Os cinco pontos (e +): Dilma perde debate, e seu marqueteiro tenta pautar jornalistas

Publicado em 26/10/2010 07:38

O instituto GPP deve divulgar hoje uma pesquisa de intenção de voto para a Presidência da República. Índio da Costa, vice na chapa do tucano José Serra, registrou o levantamento no TSE, e o resultado pode, portanto, ser tornado público. A diferença deve ser de cinco pontos em favor da petista. Dada a margem de erro, é possível que estejam em empate técnico.

Coisa de democratas e tucanos que apóiam Serra? Pois é… Sabem o que é interessante - e já tratei desse assunto aqui? O trascking do PT, o de verdade (não aquele que eles propagandeiam por aí), também aponta uma vantagem de apenas cinco para Dilma. E isso, claro!, é muito pouco para tranqüilizar os petistas.

A histeria tem explicação. Ou vocês acham que os petistas estariam tão nervosos se estivessem certos dos 11 ou 12 pontos apontados em algumas pesquisas?

Por Reinaldo Azevedo
Dilma perde debate, e seu marqueteiro tenta pautar jornalistas

Chega a ser divertido. João Santana, marqueteiro do PT, especialista em pautar jornalistas — e muitos se deixam pautar —, está espalhando que Serra foi muito agressivo no debate, “arrogante”. Aliás, Dilma chegou a dizer isso, seguindo a orientação do publicitário, claro! Durante o debate, ela afirmou que o adversário estava “dizendo mentiras”, que “estava enrolando” etc. Mas “agressivo” foi o outro. A verdade inquestionável é que Serra foi indubitavelmente melhor. E restou ao PT acusar o vencedor de arrogância.

O engraçado é que, em parte, Santana está sendo bem-sucedido. Já há um monte de textos por aí afirmando: “Serra parte para o ataque”. Ora, os dois atacaram. A questão é de outra natureza: qual deles assentou suas teses em mentiras? Ainda voltarei ao assunto.

Por Reinaldo Azevedo

Sem a mentira, o que seria do PT?

Se eu fosse um desses críticos do PT que ignoram a sua natureza, poderia começar meu texto mais ou menos assim: “Não entendo por que o PT, liderando um governo que, inegavelmente, tem virtudes, precisa recorrer à mentira sistemática na campanha eleitoral”. Ocorre que eu não sou um desses e entendo o papel central que a mentira exerce na conformação e na postulação do partido. Na verdade, sem um conjunto de mentiras circunstanciais e sem uma grande mentira conceitual, nem mesmo existiria PT. E o debate de ontem à noite, na Record, que se estendeu até o começo da madrugada de hoje, deixou isso muito claro.

A mentira do pré-sal e do petróleo
Dilma contou uma mentira ao afirmar que seu adversário, se vitorioso, pretende privatizar o pré-sal. Qual é o busílis? Como o governo substituiu o modelo da concessão pelo de partilha, passou a chamar o regime anterior de “privatização”, o que, não fosse deliberadamente falacioso, seria apenas equivocado. Fosse assim, e o tucano José Serra respondeu acertadamente, a própria candidata do PT poderia ser acusada de ter privatizado o “nosso” petróleo, inclusive o do pré-sal. Uma das empresas que assinaram um contrato de concessão é a OGX, do bilionário Eike Batista, e foi essa condição que lhe conferiu uma formidável valorização no mercado.

A campanha de Serra, especialmente no horário eleitoral, enfrentou mal esse debate até agora. Chega a ser escandaloso que não tenha deixado claro, por A + B — já que a imprensa, na era do “declaracionismo”, não o faz — que, em 1995, quando FHC assumiu o governo, a Petrobras produzia 700 mil barris de Petróleo por dia. A empresa detinha, então, o monopólio. A abertura do setor foi fundamental para o crescimento da produção. Em 1999, já havia 38 empresas privadas atuando no país. Atenção: em 2003, em razão das concessões feitas ao setor privado — que nada têm a ver com privatização —, atingiu-se a marca de 1,4 milhão de barris por dia. Entenderam o que aconteceu? Na gestão FHC, DOBROU A PRODUÇÃO DE PETRÓLEO. Hoje, anda em torno de 2,1 milhões de barris/dia. Resumo da ópera: cresceu 100% no governo FHC e 50% no governo Lula. Esse é o fato.

O suposto sucateamento da Petrobras nos anos FHC é outra dessas vigarices cantadas por aí. Em 2000, por exemplo, a empresa teve um lucro de R$ 9,9 bilhões, 6º entre as dez maiores petroleiras do mundo. Recebeu vários prêmios internacionais por seu desempenho. Em 1997, o setor petroleiro respondia por 2,7% do PIB; em 2000, já respondia por 5,4% — tudo isso durante o governo que o PT sataniza tanto. José Sérgio Gabrielli, este militante do PT disfarçado de presidente da Petrobras, deu sucessivas entrevistas na semana passada. Falou o que bem entendeu. Ninguém o contestou com números.

