aperta o lucro das empresas, o que não é bom, porque estas param de investir. Dilma acha que o ajuste tem que ser mais em cima das empresas.

Levy diz que os bancos públicos vão elevar suas taxas de juros, as taxas que Dilma mandara derrubar.

Levy quer um amplo programa de privatização de estradas, portos, aeroportos, para o qual considera que as tarifas devem ser atraentes, ou seja garantir o bom lucro dos investidores. Para Dilma, o mais importante é a tarifa baixa.

Mentiricídio

Muita gente no governo diz que Levy comete sincericídio. Querem, pois, que cometa mentiricídios.

Ele não tem feito isso, mas dá umas voltinhas. Por exemplo: diz que o ajuste das contas públicas tem como objetivo o crescimento econômico. Não é bem assim. Difícil ter crescimento sustentado com desajuste das contas públicas. Mas contas em ordem não garantem crescimento. É perfeitamente possível ter orçamento equilibrado e estagnação.

O que garante crescimento é investimento, especialmente em infraestrutura e, no nosso caso, via privatizações — quer dizer, perdoem, concessões.

Bom para a China

A política externa da China tem um grande objetivo: garantir o abastecimento de comida, matérias primas e petróleo. Na outra mão, abrir e consolidar mercado para seus produtos industrializados.

Com enorme poupança, a China paga adiantado e assim financia a produção do que vai receber lá na frente. A petroleira que recebe o financiamento fica amarrada ao credor por muitos anos.

Com a Argentina, a China fez um monte de acordos desse tipo, de financiar a troca de alimentos por industrializados. A Argentina está sem acesso aos mercados internacionais de crédito e assim se agarra ao dinheiro chinês.

Por isso, a Petrobras precisa explicar muito bem como foi esse acordo pelo qual vai receber US$ 3,5 bilhões do Banco de Desenvolvimento da China.

Não pode

Parece que a gente está anestesiado diante de tanto malfeito. Mas convém reparar: o presidente da Vale, Murilo Ferreira, não pode ser o presidente do Conselho de Administração da Petrobras.

As duas têm negócios e operações conjuntas que podem levar a conflito de interesses. Além disso, a Vale tem um pé no governo – ou o governo tem um pé na Vale. E tudo bem com o mesmo executivo como chairman e CEO das duas maiores companhias?

Vejam como, sem papas na língua, há um senador de oposição que diz claramente que Dilma deve renunciar

LYA LUFT: Que o Brasil seja salvo do naufrágio pela manifestação do dia 12

(Ilustração: Boatus.com)

(Ilustração: Boatus.com)

NO FUNDO DO MAR

Artigo publicado em edição impressa de VEJA

Lya LuftO Brasil naufraga. A cada dia a situação brasileira muda – em alguns aspectos geralmente negativos – tão depressa que, quando se pensa num artigo para esta coluna, já as coisas degringolaram ou se confundiram um pouco mais.

Portanto, é sempre em parte um tiro no escuro: quem sabe, até sair o texto, mais coisas graves terão acontecido e não consegui, na hora, atualizar? Mas, para isso, a gente que escreve conta com a compreensão do leitor – algo já meio esquisito de pedir, uma vez que nos solicitam “compreensão” para os fatos mais incompreensíveis.

A grande nau com seus 200 milhões de passageiros quase raspa o fundo do mar, onde ficará atolada se não tomarmos medidas. E nós, os comuns mortais, nós, o povo – porque povo não são só os pobres, os miseráveis, os despossuídos, os abandonados pelo governo, os pobres ingênuos iludidos ou os furiosos campesinos que desfilam com bandeiras e camisas vermelhas, ameaçando com foices sem ver os próprios enganos -, o que nós, o povo, repito, podemos fazer?

Além de tentarmos levar nossa existência e trabalho da maneira mais decente possível, na dura lida para conseguir pagar as contas e manter uma vida digna para a família, e torcermos para que os que mandam no país tomem as providências salvadoras, pouco podemos fazer, a não ser falar, ler, nos informar, e – isto sim – sair às ruas.

Confesso que no dia 15 de março não participei com meus filhos e amigos, e que me dispensei porque, afinal, a cada duas semanas estou com a cara na janela aqui, para milhões de leitores, muito exposta e muito ativa, sem ter de me apoiar na bengala que nos últimos anos uso para trajetos maiores ou mais cansativos, ou para subir alguns degraus.

Mas desta vez prometi a mim mesma, se sair a manifestação de 12 de abril, lá estarei, de bengalinha e tudo, orgulhosa de poder fazer algo mais concreto ainda do que um artigo, pelo bem deste país do qual minha família fez a sua pátria há 200 anos, labutando para que ele se torne maior e melhor.

