Não! Eu não estou denunciando nenhuma grande conspiração, com figuras que se movem, sorrateiras, nas sombras. Não lido com esses critérios. Até porque o jogo é muito claro. A militância beócia que tomou conta de amplos setores da imprensa é que faz questão de esconder o óbvio. Há várias coisas em curso, e estou dando apenas passos iniciais na tentativa de entender o fenômeno. O texto tende a ficar meio longo, mas leiam até o fim. Na primeira parte, trato de uma loucura mais ou menos conhecida. Na segunda, talvez vocês se surpreendam um tantinho.
No post abaixo deste, publico o link do documento “Farms Here, Forest There”, em que especialistas americanos defendem rigorosamente o que vai no título: “Fazendas aqui (nos EUA), florestas lá (no mundo tropical, especialmente o Brasil). O documento é do ano passado. Fazem um detido estudo sobre quanto os setores agropecuário e madeireiro americanos perderiam na competição com países que estariam produzindo commodities agrícolas graças à destruição das florestas. Mais do que isso: o texto também aponta quanto os americanos ganhariam com uma política de REFLORESTAMENTO desses países — com grande destaque para o Brasil. O estudo está no site da ONG “Union of Concerned Scientists”, uma das queridinhas dos nossos verdolengos, cujo trabalho, nos últimos dias, com o apoio de amplos setores da imprensa, tem sido espalhar mentiras sobre o novo Código Florestal.
O deputado Aldo Rebelo (PC do B-SP) já apontou esse jogo de interesses. Foi ridicularizado por alguns jornalistas, que preferiram acusar a sua suposta xenofobia e a vocação “antiimperialista” de seu partido, optando, no caso, por julgar a pessoa em vez de prestar atenção àquilo que ele denunciava. Esse documento estava escondido. Reitero: NÃO SE TRATA DE UMA CONSPIRAÇÃO CONTRA O BRASIL. São apenas americanos defendendo seus interesses e sua agropecuária. Se, por aqui, há quem queira destruir a sua; por lá, eles defendem a deles. A razão e simples: tanto os americanos como esses brasileiros estão defendendo os interesses… americanos! Porque é o mesmo dinheiro que os sustenta. Não há nada de misterioso nisso. Não é que os EUA não gostem do Brasil. É que gostam mais de si mesmos.
Publicado o post, já recebi algumas manifestações: “Ah, então quer dizer que, porque eles destruíram as florestas deles, também devemos destruir as nossas?” Não! Isso é um juízo energúmeno. Quer dizer que devemos proteger as nossas segundo os interesses do Brasil e dos brasileiros. E uma boa medida é não destruir plantações e pastagens para botar mato no lugar. Se, a partir de agora, o Brasil aplicar desmatamento zero, ainda será o país com a maior extensão territorial preservada do mundo. Temos 851 milhões de hectares. Apenas 27% são ocupados pela agricultura e pela pecuária; 0,2% estão com as cidades e com as obras de infra-estrutura. Revejam a tabela abaixo. A agricultura ocupa 59,8 milhões de hectares (7% do total); as terras indígenas, 107,6 milhões (12,6%). Que país construiu a agropecuária mais competitiva do mundo e abrigou 200 milhões de pessoas em apenas 27,2% de seu território, incluindo aí todas as obras de infra-estrutura? São dados oficiais. Chega a ser ridículo que estejamos travando esse debate!
Marina Silva tem como contestar essa realidade? Não! Então fica emitindo juízos escatológicos, “fim-do-mundistas”, brandindo números de uma pesquisa viciada do Datafolha, como demonstrei aqui (e, ainda assim, escondendo dados essenciais), falando em nome de uma agenda que pode interessar a muitos — aos brasileiros, que devem a estabilidade da economia ao setor agropecuário, é que não! Não estou afirmando que ela seja uma agente secreta de interesses escusos. Isso é besteira! Ela só é partidária de uma forma de entender a realidade que simplesmente nega a autonomia dos governos e dos povos locais para tomar decisões. A COISA CHATA PARA ELA É O FATO DE HAVER UM DOCUMENTO CHAMADO “Fazendas aqui; florestas lá”. Não estou dizendo que a ex-senadora e seus verdes façam um jogo velado em defesa de interesses estrangeiros. Estou afirmando que o jogo é claríssimo. As ONGs que lhe fazem a festa são entidades ricamente financiadas por potentados. Como elas não produzem dinheiro, alguém produz.
