Esforço para livrar Bumlai, amigão de Lula? (por Lauro Jardim)

Publicado em 15/06/2011 19:00 e atualizado em 15/06/2011 19:36
blog de Lauro Jardim, Augusto Nunes e Reinaldo Azevedo, em veja.com.br

Esforço para livrar amigão de Lula?

O Ministério Público Federal abriu inquérito para apurar porque o Incra se valeu de um grande aparato técnico para provar que a fazenda da família do pecuarista e amigo de Lula, José Carlos Bumlai, vale mesmo cerca de 21 milhões de reais. Em setembro do ano passado, a Justiça Federal suspendera liminarmente o pagamento de novos títulos da dívida agrária referentes à desapropriação do imóvel, a Fazenda São Gabriel.

Até a decisão, o instituto já havia pagado 14 milhões de reais na transação. O Ministério Público, que barrou na Justiça novas despesas com a propriedade, afirma que ela vale pouco mais de 13 milhões de reais – estimou o superfaturamento em 7,5 milhões de reais na transação.

Chamou a atenção dos procuradores a superestrutura montada pelo Incra para rebater a ação. Foram feitos registro fotográficos aéreos com o uso de avião assim como terrestre da região da fazenda. Curioso é que o instituto, segundo o MP, não tem o mesmo empenho para resolver questões de outros assentados, como a denúncia de que mil famílias de oito assentamentos de Corumbá, município onde se localiza a fazenda dos Bumlai, estariam bebendo água contaminada por coliformes fecais.

A propósito, no assentamento São Gabriel, afirma o MP, o fornecimento de água está interrompido por falta de pagamento à empresa contratada.

Por Lauro Jardim

Na terra de Palocci

Dilma Rousseff pretende lançar o próximo Plano Agrícola e Pecuária na sexta-feira, em Ribeirão Preto, terra natal do superconsultor Antonio Palocci. Seria uma forma de prestigiar Wagner Rossi. Beleza. Afinal, o ministro da Agricultura, ligado a Michel Temer, vive no município paulista e teve sua permanência no cargo ameaçada durante a votação do Código Florestal na Câmara.

Por Lauro Jardim

Assentados e beneficiados

Assentados em áreas de reforma agrária serão beneficiados por condições especiais de crédito rural: pagarão taxas de juros menores e receberão melhores carências e prazos de pagamento. Isso, claro, se um projeto de autoria de Pedro Simon, que foi aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, sair do papel. A proposta voltará a ser analisada pelo Senado antes de seguir para a sanção presidencial.

Por Lauro Jardim

O governo tenta de novo aprovar na Câmara a roubalheira sem vigilância e sem cadeia

Incluído na medida provisória que cria a Secretaria de Aviação Civil, o governo tentará aprovar nesta quarta-feira, em votação na Câmara, um certo “regime diferenciado de contratações para obras da Copa do Mundo e da Olimpíada”. Forjada por políticos corruptos, cartolas gatunos e empresários delinquentes, trata-se de outra brasileirice cafajeste: invocando a necessidade de cumprir prazos encurtados pela inépcia federal e pela sem-vergonhice generalizada, permite a celebração de contratos multimilionários sem que haja um limite para o aumento de custos além do valor fixado originalmente.

“Regime diferenciado de contratações”, malandragem em burocratês que o ministro Orlando Silva vive declamando sem ficar ruborizado, é o outro nome da roubalheira sem vigilância e sem risco de cadeia. Quem votar a favor da abjeção está a serviço de alguma quadrilha. É comparsa dos bandidos que preparam  milagres da multiplicação do dinheiro capazes de matar de espanto um Antonio Palocci.

(por Augusto Nunes)

No país do avesso, legal é o ilegal; criminoso é tomar remédio, comer biscoito e ser “heteronormativo”

Sei lá se este país vai dar certo, dado o que parece ser uma compulsão por fazer tudo pelo avesso. Um exame de um instituto federal que seleciona professores de língua portuguesa comete um atentando contra a interpretação de texto e contra… Camões, ninguém menos! Uma prova de redação de uma universidade pública, sob o pretexto de defender a diversidade, impõe uma opinião aos vestibulandos, cobrando deles que apenas façam uma peroração sobre a tese prescrita. O ministro que fazia a coordenação política vai cuidar da pesca, e a que cuidava da pesca vai para a coordenação política. O único setor que responde pela estabilidade da economia, o agronegócio — e único, nesse caso, quer dizer “único” —, transforma-se no inimigo nº 1 da imprensa sob o pretexto de que é preciso defender a natureza.

