Beneficiário do Bolsa Família doa R$ 75 milhões (no blog de Josias de Souza)

Publicado em 17/10/2016 19:51

Subiu para R$ 1,41 bilhão o montante de doações eleitorais suspeitas na campanha municipal de 2016. Isso correponde a mais da metade de todo o dinheiro doado a candidatos e partidos: R$ 2,227 bilhões. A nova cifra foi revelada no levantamento mais recente do Tribunal Superior Eleitoral, divulgado nesta segunda-feira. Entre os lançamentos suspeitos há um beneficiário do Bolsa Família que aparece como doador de R$ 75 milhões. Outro beneficiário do programa assistencial do governo emerge do cruzamento de dados como sócio de uma empresa de produções que faturou R$ 3,57 milhões por serviços prestados às campanhas.

Outro doador despejou nas campanhas R$ 50 milhões. Esse não consta do cadastro do Bolsa Família. Mas tampouco exibe renda compatível com a generosidade. Há também no levantamento um prefeito que despejou nas arcas do diretório municipal do seu partido a bagatela de R$ 60 milhões. Não é só: o número de doadores mortos subiu para 290. Juntos, os casos considerados suspeitos somam 259.968 lançamentos. Os dados foram recolhidos em órgãos de controle que firmaram parceria com a Justiça Eleitroal. Coube ao Tribunal de Contas da União fazer o cruzamento das informações.

Este é o sexto levantamento parcial sobre a contabilidade das campanhas que o TSE divulga. O primeiro veio à luz no início de setembro. As suspeitas de irregularidades somavam, então, R$ 116 milhões. A cifra malcheirosa foi subindo uma semana após a outra. Passou de R$ 275 milhões na semana seguinte. Foi a R$ 388 milhões na terceira semana. Bateu em R$ 554 milhões no dia 27 de setembro. Chegou a R$ 659 milhões em 4 de outubro. E alcançou a cifra de R$ 1,41 neste novo levantamento, que foi fechado na última sexta-feira (14) e divulgado nesta segunda (17).

O TSE conta os milagres sem divulgar os nomes dos santos —doadores e recebedores. Mantém os nomes dos suspeitos em segredo sob a alegação de que o levantamento apresenta indícios de fraudes que ainda estão em fase de apuração. Segundo o tribunal, as informações foram “compartilhadas” com o Ministério Público Eleitoral. Os dados sobre “clientes” do Bolsa Família foram repassados ao Ministério do Desenvolvimento Social. De resto, os indícios de malfeitos foram colocados à disposição dos juízes eleitorais. Instrução normativa baixada pelo TSE no último dia 16 de agosto prevê que os juízes darão prioridade à elucidação desses casos.

Vacina contra cárcerofobia é enxergar a propinomania, que provoca a neurose

Existe a conhecida claustrofobia, que é o medo de lugares fechados. Mas o pânico de estar trancafiado, por exemplo, num xadrez da carceragem da Polícia Federal em Curitiba, nasceu antes de ser batizado. Como chamar o fenômeno? Digamos que cárcerofobia seja uma opção. A nova neurose está na moda.

Na madrugada desta segunda-feira, impulsionados pelo boato de que Lula poderia ser preso, os devotos do ex-presidente mobilizaram-se no Facebook. Convocaram uma vigília. Conseguiram arrastar para a frente do prédio onde mora Lula, em São Bernardo, algo como 80 devotos.

Não chega a ser uma multidão compatível com a fama do ídolo. Mas a cárcerofobiadeve aumentar. Lula já é réu em três ações. E não perde por esperar. Ao contrário. Logo ganhará novas denúncias. Uma alternativa para os que reviram lençóis à procura de um lenitivo é lembrar da propinomania, o vício que dá origem à neurose.

Na falta de coisa mais interessante para fazer, sugere-se aos inquietos que busquem na internet íntegras de denúncias, depoimentos e despachos de juízes. Aplicando-se na leitura, os manifestantes talvez se mobilizem para cobrar explicações de sua divindade. Ou talvez prefiram se autocondenar ao sono perpétuo. O pesadelo, por vezes, é melhor do que o despertar.

Costuma-se dizer que o brasileiro não tem memória. Bobagem. O que certos patrícios não têm mesmo é muita curiosidade.

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Blog Josias de Souza UOL+VEJA

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