A guerra de imagens entre Lula e Dilma e qual deve ser a nossa torcida, por Reinaldo Azevedo

Publicado em 20/07/2011 16:41 e atualizado em 20/07/2011 17:49
em veja.com.br

A guerra de imagens entre Lula e Dilma e qual deve ser a nossa torcida

Não há a menor chance, já disse isso aqui tantas vezes, de Dilma e Lula travarem um confronto com desdobramento virtuoso — a grande virtude seria o início da desconstituição do PT, hoje uma máquina política empenhada, noite e dia, em naturalizar a corrupção, em transformá-la num método aceitável. Esse choque não vai acontecer porque Dilma não é louca; é claro que ela perderia. Ninguém sai inteiro da luta contra um mito. De resto, não se deve partir da premissa falsa de que os valores dela são muito diferentes dos valores dele. Não foi o acaso que os juntou, mas a convergência de pontos de vista.

Há, sim, uma divergência de estilo. Ela parece mais centralizadora e não gosta da idéia de que cada um faz o que bem entende no quartinho que lhe cabe no cortiço. Lula não está nem aí desde que ele seja o síndico. Os corticeiros do poder — Valdemar Costa Neto e companhia — o adoram e a deploram. Ela é muito enxerida e finge ignorar que apoio político no Congresso, no modo petista de governar, se compra com dinheiro público. Estão todos estupefatos: “Ela endoidou?” — o post anterior trata justamente dessa arquitetura de poder.

Não haverá jamais o rompimento, o que não quer dizer que não exista um cabo-de-guerra entre lulistas e um pequeno grupo que hoje se oferece para ser o esteio da poderosa de turno. Não! A imagem do “cabo-de-guerra” não é muito boa. As duas turmas estão, no fim das contas, investindo numa mesma narrativa, só que falam a públicos distintos. Os apologistas de Dilma querem construir junto ao público externo, o eleitorado, a imagem da dirigente intolerante com a corrupção; que age com rapidez; que, como se diz lá em Dois Córregos, “não deixa a batata assar”. Não importa se base de apoio ou não, ela demite mesmo — hoje, mais um foi pra rua.

Os lulistas não negam essa característica moralizadora, mas começam a plantar no noticiário a imagem de uma dirigente destemperada, que age na base do rompante, que, como diz o clichê, “joga a criancinha fora junto com a água suja”. O lulismo, vocês sabem, é partidário daquele fatalismo triunfalista: a água está suja porque é preciso banhar a criancinha, ora essa… Mas não se deve jogar fora a água suja? Se der, sim; se não der, fica-se com os dois.

Nos jornais de hoje, já se sente muito presente o lobby da turma lulista. Surge no horizonte a famosa “ameaça à governabilidade”, essa gaveta amoral em que cabe tudo. Em nome dela, tudo é justificável. Foi assim que o lulismo construiu a maior base parlamentar da história e também o governo mais corrupto da história. Se os “construtores de imagem” de Dilma falam ao público externo, os de Lula estão falando, vejam só!, às elites… — lembram da Dona Zelite, que o Apedeuta tanto combatia?

Os lulistas investem na imagem de uma Dilma temerária, meio porra-louca, pouco pragmática. Não que ela seja “sonhática” como Marina Silva na sua fase cosmética. Dilma seria por demais idiossincrática. Se Lula é aquele que sempre bate no braço do interlocutor, cheio de intimidade, em busca da convergência; ela seria pouco tolerante com a divergência. A imagem da presidente moralizadora, intransigente, que os dois grupos alimentam, interessa a Dilma. Mas também é do interesse de Lula: ela traria consigo o risco da instabilidade.

Para quem eu torço? Eu torço para que o PT, como máquina de produção de ideologia e de falsificação da história, se exploda. Torço para que alguns de seus mistificadores terminem na cadeia. Mas isso ainda está longe. A hidra, como é de sua natureza, tem muitas cabeças. Os que combatem esse ente criado para tomar o lugar da sociedade têm de saber que, na “hora h”, eles sempre se juntam. O petismo trava uma disputa interna pela consolidação de imagens. Às pessoas decentes cabe a torcida pelo triunfo da lei.

Por Reinaldo Azevedo

O tratamento especial dispensado aos canalhas

A que estágio chegamos!

Mais três pessoas ligadas à cúpula do PR foram demitidas hoje. Desde a reportagem de VEJA, já são 16 os defenestrados — na hipótese de que Luiz Antonio Pagot realmente caia fora. Muito bem! Após receber hoje a medalha Santos Dumont, uma condecoração da Aeronáutica, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, afirmou que a Polícia Federal vai avaliar os pedidos de investigação feitos pela oposição e, depois dessa análise, um inquérito poderá ser aberto para apurar o que se deu no Ministério dos Transportes.

