Lula disse em Pernambuco, antes de passar mal, que "até dava vontade de ficar doente"

Publicado em 28/01/2010 15:43 e atualizado em 28/01/2010 18:22
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, como informam todos os sites noticiosos e não precisa ser repetido em detalhes aqui, já está bem, devidamente monitorado por aquilo que de melhor a medicina pode oferecer no mundo. E nós torcemos para que ele se recupere logo. Ao Lula que ficou doente, eu só desejo saúde e sorte. Ao Lula saudável, como sempre, recomendo que tire os pés do pântano do populismo.

Um dos itens da agenda de Lula, em Recife, ontem, estava ligada à área de saúde: a inauguração de uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA). As pessoas se aglomeravam para ouvir o presidente — chegou a haver desmaios. Na ânsia de demonstrar que é um homem do povo, mandou ver: “Eu quero ser o primeiro paciente dessa UPA aqui”. Pois é…

Lula passou mal e foi levado ao Hospital Português do Recife, um dos melhores e mais equipados do Brasil. E depois seguiu para São Paulo, onde é cuidado por um equipe de renome internacional. Segue o vídeo. Volto em seguida.

Voltei

Tenho horror ao populismo. Digo com todas as letras: não acho que um presidente da República ou governador do Estado devam se tratar em unidades públicas de emergência, que não podem mesmo contar com todos os recursos que a medicina pode oferecer. Não porque eles “não sejam homens comuns” (como disse Lula a respeito de Sarney), mas porque uma doença grave de um governante ou mesmo a sua morte podem ter repercussão negativa na vida de milhões de pessoas.

Assim, é correto que o mandatário tenha à disposição o que há de melhor no setor. E é uma tarefa sua, indeclinável, fazer o possível para elevar as condições de atendimento na saúde pública — QUE VIVE UM CAOS NO BRASIL. Ponto parágrafo.

É preciso parar de tratar o povo como idiota ou como tutelado. A UPA, se e quando funcionar bem, será um benefício para os pobres. E Lula nunca botará os pés ali como paciente.

“Ah, Reinaldo, ele estava brincando…” É? Sem essa! Nos palanques, Lula divide o país entre “eles” (as elites) e “nós” (o povo). Chama “elite” a seus inimigos, ainda que mais pobres e menos poderosos do que ele próprio; chama “povo” a seus amigos, ainda que sejam alguns potentados da economia — muitos mamando nos subsídios e desonerações fiscais. Ele pode perfeitamente bem inaugurar uma unidade popular de saúde sem o apelo barato de que gostaria de ser atendido ali. Porque ele pertence à categoria dos que jamais serão atendidos ali. Quem recorre a essa linguagem não fala com o povo, mas com a platéia.

Segue íntegra de sua fala
“Eu quero ser o primeiro paciente dessa UPA aqui. Eu tava visitando a UPA, e eu quero dizer que ela tá tão bem-organizada, ela tá tão bem-estruturada QUE DÁ ATÉ VONTADE DE A GENTE FICAR DOENTE PARA SER ATENDIDO AQUI. Deus queira que nenhum de vocês, pelo menos hoje, precise ser atendido pela UPA, que vai começar a funcionar amanhã. Eu acho que aquela muiezinha que sofreu um desmaio já tá lá na UPA. Então, já começou a funcionar”

Marina confirma dono da Natura como seu vice

Da Agência Brasil. Comento no post seguinte:

A senadora Marina Silva (PV-AC) confirmou hoje (28) o empresário Guilherme Leal, presidente da Natura, como provável candidato à vice de sua chapa para as eleições presidenciais. “Há o desejo de ambas as partes, do PV e de grande parte do empresariado brasileiro”, disse em uma entrevista coletiva em Porto Alegre. Marina está na cidade para atividades do Fórum Social Mundial.

Leal disse que a confirmação da chapa passará por um processo de amadurecimento, como a composição de outras candidaturas, que assim como a de Marina, ainda não anunciaram formalmente os vices. “Quando me filiei foi um gesto político. Tinha o significado de que estou a serviço do movimento que a Marina está promovendo. Os desejos, as disponibilidades políticas estão colocadas, precisam ser amadurecidas”, afirmou o empresário.

