O debate da Globo: Serra tem seu melhor desempenho. Ou: “Querem debate mesmo? Acabem com a tréplica!”
A Globo realizou o último debate da campanha. A chamada “grande imprensa”, ou a maior parte dela, vai fazer a sua parte, que é encontrar defeitos equivalentes em todo mundo e declarar o empate. Mas, convenham, os sensatos e até os petistas sabem que foi o melhor desempenho do tucano José Serra em embates dessa natureza. Dilma, por sua vez, teve a sua performance mais modesta— exceção feita ao primeiro de que participou, o da Band. E o encontro poderia ter sido bem positivo pra ela. Não foi por quê? Vamos ver.
O confronto teve um contorno, digamos, administrativista, centrado em propostas: saúde, legislação trabalhista, transporte, habitação… Em tese, tudo favorável a Dilma, já que ela certamente não pretendia debater coisas como quebra de sigilo, Erenice Guerra, aborto e atentado à liberdade de imprensa. E por que, então, o desempenho acanhado? Porque, para sustentar um embate dessa natureza, é preciso saber politizar os temas e dar a eles alcance de políticas públicas. E essa experiência, sem a ajuda da marquetagem e de Lula, Dilma ainda não tem. Nesse terreno, seu adversário se sai melhor do que ela.
A candidata do PT visivelmente tentou demonstrar que pode andar pelas próprias pernas. Em relação a outros embates, citou pouco o governo Lula e tentou falar de futuro. E aí fica claro que seu discurso se esvazia. Retirado todo o glacê da sua excelente campanha (refiro-me a aspectos técnicos e à estratégia de comunicação), o que sobra? “Nós somos maravilhosos, e eles maus; o Brasil era uma desgraça e agora é um paraíso”. Num debate como o de ontem, essa confrontação politicamente vigarista se mostra impossível. E, nesse caso, temos Dilma por Dilma. Ela melhorou barbaridade! Mas milagre não existe. nessa área. Sua fala acabou soando fria, burocrática, sem apelo.
Evitando confrontos
Leio nos sites dos jornais que ela e Serra evitaram confrontos. Salvo engano, ele teve uma única chance de fazer pergunta a ela — e o tema era justamente habitação. Evitou. Eu também teria evitado e já explico por quê (e nada tem a ver com aquele milhão de casas que ela não construiu…). Preferiu dirigir a questão a Marina. Ela, sim, teve três oportunidades (que eu me lembre) para questioná-lo. Optou por Plínio (uma vez) e Marina (duas vezes). Qual é o busílis? Eu lhes digo.
Tréplica
Se as TVs querem mesmo fazer debates animados, quem pergunta não pode ter direito a tréplica. A seqüência teria de ser “Pergunta-resposta-réplica”. É a tréplica que faz com que os líderes se evitem. Por quê? Porque aquele que formula a questão acaba oferecendo palanque ao principal adversário e ainda lhe dá a última palavra. A tréplica expõe aquele que indaga ao contra-ataque.
Em São Paulo, Aloizio Mercadante (PT) choramingou quatro vezes: “Alckmin (PSDB) não faz perguntas para mim”. O petista queria a chance de, no embate, ficar com a sentença final, sem que outro pudesse reagir. A distribuição do tempo também é desigual: quem pergunta tem 30 segundos para a questão e um minuto para a réplica: 1m30s. Quem responde tem um minuto e meio para a resposta e um para a tréplica: 2min30s. QUEREM UM DEBATE ANIMADO? Eliminem a tréplica; quem pergunta fica sempre com a última palavra. Aí os líderes vão se pegar necessariamente. Sendo as regras como são, tem-se o embate desigual e meio aborrecido: os que estão na frente usam os que estão atrás como simples muletas. O resultado acaba sendo ruim para o eleitor porque:
- os pequenos quase nunca têm algo relevante a dizer;
- os grandes não são confrontados de verdade;
- os pequenos são usados como escada para os grandes exporem a sua plataforma.
