O reizinho destronado fugiu do tribunal. Mas não vai escapar dos defensores da lei

Publicado em 17/02/2016 17:49
NO BLOG DE AUGUSTO NUNES, EM VEJA.COM
Direto ao Ponto, por AUGUSTO NUNES: 
 

O reizinho destronado fugiu do tribunal. Mas não vai escapar dos defensores da lei

lula marisa

O parteiro do Brasil Maravilha, o Pai dos Pobres e Mãe dos Ricos, o enviado pela Divina Providência para acabar com a fome, presentear a imensidão de desvalidos com três refeições por dia e multiplicar a fortuna dos milionários, o metalúrgico que aprendeu a falar com tanto brilho que basta abrir a boca para iluminar o mundo de Marilena Chauí, o filho de mãe nascida analfabeta que nem precisou estudar para ficar tão sabido que já falta parede para tanto diploma de doutor honoris causa, o Exterminador do Plural que inaugurou mais universidades que todos os antecessores juntos e misturados, o migrante pernambucano que se nomeou Redentor dos Miseráveis, o gênio da raça que proclamou a Segunda Independência ao reinventar a Petrobras e descobrir o pré-sal, o maior dos governantes desde Tomé de Souza, quem diria?, agora recorre a truques de rábula para escapar de perguntas sem resposta sobre o triplex no Guarujá.

O campeão de popularidade que andou beirando os 100% de aprovação, o senhor das urnas capaz de eleger qualquer poste para qualquer cargo, a sumidade que em cinco anos ressuscitou a nação assassinada pela herança maldita, o pacificador do Oriente Médio, o estadista que dava pitos até em presidente americano e também por isso foi contemplado por Barack Obama com o título de Cara, o colosso que rebaixou a marolinha uma crise econômica planetária, o gigante predestinado a conquistar o Nobel da Paz e eleger-se por aclamação secretário-geral da ONU, o estadista que deixou o mundo boquiaberto com tanta clarividência, quem diria?, fugiu do tribunal nesta quarta-feira por falta de explicações que parecessem convincentes pelo menos aos ouvidos de um bebê de colo.

O SuperMacunaíma que escapou do Mensalão ainda não entendeu que, depois de tropeçar no Petrolão, despencou do elevador privativo do apartamento na praia das Astúrias e atolou num sítio em Atibaia. Alguém precisa dizer ao fundador de um Brasil imaginário que o país real se cansou de tanta ladroagem e está ao lado dos juízes sem medo e dos promotores altivos. Usando como laranja um deputado federal, a tropa de advogados acampada no Instituto Lula raspou o fundo do tacho das chicanas e conseguiu adiar o encontro, em companhia de Marisa Letícia, com um representante do Ministério Público paulista. O investigado talvez até consiga livrar-se do promotor Cássio Conserino. Mas são muitos os homens decididos a aplicar a lei na terra arrasada pela corrupção, pela incompetência, pelo sectarismo ideológico e pela idiotia política.

O reizinho que se achava inimputável logo saberá que a condenação à perpétua impunidade foi revogada pela descoberta de safadezas pessoais e intransferíveis. Não há como terceirizar as bandalheiras que infestam o patrimônio imobiliário do Lincoln de galinheiro, fora o resto. O mito morreu. Há dois dias, Lula proibiu o Conselho Político do PT de tratar das maracutaias que o mantêm pendurado no noticiário político-policial. “Não aguento mais falar disso”, explodiu. “O Luiz Marinho vai lá em casa e só quer falar disso. Chego no Instituto para trabalhar e só falam disso. Não aguento mais”.

O Brasil decente é que não suporta mais tanto cinismo e tamanha cafajestagem. Aguente ou não, o palanque ambulante convertido em camelô de empreiteiro será obrigado a falar sobre isso e muito mais. O interrogatório foi adiado por alguns dias. Mas a hora da verdade chegou.

 

 

Fuga de depoimento carboniza imagem de Lula, por JOSIAS DE SOUZA (UOL)

 

A pretexto de socorrer Lula, o deputado federal petista Paulo Teixeira (SP) obteve asuspensão do depoimento que o ex-presidente e sua mulher Marisa Letícia prestariam nesta quarta-feira ao Ministério Público de São Paulo sobre o célebre tríplex do Guarujá. Juridicamente, foi um feito. Politicamente, um desastre.

Lula sempre foi visto pelos devotos que o seguem como um mito. Ao fugir dos questionamentos do promotor Cassio Conserino, a quem acusa de perseguição, portou-se como alguém que descobriu que também está sujeito à condição humana. Potencializou, de resto, a impressão de que não dispõe de uma defesa consistente.

