"Há um massacre silencioso dos empregos nas grandes metrópoles do país", por VINICIUS TORRES FREIRE

Publicado em 23/10/2015 08:15
Na Folha de S. Paulo (+ blo de Augusto Nunes e Felipe Moura Brasil, de veja.com)

O massacre do trabalho, por VINICIUS TORRES FREIRE (na FOLHA)

Há um massacre silencioso dos empregos nas grandes metrópoles do país. Desde que os dados permitem comparações, faz uma dúzia de anos, não se via coisa assim. Em um ano, o número de desempregados cresceu 56% —antes, o pior número fora de 22%, em 2003. São mais 670 mil pessoas que não conseguem emprego, segundo se soube ontem pelos dados do IBGE relativos a setembro.

Ante setembro de 2014, o pessoal empregado caiu 1,8%, jamais registrado na série de dados nova do IBGE. O total dos rendimentos caiu mais de 6%. O rendimento familiar per capita, 4,8%. A degradação vem sendo acelerada desde junho.

A taxa de desemprego está em 7,6%. Na média de 2015, deve ficar perto de 7%. Para o ano que vem, as previsões ficam entre 9% e 10%. O desemprego médio do ano passado ficou perto de 5%.

"A incerteza do cenário doméstico se mantém elevada e inibe os investimentos. A retração na atividade deve ser mais longa —profunda— do que antecipávamos. Os indicadores antecedentes e coincidentes mostram que a tendência de contração da economia deve estender-se pelo menos até o fim deste ano", lê-se no "Orange Book" dos economistas do banco Itaú, uma avaliação qualitativa da economia, baseada em conversas e avaliações com empresas, relato publicado faz uma semana.

Pelo relato de dois outros bancos, também baseados em conversas com clientes e setor "real" da economia, setembro e outubro estão sendo muito ruins para o crédito, termômetro antecipado de problemas. A demanda de novos empréstimos caiu mais. Os bancos reforçam a retranca, pois o balanço das empresas piora, dado faturamento minguante e endividamento maior, bem maior, para algumas firmas grandes, com compromissos em dólar.

Por que massacre "silencioso"? Em parte, porque as notícias do desemprego são abafadas pela conversa sobre a ruína progressiva das contas do governo e pelo debate político mefítico. Em parte porque, apesar da degradação rápida do trabalho, o nível médio dos rendimentos ainda seja o melhor em muito tempo, embora já tenha regredido para o que era em 2012.

Também importante, é possível que a situação no restante do Brasil, além das seis maiores metrópoles, ainda não seja tão ruim. Vamos saber disso apenas na semana que vem, quando saem os dados nacionais de desemprego.

Os dados mais recentes da pesquisa nacional são do trimestre encerrado em junho. Então, a população ocupada aumentava ainda 0,2%. A desocupada, crescia bem, 23,5%, mas abaixo da taxa de 38,7% das grandes metrópoles. O rendimento médio nacional crescia 1,4%; nas maiores cidades, caía 3,6%. Todas as comparações são anuais.

O motivo da discrepância não é muito claro. Obviamente, o massacre do emprego industrial afeta cidades maiores. O caso é menos incerto no que diz respeito à construção civil, outro setor em que a razia do trabalho é horrenda. Pode ser ainda que regiões mais pobres do país contem com um colchão relativamente mais alto para a crise, dada a dependência relativamente maior do dinheiro de transferências do governo (benefícios sociais).

Mas a situação já é bastante ruim; como o emprego tende a piorar mais tarde nas crises, a crise social deve gritar em breve.

(por VINICIUS TORRES FREIRE, da FOLHA)

 

Quase ninguém mais chama Lula, o milionário, para dar palestras!

Depois da Lava-Jato, convites minguaram. Por que será? Entre 2011 e 2014, o homem faturou R$ 27 milhões

Ah… A Lava-Jato, como se sabe, não pegou Lula — e acho que nem vai pegar. Também não vai importunar Dilma. Tudo leva a crer que vai consolidar a farsa de que o petrolão foi uma tramoia unindo empreiteiros maus e políticos de segunda linha. Mas causou ao menos uma dificuldade para Lula — e, por óbvio, expõe a natureza do que ele fazia.

Suas palestras minguaram. Na verdade, elas praticamente acabaram, até porque 38,57% da sua parolagem remunerada foi paga por empreiteiras investigadas na operação.

Segundo informa reportagem da Folha, de março do ano passado, quando começou a Lava-Jato, até junho deste ano, o Apedeuta concedeu apenas seis palestras pagas — uma a cada 75 dias. Nos cinco primeiros meses deste ano, houve apenas um convite. Comparem: de 2011 até o início da operação, foram nada menos de 64 eventos Brasil e mundo afora — um a cada 18 dias.

Por que será que as empresas e os negociantes começaram a ficar com medo de Lula? Desde que os empreiteiros começaram a ser presos, o Babalorixá de Banânia não recebeu mais nenhum convite desse setor para falar.