Plínio murchou
Plínio de Arruda Sampaio (PSOL), desta vez, não conseguiu nem ser engraçado. A personagem já começa a cansar. Num debate que força o apuro técnico, é evidente que ele não tem o que dizer. Seu programa é um só: dar calote na dívida interna — e hoje ele pregou até calote na externa… Qual?
Saúde? Sem calote na dívida, nada feito! Metrô? Sem calote na dívida, nem pensar! E vai por aí. Ele não tem o que dizer. É o fim da picada ter de fazer um debate dessa importância com quem, não tendo eleitores, também não tem propostas — com alguma freqüência, não sabe nem mesmo o que está sendo debatido.
Marina
Mas é Marina, para mim, quem leva o troféu da noite de desonestidade intelectual. Esta senhora não responde a uma miserável pergunta, nada! Perto dela, Dilma quase consegue fingir que é uma iluminista. A petista lhe dirigiu uma pergunta sobre ferrovia — faltou com a verdade no bloco, dando a entender que a Norte-Sul já é um portento —, e Marina não só não tinha o que responder como acusou os dois principais oponentes de terem uma “visão fragmentada” do Brasil etc e tal. Ela, Marina, teria a visão inteira.
Mas então ela que me diga, pelo amor de Deus! Qual é? Ferrovia? Marina quer a economia do século 21 — este em que estamos, diga-se — e fala da educação de jovens (ontem, ela esqueceu de falar dos “novos materiais”…). Habitação? Marina acha que é preciso fazer casas, mas ataca quem fala em metas porque diz que é “promessômetro”. Segurança? Marina quer uma vida mais segura, digna e feliz, com um novo entendimento sobre a segurança… Mas qual?
Eu realmente fico fascinado com aqueles que dizem entender o que ela fala e que conseguem, a partir do seu discurso, imaginar, sei lá eu, uma seqüência de medidas, de eventos. Ao dar entrevistas e no próprio debate, ela manda brasa: “Nós fazemos propostas, sem ataques, sem promessômetro”…
Dos milhões que assistiram ao encontro, quantos terão percebido a efetiva superioridade de Serra? Não tenho a menor idéia. Uma coisa é ter sido objetivamente o melhor; outra é ter sido percebido como tal. Vamos ver. Não estou fazendo previsão eleitoral. Esse tipo de feitiçaria eu tenho deixado para os que se dizem especialistas em pesquisa… De todo modo, caso as urnas não digam o que eles andaram assegurando até agora, poderão atribuir seu erro à mudança de humor do eleitorado por causa do debate da Globo. Está chegando a hora.
JOSE J AZEVEDO São Mateus do Sul - PR
O site do Jornal New York Times, em agosto deste ano, traçou o perfil de Marina da Silva que concorreu a Presidência da República. Esse traço biográfico não foi tão marcantemente descrito, a meu ver, em periódicos, virtuais ou não, em nosso País. Se um nordestino metalúrgico surpreendeu o Brasil chegando à Presidência da República, pode estar chegando a vez de uma acreana surpreender o mundo e liderar o País! Essa é a história de uma menina que nasceu no meio da floresta amazônica – forjada em meio a natureza vigorosa - que adquiriu poderosos anticorpos para vencer doenças na infância, perdas e carências na pré-adolescência , enfrentar e vencer a fúria predatória insana de grileiros, – que tiraram a vida de Chico Mendes mas nunca puderam deter essa brasileira da gema! Marina, que venceu injustiças e adversidades que o povo enfrenta no “Brasil profundo”, conquistou seu diploma universitário em Rio Branco e vem surpreendendo o mundo com suas conquistas: Senadora, Ministra e, se Deus quiser, futura Presidente do Brasil. Em seus discursos busca unir as forças vivas e saudáveis de uma Nação marcada pela corrupção e desigualdades sociais levantando a bandeira verde da esperança - elegendo a V I D A , humana e natural, como valor supremo a ser defendido! Enre velhos paradigmas da mentalidade colonialista, medieval, e o esquerdismo com viseiras do ateismo, essa acreana é uma das grandes vencedoras destas eleições gerais!