A professora energúmena, o politicamente correto e ainda Rafinha Bastos. Ou: O fascismo dos monopolistas da virtude

Publicado em 05/10/2011 10:30

A professora energúmena, o politicamente correto e ainda Rafinha Bastos. Ou: O fascismo dos monopolistas da virtude

Os idiotas agora resolveram aderir à política de cotas: também querem o seu quinhão. Evidentemente, não me refiro à idiotia clínica, mas àquela ignorância propositiva que costuma caracterizar os energúmenos, com suas soluções simples e erradas para problemas complexos, para lembrar H. L. Mencken. Ontem, dei uma esculhambada numa professora de português que me enviou um texto em que tentava me ofender. Ofendia, antes de tudo, a língua pátria.

Fico imaginando aquela anta na sala de aula, a vitimar dezenas, talvez centenas de jovens pobres, que deveriam ter na escola, como tive, a chance de aprender, de melhorar a vida da família e a sua própria vida, podendo garantir aos filhos condições iniciais que eles próprios não tiveram. Assim se faz o progresso. Mas não! A tia sindicaleira diz com todas as letras que, sem uma redução das desigualdades sociais, não há o que fazer na educação; tudo seria inútil! Como, sem educação, tal redução não acontece — não, ao menos, a ponto de mudar a qualidade de vida dos pobres, garantindo-lhes autonomia —, tem-se o ciclo vicioso do mal: os pobres têm uma educação ruim porque pobres e são pobres porque têm educação ruim.

Houve quem tivesse ficado com peninha. Uns tolos disseram que esculhambei a sua gramática para não ter de responder a seus argumentos. Quais? Um deles é essa delinqüência (com trema!) que se lê acima. Trata-se de uma tese realmente irrespondível. Ela pense o que quiser. É livre para isso. Se leva tal concepção para a sala de aula, no entanto, tem uma conduta que chega a ser criminosa porque atua para condenar os alunos à pobreza.

Dei aula durante uns bons anos. A principal tarefa de um professor é alargar os horizontes dos alunos POR MEIO DA SUA DISCIPLINA, não da peroração moral ou ideológica. Ensinei literatura, gramática e redação. Não deixam de ser “ciências da natureza”  da natureza humana ao menos. A tarefa “progressista” de um professor de gramática é ensinar gramática para que os alunos possam ler com olhos mais competentes qualquer texto, do autor “X” ou de quem pensa o contrário.

Ocorre que esquerdopatas e politicamente corretos de modo geral querem nos impor a sua pauta como expressão do “bem”. Os seus adversários fazem escolhas ideológicas; eles apenas estão preocupados com o bem-estar da humanidade. Esses caras têm a ambição de não debater as suas idéias porque se consideram, para usar uma expressão de Jonah Goldberg, no livro “Fascismo de Esquerda” (Editora Record), “monopolistas da compaixão”. A direita, os conservadores, os reacionários, ah, esses precisam sempre dar explicações e se justificar. Um esquerdista ou “progressistas” tem apenas de se declarar preocupado com os pobres, a favor da natureza, defensor dos negros, das mulheres, dos gays, dos sem-isso, sem-aquilo… Se o que propõe funciona ou não, eis algo absolutamente irrelevante. O importante é saber que ele tem idéias para nos salvar.

Demonstrei isso aqui ontem ou anteontem (os meus horários me deixam meio confuso, hehe) quando tratei da questão da redução do desmatamento. Alguém, em algum momento, cobrou de Marina Silva que expusesse o caminho do raciocínio que a levava a dizer que o texto de Aldo Rebelo provocara um aumento do desmatamento? Não! Bastava saber que era Marina falando. Como ela defende a floresta, conclui-se, pois, que tudo o que disser será positivo para a floresta, mesmo que seja uma mentira. Como se supõe que um “ruralista” quer avançar no mato para plantar soja, não se deve acreditar, de saída, no que ele tem a dizer.

Foi com esse raciocínio que o ministro Ayres Britto, do Supremo, contribuiu para a favelização dos índios da reserva Raposa Serra do Sol e desempregou centenas de famílias. Aceitar as terras contínuas, com a expulsão dos brancos e dos arrozeiros, estava entre as chamadas “idéias do bem”, que não devem ser questionadas, a menos que o sujeito seja um desses (Reinaldo, Diogo e mais uns dois ou três) que gostam de ir na contramão, que supostamente fariam questão de se dizer politicamente incorretos. Essa é outra tolice. Eu só faço questão de me ater aos fatos.