Já escrevi e reitero aqui: não há mal nenhum em um presidente da República, no exercício de sua função, defender empresas brasileiras no exterior. Os governos da Suécia, dos EUA e da França fizeram no Brasil a defesa dos caças de seus respectivos países.

É preciso distinguir essa atividade, que é parte das atribuições de um governante, do lobby vicioso, que é aquele exercido por uma figura poderosa da República, com amplo acesso aos negócios do estado.

Indagada sobre os números, a direção do Instituto Lula deu uma resposta grosseira: o foco do ex-presidente “não é o lucro, diferente de uma empresa privada como o Grupo Folha, que publica a Folha de S.Paulo”, mas sim “trabalhar pelo Brasil, sempre dentro da lei”. E emendou: “Fazer palestras é apenas o exercício legal e legítimo que ele tem de ter um trabalho e uma fonte de renda”.

Opa! Lula tem fonte de renda. Recebe duas aposentadorias que somam perto de R$ 10 mil — por invalidez e como perseguido político (acreditem!). Tem ainda à sua disposição, como ex-presidente, dois carros de luxo, sem limite de gasolina, e oito funcionários. Nota: até Collor, que foi cassado, conserva essas regalias.

Mais: a empresa que edita a Folha, privada que é, também busca o lucro, é claro! E, até onde se sabe, o faz dentro da lei. E, como se sabe, lucro não é pecado nem é crime. Inaceitável é um político usar as regalias que lhe garante o cargo que ocupou ou ocupa para fazer negócios escusos ou obscuros.

Entre 2011 e 2014, segundo revelou a VEJA, A LILS, empresa de palestras do ex-presidente, recebeu a bagatela de… R$ 27 milhões. Para ficar nos termos do Instituto Lula, isso é que é “fonte de renda”!!!

Lula poderia doar ao menos a aposentadoria de “perseguido pela ditadura” para as criancinhas pobres, né? Em vez disso, como a gente sabe, as suas ex-criancinhas também enriqueceram.

 

Mais 5 golpes contra o Brasil, por FELIPE MOURA BRASIL

Eis um resumo dos últimos 5 golpes contra o Brasil:

1) Cunha defende Dilma

Eduardo Cunha passou a defender Dilma Rousseff, dizendo que “o fato por si só” da existência das pedaladas, “sem configurar a atuação da presidente no processo” de descumprimento da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), “não significa que isso seja razão” de impeachment:

“Por exemplo, se os bancos públicos se juntaram e não pagaram. Aí a responsabilidade é dos bancos. Não se pode tirar conclusão precipitada. É preciso muita cautela.”

Não falei que “briga de amor não dói“?

As pedaladas consistiram justamente em tornar os bancos públicos credores da União, não o contrário. A LRF proíbe que o Tesouro os deixe na mão, conforme exaustivamente explicado pelo procurador Júlio Marcelo, inclusive neste blog.

Dilma não teve cautela com o dinheiro da população brasileira. Cunha só tem cautela para puni-la porque teme perder a moeda de troca que a caneta do impeachment lhe dá.

Enquanto ele afaga Dilma, no entanto, o vice-líder do governo, deputado Silvio Costa (PSC-PE), pede à PGR o afastamento de Cunha da presidência da Câmara. Abre o olho, ‘Pinguim’!

2) Renan dá tempo a Dilma

Após idas e vindas, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), venceu o duelo com a presidente da Comissão Mista de Orçamento (CMO), senadora Rose de Freitas (PMDB-ES), e conseguiu dar os 45 dias para o governo Dilma se defender do parecer do TCU sobre as irregularidades nas contas de 2014, incluindo as pedaladas fiscais.

Renan, réu num caso indefinidamente adiado no STF petista, é um esforçado “office-boy do PT“.

3) Gurgacz desvincula reprovação de contas e impeachment

O senador Acir Gurgacz, relator do processo que analisa as contas de 2014 do governo e – oh, surpresa! – réu no STF por supostos estelionato e crime financeiro, afirmou ao Estadão que a reprovação das contas não está relacionada ao impeachment:

“Não tem nenhuma relação a reprovação das contas da presidente com a questão do impeachment. São coisas totalmente separadas, que não se cruzam em momento algum.”

De acordo com o relator, diz o jornal, a rejeição das contas tornaria a presidente inelegível, mas não acarretaria em afastamento do cargo.

O PT tem uma vasta equipe de “office-boys”.

4) CPI da Petrobras acaba em pizza

A CPI da Petrobras acabou em pizza, conforme este blog anunciou lá no começo, oito meses atrás.

Tornou-se mero instrumento político para barrar apurações de interesse da sociedade e desacreditar delatores do escândalo, sobretudo os que narraram como Cunha, Lula, ministros e ex-ministros do governo, além de José Dirceu, beneficiaram-se dos desmandos na estatal.

O relator Luiz Sérgio (PT-RJ), autor de um parecer final vergonhoso aprovado pela comissão, ainda atacou a legitimidade da Operação Lava Jato, da Polícia Federal e do Ministério Público.

5) PT barra Bumlai (Lula) em outra CPI

O PT barrou a convocação do melhor amigo de Lula na CPI dos Fundos de Pensão.