O grande cerco
O PT foi o partido, no Brasil, que abrigou esses “novos internacionalistas”, aparentemente preocupados (como aqueles cientistas…) só com o bem da humanidade. Muitas das ONGs ainda são rabichos da legenda. Não por acaso, o partido foi a morada de Marina Silva até outro dia — no momento, ela é uma candidata em busca de uma legenda. Com a chegada do PT ao poder, elas resolveram reivindicar o seu quinhão e quiseram participar do poder — mas aí se chocaram com a estrutura bolchevique ainda vigente; houve um conflito de interesses. Muitas dessas entidades resolveram se desgarrar da nave-mãe porque não dependem mais dela para existir. Não lhes falta farto financiamento.
Bem ou mal, o PT tem de governar o país. Num regime democrático, é forçado a fazê-lo com o Congresso, o que muita gente, acreditem!, lamenta. No colunismo, nas ONGs, no STF e até na Marcha da Maconha (às vezes, essas duas coisas se confundem), o Parlamento leva pauladas como depositário de todos os males do país. Seria atrasado demais para os “progressistas” que temos. Não que eu admire alguns “patriotas” que lá estão, mas não consegui pensar numa alternativa nem numa frase melhor do que a de Churchill: “Tem-se dito que a democracia é a pior forma de governo, salvo todas as demais que têm sido experimentadas de tempos em tempos”.
A forma do nosso tempo é este governo encabrestado por minorias organizadas, algumas nadando em dinheiro, que insistem em impor ao conjunto da sociedade a sua pauta. Entes do estado têm cedido à pressão, como se tem visto amiúde no Supremo — ainda que ao arrepio da lei e até da semântica.
Mas volto: no governo, as responsabilidades do PT passaram a ser outras. Dilma se viu compelida até a reconhecer a obra de FHC, imaginem vocês! Precisa cuidar do desenvolvimento, dar comida ao povaréu, incrementar a infra-estrutura. Ainda que faça tudo isso de forma mais ou menos atrapalhada, o partido tem compromissos com a população que o elegeu e está obrigado a planejar o futuro pensando na própria sobrevivência. A “agenda internacionalista” se esmaeceu. E o partido assiste, então, a alguns de seus aliados se desgarrando.
Belo Monte
Vejam num dos posts abaixo: uma ONG chamada Movimento Xingu Vivo para Sempre (MXVPS) entregou ontem à Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) da Organização dos Estados Americanos (OEA) a petição final com as denúncias de violações de direitos humanos por parte do Brasil na construção da usina hidrelétrica de Belo Monte, em Altamira, no Pará. O documento, segundo a assessoria do movimento, “é uma peça jurídica que se segue ao pedido da medida cautelar - instrumento inicial que visa prevenir violações iminentes de direitos - concedida pela CIDH em abril deste ano”.
A CIDH pediu simplesmente para refazer todo o estudo de Belo Monte, numa ingerência absolutamente descabida nos assuntos internos. A tal MXVPS reúne mais de 250 entidades nacionais e estrangeiras. Neste domingo, haverá manifestações em São Paulo e no Rio contra o Código Florestal e contra a usina. Segundo a ONG, o objetivo é “defender a conservação do pouco que resta de florestas nativas no Brasil”. Os números estão no quadro acima. Eles acham pouco.
Não que eu morra de amores por Belo Monte — já chamei de o “mais belo monte” do governo Lula. Mas meus motivos são outros (e podem ser encontrados em arquivo): dizem respeito ao fato de que o governo criou marcos tão restritivos e confusos que o Tesouro, na prática, arcará sozinho com o empreendimento.
Na era da mobilização pelas redes sociais, é sempre possível juntar algumas centenas de manifestantes em favor das causas as mais exóticas. Imaginem, então, quando ignorantes rematados são convocados, com aquela estupidez propositiva tão característica, a salvar as florestas e o planeta! Enquanto os ricos cuidam da agricultura!
Por Reinaldo AzevedoSim, queridos, eu sei que fica parecendo teoria da conspiração, xenofobia, essas coisas. Mas eu sou obrigado a acreditar naquilo que estou vendo, que está bem aqui e que vou tornar disponível para todos vocês.
Existe uma ONG americana chamada “Union of Concerned Scientists”, algo assim como “União dos Cientistas Preocupados”. Preocupados com o quê? Ora, com o meio ambiente. Tanto é assim que um lemazinho vem agregado ao nome da ONG: “Cidadãos e Cientistas por (em defesa de) Soluções Ambientais”. Vocês sabem que já há alguns anos ninguém perde tempo — e alguns ganham muito dinheiro — defendendo o meio ambiente, não é? A UCS tem um aura quase divina porque nasceu no lendário MIT, o Instituto de Tecnologia de Massachusetts, em Cambridge, nos EUA. Como falar deles sem que nos ajoelhemos em sinal de reverência?
