Reinaldo Azevedo denuncia tentativa de intimidação: "NÃO TENTEM ME INTIMIDAR. NÃO FUNCIONOU ANTES; NÃO VAI FUNCIONAR AGORA!

Publicado em 18/05/2010 09:14 e atualizado em 18/05/2010 11:56
Blogueiros a serviço, alguns deles sustentados por dinheiro oficial, estão numa campanha para tentar me intimidar. Não vão conseguir. Outros tentaram antes, no tempo em que comandei a revista Primeira Leitura. Não funcionou. A revista fechou em 2006, mas não cedeu. Quatro anos depois, ainda querem tripudiar sobre um cadáver — insepulto para eles; de boas e gloriosas memórias para mim e para todos que ajudaram a fazer aquela publicação, que tinha um dos sites mais visitados do país. Podem tirar o cavalo da chuva!

- Não vou deixar de escrever o que escrevo.
- Não vou deixar de pensar o que penso.
- Não vou deixar de fazer as indagações que faço.
- Não vou deixar de contar a história tal como ela se deu, não como querem os mistificadores.

É próprio dos estados policiais — e Hugo Chávez sabe muito bem disto — tentar calar os que divergem com denúncias infundadas, falsas evidências, dossiês apócrifos, acusações levianas. É assim que o protoditador venezuelano conseguiu praticamente calar a imprensa do seu país.  Ocorre que o Brasil ainda não chegou lá. E, se depender de mim, não chegará.

Podem me chamar de feio, bobo, reacionário, o diabo a quatro. Não dou a mínima. Desta vez, no entanto, foram além da conta. E vou buscar reparação no ambiente adequado a tanto: a Justiça. Acho o fim da picada a divergência ideológica mergulhar no pântano da acusação irresponsável, a ponto de ter de torrar a paciência de juízes, que têm mais o que fazer. Mas não resta outra alternativa civilizada. Vamos ao caso.

Leviandades
Há quase dois meses, um leitor me enviou um post de um blogueiro aí. Segundo escrevia, um jornalista que gostava de usar chapéu teria “50 mil razões” para tratar muito bem uma construtora sob investigação. O chapéu virou, está claro, uma das minhas marcas no período em que tive de ficar careca. Não costumo dar bola a esse tipo de ilação. Na semana passada, a mesma criatura voltou à carga, desta feita afirmando que um “suposto jornalista da VEJA”, dono de um blog, apareceria na “suposta planilha da Camargo Correa”, com os tais “50 mil motivos”. E seu nome estaria associado a um ex-secretário de Serra-Kassab. Publicou também um link para o meu blog. Seus “comentaristas” passaram a citar o meu nome abertamente.

Eu não tinha tido acesso ao papelório da Operação Castelo de Areia. A razão é simples: não costumo me ocupar de dossiês e documentos que circulam no submundo da política. Lido muito pouco com coisas dessa natureza. Sei que elas alimentam o bom e o mau jornalismo investigativo. Ninguém ignora que meu embate principal é ideológico. Nunca escondi isso. Investigo mais as idéias do que os atos das pessoas. Os meus milhares de leitores preferem assim. Modéstia às favas, dei alguns furos memoráveis só com o auxílio da lógica.

A investigação da PF está sob sigilo. Mas o relatório “sigiloso” estava, no entanto, circulando. Era o caso de tentar saber de que diabos falava o rapaz. E li as centenas de páginas dos dois documentos. Demorou um tantinho. E descobri quais seriam os meus supostos “50 mil motivos”.

OS TAIS BLOGUEIROS FALAM DA EXISTÊNCIA DO DOCUMENTO, MAS O ESCONDEM PORQUE PRETENDEM QUE A INSINUAÇÃO PERMANEÇA NA SOMBRA. O OBJETIVO? “VAMOS VER SE O REINALDO FICA COM MEDO”. UMA OVA!!!