Tenho escrito especificamente sobre esta nau vítima de tamanho desastre. Tenho pensado nela insistentemente muitas horas do meu dia, e em alguma hora insone de madrugada, quando acordo, como tantos brasileiros, me perguntando: e agora? O que vai suceder, quem vai comandar?

Pois estamos, não oficialmente, mas de fato, sem comando, sem experiente timoneiro que nos guie, os marinheiros aturdidos, alguns líderes apenas começando a tomar pulso e a ajudar no leme.

Tomamos consciência do perigo real, e protestamos pacificamente: 2 milhões de pessoas nas ruas do Brasil clamando pelo seu direito a escolas e hospitais públicos decentes, postos de saúde funcionando e dando os remédios básicos, estradas transitáveis; que a economia em redemoinho descendente não trave ainda mais nossa já dura vida cotidiana.

Que não desmoronem mais casinhas e edifícios do Minha Casa Minha Vida, malconstruídos, ou erguidos em locais proibidos, como à beira de uma represa.

Que os desperdícios em gastos do governo sejam zerados, que as assombrosas revelações, cada dia comprovadas, sobre roubos gigantescos na Petrobras e outras estatais não desabem sobre a população como um maremoto num país ingovernável e paralisado, onde propagandas enganosas causaram o endividamento impagável de milhares de famílias; que se interrompa e reduza o desemprego, que massacra muito mais pessoas do que se imagina; que se corrijam a humilhação e o isolamento do país no cenário internacional, pela patética atuação no campo diplomático.

Estamos roçando o fundo do mar de todos os naufrágios: não se divisa uma solução simples que possa mudar o cenário assustador.

Que a gente não naufrague, mas que uma fórmula quase milagrosa – que não conheço, mas desejo -, legal e eficiente, ponha este grande leme em mãos firmes e competentes, e nos reintroduza nos países civilizados, dando-nos segurança, paz e esperança: pois esta está cada dia mais ralinha.

Que Deus nos ajude!

Luciana Genro, a leviana, aproveitou o assassinato de Eduardo e a morte de Thomaz para mobilizar a patrulha do luto

luciana-genro

VALENTINA DE BOTAS

“Meu filho Absalão! Absalão, meu filho!”, me lembro do lamento denso do rei Davi, em Samuel II, dilacerado pelo assassinato do filho que tentara matá-lo para lhe tomar o trono. Mesmo não vencendo o pai, Absalão destruiu-lhe um pedaço da alma, tanto que a ruína e morte de Thomas Sutpen, o protagonista do magnífico romance de Faulkner “Absalão! Absalão”, efetivadas pelos próprios descendentes, prenunciam-se na repetição do nome do filho do rei hebreu.

“Deixa, Deus, eles viverem”, me lembro de pais e mães na UTI neonatal onde minha filha permaneceu quase três meses porque nascera na improbabilidade do quinto mês de gestação. Enquanto não automatizam o ato da respiração, bebês prematuros se esquecem de respirar e ficam lá, paradinhos. Lindos, minúsculos e grandiosos. E os pais só pedindo: “Deixa, Deus, eles viverem”. Aí, voltam a respirar como quem leva um susto.

Alguns Deus não deixou; e tudo ficava impossível neste choque insuportável entre o que é pó em nós e a face horrenda do eterno. Me ausentei do mundo para ver minha filha cada dia de todos aqueles dias. A pequena audaz me dava colo nas 12 horas diárias que eu permanecia na UTI: eu vigiava Deus. Saudável e doce, ela é a memória diária de um milagre; não é a única filha que tive, mas é a única que tenho. O que me faz pensar mais de perto nos pais que conhecem essa dor absoluta e subversiva.

As mortes de Thomaz e Eduardo, uma num acidente estúpido – será que a única forma de testar um helicóptero é fazê-lo voar? – e a outra numa selvageria, reforçam que talvez só os indecifráveis propósitos divinos possam harmonizar o sublime (o milagre) e o nefando (a tragédia) que nos tangem neste mundo, embora ambos necessitem do humano para acontecer.

Desnecessário é o desrespeito de Luciana Genro aos mortos que, à sombra da pilha de cadáveres que a ideologia que ela rumina produziu, usou o assassinato de Eduardo para exercer a patrulha do luto: quer saber por que não lamentar a morte de Eduardo. Ora, todos lamentamos uma barbaridade dessas. Leviana, sugere que o preconceito de classe sepulta Eduardo no esquecimento.