Marina Silva, Alfredo Sirkis e congêneres são amigos da turma, como vocês poderão constatar numa rápida pesquisa feita no Google. A UCS tem uma excelente impressão sobre si mesma. No “About us”, diz combinar pesquisa científica com a atuação de cidadãos para que se desenvolvam soluções seguras e inovadoras em defesa de um meio-ambiente mais saudável e de um mundo mais seguro. Certo! A gente acredita em tudo isso. Quem haveria de duvidar de “cientistas independentes” e de “cidadãos preocupados” que só querem o bem da humanidade? Marina, por exemplo, não duvida. O endereço da dita ONG estáaqui.
Eu juro! É verdade!
Pois acreditem! O site da UCS publica um documento cujo título é literalmente este: “Fazendas aqui; florestas lá”. O “aqui” de lá são os EUA; o “lá” de lá são o Brasil e os demais países tropicais. Sim, o texto defende com todas as letras que o certo é o Brasil conservar as florestas, enquanto os EUA têm de cuidar da produção agrícola. O estudo tem um subtítulo: “O desmatamento tropical e a competitividade da agricultura e da madeira americanas”. Não faço como Marina Silva; não peço que vocês acreditem em mim. O documento está aqui.
Notem que eles não escondem seus objetivos, não! Os verdes brasileiros é que buscam amoitar a natureza de sua luta. O documento tem duas assinaturas: David Gardner & Associados (é uma empresa) e Shari Friedman. Tanto o escritório como a especialista auxiliam, lê-se no perfil de ambos, ONGs e empresas a lidar com o meio ambiente… Shari fez parte da equipe do governo americano que negociou o Protocolo de Kyoto, que os EUA não assinaram!
É um texto longuíssimo. O que se avalia no estudo é o impacto do “desmatamento” — ou do que eles tratam como tal — no setor agropecuário e madeireiro dos EUA. Conservar as nossas florestas, eles dizem, preserva a competitividade da agricultura americana e, atenção!, também baixa os custos de produção local.
As pessoas que sabem somar dois mais dois perguntarão: “Ué, mas se a gente fica com as florestas, e eles, com as fazendas, haverá menos comida no mundo, certo?” Certo! Mas e daí? O negócio dos agricultores americanos estará assegurado, e as nossas matas também, onde Curupira, Anhangá, a Cuca e a Marina Silva podem curtir a nossa vasta solidão!
É uma baita cara-de-pau! Mas, ao menos, está tudo claro. O documento é ricamente ilustrado, tanto com imagens dos “horrores” que nos praticamos contra a natureza como com tabelas dos ganhos de cada área do setor agropecuário americano, estado por estado, se o houver o “reflorestamento” tropical.
Espero que deputados e senadores leiam esse documento. Está tudo ali. São muitos bilhões de dólares. Parte da bolada financia as ONGs lá e aqui. Como se nota, os cientistas e cidadãos da UCS estão muito “preocupados”… com os setores agropecuário e madeireiro americanos. Eles estão certos!
Enquanto lutam em defesa da sua agricultura, os vigaristas daqui lutam para destruir a nossa. E são tratados como santos!
Texto publicado originalmene às 20h12 desta quinta
Por Reinaldo AzevedoNão é que não possa piorar. Em matéria de petismo, sempre pode, como vimos nas últimas mudanças. Mas o fato é, em si, uma boa notícia: Fernando Haddad, o ministro da Educação, pensa em deixar o governo. Vamos bater palmas! Pode sair! Não sem antes corrigir o verso de Os Lusíadas, violentados por aquele instituto federal do Rio Grande do Norte, que mantém sua boçalidade no ar sem nem mesmo ter a dignidade de fazer uma correção. Leiam trecho da reportagem de Vera Magalhães, na Folha:
O ministro da Educação, Fernando Haddad, disse a dirigentes do PT nas últimas semanas que está disposto a ser candidato a prefeito de São Paulo. Afirmou ainda que, mesmo que isto não ocorra, planeja deixar o governo Dilma Rousseff. Haddad não deu prazos para a eventual saída do Executivo. Nas conversas, disse apenas que tinha a sensação de que a sua missão à frente do MEC estaria cumprida. Ele fez um balanço de realizações positivas, mas disse que estaria na hora de alguém com “ideias novas” para o MEC. Ele foi mantido no cargo por Dilma a pedido de Lula e enfrentou sucessivos desgastes na pasta neste ano.
