2017-2018: É TEMPO DE ESCOLHER...

Publicado em 01/01/2018 18:30
Por Lucas Berlanza, publicado pelo Instituto Liberal

Por Lucas Berlanza, publicado pelo Instituto Liberal

Com estas palavras, despeço-me do ano que se encerra junto aos leitores, nesta casa que me é tão querida, o Instituto Liberal, certo de que teremos ainda muito o que construir naquele que se inicia. Em paralelo aos votos de uma excelente transição de ano, pensei de que maneira poderia encerrar o ciclo deste 2017 e abrir portas ao decisivo ano de 2018 – que deve ser recebido, válido ressaltar, não como a panaceia absoluta, não como a determinação intransponível de nosso futuro, mas como um encaminhamento extremamente importante de qual será a resolução da atual e tormentosa quadra histórica. Eis o resultado abaixo.

Não digo à-toa que é tempo de escolher. Não é sem razão a paráfrase do discurso de Ronald Reagan, A Time for Chooshing. Disse o grande líder americano em 1964: “Os Pais Fundadores sabiam que um governo não pode controlar a economia sem controlar as pessoas. E eles sabiam que quando um governo se prepara para fazer isso, deve usar a força e a coerção para alcançar o seu objetivo. Chegamos ao momento da escolha”. A escolha, leitor, entre o razoável e o irrazoável; entre o responsável e o irresponsável; a liberdade e a escravidão. Como os mesmos pais fundadores dos EUA lembrariam, “o preço da liberdade é a eterna vigilância”; em 2018, ainda se trata, no Brasil, e talvez mais do que nunca, da mesma grande decisão.

2017 sucedeu um ano marcado, no mundo, pela campanha que alçou Donald Trump à presidência do gigante do norte. Também sucedeu o ano do Brexit, dando sequência a uma fase em que as contradições contemporâneas do poder nacional e dos grandes corpos burocráticos como a União Europeia deram seus sinais mais claros. 2017 foi marcado por novos atentados, novas insinuações do ódio fundamentalista islâmico contra as bases do Ocidente; em particular, também, pelo acirramento das tensões com o perigo nuclear da Coreia do Norte e por investidas mortais contra o ISIS. A definição do que virá a ser o século XXI está em pleno curso.

Nesse imenso jogo, está o Brasil. Infelizmente, patinando, inconsciente de suas possibilidades e destinos, navegando nas consequências de seus desatinos. Em 2016, nosso povo despertou para soterrar o projeto de um regime autoritário, uma nau desgovernada que vinha sendo conduzida pela mandatária mais obtusa e destrambelhada da história com pretensões nocivas aos nossos valores e nossas liberdades. O impeachment pôs fim à era PT; mas os estragos eram muito mais enraizados para serem eliminados em passe de mágica, e eles apenas se somam, como diria o professor Ricardo Vélez Rodríguez, a vícios crônicos que já de há muito acompanham nosso edifício político-cultural patrimonialista.

O curto governo Temer, atendendo às prerrogativas constitucionais, seguiu adiante por todo o ano de 2017 e, ao que tudo indica, chegará até o final do ano que vem, ainda que talvez em poucas condições de fazer algo de mais significativo sob a pressão do calendário eleitoral. Não foi por falta de tentativas de derrubá-lo; aqui, parece-me de bom tom, em clima de fim de ano, me desculpar por um erro. Assim que Lauro Jardim divulgou o conteúdo do famoso áudio de Joesley Batista conversando com o presidente, reagi de imediato, por temor de mais um longo processo político, defendendo que o presidente deveria sair. Fui duro, mas imperdoavelmente afobado; não poderia ter tirado conclusões com base apenas no que Jardim reportou. Ainda assim, não considero a conversa divulgada nem um pouco civilizada e ainda acredito que, no mínimo, a chapa deveria ter sido cassada pelo TSE, o que na prática determinaria a queda de Temer, por uma questão de justiça.

Michel Temer não é um herói e fez parte, junto a seu grupo político, da base de sustentação do lulopetismo. Não haveria Lula e Dilma por 13 anos sem o PMDB. Não terão, portanto, nem o presidente, nem seu grupo, meus aplausos e meus parabéns por estarem consertando a desgraça que ajudaram a fazer. Contudo, cabe reconhecer que, para os padrões dos governos brasileiros, eles estão fazendo um bom trabalho em retificar o apocalipse petista. Os números já mostram a comida voltando à mesa de muitos por menor preço, inflação em queda, volta regular de atividade na economia.