A mentira dos assentamentos e das invasões
Dilma contou uma mentira ao afirmar que o governo Lula assentou mais famílias do que o governo FHC e que as invasões de terra caíram. Ao contrário: as invasões cresceram. Foram 497 as ocorrências entre 2000 e 2002 (na média, 165,67 por ano) contra 1.357 entre 2003 e 2008 (média de 226,17) — um aumento de 37%. Existe uma Medida Provisória contra invasão de terras, editada em 2000. Ela indispõe para reforma agrária terras invadidas. Na oposição, o PT chegou a recorrer ao Supremo contra essa lei. Perdeu. No poder, nunca a aplicou — e, por isso, as invasões explodiram. No momento, João Pedro Stedile está quietinho para não prejudicar Dilma. Mas já avisou que volta com tudo se ela ganhar. Segundo disse, para os invasores, é muito melhor que a vencedora seja ela.

O governo FHC assentou, ao longo de oito anos, 600 mil famílias, marca que Lula não vai conseguir atingir. Assenta menos, mas provoca mais conflitos e mata mais. Estes números, por exemplo, são da Comissão Pastoral da Terra, que é o MST de batina: na atual década, 2003 foi o ano mais violento, com 73 assassinatos em conflitos no campo. Nos outros, o número de homicídios ficou entre 20 e 40. Com relação ao número de conflitos, o período entre 2003 e 2007 foi o mais violento, com em média 1.727 registros, contra 1.170 conflitos em 2008 e 1.184 em 2009. Embora tenha sofrido uma redução, a quantidade de conflitos permanece bem maior do que no início da década (2000, 2001 e 2002), quando ocorreram, em média, 822 por ano. Resumo: Lula assenta menos, o MST invade mais, os conflitos aumentam, e as mortes também.

Impressionante!
Milhares de vezes, ao longo de oito anos, Lula e o PT falsearam os dados sobre o governo FHC. Mentiras pontuais foram criando o grande edifício da mentira conceitual: o governo representaria a grande mudança de rumo e de prioridades. Mas não deixa de ser chocante ver Dilma tartamudear a inverdade ali, ao vivo, sem o conhecido talento de Lula para a representação. E fico cá pensando: “Como é que essa senhora não se constrange?”

Há um cálculo nessas coisas, creio. Entro na cabeça de Dilma mais ou menos como Machado de Assis entrava na cabeça do cônego (é claro que não estou comparando o paraíso com o deserto): “Quem sabe do que estou falando ou endossa a mentira e a considera necessária para eu vencer ou já não vota em mim mesmo. Então, tudo bem! Quem não sabe pode acabar acreditando que falo a verdade e que os meus adversários querem mesmo ‘dar’ as riquezas brasileiras para os gringos. Assim, a mentira me é útil”

E então ela segue adiante, na sua versão alucinada da história. Vai dar certo? Não sei! Se der, terá de arcar, depois, com o peso da realidade, sem ter a mesma competência de Lula na arte do ilusionismo.

Por Reinaldo Azevedo

Dilma chama 57 anos de história da Petrobras de “carne de pescoço”

Reveja o debate se quiser. Dilma chamou, com todas as letras, de “carne de pescoço” nada menos de 57 anos de história da Petrobras. O Brasil quase atingiu a auto-suficiência de Petróleo — Lula cantou as glórias do feito, embora ele ainda não seja real — sem o óleo do pré-sal. Para a candidata do PT, tudo bobagem!

Agora, diz ela, é diferente. Insistindo na metáfora estúpida do “bilhete premiado”, afirma que o petróleo do pré-sal, sim — que ainda está bem escondidinho —, é que é bom: o que tínhamos antes era do tipo “pesado”; o bom, o “leve” e, stá lá nas profundezas. Por isso, diz, o regime tem de ser de partilha, não de concessão! Só uma coisa: “bilhete premiado” é lance de sorte. A Petrobras chegou ao pré-sal com pesquisa. Muitos anos e muitos milhões de dólares, minha senhora!

O que uma coisa, o “petróleo leve”, teria a ver com outra, “regime de partilha”? Ninguém seria capaz de explicar. Em tempo: o Brasil tanto produz petróleo “bom” como “ruim”.

Imaginem se uma frase como aquela sai da boca do tucano José Serra. Os petroleiros, comandados pela CUT, fariam nesta terça uma manifestação de protesto. Talvez Marilena Chaui aparecesse lá para discursar: “Estudei Espinosa (como ela escreve…) desde mocinha e tenho a dizer que a carne de pescoço…”

Aliás, o debate de ontem evidenciou algumas brigas que Dilma Rousseff, pelo visto, não quer comprar:  Serra bateu pesado em Valter Cardeal, amigo do peito da candidata, e na acusação que lhe faz um banco alemão de ter-se metido numa pesada falcatrua na Eletrobras (veja no arquivo do blog); Dilma estaria ciente de tudo, diz o banco. A petista amoitou. O candidato tucano também acusou o governo de lotear uma diretoria da Petrobras para Fernando Collor. Dilma também preferiu não comprar a briga. E ouviu calada a lembrança de que foi uma das principais testemunhas de defesa de José Dirceu.

Para encerrar
A Petrobras é uma empresa mista, de capital aberto. Imaginem a satisfação dos investidores quando ouviram a mulher que pode vir a ser presidente do Brasil afirmar que o petróleo da empresa, hoje, é “carne de pescoço”, coisa de pouco valor, poracaria mesmo. O “filé-mignon”, como ela disse, argumentando com a graça de um açougueiro, só virá com o óleo do pré-sal.