A disposição de Haddad de ser candidato e de deixar o governo foi confirmada à Folha por dois dirigentes do PT, um deputado, um senador e um ministro, sob a condição de anonimato. Já a assessoria de Haddad diz que ele está “trabalhando normalmente”. Procurado pela Folha, ele não quis falar sobre o assunto. “Que ele quer ser candidato, isso ele quer”, disse o ministro, que acompanha a movimentação eleitoral do PT.
Mas Haddad não gostaria de enfrentar prévias. Pretende ser candidato de consenso, a partir da indicação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. De início descrentes na convicção de Lula, os petistas agora acham que ele insistirá no ministro. O apoio se daria a despeito de incidentes no MEC que contribuíram para arranhar sua imagem -como as falhas no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), os problemas em livros didáticos aprovados pela pasta e a polêmica do kit anti-homofobia.
Nas conversas sobre 2012, Lula tem repetido a tese de que é preciso um nome novo, com boa capacidade de penetração na classe média. Resta ao ministro conquistar apoio na base partidária. “O Haddad quer a liberdade de solteiro e a segurança de casado, com o dedaço do Lula”, diz um deputado federal. Aqui
Por Reinaldo AzevedoLuiz Carlos Mendonça de Barros escreve um artigo na Folha de hoje que faço questão de publicar aqui. Está ilustrado com um gráfico, que não tenho como reproduzir. Mas é plenamente compreensível mesmo sem ele. Alude a uma questão que agitou o noticiário nos últimos dias: a mensagem enviada pela presidente Dilma Rousseff a FHC reconhecendo a importância de sua obra, especialmente do Plano Real. Luiz Carlos, meu amigo querido, o que muito me honra, também comeu o pão que o diabo amassou nas mãos dos espadachins da reputação alheia. No fim das contas, a grande obra de todos eles está aí, como eles também estão, presentes e com muito a dizer e a fazer em favor do país.
*
FHC: parabéns e obrigado!
EM CARTA enviada ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, a presidente Dilma Rousseff reconhece -de forma clara e inequívoca- a paternidade do Plano Real, que devolveu à economia brasileira a estabilidade e o crescimento.
Foram quase 20 anos em que estivemos condenados à mediocridade e à estagnação da renda, principalmente dos mais pobres. Com o Plano Real, esse passado vergonhoso foi superado e voltamos ao grupo de nações emergentes com futuro.
O que seria considerada uma observação apenas formal em sua carta de congratulações pela passagem do aniversário de 80 anos de FHC, esse reconhecimento passou a ter uma grande relevância política.
Com razão, pois o ex-presidente Lula passou os oito anos de seu mandato renegando a importância de FHC e do Plano Real na construção da sociedade brasileira de hoje.
Além disso, Lula sempre espalhou aos quatro ventos a tese de que os anos FHC tinham deixado uma “herança maldita” a seus sucessores. O reconhecimento de Dilma do papel de FHC na estabilização e na política brasileira tornou as bravatas de Lula algo do passado. Espero que, a partir de agora, nem seu autor tenha coragem de voltar a elas.
Quero aproveitar este momento em que o papel de FHC na construção da nova economia brasileira voltou ao debate público para dividir com o leitor da Folha um trabalho sobre a evolução dos salários no Brasil, nos últimos 20 anos, feito por Fabio Ramos, economista da Quest Investimentos.
Os dados que constam do gráfico falam por si só e mostram como a posição de Lula em relação ao Plano Real é inaceitável em uma sociedade guiada pela verdade dos fatos -não pela história forjada por seus dirigentes.
Os dados representam uma estimativa do total da remuneração do trabalho no Brasil, calculados em reais e já descontados os efeitos da inflação, entre 1992 e o primeiro trimestre de 2011. Chamo a atenção do leitor para os seguintes pontos principais:
1) Entre 1993, quando Fernando Henrique assumiu o Ministério da Fazenda no governo de Itamar Franco, e 1997, já presidente da República, o total de salários pagos passou de R$ 600 bilhões para R$ 1,1 trilhão, com aumento de 83% no período, o que equivale a um crescimento anual de mais de 12%;
2) Apenas no segundo mandato de Lula (2007-2010) é que os salários superam o nível de R$ 1,1 trilhão verificado entre 1993 e 2002 e começam a crescer a uma taxa anual de pouco mais de 5%;
3) O aumento dos salários reais nos quatro anos do chamado Lula-2 foi, entretanto, menos da metade do verificado no período de implantação do Plano Real;
4) Ou seja, a contribuição da estabilidade alcançada pela ação de FHC nos salários dos trabalhadores brasileiros foi o dobro da proporcionada pelos quatro anos de crescimento verificado no segundo mandato de Lula. Os dados históricos aqui apresentados não permitem que a farsa da “herança maldita” se sustente por mais tempo.
