Nelson Motta escreve: o maior estrago do PT nem é econômico, mas ético

Publicado em 05/09/2015 18:47 e atualizado em 05/09/2015 19:56
no blog de RODRIGO CONSTANTINO, de veja.com

Poucas coisas me irritam tanto quanto o relativismo dos “moderados” e “neutros” que dizem que todos os partidos são iguais, que sempre houve corrupção mesmo, tentando, com isso, aliviar a barra do PT, uma espécie de quadrilha disfarçada de partido político. A quem interessa isso, justo quando temos no poder, há 13 anos, essa turma desviando bilhões em mensalão, petrolão, eletrolão e BNDESzão? Quem adota esse discurso pode fingir o quanto quiser, mas não passa de um petralha.

Que sempre houve corrupção no Brasil todos sabem, até as pedras. Mas que o PT trouxe inovações perversas nesse campo, isso é inegável. Para começo de conversa, na magnitude. Antes, um escândalo de bilhão era raríssimo. Hoje, um gerente qualquer da Petrobras devolve cem milhões de dólares da Suíça. Milhão virou trocado, e os desvios são na casa dos bilhões, todos eles. Nunca antes na história deste país se roubou tanto.

A segunda inovação foi a justificativa “moral” para tanta roubalheira. Seguindo a lógica revolucionária marxista de que ética burguesa não presta, e que roubar em nome da causa é legítimo, essa turma fez esse estrago todo com a consciência limpa, tratando os bandidos como heróis de forma cínica e hipócrita. São bandidinhos, batedores de carteira (na casa dos bilhões), que ainda se julgam defensores do povo, altruístas. A canalhice nunca foi tanta. A corrupção se banalizou com o PT no poder.

Por fim, há a questão da institucionalização da corrupção. Ela se alastrou por toda a máquina estatal, por cada canto do governo, devido ao seu aparelhamento. Como um câncer, o PT foi tomando cada nova célula estatal e lá deixando sua marca sindical, pelega, oportunista. Nenhum outro partido tinha realizado um assalto ao estado tão completo.

Na coluna de hoje, o “boa praça” Nelson Motta fez um excelente resumo dessas inovações todas, rebatendo aqueles que dizem que o PT é igual aos outros, e chamou de “nova matriz moral” essa mudança realizada pelo partido no poder. Seguem alguns trechos:

Roubar, sempre se roubou, e muito, no Brasil. Na era Lula, a novidade foi a introdução de uma nova categoria moral, o “roubo pela causa”, que se justifica pela nobreza dos seus objetivos e faz de seus autores guerreiros do povo brasileiro.

[…]

Outra novidade, que ajudou a gestar a crise política e ética que nos assola, foi a institucionalização da corrupção, ocupando cargos importantes em todo o governo e usando-os para enriquecer o partido — e eventualmente alguns “guerreiros”, que ninguém é de ferro. 

[…]

Uma parte dessa “nova moral” da era Lula certamente vem de suas origens sindicais, em que o certo, o direito e o justo é conseguir o melhor para seus companheiros, e o resto que se dane. A outra parte parece uma herança dos tempos da luta armada, quando a palavra de ordem era “O que é o roubo de um banco comparado à fundação de um banco?”, de Bertolt Brecht.

Motta conclui com a fala de Marcelo Odebrecht, de que puniria mais a filha delatora do malfeito do que a que o praticou. É a “moral” da máfia, do omertà, da família Soprano, do silêncio dos coniventes. Para Nelson Motta, isso é prova de que vivemos numa cleptocracia, “onde quadrilhas disputam territórios e saqueiam o Estado para se manter no poder”. E isso foi escancarado, potencializado, expandido, pelo PT no poder. Nunca antes…

O estrago econômico causado pelo PT é enorme, e estamos começando a ver isso com a crise que nos assola e assusta. Mas sempre disse e repito: o maior estrago nem é o econômico, mas o moral. O PT no poder trouxe o que há de pior no brasileiro à tona, fomentou a canalhice geral, o oportunismo imoral, a indecência, o “vale tudo” para se dar bem, a vitimização dos marginais, a inversão de valores. Pior do que a “nova matriz macroeconômica” é a “nova matriz moral”, que representa o oposto da verdadeira moral.