Os que agora acusam  e eles se tornaram mais virulentos depois do episódio Rafinha Bastos  a existência de uma espécie de conspiração dos “politicamente incorretos” querem, na verdade, nos impor a sua pauta como expressão superior de racionalidade, de modo que os que não comungam de suas teses seriam ou maus ou irracionais. Assim, quando defendi que os arrozeiros ficassem em Raposa Serra do Sol, é claro que eu não poderia estar preocupado com o emprego de centenas de pessoas, com a produção de comida, com o bem-estar daquelas pessoas. Não! Eu só o fazia porque, vocês sabem, sou um homem mau ou um defensor natural dos plutocratas do arroz… No caso do novo Código Florestal, eu o apóio porque estou na categoria que quer mesmo é devastar a natureza para cobrir o mundo ou de pasto ou de lavoura de soja… Além, claro de torcer pelo aquecimento global e não dar bola para os bagres…

E tudo isso nasce, segundo esses vigaristas, do fato de não haver um “controle democrático” dos meios de comunicação  ou seja, um comitê de censura, que seria integrado, naturalmente, por eles. Como são os monopolistas do bem, os que discordam deles estariam impedidos de falar. Aquela professora que me enviou o texto impossível está convicta de que eu só sou contra o corte de aulas de português e matemática em benefício da filosofia e da sociologia porque tenho “medo” de que os pobres comecem a pensar. Não! Eu quero uma escola com muito português e muita matemática, como tive, competentemente ministradas, justamente para que os pobres possam se libertar da pobreza! Mas como eu poderia ter uma boa intenção se eu não sou de esquerda, se eu não sou da turma? O mais fabuloso é que o método deles está sendo testado há anos. As escolas brasileiras se converteram em centros de reclamação e doutrinação. Com as exceções de sempre, são professores reclamando da vida e propondo aos alunos uma nova aurora… Como pode anunciar um novo tempo quem faz da sua própria infelicidade, real ou suposta, um programa de ação?

Não! Eu não me deixo intimidar por essa canalha, não! Até porque ela não quer debater. E a chamo pelo nome merecido. Não cairei na conversa que consiste em transformar escolhas ideológicas em virtudes inquestionáveis. O repúdio às piadas infelizes de Rafinha Bastos — e escrevi ontem que o humor não é uma categoria absoluta, mas também é importante que ele não seja tomado na sua literalidade — demonstra, diga-se, que ninguém precisa que um Comissariado do Povo decida o que é e o que não é aceitável.

Comigo, esses fascistas assanhados não se criam —na escola, na Internet, na TV, na rua, na chuva, na fazenda ou numa casinha de sapê…

Por Reinaldo Azevedo

05/10/2011

 às 5:59

No país do avesso, legal é o ilegal; criminoso é tomar remédio, comer biscoito e ser “heteronormativo”

Sei lá se este país vai dar certo, dado o que parece ser uma compulsão por fazer tudo pelo avesso. Um exame de um instituto federal que seleciona professores de língua portuguesa comete um atentando contra a interpretação de texto e contra… Camões, ninguém menos! Uma prova de redação de uma universidade pública, sob o pretexto de defender a diversidade, impõe uma opinião aos vestibulandos, cobrando deles que apenas façam uma peroração sobre a tese prescrita. O ministro que fazia a coordenação política vai cuidar da pesca, e a que cuidava da pesca vai para a coordenação política. O único setor que responde pela estabilidade da economia, o agronegócio —   e único, nesse caso, quer dizer “único” —, transforma-se no inimigo nº 1 da imprensa sob o pretexto de que é preciso defender a natureza.