Hein???

Quer dizer que Dilma botou 16 pessoas na rua, e Cardozo alimenta dúvidas hamletianas sobre o que se passou por lá?

Cardozo é o mesmo que anunciou que a PF vinha investigando o Ministério dos Transportes havia muito tempo… Sei. É uma pena que não tenha recorrido aos mesmos métodos empregados para apurar a sem-vergonhice no governo de José Roberto Arruda, não é mesmo?

O Brasil só será uma República quando um órgão federal empregar contra os canalhas da “situação” os mesmos métodos que emprega contra os canalhas da oposição. Até que não o faça, é sinal de que os direitos de pessoas decentes também estão sendo desrespeitados em razão de sua filiação partidária. A declaração de Cardozo é obviamente vergonhosa. Mas não tenho esperança de que ele se constranja.

Por Reinaldo Azevedo

Petista controla obra na BR-101 com histórico de 268 aditivos e custo de quase R$ 2 bilhões

Por Roberto Maltchik e Fábio Fabrini, no Globo:
Controlada pelo diretor de Infraestrutura Rodoviária do Dnit, o petista gaúcho Hideraldo Caron, a obra de duplicação da BR-101, entre Palhoça (SC) e Osório (RS), trecho de 348 quilômetros de extensão, acumula histórico de 23 contratos, assinados nos últimos seis anos, e a marca de 268 termos aditivos que aumentaram o preço do empreendimento em pelo menos R$ 317,7 milhões. O governo já gastou na obra - considerada a mais importante da última década no Sul do Brasil, devido à relevância para o turismo e o escoamento de cargas - quase R$ 2 bilhões, com muitas suspeitas de irregularidades apontadas pelo Tribunal de Contas da União (TCU).

A conta deve crescer com a inclusão de pontes e túneis que ainda nem foram licitados. Apenas uma dessas obras que estão no papel - a construção da ponte sobre o canal Laranjeiras (SC) - foi contratada por R$ 596 milhões. Falta, no entanto, o licenciamento ambiental. Atualmente, a previsão dos técnicos da Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc) é que o empreendimento não esteja concluído antes de 2015.

Apadrinhado de Ideli teria mantido trechos parados
No Rio Grande do Sul, os trabalhos na BR-101 estão praticamente concluídos. Em Santa Catarina, onde os serviços estão longe do fim, técnicos do governo do estado, parlamentares e especialistas do setor privado reclamam que o superintendente do Dnit, João José dos Santos, apadrinhado da ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, manteve trechos parados por até dois anos. Como resultado, além do atraso, criou-se um emaranhado de trocas de empreiteiras, que se alimentam dos incessantes termos aditivos. No Rio Grande do Sul, os valores também foram “chutados” para o alto.

O caso mais simbólico ocorreu no contrato para duplicação de um trecho da BR-101 em Morro Alto (RS). A obra, inicialmente orçada em R$ 157 milhões, chegou a R$ 272,6 milhões, após o contrato passar por 20 termos aditivos. A assinatura do 12º termo aumentou em 73% o valor originalmente previsto para construção de túneis, o que, segundo os auditores do TCU, fere o limite de 25%, fixado na Lei 8.666 (Lei de Licitações).

Os técnicos do tribunal constataram que o Dnit fez estudos geológicos insuficientes. Como resultado, o projeto impreciso resultou no aumento exorbitante. Aqui

Por Reinaldo Azevedo

Pois é… E as mortes no Pará não faziam parte de uma escalada contra os movimentos sociais. Modestamente, este blog acertou de novo, né?

Vocês se lembram daquelas mortes de “líderes camponeses” do Pará? Lembram-se do escarcéu feito por boa parte da imprensa brasileira? Repórteres foram despachados para a “área de conflito”, atendendo ao chamamento de Gilberto Carvalho, que resolveu inventar uma guerra contra os movimentos sociais no Norte do país. Torrentes de lágrimas ideologicamente orientadas corriam, em tumulto, no jornalismo engajado, que, no entanto, se fazia de isento defensor dos direitos humanos…

Petistas, verdes e imprensa brasileira pautaram, como o esperado, seus congêneres internacionais. Jon Lee Anderson, o famoso biógrafo de Che Guevara, perpetrou um longo texto na revista New Yorker sobre a onda de mortes do Pará. Escrevi um post a respeito intitulado “Biógrafo do Porco Fedorento agora decidiu mudar o objeto de sua mistificação”. Pois bem. Qual era o meu ponto?