O PT é imoral, falso, cínico, e seus métodos e sua postura influenciaram o país todo. Claro, nenhum partido com tais características chega e fica no poder tanto tempo numa democracia sem a cumplicidade dos eleitores. Isso diz muito do próprio Brasil, sem dúvida, e de seu pouco apreço pela ética “burguesa”. A simbiose foi terrível, e não é justo culpar apenas um lado. Mas não resta dúvidas de que o PT acabou estimulando, e muito, a pouca vergonha no país. Levaremos décadas até recuperar certos valores básicos…

Rodrigo Constantino

Janot, finalmente, encaminha ao STF pedidos para investigar propina em campanhas do PT

“Não interessa à sociedade que as controvérsias sobre a eleição se perpetuem”.

frase do autointitulado porta-voz da sociedade, Rodrigo Janot, no pedido de arquivamento da investigação de uma gráfica fantasma usada na campanha de Dilma Rousseff agora foi para o beleléu.

A coluna Expresso, da Época, informa:

“O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, encaminhou ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Teori Zavascki pedidos para que o Ministério Público investigue o pagamento de propina nas campanhas presidenciais de Lula, em 2006, e de Dilma em 2010 e 2014. Os pedidos de Janot, feitos por meio de petições ocultas, estão baseados em depoimentos do empreiteiro da UTC, Ricardo Pessoa. Janot ainda aguarda manifestação de Teori sobre o assunto.”

A propósito: Janot apresentou denúncia ao STF contra Pessoa, apontado como chefe do cartel de empreiteiras do petrolão, com “envolvimento direto e intenso no pagamento de propinas”.

“Janot fica incomodado com críticas de que blinda as investigações contra próceres do PT. Mas não pode sair por aí dizendo que o Ministério Público depende do ministro Teori para avançar. Queixas quanto à lentidão de Teori na Lava Jato são frequentes entre os procuradores.”

É por essas e outras que apelidei o ministro de Teori “Da Conspiração” Zavascki.

Agora vamos incomodar Janot mais um pouquinho, desconfiando de que o PGR recorre a Teori justamente para atrasar as investigações contra próceres do PT.

(por Felipe Moura Brasil)

Após fazer a sucessora, Lula é desfeito por ela, por Josias de Souza (UOL)

Na sua mais recente passagem pelo Palácio da Alvorada, na noite de quinta-feira, Lula encontrou uma Dilma aturdida, às voltas com o risco de perder as duas muletas de sua presidência. Horas antes, ela havia toureado a insatisfação de Joaquim Levy, seu apoio econômico, que flertava com a porta da rua. Na véspera, ela tomara um toco de Michel Temer, sua escora política, que se negou a reassumir a articulação do Planalto com o Congresso.

Vendeu-se a versão de que Lula voara a Brasília para socorrer sua afilhada política. Falso. O mentor de Dilma foi à Capital para tentar salvar a si mesmo. Sua pupila realiza um governo caótico. O enredo da campanha perdeu a validade. E nem o marketing de João Santana foi capaz de colocar uma narrativa nova no lugar. Disso resultou um fenômeno político raro: depois de fazer a sucessora, Lula está sendo desfeito por ela. E tenta brecar o processo de desconstrução.

Enquanto o criador dava conselhos à criatura em Brasília, Temer fugia do seu comedimento usual para dizer a um grupo de empresários o que só era balbuciado em privado: “Hoje, realmente, o índice [de aprovação do governo] é muito baixo. Ninguém vai resistir três anos e meio com esse índice baixo. […] Se continuar assim, eu vou dizer a você, 7%, 8% de popularidade, de fato, fica difícil.''

Temer soou raso e inepto. Foi raso porque insinuou o risco de impeachment com uma leveza incompatível com a gravidade do tema. Foi inepto porque bem sabe, como professor de direito constitucional, que impopularidade não é motivo para a cassação de um mandato presidencial. Exige-se a prática de um crime de responsabilidade. Algo que, por ora, não se encontra sobre a mesa.

Seja como for, a impopularidade evocada por Temer é real. E ajuda a explicar a inquietação de Lula. Graças a Dilma, o animador de massas do PT está perdendo seu capital político mais valioso: as ruas. Pior: Lula já não dispõe de um FHC para chutar. Dilma colhe o que plantou sozinha: juros, inflação, contas públicas escangalhadas e desemprego. O fiasco da gerentona converteu a legitimidade das urnas recém-abertas em falta de credibilidade.

 

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Fonte:
veja.com

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