Por que é assim? Porque vivemos sob a ditadura de grupos militantes, de minorias organizadas, que promovem uma intensa guerra de valores e impõem sua vontade à maioria. Como não lembrar aquele militante gay, em histórico artigo publicado pela Folha, a afirmar que as escolas têm de “problematizar” a sexualidade dos… heterossexuais? Trata-se de uma caricatura, eu sei. Mas é uma caricatura muito reveladora de um tempo. Afinal, o filme que chegaria às escolas, então aprovado pelo MEC, tratava os heterossexuais quase como aleijões, gente com uma probabilidade menor de “ficar” com alguém…

No país do avesso, o Supremo Tribunal Federal deve julgar hoje uma ação em que a Procuradoria-Geral da República pede a liberação da Marcha da Maconha. Em nome da liberdade de expressão, a minha aposta é que as manifestações, que caracterizam como todos sabem, clara apologia de algo que é definido como crime, serão liberadas. Pois saibam: este mesmo país está a um passo de proibir os remédios para emagrecimento. A Anvisa, Agência Nacional de Vigilância Sanitária, está numa verdadeira campanha. Lendo o noticiário, entendi que a decisão já está tomada, e todo argumento só serve para que a burocracia se assanhe ainda mais.

Então ficamos assim: somos o país que vai liberar manifestações em favor de prática que é caracterizada como crime — a apologia das drogas — e que vai proibir um remédio que, bem-administrado, salva vidas. O pretexto, nesse caso, é que ele aumenta significativamente o risco de problemas cardíacos em pacientes que já apresentem fatores de risco. Bem, qual remédio não traz também riscos? Fenilcetonúricos não podem beber uma coca-cola. Ela deve ser proibida por isso. A proibição é estúpida, além de se contestada por muitos especialistas.

Se o Ministério da Saúde acha que há abuso no consumo, que se regule com mais rigor o remédio; se acha que tal rigor seria inútil porque sempre haveria um modo de driblar a lei, então deve supor que os emagrecedores continuarão a ser usados ainda que ilegais - e, nesse caso, fora de qualquer controle ou acompanhamento. Mas essa é a Anvisa… Este órgão — transformado, não custa lembrar, em abrigo da companheirada — tem estudos para proibir propaganda de biscoito, refrigerante, sanduíche… No país do avesso, numa das marchas dos maconheiros, um gaiato pedia a proibição do Big Mac. Segundo dizia, o lanche, sim, é uma droga pesada…

Nestes tempos realmente singulares, vai se transformar a apologia das drogas - e basta tomar conhecimento dos lemas da marcha, dos sites que a promovem e dos discursos para que se constate que se trata de apologia, não de debate - numa expressão das liberdades individuais, mas se está a um passo de cassar das pessoas com obesidade mórbida a chance de ter uma vida mais feliz, desde, é claro, que se tenha o devido rigor na administração do medicamento. No país do avesso, as drogas ilícitas libertam; as lícitas aprisionam. No país do avesso, se é a sexualidade dos heterossexuais que tem de ser “problematizada” nas escolas, por que não tornar ilegal o legal e legal o ilegal?

Vamos ver. Se a liberdade de expressão dá o suporte para uma manifestação que a lei caracteriza como crime, será interessante indagar que outro ato criminoso mereceria igual tratamento.

Aberta a janela, seríamos, então, livres a tal ponto que pudéssemos solapar a própria liberdade?
*
Alguns leitores certamente se lembravam do texto. Os que o leram pela primeira devem ter estranhado: “Parece que há algumas coisas aqui que já aconteceram”. Pois é. Ele foi publicado neste blog no dia 15 de junho. Acho que resume bem o espírito do tempo. Repito:
“Nestes tempos realmente singulares, vai se transformar a apologia das drogas — e basta tomar conhecimento dos lemas da marcha, dos sites que a promovem e dos discursos para que se constate que se trata de apologia, não de debate — numa expressão das liberdades individuais, mas se está a um passo de cassar das pessoas com obesidade mórbida a chance de ter uma vida mais feliz, desde, é claro, que se tenha o devido rigor na administração do medicamento. No país do avesso, as drogas ilícitas libertam; as lícitas aprisionam. No país do avesso, se é a sexualidade dos heterossexuais que tem de ser “problematizada” nas escolas, por que não tornar ilegal o legal e legal o ilegal?

Por Reinaldo Azevedo

05/10/2011

 às 5:49

A Dilma Rousseff que é severa com Israel dá uma piscadela para Bashar Al Assad

Huummm… Eis um texto difícil. Eu não sou um entusiasta da “Primavera Árabe”. Vamos ver o que vai acontecer no Egito. Por enquanto, houve um aumento da perseguição religiosa e a colaboração de forças egípcias com terroristas palestinos num atentando praticado no Sul de Israel. A Líbia assistiu a uma carnificina de ambos os lados, com uma guerra ilegal patrocinada por EUA, França e Grã-Bretanha, tendo a Otan como instrumento. Ilegal porque a resolução da ONU foi rasgada. Basta ler o que está lá e o que se fez. Hoje, há um ex-jihadista (?) na cúpula do governo dito “rebelde”. Estou convicto de que, se Bashar Al Assad cair, a Síria continuará a ser uma ditadura, mas outra — menos, digamos, “pluralista” do que a de hoje. A minoria cristã, por exemplo, teme ser esmagada pelos radicais sunitas, o que fatalmente aconteceria.