DECIDI FAZER MELHOR DO QUE ELES: PUBLICO O TRECHO DO DOCUMENTO COM QUE PRETENDEM ME INTIMIDAR. NÃO TENHO NADA A TEMER.

E deixo claro: li, sim, todo o papelório, mas não o tenho comigo.Li porque precisava me defender de uma calúnia estúpida. Transcrevi o trecho que diz respeito a mim. Também reproduzo uma imagem.AQUELA COISA SECRETA QUE ME DEIXARIA TÃO ASSUSTADO É NADA!!!

Antes que prossiga, uma informação importante: o documento é dividido em duas partes: há uma primeira, chamada “relatório de mídia”, que lista as coisas apreendidas pela PF. E há uma segunda, que é o relatório final entregue à Justiça. Meu nome aparece na primeira, não na segunda. Ou por outra: a própria PF ignorou o que os blogueiros do submundo acreditam que me deixa tão assustado.Este parágrafo é especialmente importante porque vou retomá-lo mais abaixo para esclarecer o modus operandi do submundo.

No tal “relatório de mídia”, não no relatório final, aparece reproduzida esta imagem:

imagem-relatorio-pf1

Referindo-se ao quarto é ultimo papelzinho da montagem,  DIZ O RELATÓRIO, MAS NÃO A DENUNCIA:
“O último valor (R$ 50.000) apresentado neste documento está relacionado à sigla genérica NNN, não sendo atrelado a obra específica. Há menção de que este valor estaria direcionado à Revista “A”, mais precisamente ao jornalista Reinaldo Azevedo, atualmente articulista da Revista VEJA. Outros nomes que surgem no manuscrito são de Andrea Matarazzo, que provavelmente seria o então secretário de coordenação das subprefeituras da Prefeitura de São Paulo, além do prenome “Carlos”, o qual ainda não foi possível identificar.

O que isso quer dizer?
Notem, reitero, que aquela imagem é uma montagem de quatro papéis. Observem o quarto. Em caneta azul, aparece “Revista: A 50.000,00″. Em caneta preta, uma anotação provavelmente feita num outro momento, “Reinaldo Azevedo (Andrea Matarazzo) Revista (Carlos)”.

COMO DEIXA CLARO O RELATÓRIO DA PF, NADA DISSO APARECE “ATRELADO A QUALQUER OBRA ESPECÍFICA”.

Em 2004, quando assumi a direção da revista Primeira Leitura, falei com muita gente, percorri muitas empresas, tentei tornar o veículo viável economicamente — que é o que fazem todas as pessoas na posição que eu ocupava. É possível que tenha sido Matarazzo  a pessoa que me recomendou a alguma empresa do grupo Camargo Correa — não estou certo; se me lembrasse, diria porque não há nada de estranho, incomum ou ilegal nisso.

Não sei se o pedaço de papel que compõe aquela montagem saiu de alguma agenda, de uma folha solta ou algo assim. O que sei é que a revista que deve ter tido, por motivos óbvios, as contas mais investigadas do país NÃO OBTEVE OS ANÚNCIOS QUE PLEITEAVA. Uma pena! As anotações feitas com canetas distintas e em tempos provavelmente distintos talvez indiquem que a “Revista A” não era a “Primeira Leitura” — que, ademais, poderia ter sido identificada por “PL”. Falar em “Revista A” faz supor a existência das revistas B, C, D…

Em 2004, Matarazzo não ocupava cargo público nenhum. Foi subprefeito da Sé na gestão Serra, que assumiu a Prefeitura em 2005, e secretário de subprefeituras só na gestão Kassab. A tentativa dos caluniadores, diga-se, é atrelar meu nome a algum “esquema tucano”. E, NO ENTANTO, O QUE ELES TÊM? Dois nomes manuscritos e um trecho do relatório dizendo a minha ocupação DE HOJE e a de Matarazzo a partir, creio, de 2006… NÃO ESTRANHA QUE MEU NOME NÃO CONSTE DO RELATÓRIO FINAL ENCAMINHADO À JUSTIÇA. AFINAL, DENUNCIAR O QUÊ? É isso o que há contra mim?

