Vá embora, Dilma! Saia logo daí! Aprenda a ter compostura e compaixão! Ou virá o impeachment!

Publicado em 04/03/2016 17:56
Os petistas vão agora querem ocupar as ruas — convocados por Lula, diga-se — para construir a narrativa mentirosa de que a sociedade brasileira está dividida diante do impeachment. E ela não está. A esmagadora maioria é favorável, segundo as pesquisas de opinião, porque percebeu que Dilma parece treinada para nos levar para o buraco (REINALDO AZEVEDO)

Quantas vezes vocês já leram aqui a minha sugestão, quase um apelo, para que Dilma Rousseff renuncie ao mandato? Mas a mulher é teimosa, e tinhosa é a organização à qual ela pertence: o PT. A presidente vai tentar resistir, embora já saiba, porque doida de tudo não é, que não há mais nada a fazer.

O ânimo que o juiz Sergio Moro resolveu dar ao PT, ainda que involuntariamente, com a desnecessária condução coercitiva de Lula, não será o bastante para reerguer o petismo. Mas a máquina decadente continuará pendurada no estado brasileiro, e Dilma, enquanto durar, terá de submeter-se a ela. Tivesse me ouvido no começo do ano passado, teria se desligado do PT, enviado uma emenda parlamentarista ao Congresso já para 2018, e haveria uma chance de alcançar a terceira margem do rio.

Agora, Inês é morta, e sua sobrevida no palácio, com os milicianos petistas nas ruas querendo brincar de arranca-rabo de classes, só vai submeter o povo brasileiro a um sofrimento desnecessário.

Neste sábado, fugindo a seu estilo, o juiz Sergio Moro divulgou uma nota em que tenta justificar a condução coercitiva de Lula, condenando ainda a violência nas ruas. É o reconhecimento oblíquo de que foi além do razoável e só deu o pretexto que a fascistada petista estava esperando.

Por que essa observação é importante neste momento do texto? O PT estava cabisbaixo e assistiria, inerme, à megamanifestação do dia 13. Procurava um pretexto para convocar a ridícula “resistência ao golpe”. Encontrou um. E vai tentar obter rendimento máximo do erro cometido pelo juiz, que só serviu para acirrar os ânimos. O episódio aumentou a sobrevida de Dilma e seu governo. Mas é evidente que a mandatária não tem futuro naquela cadeira.

Reportagem da Folha deste domingo, por exemplo, informa que os pesos-pesados do empresariado e dos bancos também desembarcaram.

A saída de Dilma não é condição suficiente para começar a arrumar a bagunça deixada pelo PT, mas é condição necessária. Sem isso, nada feito! Ou alguém imagina essa senhora reconstruindo a maioria no Congresso, dialogando com a sociedade civil, injetando ânimo na economia? Um líder com esse perfil não teria ido lá se meter no cafofo de Lula, como ela fez neste sábado. É falta de compostura.

Dilma já não é um portento de razão e clareza. Em momentos como esse, torna-se apenas uma figura patética, que é governada por um PT em frangalhos — e, por isso, mais agressivo do que nunca.

Os petistas vão agora querer ocupar as ruas — convocados por Lula, diga-se — para construir a narrativa mentirosa de que a sociedade brasileira está dividida diante do impeachment. E ela não está. A esmagadora maioria é favorável, segundo as pesquisas de opinião, porque percebeu que Dilma parece treinada para nos levar para o buraco.

A incompetência de Dilma deveria ser o bastante para deixar o cargo. Assim seria num regime parlamentarista. Mas, infelizmente, o nosso é presidencialista. Ser apenas um mau gestor, levando a economia à beira do abismo, não está listado entre as possibilidades do impeachment. É preciso que haja um embasamento jurídico. E este, como se sabe, existe.

Não é possível que Dilma acredite que vai continuar mais três anos no comando do país. Ninguém merece esse flagelo.

 

 

Acordado pela polícia, Lula descobriu o Brasil redesenhado pela Lava Jato

Há dois dias, o comentário de 1 minuto para o site de VEJA constatou que, por negar-se a enxergar as mudanças operadas pela Lava Jato na paisagem brasileira, a alma penada de Lula ainda não descobrira que, hoje, nenhum fora da lei está acima da lei. Descobriu nesta manhã, quando a mão do destino ─ disfarçado de Polícia Federal ─ bateu à porta do apartamento do ex-presidente em São Bernardo.

Até este histórico 4 de março, Lula acreditava que, se todos são iguais perante a lei, ele sempre seria mais igual que os outros. Esse status de condenado à perpétua impunidade lhe permitiria, por exemplo, rejeitar intimações judiciais, zombar de autoridades dispostas a fazer Justiça e debochar do Estado Democrático de Direito. Acordou para a vida real ao ser acordado pela 24ª fase da Lava Jato, batizada de Alethea.

Conduzidos coercitivamente ao local do depoimento, Lula e o filho Lulinha tiveram de abrir o bico ─ pela primeira vez ─ sobre as bandalheiras em que se meteram. A família que se julgava inimputável foi enquadrada por juízes, procuradores e policiais que não temem criminosos da classe executiva. Alethea, convém ressaltar, é uma palavra grega que significa “busca da verdade”. Nesta sexta-feira, a verdade venceu a mentira.