Muito bem! O Itamaraty estava disposto a ceder aos apelos de europeus e americanos e votar, no Conselho de Segurança da ONU, a favor da condenação da Síria, ameaçando o país com sanções caso não cesse a repressão aos adversários do governo. Nota à margem: tenho informações seguras — familiares de um amigo que não têm a menor simpatia por Assad — de que o ditador enfrenta uma luta armada, sim. A coisa por ali não é “pacífica”, como a Praça Tahir, no Egito. Com ou sem luta armada, Assad é um delinqüente. Ontem, por exemplo, afirmou que, se o país for atacado pela Otan, ele desloca mísseis para as Colinas de Golã e os dispara contra Tel-Aviv, capital de Israel.

O Itamaraty, desta vez, tinha orientado em voto contra a Síria. Dilma interveio. O Brasil se absteve — Rússia e China foram contra. Por que terá a presidente tomado essa decisão?Acho que ela está deixando claro, mais uma vez, que a política externa brasileira não mudou coisa nenhuma. Aquele voto a favor do envio de uma comissão para investigar a situação dos direitos humanos no Irã foi só um espasmo. A presidente resolveu abrir a Assembléia Geral da ONU pedindo o reconhecimento do estado palestino como sinal da insubordinação da política externa brasileira aos ricos, em especial aos EUA. E dá agora uma piscadela para Bashar Al Assad pelos mesmos motivos.

Ou seja, é política externa de país pequeno e arrogante, que só sabe ser reativo. É evidente que o apoio ao pleito palestino, na forma como se deu, significou uma censura a Israel. Já é uma questão histórica no petismo, não? O Brasil, invariavelmente, vota contra a única democracia do Oriente Médio e a favor de todas as ditaduras — abstenção, nesse contexto, é voto a favor. Até porque a resolução não passaria mesmo: Rússia e China têm poder de veto. Era só um simbolismo. E o Brasil disse o de sempre: “Ninguém manda ni mim”. E não poderia encerrar este texto sem lembrar que o PT, e não faz muito tempo, chegou a assinar um termo de cooperação com o Partido Baath, de Assad. Está cooperando.

Por Reinaldo Azevedo

05/10/2011

 às 5:45

Em dia de popstar na CUT, Delúbio dá autógrafos e CDs com músicas e artigos

Por Bernardo Mello Franco, na Folha:
Sorrisos, abraços, filas de autógrafo, pedidos de foto.
Com tratamento de popstar, o ex-tesoureiro petista Delúbio Soares, 55, lançou ontem uma campanha para tentar mobilizar sindicalistas e militantes em sua defesa no processo do mensalão. Ele é apontado pelo Ministério Público como o operador do esquema. Se for condenado pelo STF (Supremo Tribunal Federal), pode pegar até 111 anos de prisão pelos supostos crimes de formação de quadrilha, corrupção ativa e lavagem de dinheiro.

Delúbio foi homenageado em ato de desagravo antes da abertura da plenária nacional da CUT (Central Única dos Trabalhadores), em Guarulhos, na Grande São Paulo. O evento ocorre até sexta-feira num auditório da prefeitura local, comandada pelo PT. A central barrou a entrada de jornalistas e expulsou a equipe da Folha, que estava credenciada para cobrir o evento e já aguardava o petista no plenário, entre cerca de 500 dirigentes sindicais. O ex-tesoureiro aproveitou a reunião para distribuir um “CD interativo” e um livreto com a sua defesa no STF. Aqui

Por Reinaldo Azevedo

04/10/2011

 às 23:01

China e Rússia vetam condenação da Síria; Dilma contraria Itamaraty e manda o Brasil se abster

Desta vez não foi o Itamaraty. A presidente Dilma Rousseff determinou, pessoalmente, que o Brasil se abstivesse no Conselho de Segurança da ONU na votação da resoluçao que condena a violência na Síria. O Ministério das Relações Exteriores, desta vez, era favorável à condenação e até tinha ajudado a redigir o texto. Mais tarde volto ao tema.