Para ser rigoroso, meu blog aparece, sim, no relatório final. Como? Na forma de um link de um  dos textos do clipping, que a PF usa como reforço para  a sua apuração. Assim, no relatório final, a PF acaba me usando como referência informativa!

Não sou investigado!
Não sou acusado!
Não sou indiciado!
Não tenho nada a ver com a Operação  Castelo de Areia!

NÃO HÁ RIGOROSAMENTE NADA CONTRA MIM A NÃO SER A MALEDICÊNCIA DE QUEM, ESPERO, ARQUE COM O PESO LEGAL DE SUAS ESCOLHAS. Qual é, afinal, a hipótese dessa gente? De que modo a revista Primeira Leitura poderia ter sido útil a propósitos supostamente inconfessáveis de uma gigante como a Camargo Correa? Tenham paciência!!! Eu jamais me dei tanta importância!

Tudo o que escrevi sobre a Castelo de Areia, e passa de uma centena de posts, está em arquivo, muito antes de qualquer boataria vir a público. Nessa operação, como em outra qualquer, defendi, como defendo sempre, o devido processo legal. E CONTINUAREI A FAZÊ-LO. E CONTINUAREI A ACHAR UM ABSURDO QUE AQUELES QUE SÃO RESPONSÁVEIS PELO SIGILO DOS DOCUMENTOS OS COLOQUEM EM PRAÇA PÚBLICA.

MAS DEFENDO O DIREITO QUE A IMPRENSA TEM DE DIVULGÁ-LOS QUANDO BOTA A MÃO NELES. A obrigação da imprensa é publicar o que sabe e apura, não guardar documentos.

Isso é diferente de usar o acesso a documentos restritos para tentar intimidar, para fazer ilações infundadas, para elaborar dossiês, para atingir adversários. Aí já estamos na esfera do crime. COMIGO NÃO! ELES ESCONDEM? EU DIVULGO!

Já esperava por algo parecido
Eu já esperava por algo parecido. Há tempos, embalados pelo próprio exemplo, tentam me meter em alguma sujeira. Mas não conseguem. E não conseguiram desta vez de novo! Não sou o primeiro a sofrer intimidação. Também não serei o último. Diogo Mainardi foi parar no relatório da Operação Satiagraha, embora tenha atuado o tempo inteiro para desvendar lambanças que a própria operação apurava. Tentaram fazer dele o investigado. Compreendo. Somos vistos, na imprensa, como dois dos principais “inimigos” dos que se querem donos do novo poder — e de seus áulicos, alguns deles sustentados, comprovadamente, com dinheiro público.

Não adianta! A acusação ridícula não vai prosperar porque não há nada. E eu continuarei a escrever o que penso, nos limites  da legislação brasileira. É esse o compromisso que tenho com os meus milhares de leitores e com a VEJA.com, que hospeda o meu blog - o que não quer dizer que ela endosse todos os meus pontos de vista.

O Método
O que está em curso? A Polícia Federal faz um relatório amplo, cheio de ilações, que deve permanecer em sigilo. Desse relatório incial, sai o final. Ocorre que aquele primeiro documento acaba nas mãos de verdadeiros gângsteres, que passam a usá-lo como fonte de tentativa de intimidação — quando a pessoa nada deve — ou de chantagem, para o caso de alguém temer alguma coisa. O objetivo é colocar num mesmo saco de gatos quem deve e quem não deve, desde que seja considerado um inimigo, segundo a vontade de quem mete a mão no papelório.