É o petismo em rimo de barbárie. Caso esta senhora se eleja, há o risco de que até o blogueiro e seus leitores sintam saudade de Lula…

PS - José Sérgio Gabrielli não vai divulgar uma nota negando que a Petrobras seja “carne de pescoço”?

Por Reinaldo Azevedo

Justiça bloqueia bens de acusados de esquema de propina em Santo André

Do Portal G1:

A Justiça determinou o bloqueio dos bens de acusados de desviar mais de R$ 5 milhões da Prefeitura de Santo André, entre 1997 e 2002. O processo foi aberto contra políticos e empresários acusados de participar do esquema, entre eles, o chefe de gabinete do presidente Lula, Gilberto Carvalho.

De acordo com a denúncia do Ministério Público, o ex-secretário de serviços municipais de Santo André, Klinger Luiz de Oliveira Souza, e os empresários Ronan Maria Pinto, Luiz Marcondes de Freitas Júnior e Sérgio Gomes da Silva, o Sombra, montaram um esquema para extorquir dinheiro de donos de empresas de ônibus da cidade. Os empresários do transporte eram obrigados a pagar propina para poder trabalhar para a prefeitura.

O Ministério Público descobriu o esquema enquanto investigava o assassinato do prefeito Celso Daniel, morto em janeiro de 2002. A cobrança de propina começou em 1997, segundo a Promotoria, e durou até a morte do prefeito. Os promotores dizem que o dinheiro desviado era usado para financiar campanhas do PT, e a função de Gilberto Carvalho, então chefe de gabinete da Prefeitura de Santo André, era transportar o dinheiro até a direção nacional do partido.

Agora, a Justiça aceitou bloquear os bens dos envolvidos, com exceção dos bens do chefe de gabinete do presidente Lula, Gilberto Carvalho, e os bens do PT. O bloqueio foi feito através de uma liminar para garantir que o dinheiro desviado dos cofres públicos seja devolvido, em caso de condenação.

Todos os denunciados no processo foram procurados. Klinger de Oliveira Souza, Luiz Marcondes de Freitas e Sérgio Gomes da Silva não foram encontrados. O Partido dos Trabalhadores e Gilberto Carvalho não responderam. O único que se pronunciou foi Ronan Maria Pinto. Por meio dos advogados, o empresário disse que entrou com a defesa preliminar dele três anos atrás. Disse ainda que, assim que os demais réus forem pronunciados, vai fazer a defesa definitiva.

Por Reinaldo Azevedo

Por Leandro Colon, no Estadão Online:
Uma empresa acusada de participar de uma quadrilha que desviou recursos públicos e cobrou propina na prefeitura petista em Santo André faturou R$ 7,7 milhões no governo federal entre 2007 e 2010. No último dia 18, com a negativa da Justiça em acolher recursos protelatórios, a Projeção Engenharia Paulista de Obras Ltda. virou definitivamente ré na companhia de empresários, do PT e do chefe de gabinete do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Gilberto Carvalho. Todos são acusados de montar um esquema de corrupção entre 1997 e 2002, quando o PT comandou a prefeitura da cidade com Celso Daniel, assassinado há quase nove anos.

A empresa entrou no governo Lula há três anos, por meio da Aeronáutica. No fim de 2007, a Projeção assinou um contrato de R$ 4 milhões para uma obra no Parque de Material Aeronáutico de São Paulo. O serviço tinha conclusão prevista para meados de 2008. Só que, em agosto daquele ano, foi assinado aditivo de R$ 1,7 milhão por mais três meses.

No começo de 2009, a mesma empresa firmou um contrato de R$ 1,2 milhão, pelo período de sete meses, para trabalhar na “recuperação das vias de acesso do setor sudoeste para a área operacional do Aeródromo do Campo de Marte”. Em agosto do ano passado, no entanto, um aditivo foi assinado por mais quatro meses. Segundo o Portal da Transparência, os repasses totais para esse serviço foram de R$ 2 milhões.

Caixa 2. Segundo a investigação do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) da região do ABC, autora da ação aceita pela Justiça, a Projeção Engenharia intermediou o esquema de arrecadação de propina em Santo André que, de acordo com a denúncia do Ministério Público, serviu para abastecer o caixa 2 do PT. A empresa tem como dono Humberto Tarcísio de Castro, também denunciado. Mas, de acordo com os promotores, a empresa é comandada pelo empresário Ronan Maria Pinto, réu no mesmo processo. O Estado procurou a assessoria de imprensa da Aeronáutica e a direção da empresa, mas ambos não deram resposta à reportagem até o fechamento da edição.

Por Reinaldo Azevedo

Em depoimento, Erenice contraria versão da Casa Civil e admite encontro com consultor

Por Filipe Coutinho, na Folha Online:

A ex-ministra da Casa Civil Erenice Guerra admitiu nesta segunda-feira à Polícia Federal que se encontrou com o consultor Rubnei Quícoli, que foi procurado pelo filho dela para viabilizar um empréstimo bilionário com o BNDES. O depoimento contraria a própria versão de Erenice quando era ministra da Casa Civil e que o governo sustenta até hoje. À época, ela informou à Folha, por meio da assessoria, que houve um encontro de Quícoli apenas com um assessor dela.