Na fase em que ainda tocava trombone sob o telhado de vidro, Lula se comportava como um homem que lambe o dedo depois de enfiá-lo num favo de mel. Visitou o tríplex ciceroneado por Léo Pinheiro, o dono da OAS. E foge das abelhas desde que o imóvel foi pendurado nas manchetes com elevador privativo, cozinha de luxo e aparência de escândalo.

Lula costumava cavalgar sua autoconfiança com desenvoltura desconcertante. Abalroado por investigações em série, seu desembaraço deu lugar a um silêncio que diz muito sobre sua dificuldade de colocar em pé defesas consistentes. O velho chavão —“eu não sabia”— perdeu a serventia. E o silêncio não é o melhor substituto. Quanto mais Lula demora a se explicar, mais carbonizada fica sua imagem.

O Brasil quer saber se o sitiante Fernando Bittar é o melhor amigo do mundo ou apenas

outro laranja a serviço de Lula

Assim que a história do sítio do Lula que não é do Lula pousou no noticiário político-policial, um dos dois donos oficiais da mais famosa propriedade rural do país, Jonas Suassuna, tratou de afastar-se do local do crime. Foi logo informando que as obras patrocinadas pela OAS, pela Odebrecht e por José Carlos Bumlai haviam beneficiado a parte que pertence ao sócio e vizinho Fernando Bittar.

Nesta semana, Suassuna avisou que gostaria de ser ouvido o quanto antes pelos investigadores da Lava Jato. Enquanto um pede para falar, o outro foge do assunto como o vampiro da claridade. Dono oficial da metade em que Lula já se instalou pelo menos 111 vezes, Fernando Bittar continua submerso num silêncio suspeitíssimo.

O surto de mudez tem de ser urgentemente interrompido pela Justiça. Além de esclarecer por que não dá as caras em Atibaia, Bittar precisa dizer se também paga a conta de luz e o salário do caseiro. O país quer saber se ele é o melhor amigo do mundo ou apenas um dos coadjuvantes em outro caso de polícia estrelado por Lula.

Pedro Malan: O tempo é curto

Publicado no Estadão

“Agora que as coisas ficaram mais difíceis, os eleitores se tornaram mais céticos em relação aos políticos (…). Este ceticismo seria saudável caso se esperasse pouco do governo. O fato, porém, é que dele ainda muito se espera e muito se exige. O resultado pode ser uma mistura tóxica e instável: a dependência força o governo a expandir-se e a sobrecarregar-se demais, enquanto o ceticismo o priva de legitimidade e exacerba os revezes, transformando-os em crise (…) a disfunção caminha de mãos dadas com a desordem”. Esse texto é de um belo livro de J. Micklethwait e A. Wooldridge, A Quarta Revolução, que tem como subtítulo A corrida global para reinventar o Estado.

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Gil Castelo Branco: O santo do pau oco

Publicado no Globo

No período colonial, as imagens sacras de madeira eram talhadas e usadas para esconder o contrabando de ouro e diamantes. Daí a expressão popular “santo do pau oco”, utilizada no Brasil para designar pessoas de caráter duvidoso, dissimuladas ou hipócritas.» Clique para continuar lendo

José Casado: Na rota do Atlântico

Publicado no Globo

Quinta-feira passada houve um pequeno alvoroço na sede do Banco Carregosa, na cidade do Porto (Portugal), quando policiais exibiram um mandado de busca. A casa bancária mais antiga da Península Ibérica entrou no mapa das investigações de corrupção e lavagem de dinheiro conduzidas de forma coordenada em Portugal, Suíça e França.» Clique para continuar lendo

Valentina de Botas: Fragmentos de um discurso asqueroso

VALENTINA DE BOTAS

O próprio Roland Barthes esclarece que não pretendia explicar ou definir o amor em “Fragmentos de um Discurso Amoroso”, mas capturar como ele se apresenta nas enunciações do amante, nos atos enunciativos do enamorado que, no livro, funcionam como epígrafes de verbetes. Para isso, o autor se valeu de fontes como Goethe, Platão, Proust, Lacan e Freud numa representação do todo apreendida dos fragmentos.

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Silvio Navarro: A solidão de Lula

Se constassem da agenda oficial, seria possível contabilizar com precisão o espantoso número de voos feitos pela presidente Dilma Rousseff na rota Brasília-São Paulo, em busca de algum conselho mágico de Luiz Inácio Lula da Silva para sobreviver à tormenta na qual o criador lançou a criatura.» Clique para continuar lendo

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Fonte:
Blog Augusto Nunes, de veja.com

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