À diferença do que pretendem os intimidadores, a “imprensa” nada noticiou a meu respeito porque nada há a noticiar, não porque eu goze de qualquer proteção especial. Aliás, desconfio até que vontade não faltou a muita gente. Mas noticiar o quê? Para dar curso à baixaria, é preciso ignorar o rigor profissional mínimo que se exige de um jornalista. Não fiz nada de ilegal. Nunca fui investigado. Nunca fui acusado. Nunca fui indicado. O que há é o que vai acima. E, sendo assim, tratarei como calúnia a ação dos caluniadores; como difamação, a dos difamadores; como injúria, a dos injuriosos. E usarei como minha melhor defesa o relatório de mídia e o relatório final da Polícia Federal, os mesmos que alguns bobalhões acreditavam poder usar para me intimidar. VÃO SE DANAR!

E noto: agora eu também li o papelório. E sei tudo o que está lá. Tudo mesmo! Esvazio, assim, a tentativa de intimidação dos ratos, alguns deles pagos com dinheiro público. Daqui para a frente, provado e evidenciado que nada há contra mim, responderei na Justiça às insinuações, difamações e congêneres.  Acabou a brincadeira!  É como devem ser tratados os larápios que tentam roubar também a honra alheia.

Se vocês acharem, algum dia, que estou pegando leve “com aquela gente” — às vezes, posso ficar com o coração mole —, alertem-me.EU NÃO QUERO QUE ELES TENHAM QUALQUER DÚVIDA SOBRE O QUE EU PENSO. Pretendo que eles não fiquem um só dia sem me odiar. Mas não vão mentir a meu respeito. Como todos sabem, repudio o terror, o terrorismo e os terroristas.

Para encerrar: se a tentativa era a intimidação, vão colher o efeito contrário: o episódio só demonstra que meu repúdio a certo estado de coisas está ancorado na realidade. Quem lê o que escrevo sabe como estou morrendo de medo… Bando de ridículos!

A VENEZUELA AINDA NÃO É AQUI!  E AINDA HÁ JUÍZES EM BERLIM!

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Por Reinaldo Azevedo

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Franklin contesta Marta e diz que não tinha ninguém escalado para matar embaixador

terça-feira, 18 de maio de 2010 | 6:03

Por Andrei Netto e Malu Delgado, no Estadão. Volto em seguida:
O ministro Franklin Martins, da Secretaria de Comunicação Social da Presidência, defendeu ontem o pré-candidato do PV ao governo do Rio de Janeiro, Fernando Gabeira, e rebateu declarações feitas pela pré-candidata do PT ao Senado, Marta Suplicy, sobre a atuação dele na ditadura.

No domingo, a ex-prefeita de São Paulo afirmou que o deputado ambientalista “foi sequestrador” e que fora “escalado para matar”, em 1969, o então embaixador dos Estados Unidos no Brasil, Charles Elbrick.

Em Madri, onde participa com a delegação brasileira da cúpula União Europeia-América Latina, Martins, ex-militante dos grupos guerrilheiros Ação Libertadora Nacional (ALN) e Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8) com participação no sequestro do diplomata, refutou a versão de Marta. “O Gabeira não foi escalado. Não tinha ninguém escalado para matar”, garantiu. “A participação do Gabeira era ser basicamente o responsável pela casa”, reiterou.

O ministro, porém, evitou entrar em controvérsia com a ex-prefeita. Disse não ter lido as declarações e evitou juízos de valor: “A Marta fala o que ela quer.”

O comentário de Marta foi feito em encontro com militantes do PT quando ela fazia a defesa da atuação de Dilma na luta armada durante o regime militar. Marta disse que diante da guerra da internet, em que Dilma é apontada como “terrorista” e “sequestradora”, os petistas precisam se preparar para o debate.

“Todo mundo aqui já ouviu falar do Gabeira? Do Gabeira ninguém fala. Esse sim sequestrou. Eu não estou desrespeitando ele, ao contrário, mas ele sequestrou. Ele era o escolhido para matar o embaixador”, disse Marta. “Ninguém fala porque o Gabeira é candidato ao governo do Rio e se aliou com o PSDB.” Aqui

Comento
Franklin era um dos chefes da operação. Deve saber o que diz. Reproduzi ontem a carta escrita pelos seqüestradores, que falavam em “justiçar” o embaixador americano Charles Elbick. A carta foi escrita por Franklin.