Para a PF, a ex-ministra admitiu que participou da reunião na Casa Civil –o que corrobora a versão de Rubnei Quícoli sobre o caso. “Houve um encontro oficial, marcado pela assessoria dela. Foi uma reunião de uma hora e quinze minutos, na qual ela participou por 30 minutos. Foi uma conversa rigorosamente técnica”, disse o advogado de Erenice, Mário de Oliveira Filho.

A defesa afirmou que, na reunião, Erenice deu “os encaminhamentos devidos” para a proposta de Quícoli. Segundo o consultor, depois do encontro com Erenice, a proposta da empresa EDRB foi encaminhada para a estatal responsável por energia solar no Nordeste.

Nesse mesmo período, Quícoli afirmou que a empresa do filho de Erenice, Israel, passou a cobrar para viabilizar o financiamento do BNDES. A defesa de Erenice não comentou sobre as conversas de consultores com pessoas ligadas a Israel Guerra. Diz apenas que não tinha o consentimento da ex-ministra.

“Ela nunca autorizou ninguém, nem filho, a falar em nome dela para gerenciar qualquer negócio”, afirmou o advogado. O depoimento durou cerca de quatro horas e Erenice respondeu a mais de cem perguntas. Segundo a defesa, ela respondeu a todos os questionamentos na condição de testemunha. Os advogados de Erenice afirmam ainda que a ex-ministra nunca atuou para beneficiar qualquer parente no governo.

De acordo com a defesa, os amigos de Israel Guerra que trabalhavam no governo foram contratados por questões técnicas. Ela foi intimada pela polícia para explicar a atuação do filho Israel como lobista dentro do governo e a suspeita de tráfico de influência. A seis dias da eleição, Erenice tentou duas vezes adiar o depoimento.

Braço direito da presidenciável petista Dilma Rousseff, Erenice era secretária-executiva da candidata quando recebeu no Planalto empresários que negociavam contrato com a empresa de lobby dos filhos dela e de assessores da Casa Civil. Após a Folha publicar a informação, ela pediu demissão.

O caso Erenice foi um dos motivos que levou a eleição para o segundo turno, segundo pesquisa Datafolha.

RECEITAGATE Envolvido em outro caso, o jornalista Amaury Ribeiro Jr, que encomendou informações fiscais sobre familiares e pessoas ligadas ao presidenciável José Serra (PSDB), presta depoimento hoje no mesmo local.Ribeiro Jr. admite ter pedido dados dessas pessoas, mas nega ter solicitado acesso a documentos sigilosos.

Todos os alvos do jornalista tiveram seus dados violados em duas agências da Receita Federal em São Paulo. O despachante Dirceu Rodrigues Garcia declarou à polícia que o jornalista o contratou para obter informações fiscais sigilosas de familiares e aliados de Serra. Essas informações foram parar num dossiê que circulou na pré-campanha petista.

Garcia afirma ter recebido de Ribeiro Jr. R$ 12 mil em dinheiro em outubro de 2009. No mês passado, alega ter recebido mais R$ 5.000. No último depoimento que concedeu à PF, o jornalista não esclareceu se recebeu ou não orientação para investigar tucanos. Ele apenas afirmou que iniciou a apuração porque soube que uma equipe liderada pelo deputado Marcelo Itagiba (PSDB-RJ), ligado a Serra, estaria reunindo munição contra o ex-governador Aécio Neves.

Nessa época, Aécio e Serra disputavam a indicação do partido para concorrer à Presidência da República. No último depoimento, Ribeiro Jr. atribuiu a uma ala do PT o vazamento do dados que coletou. Segundo ele, um setor do partido disputava o controle de contratos da área de comunicação.

O PT nega que a ordem para encomendar a quebra de sigilo tenha sido dada pela campanha, assim como refuta ter operado qualquer dossiê para atacar o adversário. Embora o jornalista tenha negado que trabalhou para a campanha petista, ele participou de ao menos uma reunião da “equipe de inteligência” em 20 de abril deste ano, num restaurante de Brasília.

Por Reinaldo Azevedo

Reescrevendo o passado, apostando na impunidade

Leia primeiro o post abaixo

Veja bem, leitor desconfiado: a realidade é uma obra aberta, entende? Quando o escândalo veio a público, Erenice nunca havia se encontrado com o consultor Rubnei Quícoli. Aí as evidências foram aparecendo, o homem divulgou os e-mails e tal. Então sempre chega a hora em que é preciso consertar a história. Sim, agora ela teve um surto de memória. Encontrou-se, sim, mas tudo muito republicano.

Já lhes contei aqui que uso a entrevista de um petista para explicar para as minhas filhas quem é essa gente. Lembro-me de José Genoino, ainda presidente do PT, a negar no programa Roda Viva, em 2005, que houvesse qualquer coisa errada nas contas do partido. Ele era tão convincente que, ao misturar a história da legenda com a sua própria, chorou. Todos ficaram muito comovidos.