Segundo Marina, Leal é um empresário que discutia e se preocupava com a sustentabilidade “quando o tema ainda não era moda”. A senadora e pré-candidata à Presidência da República minimizou o anúncio do PSOL de que não apoiará oficialmente sua candidatura e reafirmou que, apesar da ausência de aliança, vai apoiar a candidatura de Heloísa Helena para o Senado Federal por Alagoas.

Marina também evitou polemizar sobre o apoio que o candidato do PV à prefeitura do Rio de Janeiro nas eleições de 2008, Fernando Gabeira, recebeu do PSDB e do DEM. “São questões regionais.” A senadora  afirmou que como todos os pré-candidatos ainda não definiu uma plataforma de governo, mas que suas propostas deverão reconhecer e manter avanços das duas gestões anteriores, a do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e a do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Em relação às críticas sobre a pouca experiência como gestora, Marina lembrou os mais de cinco anos à frente do Ministério do Meio Ambiente e disse que o debate não pode ser reduzido a esse aspecto. “Governar um país vai além da gestão. Se bastasse um técnico, com certeza o Lula nunca teria sido presidente, porque ele não tinha experiência de gestão”, lembrou.

PRODUTOS POLÍTICOS

Marina Silva nem precisava confirmar Guilherme Leal, um dos donos da Natura, como seu vice. Há tempos os dois fazem uma dobradinha, por assim dizer, verde: ela com a floresta, e ele, com os dólares. Não há mal nenhum nisso, é claro. Os empresários têm, mais do que o direito, o dever de participar da vida pública brasileira. Lula, em busca de confiança e respeitabilidade nos chamados “mercados”, foi buscar o bilionário José Alencar como vice. Marina tem Leal, também bilionário e também preocupado com o Brasil.

A escolha busca tirar da candidata verde a marca do exotismo alternativo, associando-a a um empresário muito bem-sucedido, que descobriu precocemente a mina de ouro que é o discurso ecológico — nem entro no mérito se o comprometimento é real ou não; dou de barato que seja. Cria-se, assim, uma espécie de divisão de trabalho: com ela, fica a ética da convicção, o credo, a ideologia, o evangelho da natureza, a utopia; com ele, a ética da responsabilidade, o mundo real, as dificuldades objetivas. Ela continuaria como mediadora de um mundo selvagem e edênico; ele, como mediador da selva metafórica das ambições mundanas.

A depender de como se conduza a campanha, a fórmula pode dar trabalho àqueles que são considerados os dois candidatos principais à sucessão de Lula: José Serra e Dilma Rousseff. A figura de Marina está centrada numa meticulosa construção: ela parece ser a política sem ambições, cuja atuação é nada além de missionária. Outros podem ter interesses inconfessáveis; ela não. Teria vocação puramente missionária.

Leal, o “capitalista” da turma, vem de um setor da economia que se apresenta como limpo, com seus xampus, sabonetes, cremes etc. Não traz a mácula do jogo pesado dos bancos, das empreiteiras e outros setores que dependem fortemente da regulação ou dos recursos oficiais. Se a Natura construísse hidrelétricas, portos e estradas ou negociasse títulos da dívida pública, talvez não pudesse construir essa imagem quase etérea, de um capitalismo que seria, antes de tudo, ético, dedicado a preservar a natureza, e só secundariamente dedicado ao lucro — o lucro que continua a ser o único motor capaz de gerar civilização, poesia e… pessoas dedicadas em preservar a natureza!

Se pensarmos bem, a composição obedece ao lançamento de uma linha de produtos da Natura. Juro que não estou sendo irônico — ocorre que a tarefa indeclinável do analista é… analisar! A empresa mistura produtos naturais, vindos de áreas de manejo controlado da floresta, com a química cosmética, e venda a esperança de, sei lá, cabelos mais macios, e pele mais suave e com menos rugas.

Marina também sai da floresta para se juntar à química do capital. O efeito seria um mundo com menos rugas éticas.

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Fonte:
Blog Reinaldo Azevedo (Veja)

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