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Por Reinaldo Azevedo

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China compra empresas de energia no Brasil por R$ 3 bilhões

terça-feira, 18 de maio de 2010 | 6:01

Por Fabiano Maisonnave, na Folha:

A gigante elétrica chinesa State Grid anunciou anteontem um acordo para a compra de sete concessionárias de energia no Brasil, atualmente sob o controle das espanholas Cobra, Elecnor e Isolux. Se ratificado pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), o negócio será o maior investimento do país asiático já feito no Brasil.

A compra, de R$ 3,097 bilhões, envolve a aquisição de todas as ações das seguintes empresas transmissoras de energia, segundo comunicado da empresa: Ribeirão Preto, Serra Paracatu, Poços de Caldas, Itumbiara e Serra da Mesa. A estatal chinesa de energia elétrica deve ter ainda 75% da Expansión Transmissão de Energia Elétrica e da Expansión Itumbiara Marimbondo. Em ambos os casos, a espanhola Abengoa, que tem os demais 25%, tem um prazo de 60 dias para contestar o acordo.

Até agora, o maior investimento chinês no país é a compra da mineradora da Itaminas por US$ 1,2 bilhão, em março, adquirida pela ECE, também estatal. Caso aprovada pela Aneel, a transação marcará também a entrada da State Grid no Brasil. Maior empresa de transmissão de energia do mundo, a estatal é responsável pelo abastecimento de 88% do território chinês, o país mais populoso do mundo, com pouco mais de 1,3 bilhão de pessoas.

O interesse da State Grid e de outras estatais chinesas no Brasil marca uma nova onda de investimentos asiáticos no país, iniciada no final do ano passado, em que as cifras deixaram a casa dos milhões para passar à dos bilhões. O projeto mais ambicioso são as negociações entre a EBX, do empresário Eike Batista, e a Wisco, gigante estatal da mineração, para construir o Complexo Siderúrgico de Açu. O investimento, estimado em cerca de US$ 5 bilhões, teria 70% de participação chinesa.

As negociações ocorrem depois da compra, no final do ano passado, de 21,52% da MMX, de Batista, pela Wisco, um negócio de US$ 400 milhões. As estatais chinesas também estão demonstrando interesse pelo petróleo, que, como o minério de ferro, é considerado fundamental para que o país asiático mantenha o seu ritmo de crescimento. Aqui

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Por Reinaldo Azevedo

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OS BONS COMPANHEIROS - AHMADINEJAD CLONA DISCURSO DE LULA

segunda-feira, 17 de maio de 2010 | 20:28

(Leia primeiro o post abaixo)
Como é? Ahmadinejad quer uma nova ordem mundial e acredita que o Conselho de Segurança da ONU já não reflete mais a realidade do pós-guerra? Esperem! Eu já li/ouvi esse discurso. Já sei: é de Luiz Inácio Lula da Silva. Sem tirar nem pôr. Vertidas numa e noutra línguas, até as palavras seriam as mesmas, não fossem os mesmos os dons do pensamento.

As coisas começam a ficar mais claras — ou melhor: começam a se revelar o que sempre foram: o Brasil se uniu ao Irã para defender uma “nova ordem mundial”. Nessa perspectiva, é difícil saber quem está usando quem para o quê. Ou melhor: é fácil. Trata-se de uma relação que a biologia define como mutualismo: é boa para os dois, como aqueles passarinhos que comem os vermes incrustados no couro de bois e búfalos. A coisa é boa para os dois lados. Os bichos se livram dos parasitas, e as aves enchem a pança.

Lula está tentando lavar a reputação de Ahmadinejad, dando-lhe, na prática, tempo para decidir que rumo dar a seu programa nuclear. E o Irã decide fazer parte da arena global no vácuo do discurso lulista, tentando caracterizar não uma rebeldia — ou um comportamento delinqüente —, mas um novo olhar.