O trabalho feito por Ramos mostra, de forma cristalina, como a inflação elevada confiscava a renda real do trabalhador antes da ação decisiva de FHC.
A presidente Dilma apenas reconhece - com anos de atraso - isso.
Por Reinaldo AzevedoEu ainda estou tentando entender a entrevista concedida por Dr. Hélio (PDT), prefeito de Campinas. A principal testemunha contra a sua gestão é um homem que era de sua absoluta confiança, seu amigo de infância em Mato Grosso do Sul. Foi ele que importou o agora delator. Na entrevista concedida a Fausto Macedo e Fernando Gallo, no Estadão, ele decidiu atacar o PSDB e declarar que tem o apoio de gente de peso: “O presidente Lula está comigo, ele passou por situação assemelhada. Tenho o reconhecimento da Dilma. O Zé (José Dirceu) me telefonou”. Se é assim…
Uma coisa é certa: Dr. Hélio resolveu aderir ao padrão Lula durante o mensalão, politizando a questão: “É tudo uma conspiração da oposição”. Ao citar o nome dos aliados, não tenho claro se está apenas se escorando ou enviando uma mensagem.
Leiam trechos.
Dr. Hélio vai ao ataque e seu alvo é o PSDB. “Estou sendo vítima de um linchamento político e moral, uma perseguição injusta de políticos do PSDB que pretendem antecipar a eleição do ano que vem.” Dr. Hélio mira o governo estadual, dos tucanos. “O que está explícito pelo Ministério Público é que houve uma contaminação em diversas entidades do governo do Estado de São Paulo. Sabesp, secretarias de Estado, da Educação e tantas outras secretarias. São mais de 300 contratos em mais de 11 municípios, com iguais problemas (suspeitas de corrupção).” Dr. Hélio mostra suas armas e nomeia aliados do PT na grande batalha política contra o impeachment que o espreita. “O presidente Lula está comigo, ele passou por situação assemelhada. Tenho o reconhecimento da Dilma. O Zé (José Dirceu) me telefonou”, disse. No dia seguinte ao embate na Câmara - do qual saiu vitorioso porque superou opositores que pediam seu afastamento sumário -, Hélio de Oliveira Santos, o Dr. Hélio (PDT), prefeito de Campinas em segundo mandato, era um homem de semblante aliviado.
Às 12h15, ele recebeu o Estado, na companhia de seus advogados - Eduardo Carnelós, José Roberto Batochio e Alberto Mendonça Rollo, os dois primeiros especialistas em causas criminais e o terceiro, em Direito Eleitoral e Administrativo. Durante 80 minutos, o prefeito falou sobre a intensa pressão que experimenta desde que a promotoria deu início a uma devassa sem precedentes em seu governo. Dr. Hélio não é citado na investigação, mas o Ministério Público imputa a sua mulher, Rosely Nassim, o papel de chefe de quadrilha para fraudes em licitações, corrupção e desvio de recursos públicos. Das provas colhidas pela promotoria se valeu a oposição, que faz alarido na cidade de 1,3 milhão de habitantes e requer sua cassação. Na noite de quarta-feira, Dr. Hélio deu passo decisivo para rechaçar a ofensiva dos adversários. Por 16 votos a 15, os parlamentares aprovaram sua saída da Prefeitura até a conclusão dos trabalhos da comissão processante, manifestação insuficiente - era necessário que 2/3 da Casa impusessem a queda. Ao ser comunicado do triunfo, invocou Barack Obama. “Sim, nós podemos. Nós podemos virar o jogo.”
A que atribui a investigação?
Quem abriu a comissão processante foi o PSDB. O mesmo PSDB que por duas vezes eu derrotei, nas eleições de 2004 e 2008, esta no primeiro turno. Os argumentos postos na comissão são eminentemente políticos. Assim como este último requerimento pelo meu afastamento, que é absolutamente inconstitucional. Foi tentado na Justiça e a Justiça considerou inconstitucional. Não há nenhum caso no Brasil em que se derruba outro poder através de requerimento postado pela Câmara, alguém que foi eleito democraticamente pelo povo. Em nenhum momento das provas que foram apresentadas pelo vereador do PSDB eu faço parte como participante.
Qual sua ligação com os contratos da Sanasa, companhia de saneamento que a promotoria aponta como núcleo de corrupção?