Seria eu favorável à morte de “líderes extrativistas” e de “líderes camponeses”? Seria eu tão cruel a ponto de não me comover com a “escalada de violência contra os movimentos sociais”? Bem, a resposta, obviamente, é “não”. Ocorre que não havia indícios de escalada nenhuma. Escrevi em um dos muitos textos:
“Gilberto Carvalho saiu boquejando um fato inexistente para fazer baixa política e agora colhe os frutos ruins também para o governo. Anderson diz que Dilma é uma “tecnocrata pró-desenvolvimento”, que não dá bola para o meio ambiente. O grande humanista acha que essa conversa de “desenvolvimento” não é pra nós. O nosso dever e cuidar do mato. Desenvolvimento é para quem deu cabo de suas florestas até meados do século passado.”

Certo, certo…

Agora leiam o que informa a Folha Online. Volto em seguida:

Por Felipe Luchete:
O inquérito da Polícia Civil do Pará sobre o assassinato do casal de extrativistas José Claudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo, mortos em 24 de maio, aponta como mandante do crime José Rodrigues Moreira, dono de terras no assentamento onde eles viviam. A Folha apurou que ele é suspeito de ter encomendado a morte a dois homens, cujos retratos falados já haviam sido divulgados no mês passado. O resultado das investigações, protocolado na segunda-feira (18) na Justiça, deve ser divulgado oficialmente na quarta-feira (20). O crime ocorreu em Nova Ipixuna, no sudeste do Estado, e os três devem ser indiciados sob suspeita de duplo homicídio triplamente qualificado. José Rodrigues, como é conhecido na região, chegou no ano passado ao assentamento Praialta Piranheira, vindo de Novo Repartimento (sudoeste do Pará). Ele comprou duas áreas (uma em nome da sogra), de 13 e 16 alqueires –equivalente no total a cerca de 79 hectares, ou 790 mil metros quadrados.

Em dezembro de 2010, José Claudio havia declarado à CPT (Comissão Pastoral da Terra) que Rodrigues comprou as terras da dona de um cartório em Marabá. No documento, o extrativista diz que ela tomara as áreas irregularmente. Ele ainda acusou Rodrigues de ter incendiado casas de dois agricultores em novembro, com o pretexto de que ele era dono das terras. Em maio, os mesmos agricultores foram retirados do local com a família por homens da Força Nacional de Segurança. Eles estão temporariamente sob os cuidados do programa de direitos humanos vinculado à Defensoria Pública do Pará, mesmo não tendo se encaixado nos critérios para receber proteção. O Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) diz que investiga se há irregularidades em propriedades do assentamento. Rodrigues é considerado foragido. Pessoas ligadas ao casal disseram que ele tem cerca de 55 anos e deixou o assentamento uma semana após o assassinato. A Folha não conseguiu localizá-lo. A polícia chegou a pedir duas vezes a prisão preventiva dos suspeitos, mas não foi atendida pela Justiça.

Emboscada
No dia 24 de maio, o casal caiu numa emboscada ao passar de moto por uma ponte precária do assentamento. Eles andavam com pelo menos R$ 700, que foram levados pelos assassinos. A polícia descartou, contudo, que o crime tenha sido motivado por um assalto. No local onde os dois foram mortos, um monumento hoje relembra fala de José Claudio durante uma palestra em Manaus (AM). Ele havia dito que vivia ameaçado de morte e poderia ter o mesmo destino do seringueiro Chico Mendes e da missionária Dorothy Stang, outros líderes assassinados na Amazônia.

A Polícia Federal, que também investiga o duplo homicídio, prevê encerrar o inquérito no fim do mês. Outros três assassinatos no campo foram registrados no Pará após a morte dos extrativistas. Ninguém foi preso. A polícia diz que não encerrou os inquéritos, mas nega relação com conflitos agrários.

Voltei
Sim, vocês entenderam tudo direito. Os dois ditos “líderes extrativistas” foram mortos por um morador do assentamento — que não era exatamente um plutocrata da terra… Não custa lembrar que o próprio José Cláudio estava armado, em companhia do irmão, quando este matou um outro assentado. Como também escrevi aqui, esses ditos “movimentos sociais” costumam fazer as suas próprias leis e organizar a sua própria polícia. Quem conhece a rotina das invasões de terra patrocinadas pelo MST, por exemplo, sabe muito bem disso. E os demais “mortos”? As investigações apontam para crime comum.

Como e por que acertei? É simples! Em vez de visitar o Pará, decidi visitar a lógica.