Por Louis Charbonneau, da Reuters, no Estadão Online: 
A Rússia e a China uniram forças nesta terça-feira para vetar uma resolução do Conselho de Segurança da ONU elaborada por nações europeias que condenava a Síria e indicava que o país poderia enfrentar sanções se a repressão contra manifestantes continuasse.A resolução recebeu nove votos a favor e quatro abstenções, do Brasil, Índia, Líbano e África do Sul. Os votos de Rússia e China foram os únicos contra a resolução, que foi feita pela França, com a cooperação de Grã-Bretanha, Alemanha e Portugal.

“Hoje não podemos duvidar do significado deste veto a esse texto”, disse o embaixador francês na ONU, Gérard Araud, ao conselho formado por 15 países. “Esta não é uma questão de redação. É uma escolha política. É uma recusa de todas as resoluções do conselho contra a Síria.”

“Esse veto não vai nos parar”, acrescentou. “Nenhum veto pode dar carta branca para as autoridades sírias”. O embaixador russo, Vitaly Churkin, afirmou ao conselho que o veto de Moscou reflete “um conflito de enfoques políticos” entre a Rússia e os membros europeus do conselho. Churkin disse que Moscou estava firmemente contra a ameaça de sanções contra Damasco e reiterou sua preocupação de que se a resolução europeia sobre a Síria passasse, poderia ter aberto a porta para uma intervenção militar ao estilo da Líbia. Churkin acrescentou, no entanto, que Moscou preferia que a Síria fosse “mais rápida com a implementação das mudanças prometidas”. Ele estava se referindo ao presidente sírio, Bashar al-Assad, que prometeu reformas democráticas. O embaixador chinês, Li Baodong, disse que Pequim se opôs à ideia de “interferência nos assuntos internos (da Síria)”.

A decisão da Rússia e da China de usar seu poder de veto indica que o Conselho de Segurança pode ficar preso a um impasse de longo prazo sobre questões relacionadas ao Oriente Médio e aos movimentos pró-democracia da Primavera Árabe na região, disseram diplomatas ocidentais à Reuters. Durante meses, Rússia, China, Brasil, Índia e África do Sul — os “Brics” - têm criticado os Estados Unidos e os membros europeus do conselho por supostamente permitir que a Otan ultrapassasse o seu mandato do Conselho de Segurança para proteger os civis na Líbia. Nenhum país dos Brics apoiou a resolução contra a Síria.

Por Reinaldo Azevedo

04/10/2011

 às 22:45

Patacoada - Ato em defesa da reforma política é esvaziado

Por Eugênia Lopes, da Agtência Estado:
Nem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nem governadores de Estado compareceram hoje ao ato em defesa da reforma política realizado na Câmara dos Deputados. Com essas ausências, o evento acabou esvaziado. Apesar dos apelos do deputado Henrique Fontana (PT-RS), relator da reforma política, o texto com as propostas de mudanças no sistema eleitoral não deverá ser votado amanhã na Comissão Especial.

“Não vota nada”, decretou o deputado Almeida Lima (PMDB-SE), presidente da Comissão Especial da Reforma Política, que também não apareceu ao ato organizado por Fontana. Sem consenso, a reforma proposta pelo petista foi criticada pelos presidentes de partido que estiveram no evento. “Só fui lá (no ato) porque o Fontana me pediu e eu havia prometido”, contou o presidente interino do PMDB, Valdir Raupp (RO), que chegou ao final do evento e fez críticas à reforma de Fontana. Assim como os partidos aliados, a oposição também é contra a proposta do petista. “O relatório dele (Fontana) é confuso e excessivamente original”, disse o deputado Marcus Pestana (PSDB-MG), um dos integrantes da Comissão Especial.

Mais cedo, antes do encontro, Fontana se reuniu com o vice-presidente da República, Michel Temer, na expectativa de conseguir apoio do PMDB a sua proposta. Os peemedebistas permanecem, no entanto, divididos em relação à reforma do petista. Parte deles não concorda com o financiamento público de campanha, um dos pilares da proposta de Fontana. A maioria também não quer a instituição do sistema de votação proporcional misto previsto na proposta. O eleitor vota diretamente em um candidato para preencher metade das vagas para a Câmara dos Deputados, as assembleias legislativas e as câmaras de vereadores. Na outra metade, o eleitor vota em uma lista previamente ordenada de candidatos, definida por cada partido. “Essa história de voto em lista não passa”, disse Raupp.