É voz corrente do próprio Ministério Público e do próprio magistrado (juiz Nelson Augusto Bernardes de Souza) e não tem nenhum grampo, nenhum fato que me ligue a essas ações. Essa comissão processante tem um intuito motivacional político e abre precedente perigoso porque coloca em cheque o Estado de Direito democrático que foi obtido com o voto da maioria dos campineiros.
(…)
O sr. nomeou Luiz Aquino para dirigir a Sanasa. Ele confessou crimes e delatou sua mulher.
Em 2008, época de campanha eleitoral, eu soube de boatos que indicavam irregularidades na empresa. Imediatamente chamei o Aquino e determinei uma sindicância. Ele pediu demissão. Eram boatos relativos a gravações, chantagens. O fato é que nenhuma prova, nenhum documento, nenhuma escuta, chegou diretamente ao meu conhecimento. Mas ouvia-se que adversários poderiam lançar mão destas gravações que mostravam irregularidades na relação do presidente da Sanasa com lobistas espertos. Chamei, perguntei se estava sofrendo chantagem, extorsão. Ele negava. Eu falei, vou fazer uma investigação, uma auditagem e seria bom que você se afastasse. Ele pediu demissão.
(…)
Com que objetivo envolveram a sua mulher?
Atingir um prefeito que na campanha do Lula e na campanha da Dilma teve a importância de ser um dos coordenadores do Brasil. E essa foi uma exposição nacional. Tenho o depoimento do presidente Lula, que é público. Tenho o reconhecimento da própria Dilma, que iniciou as relações com os prefeitos e prefeitas na cidade de Campinas. Esse apoio de prefeitos foi decisivo, e o Lula reconhece isso.
O ex-presidente o apoia?
Ele está solidário comigo porque já passou por questões assemelhadas. O Zé Dirceu se solidarizou comigo assim como me solidarizei com ele quando sofreu as agruras dele. Mas não é só ele. O Miro Teixeira, o ministro Orlando (Orlando Silva, do Esporte), o Lupi (Carlos Lupi, ministro do Trabalho), o presidente estadual do PT (deputado estadual Edinho Silva). Aqui
Por Reinaldo AzevedoCaras e caros,
O que vai abaixo é muito mais do que a contestação de uma pesquisa. Eu destrincharei para vocês um dos instrumentos a que se recorre para formar a opinião pública — na verdade, infelizmente, para manipulá-la. Em 25 anos na profissão, raramente vi coisa assim.
Desde que os jornais noticiaram, no dia 11, que 79% dos entrevistados eram contrários à “anistia aos desmatadores” e que 85% diziam que a legislação deve priorizar as florestas, eu tenho tentando botar os olhos na pesquisa. Finalmente, tive acesso aos dados na noite desta quarta-feira. É um troço chocante. Contam-me que, no programa Roda Viva de segunda-feira, Marina Silva (quase ex-PV) brandiu esses dados. A primeira motivação que tive para ver o levantamento foi essa história de “anistia”. COMO NÃO EXISTE ANISTIA NENHUMA NO RELATÓRIO DE ALDO REBELO, fiquei curioso para saber que diabo de pergunta havia sido feita aos entrevistados.
Vou expor e analisar algumas questões propostas pelo Datafolha, comentar o resultado, fazer considerações sobre a amostra. Vocês avaliam depois se o instituto deve ou não explicações de natureza técnica. Já discordei de critérios do Datafolha, mas sempre considerei seu trabalho responsável. A partir do que vai abaixo, não sei mais.
Pergunta 6 - A grande mentira
A pergunta nº 6 do Datafolha é esta:
Uma das propostas do novo Código Florestal é que todos os proprietários de terra que desmataram ilegalmente até junho de 2008 estariam isentos de multas e punições. Você é a favor ou contra que esses proprietários de terra sejam perdoados das multas?
Disseram-se contra 79%; a favor, 19%, e 3% disseram não saber. Muito bem, leitor! Estaria tudo certo se existisse mesmo essa proposta no texto do novo Código Florestal! Mas ela não existe! É uma farsa! A pesquisa foi encomendada pelas organizações Amigos daTerra-Amazônia Brasileira, IMAFLORA, IMAZON, Instituto Socioambiental, SOS Mata Atlântica e WWF-Brasil. Mas não é lícito que o Datafolha atribua ao texto o que lá não está para fazer a vontade do cliente.