Por que é assim? Porque vivemos sob a ditadura de grupos militantes, de minorias organizadas, que promovem uma intensa guerra de valores e impõem sua vontade à maioria. Como não lembrar aquele militante gay, em histórico artigo publicado pela Folha, a afirmar que as escolas têm de “problematizar” a sexualidade dos… heterossexuais? Trata-se de uma caricatura, eu sei. Mas é uma caricatura muito reveladora de um tempo. Afinal, o filme que chegaria às escolas, então aprovado pelo MEC, tratava os heterossexuais quase como aleijões, gente com uma probabilidade menor de “ficar” com alguém…

No país do avesso, o Supremo Tribunal Federal deve julgar hoje uma ação em que a Procuradoria-Geral da República pede a liberação da Marcha da Maconha. Em nome da liberdade de expressão, a minha aposta é que as manifestações, que caracterizam como todos sabem, clara apologia de algo que é definido como crime, serão liberadas. Pois saibam: este mesmo país está a um passo de proibir os remédios para emagrecimento. A Anvisa, Agência Nacional de Vigilância Sanitária, está numa verdadeira campanha. Lendo o noticiário, entendi que a decisão já está tomada, e todo argumento só serve para que a burocracia se assanhe ainda mais.

Então ficamos assim: somos o país que vai liberar manifestações em favor de prática que é caracterizada como crime — a apologia das drogas — e que vai proibir um remédio que, bem-administrado, salva vidas. O pretexto, nesse caso, é que ele aumenta significativamente o risco de problemas cardíacos em pacientes que já apresentem fatores de risco. Bem, qual remédio não traz também riscos? Fenilcetonúricos não podem beber uma coca-cola. Ela deve ser proibida por isso. A proibição é estúpida, além de se contestada por muitos especialistas.

Se o Ministério da Saúde acha que há abuso no consumo, que se regule com mais rigor o remédio; se acha que tal rigor seria inútil porque sempre haveria um modo de driblar a lei, então deve supor que os emagrecedores continuarão a ser usados ainda que ilegais — e, nesse caso, fora de qualquer controle ou acompanhamento. Mas essa é a Anvisa… Este órgão — transformado, não custa lembrar, em abrigo da companheirada — tem estudos para proibir propaganda de biscoito, refrigerante, sanduíche… No país do avesso, numa das marchas dos maconheiros, um gaiato pedia a proibição do Big Mac. Segundo dizia, o lanche, sim, é uma droga pesada…

Nestes tempos realmente singulares, vai se transformar a apologia das drogas — e basta tomar conhecimento dos lemas da marcha, dos sites que a promovem e dos discursos para que se constate que se trata de apologia, não de debate — numa expressão das liberdades individuais, mas se está a um passo de cassar das pessoas com obesidade mórbida a chance de ter uma vida mais feliz, desde, é claro, que se tenha o devido rigor na administração do medicamento. No país do avesso, as drogas ilícitas libertam; as lícitas aprisionam. No país do avesso, se é a sexualidade dos heterossexuais que tem de ser “problematizada” nas escolas, por que não tornar ilegal o legal e legal o ilegal?

Vamos ver. Se a liberdade de expressão dá o suporte para uma manifestação que a lei caracteriza como crime, será interessante indagar que outro ato criminoso mereceria igual tratamento.

Aberta a janela, seríamos, então, livres a tal ponto que pudéssemos solapar a própria liberdade?

Por Reinaldo Azevedo

 

Já segue nosso Canal oficial no WhatsApp? Clique Aqui para receber em primeira mão as principais notícias do agronegócio
Tags:
Fonte:
veja.com.br

RECEBA NOSSAS NOTÍCIAS DE DESTAQUE NO SEU E-MAIL CADASTRE-SE NA NOSSA NEWSLETTER

Ao continuar com o cadastro, você concorda com nosso Termo de Privacidade e Consentimento e a Política de Privacidade.

0 comentário