A busca da verdade não cessará tão cedo. Mas a Era da Canalhice está perto do fim, confirmaram a patética discurseira do chefão e a fracassada contra-ofensiva ensaiada pelos agonizantes. Um dia depois de divulgado o desastroso desempenho do PIB em 2015, Lula tornou a cumprimentar-se pela fundação do Brasil Maravilha que só existe na cabeça de embusteiros juramentados.

Ele também relançou a candidatura à Presidência que as revelações de Delcídio do Amaral haviam afundado de vez na véspera. A Alethea, por sinal, já dispunha de munição suficiente quando Delcídio começou a contar o que sabe ─ e o que sabe o ex-líder do governo no Senado vai adicionar toneladas de dinamite ao arsenal da Lava Jato. Como Lula tentará escapar das explosões iminentes?

A resposta é fácil: ele vai ampliar ainda mais o acervo de mentiras que engordou algumas arrobas com o falatório desta tarde. Os truques e vigarices do mágico de picadeiro já não iludem sequer marilenas chauís. Lula não tem como justificar o que embolsou exercendo o ofício de camelô de empreiteira. A Polícia Federal já tem provas de que o pai dos pobres fez da filharada um bando de comparsas milionários.

A “mobilização nacional da militância” prometida por cartolas do PT e pela pelegos que enriquecem com “movimentos sociais” só serviu para reafirmar que o partido que virou sinônimo de roubalheira tornou-se um ajuntamento de fanáticos sem cura. Manifestaram-se nesta sexta os devotos que restam. Os protestos da turma da estrela reuniram menos gente que procissão de vilarejo.

Muito maior e mais eficiente foi a mobilização da Polícia Federal decretada pela Alethea. Munidos de mandados de busca e apreensão, destacamentos de agentes vasculharam residências, escritórios e esconderijos de gente graúda engajada no projeto criminoso de poder. Declarações de delegados envolvidos na ofensiva atestaram que a Lava Jato já reuniu muito mais provas do que se imaginava.

Outras tantas foram recolhidas na devassa que atingiu 44 alvos, de Marisa Letícia e três lulinhas a Paulo Okamotto e o bunker no Instituto Lula, da Odebrecht e da OAS aos sitiantes de araque Fernando Bittar e Jonas Suassuna, passando por coadjuvantes como o engenheiro que trabalha de graça nas férias. Ficou ainda mais variado o elenco recrutado pela operação que investiga o maior esquema corrupto descoberto desde o Dia da Criação.

Hoje se ouviu o choro das carpideiras transformadas em animadoras de velório. Em 13 de março, a imensidão de indignados invadirá as ruas para exigir, além da punição de todos os poderosos patifes, o imediato despejo do governo destroçado pela incompetência, pelo cinismo, pela corrupção e pelo Código Penal.  Oito dias depois dos uivos da subespécie em extinção, a nação ouvirá o rugido do país que presta.

 

‘Cadê o japonês?’, perguntou Lula, ao ver a Polícia Federal à sua porta (na FOLHA)

POR PAINEL

Bom-humor matinal Ao ver os federais à sua porta, o ex-presidente Lula reagiu de forma inusitada: “Ué, mas cadê o japonês?”. Ninguém na sala se conteve. O comentário bem-humorado da manhã ajudou a quebrar a tensão do momento. Horas depois, uma versão mais colérica conclamava a militância para enfrentar o que ainda vem por aí. Vendo o discurso inflamado do petista, um investigador não se aguentou: “E isso é só o aperitivo”, disse ele, referindo-se à Lava Jato.

Moro ajudou “Eles erraram na dose. Tiraram a militância da paralisia”, disse o ex-ministro Gilberto Carvalho sobre a “desnecessária condução coercitiva de Lula”.

Escrito? Há meses se dizia: um erro da Lava Jato transformaria Lula em vítima. E há meses petistas diziam que isso fatalmente ocorreria.

Round Caso tenha havido subtração de provas do Instituto Lula, como apontam policiais, abre-se margem para um pedido de prisão. “Consumada a arbitrariedade, tentam encontrar uma justificativa. É uma aberração”, reage Cristiano Zanin Martins.

Vapt-vupt Dos 10 minutos e 50 segundos de discurso de Dilma “em defesa de Lula”, apenas 1 minuto e 19 segundos foram dedicados de fato ao antecessor. “É inacreditável. Aprofunda-se o abismo entre ela e o PT”, desabafou um ministro.

Fica a dica A portas fechadas, antes da entrevista na sede do PT, Lula foi muito mais enfático sobre sua candidatura em 2018. Disse que a única maneira de reverter a crise é ficar em estado permanente de campanha.

‌Alô? Os policiais que fizeram buscas no sítio de Atibaia se depararam com um probleminha técnico: os celulares da Lava Jato não funcionavam. A saída foi comprar um chip da Oi e usar a torre que a empresa deu de presente a Lula.