A conduta economicamente mais responsável da equipe técnica de Meirelles, o teto de gastos, a reforma do Ensino Médio – com direito a recente pronunciamento do ministro Mendonça Filho enfatizando a inexistência de “ideologia de gênero” na Base Nacional Comum Curricular – e a reforma trabalhista são algumas das evidências de medidas promissoras do governo. Também podemos ter assistido, e esperamos que não haja retrocessos, ao fim do imposto sindical – uma excrescência da qual o Brasil não se livra desde a Era Vargas. O cidadão brasileiro pode ver uma porta de esperança no fim do túnel.

Nem tudo são flores. Ainda temos um número inaceitável de ministérios e uma ministra de Direitos Humanos que ofendeu a população afirmando que seu polpudo salário torna seu trabalho similar ao escravo. A quantidade esperada de privatizações até agora não saiu. A Reforma da Previdência ficou para fevereiro e paira ceticismo sobre a possibilidade de ser aprovada. O governo está cheio de políticos fisiológicos e implicados em investigações no âmbito da Operação Lava Jato e quejandas, entre eles o próprio presidente; apesar, portanto, do mérito em levar adiante reformas inevitáveis e importantes, eles não têm credibilidade junto à população, demonstram deficiência na capacidade de se comunicar com ela e estão constantemente acuados pela Justiça.

Muitos graúdos presos, muitos sob ameaça, particularmente no meu Rio de Janeiro. A Lava Jato segue adiante e ainda espera, para 24 de janeiro que vem, o impactante resultado do primeiro processo concluído contra o ex-presidente Lula. Insegurança institucional também existe, com ministros do STF se digladiando e riscos constantes de uma perigosa e autoritária “judicialização” da vida política. Paira nebulosidade sobre a continuação da crise que, ainda que viva momento de aparente “calmaria”, deve voltar a explodir no clima das primeiras eleições depois da implosão do esquema de poder da estrela vermelha.

2017, porém, também foi marcado pela reação na vida cultural brasileira. Filmes sobre filósofos conservadores em universidades, desafiando a truculência dos radicais. A sociedade comum erguendo o dedo contra bizarrices “artísticas” patrocinadas pelo Estado. Uma discussão viva sobre agendas que desafiam a nossa maneira de viver. Imaturidades houve e são de se lamentar, mas ao mesmo tempo, estes são capítulos positivos de tomada de atitude em uma batalha que finalmente começou a ser travada – com anos, muitos anos de atraso.

Em 2018, teremos várias escolhas fundamentais a fazer. Uma, sobre quem colocaremos no Palácio do Planalto a partir de 2019, com a missão de tomar as medidas drásticas necessárias para dinamizar a vitalidade econômica, devolver nossa dignidade e conseguir comunicar tudo isso ao nosso povo; com a missão de ajudar a conter o derramamento de sangue absurdo que aumenta em níveis inadmissíveis a possibilidade de cada um de nós não ver com os olhos da carne o ano que virá a seguir, sob o impacto fatal do crime sem punição.

Porém, também outras. As escolhas para o Legislativo. As escolhas daqueles que realmente conduzirão adiante as pautas que tanto reivindicamos, defendendo-as da tribuna de um dos poderes mais importantes da nossa combalida República. As escolhas dessas mesmas pautas, das agendas, das bandeiras que defenderemos – e onde defendermos, posto que há muitos espaços a ocupar.

Aquilo de que o Brasil precisa não será obra de um homem só, e nem de um ano só. 2018 não trará milagres, e a essa altura já sabemos disso, e não importa quantos fogos iluminem o céu de Copacabana. Nós faremos a diferença. O indivíduo tem muito poder, mas precisa trabalhar com os outros indivíduos. A vida, a decência, a dignidade, a liberdade, têm pressa. A responsabilidade é nossa de marcar um encontro com elas. Sejamos pontuais.

Feliz ano novo!

A NOVA REVOLUÇÃO CULTURAL CHINESA: CINEASTAS SOB O CONTROLE SOCIALISTA (por RODRIGO CONSTANTINO)

Primeiro dia do ano, ressaca da festa da virada, mas não é por isso que vamos fugir do trabalho, não é mesmo? O tema é relevante, então não há tempo para descanso. Vamos em frente.

Quando liberais e conservadores fazem críticas ao excesso de ideologia de esquerda nos filmes de Hollywood, como fiz recentemente sobre “Star Wars”, logo surgem aqueles mais “isentões” nos acusando de “chatice” ou “paranoia”, alegando que filmes são apenas filmes. Mal sabem eles da importância que os líderes revolucionários comunistas sempre deram aos filmes como instrumentos de propaganda.