Aí os horrores começaram a vir a luz. E, aos poucos, ele foi admitindo os “negócios” com Marcos Valério. As lágrimas eram apenas o ponto alto de sua pantomima. Assim, nunca pergunte a petistas onde está a verdade. Ela costuma não estar em lugar nenhum. Eles vão adaptando as versões à necessidade da hora.

No caso do mensalão, o tempo foi passando, e o PT mudou de novo: da admissão da culpa voltou ao ponto inicial, negando o fato. Hoje em dia, Lula afirma que aquilo tudo não passou de uma grande conspiração das oposições.

Chega-se, assim, a um corolário: a chance de que se faça justiça — “chance”, não fatalidade — está na eventual derrota do PT. Se o partido vencer a eleição, os companheiros, mais uma vez, darão um jeito de se apresentar como vítimas das próprias falcatruas.

Por Reinaldo Azevedo
Governo faz “política da desindustrialização”, diz Serra

Por Daiene Cardoso, no Estadão Online:
Em encontro com cientistas da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e da Academia Brasileira de Ciências (ABC), em São Paulo, o candidato do PSDB à sucessão presidencial, José Serra, criticou hoje o que chamou de processo de “desindustrialização” da economia nacional. “Temos um festival de importações que concorrem com a produção doméstica eficiente, mas que está prejudicada pela política monetária e cambial do governo, que é uma política anti-industrialização, antidesenvolvimento”, disse.

De acordo com Serra, o Brasil produz atualmente cada vez menos tecnologia necessária para o desenvolvimento nacional, o que faz com que o País esteja “perdendo terreno” para outras regiões. “Com os juros do jeito que estão e o câmbio do jeito que está, você vai tendo uma invasão de produtos, inclusive daqueles de maior tecnologia”, afirmou. “É a economia da pobreza tecnológica. É isso que está em jogo nessa eleição.”

No evento, os cientistas apresentaram uma pauta de sugestões de investimento no setor de ciência e tecnologia. Entre as propostas, o investimento de 2% do Produto Interno Bruto (PIB) em ciência (atualmente é 1,2% do PIB), de 6% do PIB em educação, proteção do bioma brasileiro e ampliação da participação brasileira em pesquisas de relevância internacional.

O tucano prometeu ampliar os recursos públicos para o setor e criar uma política para atrair investimentos privados. “Temos de ter uma legislação mais clara para dar segurança jurídica às empresas”, disse Serra.

Educação
Para o candidato, é preciso encarar a educação como prioridade de governo, acima das questões partidárias. “Temos de deixar a educação fora da disputa política.” Para isso, Serra propôs a criação de um Plano Nacional da Educação com metas para 10 ou 15 anos. Entre os objetivos, segundo o tucano, estariam a melhora do ensino superior federal para que as universidades voltem a formar mais profissionais. “Estamos andando para trás no ensino superior federal”, reforçou.

O candidato defendeu também que o País volte a atrair especialistas - os “cérebros” - que hoje estão no exterior e que podem contribuir para o desenvolvimento e o progresso científico. “Para que os brasileiros voltem a trabalhar no Brasil”, disse.

Por Reinaldo Azevedo

A imagem abaixo traz fragmentos da perícia nas fitas a que VEJA teve acesso. São aquelas que revelaram as pressões, vindas de Dilma Rousseff e Gilberto Carvalho, para que o Ministério da Justiça produzisse dossiês contra os adversários do PT. O segundo recorte informa que um dos “objetivos da perícia” é verificar se duas das vozes de um diálogo são do titular da Pasta, Luiz Paulo Barreto, e de Pedro Abramovay, secretário nacional de Justiça. Creio que o trecho da reportagem que se segue à imagem se refira a essa conversa. Acho que vocês têm de ler.

pericia-fitasLeiam trecho da reportagem de Gustavo Ribeiro, da VEJA. Volto em seguida:
(…)
O clima de desconfiança no Ministério da Justiça contaminou até o mais alto escalão. A certa altura das conversas, o chefe da pasta, Luiz Paulo Barreto, manifesta suspeita de que seu subordinado Luiz Fernando Corrêa, diretor-geral da Polícia Federal, o espione. Em inúmeras ocasiões, Barreto revelou a seus assessores não ter ascendência sobre Corrêa. O ministro chega a expressar em voz alta sua desconfiança de que o diretor da PF tem tanto poder que se dá ao luxo de decidir sobre inquéritos envolvendo pessoas da antessala do presidente da República. Um desses casos é relatado por Barreto em conversa no seu próprio gabinete, ocorrida em meados de maio. À sua chefe de gabinete, Gláucia de Paula, Barreto fala sobre o possível indiciamento de Gilberto Carvalho, braço direito do presidente Lula. Em 2008, a PF interceptou telefonemas em que o chefe de gabinete da Presidência conversava com o advogado Luiz Eduardo Greenhalgh, um dos investigados na Operação Satiagraha, que prendeu o banqueiro Daniel Dantas.