O depoimento do pecuarista José Carlos Bumlai, acusado pelo delator Fernando Baiano de ter recebido dele 2 milhões de reais em propina destinada a uma nora de Lula, poderia ser mais um caminho para confirmar o envolvimento do petista nos escândalos de corrupção desvendados pela Lava Jato.

O pedido de convocação foi feito pelo deputado Marcus Pestana (PSDB-MG), mas a tropa de choque petista, comandada por Paulo Teixeira (PT-SP) – que disputa com Wadih Damous a sucessão de José Eduardo Cardozo na pasta da Justiça – manobrou para tirar o item da votação, com apoio do também petista Ênio Verri (PT-PR) e de parlamentares do PMDB.

Esses pizzaiolos, claro, sabem muito bem que, se Bumlai cair, Lula também cai.

A propósito:

Lula, o pai do mensalão, do petrolão e das pizzas, disse que dorme com a consciência tranquila – o que, sendo verdade ou mentira, só depõe contra o nível moral de sua suposta consciência.

* Veja também aqui no blog:
– 5 manobras de Lula para salvar a própria pele

Felipe Moura Brasil ⎯ https://veja.abril.com.br/blog/felipe-moura-brasil

 

J. R. Guzzo: Com Dilma à frente, o Brasil segue em queda livre. E rápida

Publicado na revista EXAME

J. R. GUZZO

Eis aí o Brasil, mais de três anos antes do dia previsto para o tão esperado encerramento do segundo mandato da presidente Dilma Rousseff, empenhado num vigoroso sprint ladeira abaixo. A corrida já começou faz tempo, como todo mundo sabe, e ainda tem muito chão pela frente até a linha da chegada, mas provavelmente está num dos seus melhores momentos ─ ganhou aquele impulso natural e crescente que a força da gravidade, esta velha conhecida de todos nós, impõe às coisas que estão caindo. Se subiu tem de descer, anotava Raul Seixas em suas observações gerais sobre o funcionamento da vida, e é isso, precisamente, o que está acontecendo neste 2015 que entra em sua reta final.

Com uma particularidade: o presente governo, reeleito um ano atrás, começou a cair antes mesmo de concluir a subida. Teria chegado ao fundo do poço? Ninguém é louco para se arriscar com palpites assim, não nesta revista; não dá para saber a profundidade exata do poço, e a Redação está formalmente instruída a não se meter com equações que só têm a incógnita. O certo, pelo registro dos fatos, é que a economia e a politica estão em pleno acordo para se manter em queda ampla, livre e rápida. Esperar qualquer outra coisa é perda de tempo.

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Reynaldo Rocha: O apodrecimento do Legislativo é obra dos congressistas

REYNALDO ROCHA

Nunca houve, na história do Brasil, um cenário tão desolador das instituições. O que ainda tem impedido uma crise institucional é a aceitação de todos dos fatos graves e  antirrepublicanos que nos são servidos diariamente, fruto da cultura do “é assim mesmo”. Mesmo que seja o pior dos mundos.

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Oliver: Eu já vi esse filme

VLADY OLIVER
É impressionante acreditar que a história do Brasil passa pela mais pusilânime briga de vaidades. Já contei aqui mesmo a historinha – com agá – do pastor franco-atirador que foi buscar uma mala de dinheiro do narcotráfico para uma igreja neo-evangélica. Quando voltou, cheio de marra, exigiu nada menos que a presidência da empresa onde tinha se pendurado, causando vários meses de terror entre a cúpula da bagaça, que não sabia o que fazer para enquadrar o chantagista.

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Carlos Alberto Sardenberg: O Canadá para imitar

Publicado no Globo

CARLOS ALBERTO SARDENBERG

E os canadenses, hein? Assinaram um cheque em branco para o governo aumentar seus gastos. Isso mesmo. Depois de dez anos de administração conservadora, os eleitores deram uma sólida e surpreendente maioria para um jovem político de 43 anos, Justin Trudeau, que prometeu aumentar o gasto público para estimular a economia.

Também prometeu reduzir o imposto da classe média e aumentar o dos ricos. E, sim, liberal, Trudeau quer a legalizar a maconha.

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Júlio Moreno: Senado aprova ‘RDC Lava Jato’

JÚLIO MORENO

Um “jabuti” levou o Senado Federal a aprovar neste 21 de outubro o “RDC Lava Jato”. Ou seja, o projeto que autoriza o uso do Regime Diferenciado de Contratações Públicas (RDC) em licitações e contratos na área de segurança pública, na realização de obras e serviços de engenharia relacionados à mobilidade urbana (tais como VLTs e metrô) e na ampliação de infraestrutura logística (como estradas e portos).

O assunto interessa diretamente às empreiteiras envolvidas na Operação Lava Jato, pois uma das modalidades de licitação permitida é a “contratação integrada”, em que a administração pública licita uma obra com base apenas em anteprojeto, expediente utilizado nos empreendimentos da Copa, das Olimpíadas e diversos outros do PAC, boa parte realizada por grandes construtoras.

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