COORDENAR O DISSENSO!

Publicado em 26/03/2010 09:34
1. Um mês atrás, o professor Mangabeira Unger, convidado para conversar com a oposição argentina, constatou que todos, embora estando contra os Kirchner, destoavam muito entre si, o que apontava para várias candidaturas a presidente. Com todo o desgaste, Kirchner está sempre com 25% das opções de voto, o que num quadro pulverizado, significa a garantia de estar no segundo turno.
                
2. Mangabeira Unger, ao final da reunião, concluiu lapidarmente com a expressão: "Precisamos Coordenar o Dissenso". Este é um ensinamento básico para a política, a começar pelas disputas internas dentro dos partidos. Sem "coordenar o dissenso", quem vence a disputa interna num partido é outro partido, o adversário.
                
3. Num sistema pluripartidário, "coordenar o dissenso" é tarefa fundamental. Especialmente no Brasil, onde, na Câmara de Deputados, nenhum  partido alcança  20% dos votos, e a base de nosso pluripartidarismo é a inorganicidade. No caso brasileiro há outro complicador ainda maior. Os partidos não têm base eleitoral garantida, que podem variar, como tem ocorrido, numa faixa em que o teto é o dobro do piso.
                
4. Esta inorganicidade e a plasticidade eleitorais levam à necessidade de "coordenar o dissenso" entres os próprios eleitores. Explicando: O primeiro passo numa campanha eleitoral é dar todas as razões aos que potencialmente não querem uma candidatura. Uma vez identificado esse painel dos contrários a um nome, caberia em seguida "coordenar o dissenso", ou seja, encontrar as razões que funcionem como divisor comum entre os eleitores que, a princípio, não querem apoiar aquele nome.
                
5. Para isso, haverá a necessidade de se ajustar compromissos e programas, de forma a torná-los mais abrangentes e menos partidários. Com isso, se elimina o risco daqueles que não querem certo nome, refluírem para este mesmo nome no caso de conflitos dentro do campo "dissensual". Quando se pensa que estar contra um garante o voto para outro, pode-se estar cometendo um engano fatal durante a campanha.
                
6. Pode-se estar contra um, e na procura do outro, encontrar um campo de conflitos tão grande, que se termina reavaliando a decisão, quanto aos riscos, num e noutro caso. Portanto, analisar em profundidade as razões para se estar contra alguém e em seguida cruzar com as expectativas destes eleitores para buscar divisores comuns, é decisivo para a vitória no primeiro turno ou para a preparação da vitória no segundo turno.
                
7. Se tratarmos do campo das oposições nas eleições presidenciais de 2010, verificamos que a "coordenação do dissenso" já deveria ter sido efetivada dentro dos partidos de apoio. Depois, já se deveria ter "coordenado os dissensos" entre os partidos de apoio. E se deveria estar entrando com uma bateria de pesquisas em série para se saber o que uniria a maioria dos eleitores contra a candidatura adversária. Para ir, dentro desta bateria de pesquisas em série, definindo o que deve ser escoimado do programa e dos compromissos e o que deve ser identificado como consenso possível, para se afirmar programa e compromissos, junto ao eleitor, que potencialize a vitória eleitoral.

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Fonte:
Blog do César Maia

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