Duplamente estúpida – por ser estúpida mesmo e por achar que ninguém percebe –, confessa involuntariamente que só se lembrou de Eduardo pela asquerosa conveniência ideológica, afinal quando foi que lamentou quaisquer dos incontáveis eduardos anteriores a este? O texto do nosso Reynaldo disse tudo e fico pensando nos pais cujos filhos se vão. Em geral, orgulhamo-nos e ficamos felizes com o êxito dos filhos, claro; mas é em algum insucesso, em alguma vulnerabilidade deles que nosso amor parece maior.

Vai ver é aí que nosso amor pelos filhos se exacerba e realiza a completa potência dele. Seja o pai um rei ameaçado, plebeus numa UTI, o governador ou um ajudante de pedreiro. Mas todo esse amor não os poupa do abismo que tocaia a todos e quando um filho morre, talvez o mesmo amor que nos leva ao limite do humano possa nos fazer confiar nos planos de Deus e, então, vislumbramos a face sublime do eterno no milagre de conseguir ir em frente.

Os pêsames seletivos de Dilma Rousseff e Luciana Genro

Três mortes trágicas ocuparam o noticiário de quinta-feira:

- A de Thomaz Rodrigues Alckmin, 31 anos, filho caçula do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, em queda de helicóptero.
- A de Eduardo de Jesus Ferreira, de apenas 10 anos, atingido por “bala perdida” em tiroteio no conjunto de favelas do Alemão, no Rio.
- A de Silvia Maria Arnaut da Costa, de 49 anos, atingida por três “balas perdidas” na saída de um shopping na Tijuca, no Rio, após tentativa de assalto à qual um segurança reagiu.

Dilma Rousseff lamentou a primeira, obviamente. Depois, a mesma presidente que se calou diante das 34 vítimas de bala perdida no Rio só em janeiro teve de lamentar a segunda para não piorar sua imagem com a militância de esquerda, que se aproveitava da tragédia para levantar suas bandeiras políticas nas redes sociais. A socialista Luciana Genro, do PSOL, resumira a tese:

Luciana Genro Alckmin

Quem são “eles” que não lamentam? Luciana Genro não diz.

Aprendeu com Lula a afetar bom-mocismo contra sujeitos indeterminados que pressupõem uma elite dominante indiferente aos pobres.

Abaixo, Luciana Genro “lamenta” o fuzilamento de 17.000 dissidentes cubanos pela ditadura castrista (também apoiada por Dilma Rousseff), centenas deles, incluindo adolescentes, pelas mãos do porco fedorento Che Guevara:

Genro

Os pêsames seletivos de Luciana Genro e Dilma Rousseff ficaram ainda mais evidentes porque nenhuma delas lamentou a morte de Silvia Maria Arnaut da Costa na Tijuca, bairro de classe média da zona norte do Rio.

A morte de Silvia não serve para a propaganda das duas.

Que dirá se a polícia descobrir que os bandidos eram menores de idade…

Captura de Tela 2015-04-03 às 17.37.53

Globo mostra massagem cardíaca que Silvia recebeu em vão de passantes. Luciana Genro, não

Felipe Moura Brasil ⎯ https://www.veja.com/felipemourabrasil

Já segue nosso Canal oficial no WhatsApp? Clique Aqui para receber em primeira mão as principais notícias do agronegócio
Tags:
Fonte:
Blogs de veja.com

RECEBA NOSSAS NOTÍCIAS DE DESTAQUE NO SEU E-MAIL CADASTRE-SE NA NOSSA NEWSLETTER

Ao continuar com o cadastro, você concorda com nosso Termo de Privacidade e Consentimento e a Política de Privacidade.

2 comentários

  • Luiz de Santana Junior Aracaju - SE

    Luciana Genro é mais uma desequilibrada, que mais tempo, menos tempo, conseguirá iludir uma gama significativa de brasileiros e assim quem sabe, eleger-se para algo mais importante do que a mesma ocupa no presente momento. Somos uma nação de equivocados.

    0
  • Rodrigo Polo Pires Balneário Camboriú - SC

    Curioso é o jornalista Carlos Sanderberg chamar o programa de Levy de ortodoxo. O sujeito quer ajudar Dilma a manter o setor público, inchado, ineficiente, corrupto, através do cumprimento de um único item do consenso de Washington, a saber, disciplina fiscal e orçamento em equilibrio, isso somado ao marxismo economico, ou aumento de impostos. E de maneira completamente equivocada chama isso de politica economica ortodoxa. E ainda há quem se espante com o País estagnado.

    0
    • Guilherme Frederico Lamb Assis - SP

      Rodrigo, o Brasil esta tão viciado e perdido que ja consideram essa mer#@ ortodoxia.

      0