Guarda-costas Preocupada com Sérgio Moro, a PF ofereceu segurança pessoal ao juiz, que ficou de pensar.

Mais do mesmo Lula deixou a PF e foi proferir seu discurso de defesa sem conseguir completar a ligação para Dona Marisa. “Pra que isso tudo?”, perguntava.

Oi? Funcionários do Planalto e da Esplanada criaram um gabinete de crise para cuidar de…Lula.

Quem dá mais Petistas graúdos decidem nos próximos dias quando colocarão na rua a manifestação para concorrer com 13 de março.

A Deus dará Um episódio desta sexta ilustra o descontrole da gestão petista: ao fim da reunião de prefeitos com Dilma, apenas Arthur Virgílio (PSDB-AM) deu declarações. O tucano conseguiu usar o próprio Palácio como palanque para bater no governo.

Timing Pouco depois, antes do pronunciamento de Dilma, a banda dos Dragões da Independência executava, em frente ao Planalto, “Happy”, de Pharrell Williams.

Placebo Para o mercado financeiro, a alta da Bolsa e a queda do dólar são “fogo de palha”. Apesar da sensação de que aumentaram as chances de impeachment, os dados da economia seguem sombrios. Ou seja, após a euforia, o pessimismo retornará.

Nós também O coro contra a CPMF ganhou o reforço de agentes da PF. A Fenapef (Federação Nacional dos Policiais Federais) decidiu aderir à campanha de repúdio ao retorno do tributo, lançada pela OAB.

Pedalada ética A entidade diz que a corrupção é um dos motivos da crise fiscal.

Visita à Folha Walter Feldman, secretário-geral da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), visitou ontem a Folha. Estava acompanhado do ex-jogador Edmilson Moraes, vice-presidente do comitê de reformas da entidade.


TIROTEIO

A operação contra o ex-presidente Lula sem uma decisão do Supremo é uma afronta e um constrangimento à Justiça deste país.

DO DEPUTADO ORLANDO SILVA (PC do B-SP), vice-líder do governo, sobre a operação ter ocorrido antes de o STF esclarecer a competência da investigação.


CONTRAPONTO

História sem fim

Em discurso na Assembleia do Pará, o senador Jader Barbalho (PMDB) se gabava de ser o político com a mais extensa carreira no Estado, com 50 anos de estrada.

— Sou como o vinho, que melhora com o tempo!

Para ilustrar, disse que estava melhor, inclusive, que o filho Helder, ministro dos Portos, também no palco.

Foi quando uma gaiata gritou da plateia:

— Eu que o diga!

Em meio aos risos, o senador, ao lado da mulher, Simone, e da ex-mulher, Elcione, fez desabar o auditório:

— Não diga uma coisa dessas, senão você complica minha vida conjugal. Que, aliás, também é extensa!

 

Carlos Alberto Sardenberg: Dilma viu riqueza. Era corrupção

Publicado no Globo

Quando deixou a presidência do Conselho de Administração da Petrobras, em março de 2010, Dilma Rousseff disse que se sentia muito feliz, orgulhosa e grata pelo aprendizado. “Você tem uma nova visão de Brasil, vê a riqueza do Brasil”, afirmou.

Estava, pois, num posto privilegiado, onde ficou sete anos. E como não viu os desastres cometidos na gestão da empresa? Porque não foi apenas roubalheira. A Petrobras foi também destruída por uma administração no mínimo temerária, que deixou prejuízos bilionários para a companhia.

Eis dois exemplos bem atuais. Na última terça, a Petrobras foi condenada no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) a pagar impostos e multas no valor de R$ 7,3 bilhões. O Carf considerou irregulares duas operações feitas em 2007 e 2008, nas quais a companhia colocou como despesa operacional os aportes de R$ 6 bilhões que fizera para o Petros, fundo de pensão dos funcionários. A despesa operacional abate do resultado e, pois, reduz o imposto a pagar.

Dirão: mas é uma questão de contabilidade, não passa pelo Conselho de Administração.

Errado. Essa manobra — bilionária — aparece no balanço e tem de chamar a atenção do conselho, pelo menos de um conselho minimamente atento.

Outra: na mesma terça passada, o ValorPro, serviço de informação on-line do Valor, informou que a Petrobras obteve um prejuízo de US$ 1,95 bilhão na compra da refinaria de Okinawa, no Japão, efetuada em 2008. O jornal teve acesso a um relatório da própria companhia. A refinaria foi fechada, por inútil, no ano passado. Está à venda, mas não apareceram compradores.

A compra se deu dois anos depois da aquisição da refinaria de Pasadena, nos EUA — isso mesmo, aquela que deu um prejuízo do mesmo tamanho, sem contar a roubalheira.

Para os dois negócios desastrosos, Dilma Rousseff, já como presidente da República, deu a mesma explicação. O conselho havia autorizado as compras com base em resumos executivos oferecidos pela diretoria.

Dois resuminhos e tudo bem?

A reportagem do ValorPro, assinada por Cláudia Schüffner, jornalista de reconhecida competência nessa área, conta que a compra de Okinawa foi intensamente debatida por quadros técnicos da estatal, muitos levantando dúvidas e restrições. Não devem ter aparecido nos resuminhos.