O ministro, que diz ter tido conhecimento do indiciamento pelo próprio Gilberto Carvalho, revela que o diretor da PF promoveu uma encenação para iludi-lo, numa manobra para mostrar que seu poder emanava de fora da hierarquia do Ministério da Justiça. A conversa toma um rumo inesperado. Um dos interlocutores fica curioso para saber a fonte real de poder de Luiz Fernando, que lhe dá cobertura até para desafiar seu próprio chefe sem temor de represálias. “Ele deve ter alguma coisa…”, afirma. Procurado, Luiz Paulo Barreto informou que não comentaria nada antes de ter acesso ao áudio da conversa.

Voltei
É claro que, como todo mundo, fiquei indignado com aquela fala de Abramovay sobre não agüentar mais as pressões para produzir dossiês contra adversários. Mas confesso que o que mais chamou a minha atenção foi essa história do “superpoder” de Corrêa, o que o leva a desafiar, então, até seu chefe imediato, o ministro da Justiça.

Vamos seguir a lógica. Se Corrêa dá de ombros para o superior imediato, então quem segura a sua onda é o superior de Barreto, certo? E seu nome é Luiz Inácio Lula da Silva. Essa relação poderia ser determinada por uma sólida amizade entre ambos, o que não é fato. Sendo assim, ainda seguindo a trilha da lógica, fica até parecendo que Corrêa tem nas mãos algum trunfo que faria com que Lula se conformasse com seu superpoder.

É o que me diz me sugere a lógica, que, como todos vocês sabem, a minha principal fonte.

Por Reinaldo Azevedo

Por Felipe Seligman, na Folha:
A OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) se posicionou oficialmente ontem contra a iniciativa de pelo menos quatro Estados do país de implantar conselhos de comunicação com o propósito de monitorar a mídia.

Em nota assinada pelo presidente nacional da OAB, Ophir Cavalcante, e pelos 27 representantes estaduais, a entidade manifestou “repúdio aos projetos de criação de órgãos vinculados ao Executivo para monitorar veículos de comunicação em diversos Estados da Federação”.

O Ceará foi o primeiro a tomar a iniciativa. Na terça-feira da semana passada, a Assembleia Legislativa do Estado aprovou a criação de um conselho, vinculado à Casa Civil, com a função de “orientar”, “fiscalizar”, “monitorar” e “produzir relatórios” sobre a atividade dos meios de comunicação. Reportagem da Folhapublicada ontem mostrou que ao menos mais três Estados (Bahia, Alagoas e Piauí) também preparam a implantação de conselhos do tipo.

A OAB avalia os projetos com “crescente preocupação ante as graves consequências que os mesmos podem causar à livre manifestação de expressão e à liberdade de imprensa, fundamentais para a normalidade do Estado Democrático de Direito”.

Segundo a Ordem, não cabe ao Executivo o papel de fiscalizar se os meios de comunicação cumprem “as balizas constitucionais para o exercício da liberdade de imprensa”, que “devem ser objeto de apreciação do Poder Judiciário, resguardando-se o devido processo legal”.

Também diz que as assembleias não têm competência “para regulamentar a matéria, que é privativa do Congresso Nacional”.
A criação dos conselhos foi recomendação da Conferência Nacional de Comunicação, realizada em 2009, por convocação do governo Lula.

Folha apurou que, com dificuldades para implementar nacionalmente medidas de controle da mídia, o governo irá estimular que os Estados o façam. Assim, com a discussão instalada, haveria ambiente mais favorável à proposição de lei federal.

Painel também revelou anteontem que tramita em São Paulo um projeto semelhante ao aprovado no Ceará. Seu texto prevê a criação de conselho parlamentar que teria, entre outras funções, a de fiscalizar as outorgas e concessões de rádio e TV.

Assim como a OAB, o diretor-geral da Abert (Associação Brasileira das Emissoras de Rádio e Televisão), Luís Roberto Antonik, também afirmou que os Estados não têm competência para regular a atuação da mídia. Aqui

Por Reinaldo Azevedo

Leiam o que informa Gabriela Guerreiro, na Folha Online. Volto em seguida:

DEM questionará na Justiça criação de conselho para monitorar a mídia no Ceará

O DEM vai questionar judicialmente a criação de um conselho para fiscalizar e monitorar as atividades dos meios de comunicação do Ceará, aprovado pela Assembleia Legislativa do Estado. A oposição promete ir ao STF (Supremo Tribunal Federal) contra a sua criação se o governador Cid Gomes (PSB) não vetá-la.

“Se isso não ocorrer, o Democratas, sem demora, questionará perante o Supremo Tribunal Federal essa — bem como qualquer outra — tentativa petista de controlar a imprensa. Imprensa que, como o próprio Supremo Tribunal Federal já proclamou, deve ser livre e exercida sem qualquer tipo de amarra estatal”, disse em nota o presidente do DEM, Rodrigo Maia (RJ).

Às vésperas das eleições presidenciais, o deputado acusa o PT de tentar criar “mecanismos” para controlar a imprensa, com propostas “arbitrárias” de se buscar o controle da imprensa. “Assim ele o faz por não aceitar as naturais críticas que são dirigidas àqueles que, de alguma forma, respondem pela condução dos negócios públicos”, afirma Maia.

Segundo o democrata, a “crítica democrática, inerente ao Estado de Direito, é umas das formas de se buscar o constante aprimoramento das instituições”.