Por Reinaldo Azevedo

04/10/2011

 às 22:21

MP erra ao dizer que tem “algo” contra Palocci… Assim não pode ser: nem com petista nem com ninguém

Eu acho que as leis, as garantias, as regras, o decoro etc devem valer para gente que admiro e para gente que não admiro. Basta recorrer ao arquivo para saber o que escrevi sobre o ex-ministro Antonio Palocci e seus apartamentos. Muito bem! Ponto parágrafo. O procurador-geral da República decidiu arquivar representação dos partidos de oposição contra ele porque não viu indícios de enriquecimento ilícito. Posso não ter gostado da decisão. Não gostei e expressei aqui. Muito bem de novo.

Agora ficamos sabendo que a Procuradoria Geral da República do Distrito Federal diz ter encontrado indícios novos contra o ex-ministro. E emitiu um nota a respeito. Leiam trecho de reportagem da Folha.  Volto em seguida:
*
Em nota divulgada nesta terça-feira (3), a Procuradoria da República no Distrito Federal reafirma ter encontrado “fatos novos” ao examinar os negócios particulares do ex-ministro Antonio Palocci, conforme revelou hoje reportagem publicada pela Folha. “Em 8 de agosto, foram encaminhadas ao procurador-geral da República informações apuradas no inquérito civil público que investiga eventual enriquecimento ilícito do ex-ministro da Casa Civil, Antônio Palocci, referentes a contratos firmados pela empresa Projeto. A comunicação reúne informações que não foram citadas, implícita ou explicitamente, na decisão de arquivamento da representação criminal divulgada pela imprensa e analisada no bojo do inquérito civil”, diz a nota.

A Procuradoria informa ainda que, em razão do afastamento da procuradora titular, o caso será analisado pelo substituto, Gustavo Pessanha Velloso, titular do 3º Ofício Criminal. “Caberá a ele a decisão sobre eventual abertura de inquérito criminal, após análise da documentação recebida.” A decisão da Procuradoria da República no Distrito Federal de instaurar o procedimento foi tomada antes mesmo de o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, responder ofício no qual foi informado dos novos fatos encontrados pelos procuradores no caso.
(…)

Voltei
Não dá, não! Com Palocci ou com qualquer outro; com um petista, com um tucano, com um peemedebista ou com gente sem partido. Parece-me absolutamente impróprio que o Ministério Público anuncie ter descoberto alguma coisa e torne isso público antes mesmo que se conheça a decisão. Mais: da forma como a coisa está encaminhada, parece que só cabe uma decisão justa: abrir o inquérito. Qualquer outra seria considerada contra as evidências.

“Que é, Reinaldo? Agora vai ajudar petistas?” Não! Eu vou ajudar o que considero o estado de direito — e, à diferença da quase totalidade dos petistas, acho que ele tem de valer para todo mundo. Até para os petistas! Essa é uma das muitas coisas que me fazem diferente deles.

Por Reinaldo Azevedo

04/10/2011

 às 21:38

O filho do pai vai presidir a comissão que vai cuidar da Lei Geral da Copa

Agora vai!

Sabem quem deve presidir a comissão especial que vai cuidar da Lei Geral da Copa, a ser instalada nesta quarta? O deputado Renan Filho (PMDB-AL) — sim, o filho do Pai, o senador (PMDB-AL), que já recebeu doação da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Ele foi indicado por Henrique Eduardo Alves (RN), líder do PMDB. Para a relatoria, o PT indicou Vicente Candido, vice-presidente da Federação Paulista de Futebol.