Quem começou o negócio de Okinawa foi Nestor Cerveró. Quem fechou foi Jorge Zelada, ambos apanhados pela Lava Jato. Assim como os envolvidos com Pasadena, Paulo Roberto Costa e Renato Duque.

Foi também durante o período de Dilma no Conselho de Administração que a Petrobras decidiu construir quatro refinarias, as de Pernambuco (Abreu e Lima), do Rio (Comperj) e as duas “premium” do Maranhão e Ceará. Estas últimas foram canceladas no ano passado. Os projetos, considerados inviáveis técnica e economicamente, custaram cerca de R$ 3 bilhões.

As outras duas refinarias, em construção, tiveram orçamentos estourados em bilhões de reais, estão incompletas, projetos sendo revistos e com a estatal procurando sócios novos.

Quatro desastres, não é mesmo? De novo, sem contar a roubalheira já demonstrada pela Lava Jato.

Como tudo isso pode ter passado batido pelo Conselho de Administração? Como Dilma, a gerente, não ficou em cima desses projetos?

A nossa hipótese: nem o conselho nem Dilma mandavam. O então presidente Lula decidia tudo. Mais de uma vez Lula se vangloriou disso, de ter determinado que a Petrobras tivesse mais “ousadia” e mais “patriotismo” nos seus investimentos.

Mas isso apenas explica, não elimina a responsabilidade de Dilma Rousseff como presidente do conselho. Digamos que não fosse possível ou fosse muito difícil apanhar as propinas que rolavam por baixo do pano. Mas certamente era possível, e até fácil, desconfiar dos projetos, dos negócios e dos valores envolvidos. Ou da estratégia: construir quatro grandes refinarias ao mesmo tempo? Ela tinha que saber.

O que leva a outra questão, a do momento: o que Dilma sabia ou devia saber sobre suas duas campanhas eleitorais? Ela foi designada candidata por Lula. A engrenagem de Lula montou as duas campanhas com João Santana. Sim, Dilma escolheu alguns colaboradores seus na campanha e no governo, mas a gestão de tudo foi sempre dividida com Lula e seu entorno.

Com a repetição de denúncias de caixa dois e dinheiro de propina nas campanhas, de duas, uma: ou Dilma sabia e deixou passar, ou não sabia e Lula é o responsável por tudo. Mesmo neste caso, porém, como na Petrobras, nada elimina a responsabilidade da presidente.

Na melhor das hipóteses para ela, Dilma cometeu um equívoco fatal para o país. Ali onde ela teria visto “a riqueza do Brasil” estava a maior corrupção da história do país e uma gestão destruidora.

Lula enterra ainda mais a sua biografia

Em sua defesa nesta sexta (4), o ex-presidente Lula cavou um pouco mais o buraco onde vai sendo enterrada sua biografia.

O ex-presidente afirma que os avanços sociais no país levaram as "elites" a persegui-lo, assim como a caça ao PT.

O trabalho e o recolhimento de provas na Lava Jato e no Ministério Público seriam, em última análise, destinados a interromper o processo de melhora de vida dos mais pobres. Isso seria contrário ao desejo das elites.

Em 13 anos de poder, o PT promoveu a maior distribuição de renda da história brasileira. A renda dos 10% mais pobres aumentou, em termos reais (acima da inflação), cerca de 130% no período. A dos 10% mais ricos, 30%. Todos ganharam.

Ao final de seu governo, entregue com uma taxa de crescimento de 7,5%, a maior em 25 anos, Lula foi coroado como o presidente mais popular da história. Era apoiado pela grande maioria da população (83%), elogiado por empresários e reconhecido amplamente no exterior.

Além de distribuir renda, Lula conseguiu dobrar a taxa de crescimento do PIB em relação a FHC. Fez o Brasil acumular bilhões de dólares em reservas e ampliou como nunca o mercado consumidor, com mais acesso a bens e serviços.

No Nordeste, garantidor das últimas vitórias do PT, o ex-presidente virou rei. E a "mulher de Lula", a "Vilma", foi a escolha natural para a sua sucessão. Lula chegaria assim a presidente "tribom", com disse nesta sexta-feira (4). Eleito, reeleito e fazedor de sucessor.

Dilma depois arruinou a economia e pôs os pobres no caminho de volta. É jogo jogado. Ela foi eleita democraticamente e tinha o direito de governar como julgasse necessário. Se mentiu e o povo engoliu na conquista de um segundo mandato, problema do país. Donald Trump também está ai.

Ao mesmo tempo que tenta dividir o país entre "nós" e "eles", Lula demonstra todo o seu isolamento ao voltar a se abraçar em Dilma. O naufrágio econômico também seria culpa das mesmas investigações contra ele, que teriam paralisado o governo.

Apesar dos prováveis imprevistos, a Lava Jato e a atual recessão parecem ter definido a sua dinâmica. O grau de degradação na ação e discurso de seus envolvidos passam agora à grande incógnita.