Ora, feita essa pergunta, chego a estranhar que não tenham obtido 100%. Que tal o Datafolha perguntar se as pessoas são favoráveis à paralisia infantil, ao tétano e ao sarampo? As multas só não serão aplicadas se o proprietário cumprir uma série de exigências, conforme estabelecem os Artigos 33 e 34. A pergunta do Datafolha é mentirosa. Eu posso provar o que digo, e vocês podem verificar com seus próprios olhos. O texto está aqui. Notem que, na suposição de que boa parte dos entrevistados não soubesse exatamente o sentido da palavra “anistia”, optou-se por “perdão”. É, sim, um sinônimo, mas de sentido bem mais forte e presente na sociedade. De todo modo, perdão e anistia, nesse caso, têm como sinônimo outra palavra: FARSA.
Pergunta 7 - A mentira sórdida
Não é possível que os técnicos do Datafolha tenham lido o texto de Aldo Rebelo. A pergunta nº 7 chega à sordidez. Leiam:
Outra proposta é que todos os proprietários de terra que desmataram ilegalmente até junho de 2008 estariam isentos de recuperar as áreas desmatadas. Você é a favor ou contra que esses proprietários de terra sejam isentos de recuperar as áreas desmatadas?
Não dá! É mentira! O texto está aí para consulta do Datafolha, da direção das Organizações Folha, dos diretores de jornais, revistas e portais, dos blogueiros etc. Se alguém achar essa “proposta” no Código, mudo de profissão, paro de escrever. É claro que 77% se disseram contrários — 21% a favor, e 2% não sabem. Na forma como vem a questão, o que se esperava?
Pergunta 2 - A trapaça
Vejam que trapaça intelectual aparentemente singela. Marina exibe esse número pra lá e pra cá:
Na sua opinião, as mudanças no novo Código Florestal deveriam:
Olhem o que responderam os entrevistados:
- Priorizar a proteção das florestas e rios mesmo que, em alguns casos, isso prejudique a produção agropecuária - 85%
- Priorizar a produção agropecuária mesmo que, em alguns casos, isso prejudique a proteção das florestas e rios - 10%
- Não sabe -5%
Viram? Não é bonitinho? Há de positivo nisso ao menos a constatação de que os ongueiros querem prejudicar a agropecuária. Eu proponho uma outra questão a ser feita pelo Datafolha:
Na sua opinião:
- O reflorestamento tem de ser feito mesmo que a comida passe a custar mais caro por causa da diminuição da área plantada;
- Deve-se preservar o que se tem hoje sem diminuir a área plantada;
- Deve-se desmatar ainda mais para plantar mais e baixar o preço da comida.
Eu adoraria saber o resultado…
ESCONDENDO OS DADOS
Mesmo uma pesquisa direcionada, feita para chegar ao resultado encomendado, não ao que pensa efetivamente a população, revela dados interessantes. Marina Silva os escondeu no programa Roda Viva. A imprensa, que, no mais das vezes, faz sua assessoria, também. Prestem atenção à pergunta 3 e à resposta.
Na sua opinião, os proprietários de terra que praticaram desmatamento ilegal para utilizar a terra para agricultura e pecuária deveriam :
A resposta é esta:
- ser perdoados apenas se concordarem em repor essa vegetação - 45%:
- ser todos perdoados, sem a necessidade de repor a vegetação, pois desmataram para produzir - 5%;
- ser punidos de qualquer forma para dar o exemplo para gerações futuras;
- não sabe - 2%
Como se vê, 50%, mesmo nos termos errados do Datafolha, se dizem favoráveis ao perdão — e 5% nem acham necessário repor coisa nenhuma. A pergunta, de todo modo, traz o erro essencial: inexiste perdão! E estariam isentos de repor a vegetação original apenas os pequenos proprietários (até quatro módulos). Agora vem a pergunta 4, a mais interessante de todas.
Pergunta 4 - O bom senso
Algumas áreas de risco como encostas, topos de morro, áreas ao longo dos rios e várzeas que deveriam ser preservadas hoje estão ocupadas por pastagens e plantações. O que seria melhor:
Atenção para as respostas, leitor!
- Manter apenas atividades agropecuárias nessas áreas que segurem o solo e não representem riscos de acidente - 66%
- Manter as atividades agropecuárias nessas áreas para não prejudicar a produção, mesmo com o risco de acidentes - 7%
- Remover todas essas atividades para evitar qualquer risco de acidentes, mesmo prejudicando a produção - 25%
Esconderam este número: só 25% concordam com Marina Silva e com as ONGs; só 25% querem remover as plantações. Isso nos diz que 66% concordam justamente com o Código, especialmente com o seu Artigo 35.