Uma reportagem de hoje no GLOBO sobre a nova revolução cultural chinesa mostra bem isso. Os cineastas são “treinados” para se tornarem máquinas de propaganda do regime e do país, alimentando um nacionalismo forçado, enquanto os cineastas americanos preferem vender… antiamericanismo ao mundo! Diz a matéria:

A cultura é a alma de uma nação, declarou o presidente chinês Xi Jinping em um discurso no mês passado. E, como Mao Tsé-Tung antes dele, Xi acredita que a cultura chinesa deve servir ao socialismo e ao Partido Comunista. No último mês, mais de cem dos principais cineastas, atores e estrelas pop do país se reuniram na cidade de Hangzhou para aprender exatamente o que isso significava na prática e estudar o espírito do 19º Congresso do Partido, em que Xi deu o discurso e expôs seu “Pensamento sobre o socialismo com características chinesas para uma nova era”.

Uma cultura socialista com características chinesas, afirmou o presidente em novembro, deve promover o bem-estar socialista, elevar seus padrões culturais e éticos e guiar-se pelo marxismo. Escritores e artistas devem simultaneamente refletir a vida real e “exaltar nosso partido, nosso país, nosso povo e nossos heróis”. Este não é um tema novo para Xi — ele fez um chamado semelhante em um discurso em outubro de 2014 — nem é uma ideia nova na China. De fato, Xi evocou conscientemente as palavras do primeiro líder da China comunista, Mao, que disse a um fórum de artistas, ainda em 1942, que a arte deveria refletir a vida da classe trabalhadora e servir ao avanço do socialismo.

Mas o fato de que os principais artistas do país se reuniram especificamente para estudar as palavras de Xi e elogiar suas orientações representa outra virada no controle do Partido Comunista sobre todos setores da vida dos cidadãos nesta Presidência. Também vem em um momento em que o dinheiro chinês está fazendo incursões significativas em Hollywood, suscitando preocupações de que a propaganda chinesa possa gradualmente se infiltrar nos Estados Unidos.

Ou seja, enquanto os líderes do PCC entendem a relevância de se controlar a cultura, de usar filmes para transmitir uma mensagem, vemos os “progressistas” do Ocidente rechaçando essa ideia, reduzindo o peso da cultura e alegando que tudo é economia, “estúpido”!

Vejo inclusive muitos “liberais” encantados com o modelo chinês, pois focam apenas na economia (que, de fato, foi capaz de retirar milhões da miséria, mas não por alguma novidade teórica qualquer, e sim por simplesmente abrir mais espaço para o mercado, ou seja, adotar, ainda que parcialmente, alguma liberdade econômica).

Eles ignoram que a China ainda vive sob uma ditadura com muita presença estatal em todos os setores, e que o regime ditatorial pretende manter o controle sobre o essencial: as mentes dos cidadãos (ou súditos, no caso). E como sonham grande, os líderes chineses estão de olho em Hollywood, claro. Mas nem precisam investir muito: os cineastas de hoje fazem propaganda socialista de forma voluntária já, pois estão alinhados com tal ideologia.

Foi-se o tempo em que víamos filmes patriotas enaltecendo a América e seu legado, reforçando os principais valores ocidentais. Hoje, os próprios ocidentais adoram cuspir nesse legado, distorcido por um revisionismo histórico por meio da lente do vitimismo das “minorias”. E os “liberais” ainda repetem que só a economia importa, e que essa obsessão com a cultura é coisa de reacionário paranoico.

A eles recomendo os vídeos de Bill Whittle sobre o assunto. Nesse abaixo, ele compara a Hollywood de antes com a atual, mostrando como valores conservadores como patriotismo foram abandonados gradualmente:

A cultura importa, mesmo ou principalmente a cultura pop. Filmes servem para transmitir mensagens também, visões de mundo, valores (ou “desvalores”). Os comunistas sempre compreenderam isso, e Lenin dizia que era fundamental controlar a indústria cinematográfica.

Mas quando os liberais-conservadores apontam para o grau de propaganda esquerdista nos filmes atuais, para seu viés antiamericano, os “progressistas” reagem, desconsiderando o alerta ou ridicularizando quem tenta fazer análise política utilizando filmes. Não é por acaso que Lenin chamava essa turma de “os idiotas úteis do comunismo”…

PS: Já que Hollywood não parece mais muito interessada em enaltecer o heroísmo americano, ficamos com as notícias reais mesmo, como esta, de um policial em Utah que mergulhou no lago congelado para salvar a vida de um menino. Nada como uma bela e emocionante história real de heroísmo para começar o ano novo, lembrando do que os seres humanos são capazes em termos de sacrifícios pessoais e coragem pelo próximo.

Rodrigo Constantino

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Blog Rodrigo Constantino

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