 

Polícia e política

Por  DEMÉTRIO MAGNOLI

"A violência praticada contra o ex-presidente Lula é uma agressão ao Estado de Direito que atinge toda sociedade brasileira. A ação da chamada força-tarefa da Lava Jato é arbitrária, ilegal, e injustificável, além de constituir grave afronta ao Supremo Tribunal Federal." A nota do Instituto Lula acusa o juiz Sergio Moro, os procuradores e policiais federais de promoverem uma conspiração política. Uma nota divulgada pelo PT denuncia a suposta implantação de um "regime de exceção" pela força-tarefa da Lava Jato. A alegação é um escárnio, pois cada uma das iniciativas judiciais e policiais submete-se ao controle das instâncias superiores do Judiciário. Mas, de fato, num sinal agourento, o timing da condução coercitiva de Lula foi ditado pela política.

Aqui, inexistem coincidências. A Operação Aletheia eclodiu na sequência da troca de guarda no Ministério da Justiça. Dilma Rousseff é responsável pela politização da polícia: segundo o próprio ex-ministro José Eduardo Cardozo, sua demissão derivou de pressões oriundas do PT pelo "controle da Polícia Federal", eufemismo para a interferência do Executivo nas investigações da Lava Jato. Cedendo às pressões e nomeando o indicado por Jaques Wagner, um "soldado de Lula", a presidente anunciou um confronto institucional. No fundo, passou a agir em obediência à providencial tese lulista do "regime de exceção".

"Isso não é justiça, é uma violência", declarou o ministro Miguel Rossetto, acrescentando que a Aletheia "é um claro ataque ao que Lula representa, como liderança política e social". Rossetto emitiu a nota oficial adiantando-se a qualquer pronunciamento da presidente, com a finalidade de oferecer uma resposta à militância petista ou de precipitar um protesto formal do governo. Mas ele não é um Rui Falcão, pois está subordinado a Dilma. Sua permanência no cargo, após a nota, tem significado inequívoco: na vez de Lula, o Planalto insurge-se abertamente contra a Lava Jato.

"É um exagero", reagiu o ministro Edinho Silva. Dilma, "inconformada", concluiu o raciocínio classificando como "desnecessária" a condução coercitiva de Lula. A crítica pública do Planalto a uma decisão judicial abre perigoso precedente: se vale no caso de Lula, valerá nos de João, Maria, José ou um tal de Cunha, o que nos conduziria até a ruptura do princípio da separação de poderes. Sob o lulopetismo, politizou-se a economia, a Petrobras, a identificação de quilombos, a demarcação de terras indígenas, o currículo escolar e até o Aedes egypti. A introdução da política no âmbito do sistema de justiça, esse passo nascido do desespero, assinala o outono de um projeto de poder.

De qualquer modo, o argumento da "desnecessidade" merece exame. Há um mês, quando o Ministério Público de São Paulo intimou Lula a prestar esclarecimentos, os "movimentos sociais" petistas convocaram uma manifestação diante do Fórum Criminal da Barra Funda, no horário do depoimento. O cerco de um fórum pela militância partidária configura tentativa de intimidação de policiais, procuradores e juízes. Decidindo-se pela condução coercitiva sem aviso prévio, Moro jogou segundo as regras políticas impostas pelo PT –e acabou derrapando no barro da arbitrariedade.

O Brasil não é a Venezuela. Por aqui, o "Estado de Direito" é definido pelo Judiciário, não pelo Instituto Lula, o PT ou mesmo o Planalto. A Aletheia sustenta-se sobre uma representação do Ministério Público Federal que aponta indícios de prova contra o ex-presidente. O fogo de artilharia disparado por Lula e pelos seus na direção da "imprensa golpista" pretende o que já não é possível: iludir um país inteiro. Se Lula crê que seus direitos constitucionais foram violados, resta-lhe procurar amparo nos tribunais superiores. Ou, como José Dirceu, erguer o braço e fechar o punho em desafio à democracia.

 

Batalha final?

Por ANDRÉ SINGER

Ao que parece o comando da Lava Jato, cujas formas decisórias ainda estão para ser esclarecidas, resolveu acelerar o passo e deflagrar o ato final da luta iniciada após a reeleição de 2014. A absurda condução coercitiva do ex-presidente Lula para depor na manhã de ontem tenta mobilizar e compactar, numa ofensiva final, os que desejam derrubar Dilma e extinguir o lulismo. Veremos nas próximas semanas se será vitoriosa.

A investigação a respeito do ex-presidente pode estar embasada em critérios técnicos, conforme o defendido pelo representante do Ministério Público (MP) no Paraná para explicar o que está em curso. Só o tempo dirá. Mas a justificativa a respeito da condução coercitiva não para em pé.

Disse o delegado da PF, encarregado de expor as razões da medida, que a mesma foi tomada com vistas a preservar a segurança do próprio Lula. Mas é o contrário. Os confrontos em São Paulo teriam sido evitados se o ex-mandatário fosse convidado a depor com toda a tranquilidade em Brasília, como o fez de outras vezes. Afirmar que se procurava preservar a integridade do depoente não faz o menor sentido.