Por Reinaldo Azevedo

04/10/2011

 às 21:07

Barbiere, o deputado que diz saber de um monte de sacanagem, nega-se a falar. Ele está deixando o berço do herói para se deitar no do chantagista… A imprensa precisa tomar cuidado para não virar cúmplice

Não sei qual é a do deputado Roque Barbiere (PTB), deputado estadual de São Paulo, aquele que denunciou a venda generalizada de emendas. Sei que, como está, a coisa não vai bem. A imprensa paulistana tem lhe dado uma trela danada. Eu acho que a coisa começa a ganhar contornos suspeitos. E explico por quê. Leiam o que informa o Estadão Online. Volto em seguida:

O deputado Roque Barbiere (PTB), que denunciou esquema de venda de emendas na Assembléia Legislativa de São Paulo,  afirmou nesta terça-feira, 4, que não vai entregar nomes de deputados ao Conselho de Ética da Casa. “Nenhum nome. Nem com revólver na cabeça. O objetivo não é dedurar ninguém. É acabar com a prática ou dar a ela mais transparência”, declarou. Barbiere disse ainda que deve fazer seu depoimento no Conselho de Ética por escrito e que vai pessoalmente ao Ministério Público e que, ‘dependendo da forma como for tratado’, pode informar a promotoria sobre um caso concreto.

Segundo ele, esse caso concreto envolve parlamentares e ex-parlamentares. Barbiere não deu mais informações sobre que caso seria esse. Mas disse que houve parlamentares que venderam emendas que até já morreram e comparou a Assembléia a um camelódromo. “Tem várias maneiras. Isso é igual camelô. Cada um vende de um jeito. Cada um tem uma maneira, cada um tem um preço”, disse.

Comento
Aí não dá! Barbieri pôs agora a imprensa diante de um dilema ético. Ela se tornou uma espécie de caixa de ressonância de suas denúncias, que, no entanto, não tem alvo — conhecido ao menos. Como ele está deixando claro, ele só diz os nomes se quiser. Digamos que tenha um monte de provas. Os seus prováveis alvos devem estar preocupados, e Barbiere, então, os têm em suas mãos.

Aos seus pares, ele assegura, nada dirá. Ao Ministério Público, depende. Se for bem tratado, talvez o faça. A partir da fala de hoje, Barbieri abandona o trono do herói e assume o do chantagista.

“Ele não está fazendo o mesmo que Eliane Calmon, do CNJ, a quem você apoiou, Reinaldo?” Pois é! Eu critiquei a fala de Eliane, lembram-se?, embora seja contra as restrições à atuação do CNJ. De todo modo, ela efetivamente atua para punir os “bandidos que se escondem atrás da toga”, como denunciou. Já Barbiere vai pensar no que fazer…

Ah, assim não dá! Ou ele fala o que sabe ou, então, tenho o direito de achar que ele está tentando negociar as informações que tem. A partir de agora, a imprensa se torna cúmplice de seus métodos.

Por Reinaldo Azevedo

04/10/2011

 às 20:37

Texto reproduzido no Financial Times ironiza mania do governo brasileiro de sair distribuindo conselhos ao mundo

Pois é… Nem todo mundo cai na conversa, não é? E certa saliência arrogante já começa a chamar a atenção. A Reuters publicou uma espécie de editorial, reproduzido no site do Financial Times, que ironiza os conselhos da “Tia Dilma” (aqui, em inglês) para a União Européia: “Dilma: agony aunt to the EU”. Mais ou menos isso: “Dilma: os conselhos da tia”.

Logo no primeiro parágrafo, uma paulada: o texto lembra que a líder do país que está em 152º no ranking do Banco Mundial (do melhor para o pior…) das nações com o pior e mais pesado sistema tributário tenta dar conselho aos outros. Pois é… A carga deve fechar 2011 em 36,5% do Produto Interno Bruto (PIB). E a Rousseff do Brasil já avisou: mais dinheiro pra saúde só com mais impostos.

O texto lembra que tem sido prática constante do governo brasileiro distribuir conselhos ao mundo. E cita o caso do ministro Guido Mantega: “Depois de ter sido alçado à fama graças a seu discurso sobre ‘guerra cambial’, Mantega propôs, no mês passado, um plano meio maluco de resgate da Zona do Euro pelos BRICs”. E o texto emenda: “O problema é que ele não consultou os outros países, como a China, que detém a maior parte dos títulos da dívida”. Segundo o texto da Reuters, até os nativos por aqui ficaram surpresos que o Brasil se oferecesse para salvar economias como a da Itália, cujo PIB per capta é o triplo do seu próprio…

O conselho, afirma o editorial, “além de irrealista, soou hipócrita”, uma vez que Dilma falou “sobre a necessidade de combater o protecionismo” uma semana depois de ter elevado o IPI de carros estrangeiros em “gritantes 30 pontos percentuais”. Também ironiza a censura do Brasil aos países que mantêm desvalorizadas sua moeda, lembrando as constantes intervenções do Banco Central no mercado de câmbio.