A Lula, interessa que Ahmadinejad proclame aos quatro cantos que o brasileiro, sim, é que sabe negociar. Ao iraniano, interessa o endosso do brasileiro a seu programa nuclear “pacífico”. Até porque, dado o acordo, o Irã continua livre para fazer o que bem entende.

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Por Reinaldo Azevedo

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A EXEMPLO DE LULA, AHMADINEJAD PEDE NOVA ORDEM MUNDIAL

segunda-feira, 17 de maio de 2010 | 20:02

Leiam o que vai abaixo. Volto no post seguinte:

Da Efe em Teerã, na Folha Online.
O presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, voltou, nesta segunda-feira, a pedir uma nova ordem mundial e criticou duramente as “políticas retrógradas” de alguns membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU.

Em discurso ao plenário do Grupo dos 15 (G15, composto por 18 países em desenvolvimento), com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o líder iraniano disse que certos Estados ficaram ancorados nas “políticas do ontem” e acham que o mundo ainda vive na era imediatamente posterior ao fim da Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

“Alguns Estados-membros permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas acham que ainda estamos no final dos anos 1940 e esperam que outras nações sigam a reboque”, afirmou o líder. “O Conselho de Segurança das Nações Unidas ainda opera sob as mesmas regras retrógradas posteriores à Segunda Guerra Mundial e, por isso, perdeu eficiência e confiança”, acrescentou.

Semanas atrás, Ahmadinejad já tinha criticado o direito a veto dos cinco membros permanente do Conselho — Estados Unidos, França, Reino Unido, Rússia e China. Para ele, o veto representa uma ferramenta “diabólica” de opressão. Como fórmula alternativa, o líder iraniano propôs a formação de duas novas comissões permanentes que facilite a tomada de decisões, tanto políticas como econômicas, no seio do G15.

“Os países em desenvolvimento sofreram também perdas maciças. A economia mundial se sustenta nos princípios do capitalismo e do liberalismo, e a atual conjuntura demonstrou que este sistema fracassou”, acrescentou. “Dado o influente caráter do G15 e sua enorme capacidade, este grupo tem a importante missão de estabelecer um novo mundo repleto de amizade, paz e justiça”, disse.

Grupos
O G15 foi criado em 1989 em Belgrado, durante a cúpula de Países Não-Alinhados, realizada na capital da extinta Iugoslávia, hoje Sérvia. Destinado a fomentar o desenvolvimento econômico e a troca comercial e tecnológica entre os países-membros, também se projetou como meio de relação com outros grupos, como o Grupo dos Oito (G8, países ricos) ou foros como a Organização Mundial do Comércio (OMC).

Atualmente, o G15 é integrado por 18 países: Argélia, Argentina, Brasil, Chile, Egito, Índia, Indonésia, Irã, Jamaica, Malásia, México, Nigéria, Peru, Quênia, Senegal, Sri Lanka, Venezuela e Zimbábue. Além de Lula, participaram da reunião de hoje os líderes do Zimbábue, Senegal e Sri Lanka, assim como o primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, convidado especial. A cúpula de Teerã marca o fim da Presidência rotativa que o Irã recebeu em 2006 na cúpula de Havana. A partir de agora, a função será exercida pelo Sri Lanka.

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Por Reinaldo Azevedo

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Irã usa Brasil e Turquia para ganhar tempo, diz especialista

segunda-feira, 17 de maio de 2010 | 19:13

Gustavo Chacra, correspondente do Estadão em Nova York, entrevistou em seu blog Abbas Milani, diretor do Centro de Estudos Iranianos da Universidade Stanford e do Instituto Hoover. Creio que vocês já leram algo parecido… 

*
O Irã usa o Brasil e a Turquia para ganhar tempo. A afirmação é do professor iraniano-americano Abbas Milani, diretor do Centro de Estudos Iranianos da Universidade Stanford e do Instituto Hoover e considerado um dos maiores especialistas em Irã nos Estados Unidos. Na sua avaliação, o acordo com turcos e brasileiros dificultará a aprovação de novas sanções contra o regime de Teerã no Conselho de Segurança da ONU. Abaixo, trechos da conversa do blog, em Nova York, com Milani, na Califórnia, por telefone. Abbas Milani, diretor do Centro de Estudos Iranianos da Universidade Stanford e do Instituto Hoover. Creio que vocês já leram algo parecido…

Blog - O acordo elaborado por Brasil-Irã-Turquia é sério e terá algum efeito no programa nuclear iraniano?