O juiz Sergio Moro certamente sabe o que se produziria se autorizasse o que autorizou. Era óbvio que haveria repercussão midiática nacional e internacional equivalente à da prisão de uma celebridade. Era esse efeito imagético que buscava.

Com todas as atenções voltadas para o factoide, houve difusão extraordinária das acusações formuladas pelo MP, associando Lula de maneira central ao escândalo da Petrobras. Fazê-lo um dia depois de, com o mesmo sentido, os meios de comunicação serem tomados pela suposta delação de Delcídio do Amaral criou massacre noticioso, o qual açula os ânimos antipetistas.

Na outra frente do tabuleiro, numa vingança clássica, o ex-líder do governo ressuscitou o impeachment. Ao afirmar que a presidente tentou interferir na Lava Jato, abre a porta para a oposição acusá-la de obstrução da Justiça. Até aqui era flagrante a inconsistência dos crimes de responsabilidade atribuídos a Dilma.

Por enquanto não há prova de que a acusação proceda. Por mais credibilidade que tivesse o delator, pelo cargo antes ocupado, trata-se só de sua palavra. Talvez por isso o esforço do Partido da Justiça (PJ), via João Santana, obter a incriminação das contas eleitorais.

O desfecho desta que parece ser a mãe de todas as batalhas dependerá de dois fatores. De um lado, a capacidade de o PJ dar materialidade às imputações lançadas contra Dilma. De outro, da temperatura das ruas, aquecidas pelas manifestações programadas pela direita e pela disposição de luta demonstrada por Lula ao se livrar da injustificada coerção policial.

 

Petistas perseguem jornalistas nas ruas, e sindicato da categoria se solidariza com… Lula!

Os fascistoides de esquerda que foram às ruas nesta sexta promover a baderna em defesa de Lula tinham como um de seus alvos a imprensa. Meios de comunicação e jornalistas foram hostilizados.

Na sede do PT, em São Paulo, os brucutus tentaram tomar a câmera de uma profissional da TV Globo. O carro da emissora foi recebido aos chutes. Dois repórteres seus foram xingados em São Bernardo, em frente ao prédio onde mora Lula. Um cinegrafista e um jornalista da Band foram cercados, e a câmera acabou danificada. Em Brasília, os lulistas fizeram um protesto em frente à sede da Globo.

Ação de radicais, pela qual os líderes petistas não podem se responsabilizar? Uma ova!

 

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Nos dois discursos que fez nesta sexta, um dos principais alvos da Lula foi a imprensa. À tarde, ele até tentou livrar a cara dos jornalistas, atacando apenas os veículos. Mas é evidente que seus milicianos não fazem essa distinção.

Ora, faz sentido. As hordas que se viram ontem nas ruas não diferem em nada de seus congêneres bolivarianos na Venezuela, que deram um jeito de esmagar a imprensa livre. Não por acaso, Lula recebeu ontem a manifestação de solidariedade de dois democratas notáveis: Evo Morales e Nicolás Maduro…

Sabem o que é mais asqueroso? O Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, mesmo com os profissionais sendo caçados nas ruas por marginais disfarçados de militantes, aderiu a uma tal “frente ampla”, organizada pela CUT, em defesa de Lula e, ora vejam, “contra o golpe”.

Não é um sindicato. Trata-se apenas de um aparelho partidário, que reúne jornalistas que nunca pisaram numa redação.

Coisa de escória.

 

Lula declara guerra à Justiça, à imprensa, à democracia e ao bom senso

Lula chora durante discurso do Sindicato dos Bancários. Seus seguidores perseguiam jornalistas nas ruas (Foto: Fábio Braga/FolhaPress)

Lula chora durante discurso no Sindicato dos Bancários. Seus seguidores perseguiam jornalistas nas ruas (Foto: Fábio Braga/FolhaPress)

A irresponsabilidade de Lula nada teme, muito especialmente o sangue alheio, já que não há possibilidade de o dele próprio correr nas ruas. Nem o de seus rebentos, sempre cercados de seguranças. Os dois discursos que fez nesta sexta-feira, convocando as ruas a reagir contra a Justiça — pois é precisamente disso que se trata —, anunciam o vale-tudo. Podem apostar que eles tentarão produzir coisa feia.

Na entrevista-pronunciamento que concedeu à tarde, Lula pintou e bordou. Ora falava como o oprimido que busca piedade e solidariedade, ora como o líder capaz de ombrear como os poderosos do mundo; ora se manifestava a vítima de uma grande conspiração, ora o chefe ameaçador que deixou claro: só bateram no rabo da jararaca, não na cabeça.

À noite, na quadra do Sindicato dos Bancários, falando a militantes petistas — os organizadores afirmaram que havia lá 5 mil pessoas; convém apostar em um terço disso —, carregou nas tintas da dramaticidade. Ofereceu-se, como um Aquiles indignado prestes a entrar na luta contra Troia, para liderar os seus soldados: “Se vocês estão precisando de alguém para comandar a tropa, está aqui”.  Lula quer liderar tropas. Lula quer guerra.