Post publicado originalmente às 22h12 desta terça
Por Reinaldo Azevedo

Valdemar montou “República de Mogi” nos Transportes

Por Leandro Colon e Fernando Gallo, no Estadão:
O deputado Valdemar Costa Neto (PR-SP) montou uma “República de Mogi das Cruzes” na área de Transportes do governo federal. A cidade paulista, de pouco mais de 350 mil habitantes, é o reduto eleitoral de Valdemar. Secretário-geral do PR, ele pôs no ministério amigos de longa data de Mogi. É conhecida no ministério como a “turma do Valdemar”. Nela, existe até o “casal Valdemar”. É o apelido dado por funcionários ao casal Eduardo Lopes e Ana Fátima Feliciano Lopes, lotados na pasta desde 2008.

Diante da crise instalada na pasta, Eduardo Lopes pediu ontem para sair. Segundo o Ministério dos Transportes, a demissão deve ser publicada hoje no Diário Oficial. A estratégia é tentar preservar a mulher para manter a influência de Valdemar no governo. Assim, Ana Fátima continuaria como uma “olheira” do deputado nos Transportes. Isso porque Valdemar já perdeu na semana passada Frederico Augusto Dias, o Fred, seu representante da “República de Mogi” no Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit). Fred havia sido infiltrado no órgão por meio de uma empresa terceirizada. Tinha até gabinete.

O outro mogiano da lista de confiança de Valdemar é Nilo Moriconi Garcia, ouvidor da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), agência reguladora do setor de transportes rodoviários no Brasil. Filiado ao PR, Garcia, que é amigo de infância de Valdemar e próximo de Eduardo Lopes, também é membro do conselho de Administração da Valec Engenharia, Construções e Ferrovias, empresa vinculada ao Ministério dos Transportes.

Currículo. Eduardo Lopes foi candidato a prefeito em Mogi em 1992, mas não conseguiu se eleger. Seu pai, Jacob Lopes, foi um dos únicos dois deputados estaduais de São Paulo a terem o mandato cassado na Assembleia Legislativa. Em 1986, o Legislativo paulista cassou Jacob por envolvimento em um escândalo conhecido como “Mogigate”, no qual foi acusado por um empresário de uma empresa de ônibus da cidade de pedir propina para intermediar negócios com a Secretaria de Estado dos Negócios Metropolitanos. Já Ana Fátima foi instalada por Valdemar na Secretaria de Política Nacional de Transportes em 2008, área estratégica do ministério. Aqui

Por Reinaldo Azevedo

PR quer que Dilma trate o PT com o mesmo rigor

Por Eduardo Bresciani e Andrea Jubé Vianna, no Estadão:Atingido em cheio pela crise nos Transportes, e vendo a cada dia uma leva de seus filiados ser demitida, o PR começou a reagir à limpa do setor imposta pela presidente Dilma Rousseff. O líder do partido na Câmara, Lincoln Portella (MG), cobrou ontem que a presidente Dilma Rousseff use “a mesma balança” para analisar a situação de integrantes do governo envolvidos em denúncias de corrupção.

O PR quer, por exemplo, que integrantes de outros partidos - como Hideraldo Caron, do PT -, envolvidos também nas denúncias, sejam demitidos. “Só queremos que haja a mesma balança para todos. Pairou suspeita, seja quem for, deve ser retirado”, afirmou o parlamentar do PR. “Se isso não acontecer eu vou deixar de crer na austeridade do processo”, prosseguiu Lincoln, ao comentar a “faxina” que vem sendo promovida no Ministério dos Transportes pela presidente da República.

O líder do PT na Câmara, Paulo Teixeira (SP), discordou da posição adotada pelo aliado. Em seu entender, os indicados do PR não têm sido tratados de forma diferenciada. “A Dilma tem a mesma balança para todo mundo. Não há tratamento diferenciado”, sustentou o petista.

Manobra adversária. Na oposição, o PSDB decidiu articular uma manobra para tentar convocar o ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, para comparecer ao Congresso Nacional durante o recesso parlamentar.

Para tanto, o líder do partido na Câmara, Duarte Nogueira (SP), protocolou ontem o pedido de convocação. O vice-presidente da comissão representativa do Congresso, Eduardo Gomes (PSDB-TO), estuda a possibilidade de emitir hoje um despacho convocando o colegiado caso o presidente do Senado e da comissão, José Sarney (PMDB-AP), não tome uma posição no caso. Sarney está no Maranhão e sua assessoria em Brasília não informou ontem o que ele pretende fazer a respeito do pedido dos tucanos.