Reportagem publicada nesta segunda-feira pela Folha mostra que, além do Ceará, ao menos mais três Estados  - Bahia, Alagoas e Piauí -  preparam-se para implantar conselhos de comunicação com o propósito de monitorar a mídia. A criação dos conselhos foi recomendação da Conferência Nacional de Comunicação, realizada no ano passado, por convocação do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O Ceará foi o primeiro a tomar a iniciativa. Na terça-feira, a Assembléia Legislativa do Estado aprovou a criação do conselho, vinculado à Casa Civil, com a função de “orientar”, “fiscalizar”, “monitorar” e “produzir relatórios” sobre a atividade dos meios de comunicação, em suas diversas modalidades.

O governo de Alagoas estuda transformar um conselho consultivo –existente desde 2001 e pouco operante– em deliberativo, com poder de decisão semelhante ao aprovado pelo Ceará. A modificação foi proposta pelo conselho atual e será examinada pela Casa Civil e pela Procuradoria-Geral do Estado.

Comento
É claro que o DEM está certo em recorrer à Justiça para tentar barrar essa excrescência antidemocrática. Aliás, o partido é sempre o mais atento e o primeiro a reagir às agressões de natureza institucional.

Nesse particular, aliás, há algo de irônico, não? Se há legenda que padece com a má vontade da chamada “mídia”, esse partido é o DEM — trata-se do mais rombudo preconceito ideológico. Não custa lembrar que muitos jornalistas se referem a membros do partido como os “demos”, apelido que lhes pespegaram os petistas.

O DEM cumpre, sim, a sua função institucional. Mas tenho de apontar a ironia: o alvo permanente de muitos jornalistas é o primeiro a reagir quando o partido pelos quais a maioria deste nutre indisfarçável simpatia quer criar entraves ao livre exercício do jornalismo!

Curioso, não? Deve ser a Síndrome do Estocolmo adaptada à realidade da imprensa. Vejam que coisa: paparicado por jornalistas, o PT quer, não obstante,  censurá-los; maltratado por esses mesmos jornalistas, o DEM quer, não obstante, a liberdade de imprensa.

Por Reinaldo Azevedo

Por Bruno Boghossian, no Estadão Online:

O médico Jacob Kligerman, que atendeu José Serra (PSDB) depois que o presidenciável foi atingido por um objeto em uma caminhada no Rio de Janeiro, na última quarta-feira, vai pedir no Supremo Tribunal Federal (STF) uma retratação pública do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Kligerman disse que se sentiu ofendido quando Lula classificou o episódio como uma “farsa” e fez referências ao médico, apesar de não ter citado seu nome.

“Fui acusado de farsante ao realizar um ato médico perfeito. O atendimento foi qualificado, da maneira que deveria ser feito”, afirmou. “Exijo uma retratação pública (do presidente), pois ele me acusou publicamente.” O médico será representado pelo advogado Marcelo Cerqueira, candidato derrotado ao Senado no Rio pelo PPS - em chapa composta por PSDB, DEM e PV.

Cerqueira disse que vai basear a interpelação no artigo 144 do Código Penal, que dá a Kligerman o direito de pedir explicações em juízo. “O presidente insinua que o doutor Jacob teria participado de uma farsa, mas há uma ambiguidade em sua declaração. Ele não deixa clara a afirmação de que há envolvimento do doutor Jacob. Então queremos explicações”, disse Cerqueira.

Um dia depois da confusão entre militantes tucanos e petistas na zona oeste da capital fluminense, quando Serra foi atingido na cabeça, Lula disse que o episódio não passava de uma “mentira” criada pela equipe de campanha do tucano. “Ele bota a mão na cabeça e vai ser atendido por um médico que foi secretário de Saúde do prefeito Cesar Maia (DEM) e foi diretor do Inca (Instituto Nacional do Câncer (Inca)quando Serra foi ministro da Saúde”, afirmou o presidente, em entrevista em Rio Grande (RS).

Um evento a favor de Kligerman reuniu aliados de Serra, ontem, em um restaurante da zona sul do Rio. Estavam presentes o candidato a vice na chapa do tucano, Indio da Costa, os deputados federais Fernando Gabeira (PV) e Marcelo Itagiba (PSDB), o presidente do PPS, Roberto Freire, o ex-governador fluminense Marcello Alencar e o engenheiro David Zylbersztajn - diretor da Agência Nacional do Petróleo (ANP) no governo Fernando Henrique Cardoso e alvo recente de críticas da campanha de Dilma Rousseff (PT). Indio da Costa reforçou as críticas ao presidente Lula a respeito das declarações feitas contra Serra. “O Jacob é um médico sério e foi aviltado pela declaração do Presidente da República - que, na verdade, está utilizando seu cargo para ser cabo eleitoral da candidata de seu partido”, disse. “Eu vi o Serra tonto, eu vi o Serra com dificuldade quando foi atingido, mas o PT tentou distorcer a história.”