Mas o guerreiro também chorou. Ora sangue, ora lágrimas.

E não economizou: “Quero comunicar aos dirigentes que estão aqui que, a partir de segunda-feira, estou disposto a viajar esse país do Oiapoque ao Chuí. Se alguém pensa que vai me calar com perseguição e denúncia, vou falar que sobrevivi à fome. Não sou vingativo e não carregou ódio na minha alma, mas quero dizer que tenho consciência do que posso fazer por esse povo e tenho consciência do que eles querem comigo”.

Erro
Um dia depois da devastadora delação do senador Delcídio do Amaral (PT-MS) ter vindo a público, com o petismo ainda aturdido, com a presidente Dilma silenciada pela perplexidade, com o chorume do petismo correndo a céu aberto, o juiz Sergio Moro fez o que não deveria ter feito: deu a Lula um palanque; aos petistas, uma causa; à Operação Lava Jato, a suspeita do excesso e da truculência gratuita.

Comece-se do óbvio: se há um mandado de condução coercitiva até Curitiba, que se chegue, então a Curitiba, que não fica no Aeroporto de Congonhas. Não tendo havido negativa anterior de Lula para depor à Justiça Federal — ele se recusara a falar ao Ministério Público de São Paulo —, a coerção, que prisão não é, tornou-se uma provocação desnecessária.

Analise-se a coisa pelo resultado: o país poderia muito bem ter passado esta sexta sem os dois discursos de Lula, os confrontos de rua, o início precoce da nova gesta petista. Citando o próprio Apedeuta: se não dá para esmagar a cabeça da jararaca, que não se lhe fira o rabo…

A ação desta sexta conferiu verossimilhança a uma mentira descarada: a de que a Operação Lava Jato é uma grande conspiração que busca atingir o PT, a figura de Lula e as conquistas dos oprimidos nos últimos 14 anos.

É preciso tomar cuidado com a soberba!

Injustificável
É evidente que o excesso do juiz Sergio Moro não justifica as duas falas de Lula. A reação do ex-presidente e de seus militantes é absolutamente desproporcional. O aparelho logo mobilizado indica que eles estavam preparados para algo, vamos dizer assim, sensacional. Faltava o pretexto. E agora eles têm um.

A reação, note-se, é muito própria do aparelho mental de fascistas dos mais variados matizes. O fascismo se traduz na cultura política do ressentimento. Ele manipula o rancor dos que se sentem perseguidos, injustiçados, humilhados e incompreendidos por uma suposta elite insensível e alheia ao sofrimento dos humildes.

E quem pode levar adiante a causa desses excluídos? Ora, o líder, o condutor, o redentor, o demiurgo! E Lula se oferece para comandar, então, o que chamou de a sua “tropa”.

É pouco provável que obtenha o efeito desejado. Duvido que vá conseguir mobilizar pessoas fora das hostes militantes. O Lula candidato a 2018 já está morto faz tempo. “Ah, mas o povo já acha que todo político é mesmo ladrão…” Pode ser. Mas Lula só se tornou Lula porque ele convenceu milhões de pessoas que era diferente. Não fica bem aparecer na fita como uma espécie de chefe de organização criminosa.

Não creio que o PT será bem-sucedido no esforço de criar um movimento de massa que volte a carregar Lula nos braços. Mas é evidente que a reação desencadeada nesta sexta vai buscar, podem escrever aí (até porque já começou), o confronto de rua, a violência e a intimidação. Se o PT não consegue pôr freio à investigação pelos meios legais, vai apelar aos ilegais.

E é óbvio que o país não precisa disso.

Atenção!
Aliás, as forças responsáveis pela segurança pública fiquem mais atentas do que nunca. É raro o movimento político, por mais pacífico e correto que seja, que não abrigue, nas suas franjas, alguns delinquentes — quando menos, delinquentes intelectuais.

Quando o próprio “comandante da tropa” anuncia que vai “para as ruas”, isso pode soar a alguns como uma “senha” para o “faça você mesmo!”

Ao longo de sua história, o petismo nunca aderiu completamente ao discurso da ordem — no caso, da ordem democrática. Agora que seu líder está politicamente morto, querem usar deu cadáver político para ameaçar as instituições.

Não é o caso de ceder à provocação dos zumbis.

 

Não mandaremos Dilma e Lula tomar no c… Nós vamos asfixiá-los com o oxigênio da democracia

Dilma sabe que, a exemplo de Lula, perdeu as ruas. E isso ficará bem claro no próximo dia 13. Os milicianos que saem em defesa do PT, do Poderoso Chefão e, secundariamente, da presidente são militantes ligados ao partido e a seus aparelhos. São a periferia da nova “classe social” que o PT representa no Brasil, para usar a expressão cravada por Milovan Djilas em 1957

Vejam este vídeo. Volto em seguida.

A política se exercita segundo duas lógicas principais: a da publicidade e a do bunker. A primeira é própria dos regimes democráticos, que, segundo seus críticos, produz o milagre às avessas de equiparar os melhores aos piores. Em parte, a objeção é mesmo procedente.