Outras mistificações
Sempre querendo saber se o brasileiro e contrário à paralisia infantil e a favor da bondade, indaga o Datafolha:
Pergunta 9 - A presidente Dilma já disse ser contra a proposta de perdão por desmatamento ilegal e que a vetará caso seja aprovada pelos senadores. Você concorda ou discorda da posição da presidente Dilma?
Ora, 79% disseram concordar.
A pergunta 10 busca fazer terrorismo com os parlamentares:
Você votaria ou não em um deputado federal ou Senador que votou a favor da isenção de multas e punições aos proprietários de terra que desmataram áreas ilegais até junho de 2008?
Obviamente, 84% disseram que não votariam. Ocorre que esses parlamentares não existem. São uma invenção de Marina Silva e dos ongueiros que pagaram por essa pesquisa. Acredito até que as perguntas foram elaboradas por ele. O diabo é que o relatório final é, sim, do Datafolha.
A pergunta 7, na sua aparente singeleza, é um primor da manipulação:
Alguns acham que antes devotar o Senado deveria ouvir a opinião dos cientistas sobre o novo Código Florestal. Outros acreditam que a votação é urgente, pois há muitas multas pendentes. Como que você concorda mais?
Viram? Num extremo, os cientistas, com toda a sua sabedoria; no outro, a suposta isenção de multas. O Datafolha não se vexa nem um pouquinho? A maioria dos brasileiros defenderia que se ouvisse um cientista até antes de apostar na mega-sena! O resultado não poderia ser outro:
- O Senado deveria parar para ouvir os cientistas antes de votar o novo Código Florestal - 77%;
- O Senado deveria votar o novo código imediatamente pois é mais urgente resolver o problema das multas - 20%
- Não sabe - 2%
A amostra do Datafolha
Há, de fato, uma única pergunta razoável acima: a de nº 4. Não! Os brasileiros não querem destruir plantações para deixar crescer no lugar o mato. Só 25% escolhem essa estupidez. E esse resultado foi obtido mesmo numa pesquisa com uma amostragem cujos critérios são, para dizer pouco, complicados. Vamos ver.
O Sudeste tem 42,3% da população, mas compõe 59% da amostra do Datafolha. Já o Nordeste tem 27,8%, mas, na pesquisa, apenas 14%; com 14,3% da população, o Sul ficou com 17% dos pesquisados; as regiões Centro-Oeste/Norte, com 15,6% dos brasileiros, são apenas 10% no Datafolha. São dados do IBGE referentes a 2010. Mais: a população urbana do país representa 84,35% do total, e a rural, 15,65%. Sei lá por quê, apenas 7% das pessoas que responderam a pesquisa são da área rural, e 93%, da urbana.
E a distorção pode ser ainda maior. Nestes 93% de brasileiros em áreas urbanas, estão os moradores das cidades pequenas e médias, que dependem visceralmente da atividade agropecuária. O Datafolha teve o cuidado de fazer a devida ponderação?
Finalmente
Fiquei tomado, assim, por certa vergonha alheia ao ler o relatório do Datafolha, que é, como diria Michel Temer sobre Palocci, “muito leal a seu cliente”.
O instituto quis saber:
Você tomou conhecimento sobre a votação no Congresso Nacional do novo Código Florestal, que é um conjunto de leis que estabelece regras para conservação de florestas nativas e limites para a atividade agropecuária?(SE SIM) Você diria que está bem informado, mais ou menos informado ou mal informado sobre esse assunto?
A resposta foi esta:
Tomou conhecimento e está bem informado - 6%:
Tomou conhecimento e está mais ou menos informado - 41%;
Tomou conhecimento e está mal informado - 15%;
Não tomou conhecimento - 38%
Isso levou o Datafolha a afirmar que o assunto “é conhecido pela maioria: 62%”. Ai, ai… Pois eu diria que 53% dos que responderam a pesquisa não sabiam do que estavam falando — e, pois, foram facilmente induzidos pelas “perguntas isentas” do instituto. O grupo dos mal informados e desinformados soma 94%!
É com essa pesquisa que Marina Silva, os manineiros, as ONGs, os ongueiros e boa parte da imprensa pretendem fazer terrorismo no Congresso! É desse modo que se pretendem formar os consensos e que uma minoria de sectários passa por maioria.
A propósito, leitor, o Datafolha pergunta:
“Você prefere um Chicabon ou um discurso da Ideli Salvatti citando Ivan Lins?”
“Você prefere uma injeção no olho ou um Chicabon?”
“Você prefere um Chicabon ou dois Chicabons?”