Por Reinaldo Azevedo

Por Carol Pires, no Estadão Online. Volto em seguida:

O jornalista Amaury Ribeiro Júnior foi indiciado nesta segunda, 25, pela Polícia Federal por quatro crimes: violação de sigilo fiscal, corrupção ativa, uso de documentos falsos e por dar ou oferecer dinheiro ou vantagem à testemunha. Amaury prestou depoimento na superintendência da Polícia Federal em Brasília, das 10h30 às 17h de hoje, ao delegado Hugo Uruguai, que comanda investigação sobre a violação do sigilo fiscal de vários dirigentes do PSDB e de pessoas ligadas aos tucanos, entre eles, Verônica Serra, filha do candidato à presidência da República, José Serra.

O jornalista é suspeito de ter encomendado e pago a terceiros pela invasão desse sigilo em computadores da Receita Federal. Amaury Júnior ratificou as informações já dadas por ele à Polícia Federal, mas silenciou diante das novas perguntas feitas hoje pelo delegado. Existem algumas dúvidas a serem esclarecidas sobre as primeiras informações prestadas pelo jornalista como, por exemplo, a fonte dos R$ 12 mil que ele teria pago ao despachante Dirceu Garcia, de São Paulo, em outubro de 2009 para a obtenção ilegal dos dados, e de R$ 5 mil que foram pagos depois como “cala-boca” para o despachante.

Em nota, Amaury Júnior havia negado as acusações e afirmou que “jamais pagaria pela obtenção de dados fiscais sigilosos de qualquer cidadão”. O advogado do jornalista, Adriano Bretas, disse que deve falar com a imprensa logo mais. Ele e Amaury Júnior ainda estão no prédio da Superintendência da Polícia Federal.

Comento
Alguns leitores me perguntam por que chamo Amaury Ribeiro Jr. de “ex-jornalista”. Porque os crimes de que é acusado e as coisas que andou fazendo não caracterizam exatamente o trabalho de um “jornalista”. Seja lá qual for, depois que se desligou de O Estado de Minas — e talvez um pouco antes —, a sua profissão é outra. Jornalista não muda a realidade para depois retratá-la.

Ainda que repórteres investigativos sejam levados, muitas vezes, a dialogar com criminosos para obter notícia e ainda que, freqüentemente, fiquem sabendo de falcatruas por intermédio da ala da bandidagem que não se deu bem e decide se vingar, isso é coisa muito diferente de praticar o crime, de fazer parte da cadeia criminosa, entenderam? Assim, trata-se de um ex-jornalista.

Parece-me que o indiciamento por todos esses crimes está de acordo com o que prevê a lei e com que Amaury fez. Ok. Agora, supor que ele seja o “mandante” e parar a investigação por aí mesmo é uma das piadas da República. Por que esse rapaz seria o interessado último no resultado desses crimes? É um desrespeito à nossa inteligência.

Por Reinaldo Azevedo

Por Felipe Seligman, na Folha:
A OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) se posicionou oficialmente ontem contra a iniciativa de pelo menos quatro Estados do país de implantar conselhos de comunicação com o propósito de monitorar a mídia.

Em nota assinada pelo presidente nacional da OAB, Ophir Cavalcante, e pelos 27 representantes estaduais, a entidade manifestou “repúdio aos projetos de criação de órgãos vinculados ao Executivo para monitorar veículos de comunicação em diversos Estados da Federação”.

O Ceará foi o primeiro a tomar a iniciativa. Na terça-feira da semana passada, a Assembleia Legislativa do Estado aprovou a criação de um conselho, vinculado à Casa Civil, com a função de “orientar”, “fiscalizar”, “monitorar” e “produzir relatórios” sobre a atividade dos meios de comunicação. Reportagem da Folhapublicada ontem mostrou que ao menos mais três Estados (Bahia, Alagoas e Piauí) também preparam a implantação de conselhos do tipo.

A OAB avalia os projetos com “crescente preocupação ante as graves consequências que os mesmos podem causar à livre manifestação de expressão e à liberdade de imprensa, fundamentais para a normalidade do Estado Democrático de Direito”.

Segundo a Ordem, não cabe ao Executivo o papel de fiscalizar se os meios de comunicação cumprem “as balizas constitucionais para o exercício da liberdade de imprensa”, que “devem ser objeto de apreciação do Poder Judiciário, resguardando-se o devido processo legal”.

Também diz que as assembleias não têm competência “para regulamentar a matéria, que é privativa do Congresso Nacional”.
A criação dos conselhos foi recomendação da Conferência Nacional de Comunicação, realizada em 2009, por convocação do governo Lula.

Folha apurou que, com dificuldades para implementar nacionalmente medidas de controle da mídia, o governo irá estimular que os Estados o façam. Assim, com a discussão instalada, haveria ambiente mais favorável à proposição de lei federal.

Painel também revelou anteontem que tramita em São Paulo um projeto semelhante ao aprovado no Ceará. Seu texto prevê a criação de conselho parlamentar que teria, entre outras funções, a de fiscalizar as outorgas e concessões de rádio e TV.

Assim como a OAB, o diretor-geral da Abert (Associação Brasileira das Emissoras de Rádio e Televisão), Luís Roberto Antonik, também afirmou que os Estados não têm competência para regular a atuação da mídia. Aqui

Por Reinaldo Azevedo
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Fonte:
Blog Reinaldo Azevedo (veja.com

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