A vitória da derrota nos espreita, por Reinaldo Azevedo na Folha

Publicado em 09/06/2017 10:54

Antes ainda de a Lava Jato completar seis meses, o jogo perigoso praticado pelo Ministério Público Federal e pela Polícia Federal surgiu à minha frente com uma clareza de tal sorte fulgurante que me perguntei se eu não estava numa daquelas operações mentais a que toda pessoa está sujeita: imaginar uma conspiração e, depois, torcer os fatos para que estes endossem o suposto engenho, a exemplo do que fazem os "cegos de tanta luz".

Ao constatar as prisões preventivas em massa, raramente ancoradas no artigo 312 do Código de Processo Penal, mas endossadas pela segunda instância, tive a certeza de que caminhávamos para uma situação muito delicada. "Descobriu isso só agora, Reinaldo?, depois da queda de Dilma?" Consultem o arquivo do meu blog e desta Folha, por exemplo, e vocês constatarão que não.

A primeira percepção, pois, foi um insight mesmo, algo que, como escreveu o poeta, "se soube de repente".

Mas depois me tranquilizei –em relação à minha suposta paranoia apenas– ao submeter o que estava em curso a alguns valores que constituem a base do meu, vá lá, pensamento. E eu tenho por princípio que, numa democracia, não me servem procedimentos que transbordem dos marcos institucionais –muito especialmente, das leis.

Formulei definições próprias para "progressista" (esquerdista) e "conservador" (direitista) –sempre considerando um regime democrático, já que, numa ditadura, quase tudo é relativo. O primeiro promove, como um ato de vontade, a transgressão aos limites legais. As alegorias prediletas a justificar seus crimes são a justiça e a igualdade. Oh, quantos crimes de corrupção passiva lavagem de dinheiro se cometeram em nome de tal dupla, não é, PT?

Já a um conservador deveria ser óbvio que agredir a lei para promover justiça incide em duas consequências negativas: no mais das vezes, não se corrige nada –só os militantes se divertem– e ainda se depreda o tal molde, estimulando, portanto, novos crimes e crimes novos.

Sim, eu me espantei um tantinho quando vi grupos organizados identificados com a chamada "direita" a fazer da Lava Jato a sua maior referência política e de Janot "um certo Capitão Rodrigo" de sua afirmação moral.

Leia a íntegra no site da Folha de S. Paulo

TSE: decisões, até agora, estão corretas. E não! Gilmar Mendes não está sendo contraditório

Oh, não! Herman Benjamin ainda não concluiu a leitura de seu voto no TSE. Ele o fará nesta sexta, quando, espera-se, terá fim o julgamento. O modo escolhido pelo relator para elaborar o seu libelo condenatório acabou condicionando o debate. O que quero dizer com isso? A peça de Benjamin só faz sentido e só justifica a condenação da chapa que elegeu Dilma-Temer se forem levados em conta os depoimentos de ex-diretores da Odebrecht e de João Santana. Reitere-se: ele escolheu esse caminho.

Quatro ministros já deixaram claro que não pretendem levar em conta tais depoimentos: Gilmar Mendes, Admar Gonzaga, Napoleão Nunes Maia Filho e Tarcisio Vieira. Acataram o procedimento do relator Rosa Weber e Luiz Fux. Este, aliás, era adversário da condenação da chapa até a semana passada. Mudou de lado de repente. E o que encanta é ver que mudou com entusiasmo, com ênfase.

Com a devidíssima vênia, a quantidade de impropriedades que se disse e se escreveu a respeito da “questão Odebrecht” chega a ser assombrosa. A maior de todas é dizer que o tribunal voltou as costas para a Lava Jato e fez de conta que ela nunca existiu. Por que isso?

Já expliquei aqui, mas sempre é bom retomar porque vejo em estado de confusão mental mesmo pessoas intelectualmente equipadas para entender a natureza da democracia. Vamos ver.

O regime democrático, felizmente, protege o voto. Reconhece que o povo é a fonte legitimadora do poder e que este em seu nome é exercido. Assim, o normal é que se criem, sim, dificuldades para contrariar aquilo que a urna decidiu. É por isso que, num processo de impeachment, por exemplo, quem quer derrubar o presidente precisa do voto de pelo menos 342 deputados. Já o mandatário permanece no cargo se obtiver apenas 172.

Leia a notícia na íntegra no blog de Reinaldo Azevedo no site da RedeTV

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Folha + RedeTV

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