É por isso que as democracias mais avançadas preservam alguns domínios do escrutínio da maioria. É o caso da ciência, por exemplo. Ainda que a sua dimensão ética possa e deva ser submetida ao debate público, não convém pedir que as maiorias decidam qual deve ser a estrutura do DNA. Sobre o dito-cujo, só uma postura é correta: a procura do “em si” da coisa. Nem o regime democrático é capaz de fabricar um para cada gosto.

Se a democracia não é o regime perfeito porque tanto os Schopenhauers como os idiotas valem um voto, ainda assim, já inferiu aquele, é o melhor de todos os regimes ruins. Seu oposto é a opacidade do “bunker”, que é típica das ditaduras, sim, mas que pode se manifestar mesmo num regime democrático.

Um vídeo espetacular circula na Internet. Jandira Feghali (RJ), deputada do PCdoB, conhecida por “Jandirão” em razão de seu estilo, da fineza da retórica e da delicadeza do pensamento, resolveu se comportar como cineasta de interiores. Depois do depoimento de Lula, ela flagra o ex-presidente da intimidade, numa conversa, segundo ela própria, com Dilma Rousseff.

O homem que, segundo o Instituto Lula, não tem nem usa celular se mostrava muito à vontade falando com a chefe da nação. Aos berros, expressou a importância que confere à Justiça: “Eles que enfiem o processo no c…”. E usou aquele monossílabo tônico de duas letras, que começa com “c” e termina com “u” — com assento e sem acento, na melhor fisiologia gramatical —, revelando, uma vez mais, as cavernas do pensamento onde se produz o autêntico petismo.

Como se nota, Lula gritava, como fazem os chefes mal-educados em seus ataques de assédio moral contra subordinados incompetentes ou, ainda que competentes, submissos. Submissa, Dilma é. Competente, sabe-se que não. Logo, suponho que, do outro lado da linha, ouvia-se apenas um muxoxo, uma fala presa na garganta, que não se voltava para o mundo; antes, ficava retornava ao diafragma, esmagada. Também a fala, na lógica do bunker, se exercita para dentro, não para fora.

No dia em que esse espetáculo grotesco veio a público, a presidente se desloca de Brasília para São Bernardo — com o nosso dinheiro, como tudo o mais — e vai visitar Lula em seu apartamento. Emprestava, assim, a solidariedade da presidente da República, não da amiga — já que tal dimensão deixa de existir quando se ocupa tal cargo —, àquele que é alvo de investigação, numa clara afronta à Justiça.

É a lógica do bunker se manifestando em plena democracia. Dilma sabe que, a exemplo de Lula, perdeu as ruas. E isso ficará bem claro no próximo dia 13. Os milicianos que saem em defesa do PT, do Poderoso Chefão e, secundariamente, da presidente são militantes ligados ao partido e a seus aparelhos. São a periferia da nova “classe social” que o PT representa no Brasil, para usar a expressão cravada por Milovan Djilas em 1957, título de seu livro, ao se referir ao sistema comunista (não só o iugoslavo), ao qual havia servido como presidente da Assembleia e vice-presidente. Mas sempre lutando por democracia, diga-se.

Djilas percebeu a impossibilidade de conciliar um regime de liberdades com o socialismo. Não estou atrás de medalhas, claro!, mas fui o primeiro no Brasil — tenho as provas, rsss — a associar as teses de Djilas ao PT. E era ainda o PT que disputava o poder. O livro é encontrável em inglês. Já teve tradução no Brasil. Acha-se em algum bom sebo, talvez.

A desnecessária condução coercitiva de Lula inflamou a nova classe, e quase nada de útil pode advir disso. Traz, no entanto, um efeito associado que pode ser positivo: levou Dilma para o bunker de Lula. Já não é possível distinguir, e é bom que não, o governo dela das artimanhas dele. É evidente que não existe “dilmismo”. Ela é mera funcionária da máquina de assalto ao estado em que se transformou o PT.

Mas existe o lulismo, ao qual intelectuais pés-rapados conferiram o estatuto de uma teoria do poder, que o Babalorixá de Banânia expôs ligeiramente na sua entrevista-pronunciamento. Ela consiste, como ele mesmo deixou claro, em garantir lucros formidáveis aos muito ricos e distribuir caraminguás aos pobres, silenciando-os com benesses mesquinhas, roubando-lhes cidadania em troca de alguns reais.

O vídeo feito por Jandirão e a visita de Dilma ao apartamento de Lula restarão para a história como aberrações que antecederam a queda da presidente e do lulismo.

Lula não estava mandando a Justiça enfiar o processo no monossílabo tônico sem acento terminado em “u”. Lá do bunker, ele mandava a democracia tomar no c…

Respeitado o devido processo legal, sem atropelo, sem afronta a nenhuma das garantias, há elementos que indicam que o lugar da dupla é a cadeia. Não os mandaremos tomar no c… Vamos asfixiá-los com o oxigênio da democracia.

PS: Desde que se lançou na política, Jandirão prestou seu primeiro serviço à democracia.

 

 

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Fonte:
Blog Augusto Nunes, de veja.com

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