Abbas Milani - Parece ser apenas mais uma tentativa do regime de Teerã de usar alguns países para ganhar tempo. Antes, o Irã fez o mesmo com a Rússia, a China e até mesmo os europeus. Agora, seria o Brasil e a Turquia. Também precisamos saber o que significam estes 1.200 kg de urânio enriquecido a 5%.

Blog - Agora ficou mais difícil aprovar uma nova resolução com sanções ao Irã?

Milani - Os EUA, seus aliados europeus, a China e a Rússia terão um grande problema. Será muito difícil aprovar sanções agora. E o regime iraniano sabe disso e fez um pacto com a Brasil e a Turquia. Os brasileiros dão legitimidade por serem de fora da região, uma potência emergente, latino-americana. E os turcos por integrarem o mundo islâmico.

Blog - Como o regime iraniano está vendendo o acordo internamente?

Milani - Ahmadinejad e o governo enfrentam inúmeros problemas domésticos. Portanto, estão dizendo que o acordo foi uma vitória, dizendo que todos os pontos impostos por eles foram aceitos. Segundo o regime, a comunidade internacional precisou aceitar o acordo nos termos iranianos.

Blog - O objetivo do Irã é ganhar tempo?

Milani - Sim, eles querem ganhar tempo e o acordo serviu para isso. Enquanto isso, podem desenvolver o conhecimento necessário para produzir uma bomba. Mas, que fique claro, eles ainda não tomaram a decisão política de fabricar uma arma nuclear. Para o Irã, este acordo com o Brasil e a Turquia é uma situação “win-win”, sendo positiva de qualquer ângulo para eles.

Blog - As sanções adiantariam para frear o programa nuclear iraniano?

Milani - Sempre achei que não. O regime tem como burlar estas sanções. Mas, agora, passei a achar que o regime teme as sanções ao fazer de tudo para impedir a aprovação.

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Por Reinaldo Azevedo

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“ACORDO” COM IRÃ BUSCA É ISOLAR OS EUA

segunda-feira, 17 de maio de 2010 | 19:03

O dito “acordo” celebrado por Brasil, Turquia e Irã já nasceu morto. E foram os próprios iranianos a assinar o óbito ao afirmar que o país não abrirá mão de enriquecer ele próprio o urânio a 20%. Ora, é esse o centro da questão, não outro. A tal troca dos 120 quilos do material, a esta altura, é o de menos.

O mundo recebeu o anúncio com justo ceticismo. O esforço em curso não é para pressionar o Irã, mas para tentar isolar os Estados Unidos. E parece não ter surtido efeito. A Casa Branca anunciou hoje que estão avançados os esforços para impor sanções ao Irã: “[O acordo] não muda os passos que estamos dando para responsabilizar o Irã por suas ações”, afirmou Robert Gibbs, porta-voz da Casa Branca.

Gibbs disse esperar um comunicado formal  à Agência Internacional de Energia Atômica: “Considerando o reiterado fracasso do Irã em cumprir com suas obrigações e a necessidade de cuidar de questões fundamentais sobre o programa nuclear, os EUA e a comunidade internacional continuam a ter sérias preocupações”, afirmou.

O ceticismo não é só dos EUA. França e Rússia também viram o anúncio do acordo com reservas. E cresce a sensação de que Mahamoud Ahmadinjad usou o Brasil e a Turquia para ganhar tempo. Ou melhor: os dois países se deixaram ser usados.

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Fonte:
Blog Reinaldo Azevedo (VEJA)

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