Volta de Palocci ao primeiro plano da política significará ressurreição espetacular

Publicado em 01/11/2010 15:09

Palocci e Francenildo: o provável ministro-chefe da Casa Civil de Dilma foi o responsável pela quebra de sigilo bancário do caseiro

Palocci e Francenildo: o provável ministro-chefe da Casa Civil de Dilma foi o responsável pela quebra de sigilo bancário do caseiro

Política também se faz com símbolos e com aparências.

A presidente eleita Dilma Rousseff praticamente anunciou ao país, na noite passada, que o ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci terá papel relevante em seu governo com o simples, mas altamente significativo, gesto de fazer-se acompanhar por ele, e apenas por ele, à chegada ao hotel de Brasília onde faria seu primeiro pronunciamento após a vitória eleitoral.

Palocci sentou-se ao lado da presidente no banco de trás do carro.

Findo o pronunciamento no hotel, a ministra dirigiu-se ao Palácio da Alvorada para encontrar-se com o presidente Lula — e lá estava novamente, no banco de trás, o ex-ministro Palocci.

Palocci muito provavelmente será o ministro mais importante do governo Dilma — o ministro-chefe da Casa Civil da Presidência.

Se confirmada, a designação significará uma espetacular ressurreição daquele que, por sua habilidade na condução da economia, no trato com empresários e com o Congresso, vinha sendo considerado por muita gente, até cair em desgraça, a maior revelação de político do PT desde o surgimento do próprio Lula na vida pública.

O CASEIRO FRANCENILDO — Palocci, que como se sabe é médico, pilotou a economia de 1º de janeiro de 2003, dia da posse de Lula no primeiro mandato, até 27 de março de 2006, quando deixou o Ministério da Fazenda no bojo do escândalo da quebra de sigilo bancário de Francenildo Santos Costa, caseiro de uma mansão em Brasília onde supostamente se realizariam acertos irregulares entre funcionários do governo com lobistas, e encontros com garotas de programa. A quebra de sigilo se destinaria a intimidar uma testemunha incômoda.

O ex-ministro seria processado pelo Ministério Público Federal mas, em agosto do ano passado, por 5 votos a 4, os ministros do Supremo Tribunal Federal rejeitaram o pedido de abertura de uma ação penal contra ele.

O relator do caso, ministro Gilmar Mendes, considerou que, a despeito da ocorrência da quebra irregular de sigilo, e de os dados do caseiro terem sido mostrados a Palocci pelo então presidente da Caixa Econômica Federal, Jorge Mattoso, não havia provas suficientes de que o ex-ministro tivesse ordenado a ilegalidade. O processo contra Mattoso prossegue.

Contra o ex-ministro da Fazenda ainda pesam acusações de recebimento de propinas de empresas contratadas pela prefeitura de Ribeirão Preto (SP), cargo que ocupou duas vezes, para uma caixinha destinada a financiar campanhas. As contas do ex-prefeito no período em que teria ocorrido o crime (2001 a 2004), porém, passaram pelo crivo do Tribunal de Contas do Estado e o caso, embora não encerrado, não prosperou.

(Blog Ricardo Setti)

Celso Arnaldo traduz o primeiro falatório da presidente eleita: ‘Viveremos os quatro anos mais medíocres da nossa República’

Não há tempo a perder, avisou o título do post anterior. Nem tréguas a conceder, completa o texto do jornalista Celso Arnaldo Araújo. Quando Dilma Rousseff apareceu para o primeiro discurso como presidente eleita, o grande caçador de cretinices já estava pronto para o recomeço do duelo entre a razão e a insensatez, entre a lógica e o absurdo, entre a civilização e o primitivismo. Os pastores da escuridão não poupam os brasileiros decentes. O país que pensa não lhes dará trégua.

“Primeiro eu queria agradecê aos que estão aqui presentes, nessa noite que pra mim é uma noite que cês imaginam completamente especial. Mas eu queria me dirigi a todos os brasileiros e às brasileiras, os meus amigos e as minhas amigas de todo o Brasil. É uma imensa alegria está aqui hoje. Eu recibi de milhões de brasileiros e de brasileiras a missão, talvez a missão mais importante de minha vida”

As primeiras palavras de improviso da presidente eleita Dilma Vana Rousseff, antes de ler o discurso escrito na véspera pelos assessores, são o prólogo de uma era que se anuncia histórica, como histórica são todas as eras vividas — mas esta por um prenúncio: viveremos os quatro anos mais medíocres da nossa República.

Foram palavras modelares de uma funcionária pública sem obra e sem credenciais pessoais que, herdando o mais alto posto da nação por uma dessas armadilhas do destino que só um ficcionista poderia elocubrar, tem o desplante de afirmar — por absoluta incapacidade de expressão — que a presidência da República é “talvez” a missão mais importante de sua vida. Qual seria outra?

Dilma Vana Rousseff, presidente da República. Ao ouvir essa chocante combinação entre nome e posto, me sinto transportado sem escalas a Macondo, “uma aldeia de vinte casas de barro e taquara”, segundo o célebre início de “Cem Anos de Solidão”. A Dilma Rousseff sistematicamente desconstruída nesta coluna, ao longo dos últimos 15 meses, não teria credenciais para dirigir Macondo. Ter sido eleita presidente do Brasil, “oitava economia do mundo”, soa como um despropósito até pelos cânones do realismo fantástico, onde o irreal e o estranho são algo cotidiano e comum — não por ser neófita, não por ser a primeira mulher, não por ser petista, não por ser madrinha da Erenice, não por ser escolha arbitrária de Lula, mas por ser a Dilma Rousseff que ela mesma se encarregou de expor e escancarar, sem retoques – produzindo contra si mesma o veredicto de uma flagrante inabilitação para o cargo, em sentença transitada em julgado.

Só numa Macondo governada por Lula – e Macondo é banana, na língua bantu — a eleição de Dilma Rousseff como presidente do Brasil seria tristemente real. Como num romance do realismo mágico, sua ascensão é fruto de um tempo distorcido, para que o presente se repita ou se pareça com o passado.

Tomara que exista outra Dilma, que não conhecemos ainda.

Boa sorte, presidente Dilma Rousseff.

(Blog Augusto Nunes)

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Fonte:
Veja.com.br

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