“Fábrica”. O líder do PSDB na Câmara afirma que o Ministério dos Transportes se transformou em uma “fábrica de irregularidades”. Ele justifica a pressa em ouvir o ministro com as novas denúncias que dão conta da introdução de aditivos em contratos em valores superiores a R$ 700 milhões - alterações que foram assinadas pelas autoridades do ministério no ano passado. Aqui

Por Reinaldo Azevedo
Mega-empresário petista está reclamando do PT ou pedindo privilégios?

Por Morris Kachani, na Folha:

A indústria têxtil brasileira vive sua maior crise e, se nada for feito pelo governo no sentido de reavivá-la, 2,5 milhões de empregos correm o risco de evaporar em questão de poucos anos. O alerta é de Ivo Rosset, proprietário do Grupo Rosset, que detém 65% do mercado de produção de tecidos no país e também as marcas Valisère e Cia. Marítima. O elo fraco da cadeia que alimenta essa indústria, de acordo com ele, está no setor das confecções (corte e costura dos tecidos para a produção de roupas), que têm sofrido com a concorrência das mercadorias chinesas, mais baratas e nem por isso com qualidade inferior. “Nada foi feito nos últimos 20 anos. O país está caminhando para a desindustrialização e o governo não está agindo”, afirma.

Rosset é um dos empresários com melhor trânsito em Brasília. Encontrou-se com Lula e com Dilma diversas vezes. Conversa frequentemente com o ministro Guido Mantega. Foi um dos primeiros empresários a apoiar o PT e filiou-se ao partido em 2009. Há um mês, esteve na capital federal como representante do setor têxtil, quando apresentou uma proposta de aliviar a carga tributária das confecções adotando o regime do Simples como imposto único, independentemente do faturamento.


Folha - Como vai a indústria têxtil no país?
Ivo Rosset -
 De um lado, temos a produção de tecidos, que também sofre com a concorrência chinesa. Como o segmento de tecido plano (produção de tecidos para camisas sociais, por exemplo). Várias fecharam em Americana, que é um grande centro de produção. Existia também um mercado enorme para produtos como a viscose com fio elastano. Mas os chineses entraram a um preço que não dava para competir. Todos que produziam pararam. E as grandes malharias no Sul estão com problema, elas eram muito mais fortes do que hoje.

E as confecções?
A confecção é o polo que está mais focado na competição com a China. Se não resistir, vai atingir o setor como um todo, pois são as confecções que compram os tecidos que produzimos. Comparando a situação de uma costureira brasileira com a chinesa, a distorção é enorme. Aqui, um funcionário custa para o empregador 2,4 vezes a mais que o salário dele. Por isso propomos o regime do Simples -dessa forma as confecções pagariam 12% sobre tudo.

Por que só as confecções?
Conversando com a presidente, dei um exemplo. Uma empresa de confecção com 2.000 pessoas talvez fature o equivalente a 5% de uma indústria automobilística que também tem 2.000 pessoas. E a confecção não vai suportar a concorrência chinesa. É uma cadeia que emprega muita gente e está destinada a desaparecer caso não se faça algo com muita urgência. Estamos falando de 2,5 milhões de empregos diretos e um universo de 8 milhões.

Em que estágio estamos?
Crítico. Toda rede varejista importava de 5% a 10%, agora é de 35% a 40%. Aqui

Comento
Leiam a entrevista na íntegra. Fiquei em dúvida se o empresário está pedindo alguma medida especial para proteger o setor de que ele é líder ou criticando o governo que ajudou a eleger.

Por Reinaldo Azevedo

Lula: mais uma sessão de autoelogios

Na quarta-feira que vem, Lula segue (de jatinho, claro) para Curitiba. Irá faturar 200 000 reais numa daquelas palestras autoelogiosas para as quais é contratado a uma média de duas vezes por semana. Desta vez, falará na ALL, a maior empresa ferroviária da América do Sul.

Por Lauro Jardim

Em obras

Menos de um ano depois de reformado, ao custo de 110 milhões de reais, o Palácio do Planalto passará, acredite, por uma nova reforma. A Secretaria-Geral da Presidência realizará no dia 1º uma concorrência pública para escolher uma empresa para revitalizar o piso de mármore do Planalto – trocado durante a obra, ressalte-se.

Está prevista a realização de serviços de restauração, polimento e troca de rejuntamento no piso de corredores, escadas e onde mais houver mármore. A estimativa do governo é gastar 878 700 reais para cuidar dos 10 100 metros quadrados de piso nos próximos 120 dias.

Por Lauro Jardim
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Fonte:
Blog Reinaldo Azevedo (Veja)

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