O texto até dá uma colher de chá ao governo. Lembra que, embora seja fácil zombar desses conselhos, eles vêm num momento de estabilidade do país. Conclui: “Com um dos sistemas financeiros mais saudáveis do mundo, grande capacidade para implementar medidas anticíclicas de estímulo à economia e reservas cambiais sólidas, não é de estranhar que o Brasil se sinta no direito de sair dando conselhos por aí, ainda que malucos”.

Por Reinaldo Azevedo

04/10/2011

 às 19:27

O petismo como doença moral tendente ao incurável. E o “Fora Dilma!”

O petismo é uma doença moral que tende ao incurável. Se descoberta a tempo, talvez se consiga salvar a alma do vivente.  Flávia Foreque e Ana Flor informam na Folha Online o que segue. Volto depois.

Servidores da Educação gritam ‘fora Dilma’ e fecham via no DF

Depois de mais de duas horas bloqueando o trânsito na avenida em frente ao Palácio do Planalto, servidores federais da área da Educação - em greve há dois meses - deixaram o local. A saída ocorreu após serem recebidos por assessores da Secretaria Geral da Presidência da República. Eles, entretanto, prometeram voltar se não forem recebidos pela ministra Gleisi Hoffmann (Casa Civil) ou pela presidente Dilma Rousseff. Com gritos de “fora Dilma” e críticas à gestão da Educação tanto do governo atual quanto o do ex-presidente Lula, os cerca de 400 manifestantes, segundo estimativa da Polícia Militar, pedem reajuste de 14,6%. Eles passaram mais de duas horas sentados na pista do Eixo Monumental, bloqueando todas as seis pistas. Tentavam chamar a atenção dos ministros com gritos de ordem e vuvuzelas. O grupo do Sinasefe (Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica) engloba professores, técnicos e servidores administrativos da área da Educação em nível federal.

São ligados ao Conlutas, que representa sindicatos dissidentes da CUT e ligados ao PSTU e PSOL. Além do “fora Dilma”, o grupo gritava “Dilma, que papelão, no país da Copa não tem educação”. Eles também carregam um caixão em tamanho real, com faixas pedindo 10% do PIB para a Educação. Na semana passada, o grupo protocolou um pedido de audiência com a presidente Dilma Rousseff e com a ministra Gleisi Hoffmann. Além do reajuste, os manifestantes pedem a destinação de 10% do PIB à Educação e melhor infraestrutura para a expansão dos institutos federais. A valorização dos servidores da Educação, em especial os professores do Ensino Básico foi promessa de campanha de Dilma. “O governo que dizia ser dos trabalhadores não aceita negociar com grevistas”, diz Érica Souza Tupirá, servidora grevista. Segundo ela, o grupo foi recebido pelo MEC (Ministério da Educação), sem sucesso. Pelo menos 50 seguranças do Planalto e policiais militares acompanham a manifestação.

Voltei
Vocês sabem o que penso sobre PSTU, PSOL e pteroráctios afins. E estou longe de achar que, se eles enchem o saco do PT, então têm lá a sua utilidade. O adversário do meu adversário não é necessariamente meu aliado. Isso é coisa de gente que pensa com os cascos. De resto, sou adversário apenas  da falta de lógica.

No Twitter, José Eduardo Dutra, ex-presidente do PT e um dos coordenadores da campanha de Dilma, escreve: “Como ganhar espaço na mídia ! Com gritos de ‘fora Dilma’, servidores em greve bloqueiam avenida.” E publica um link para a reportagem. Entenderam? Quando petistas promoviam greve no serviço público e gritavam “Fora FHC”, ele certamente achava justo, legítimo e honesto. Agora que o protesto é contra o governo do seu partido, então é só firula para chamar a atenção.

Só para lembrar: há funcionários em greve nas instituições federais há quatro meses, não há dois. A paralisação foi decretada no dia 26 de maio. “E você, Reinaldo, apóia o PSTU e o PSOL se for contra o PT?” Eu não! Sou contra greve de servidores públicos, e acho ridículo esse negócio de “Fora Dilma”, como era ridículo o “Fora FHC” dos petistas de antigamente.

Isso não me impede de reconhecer que Fernando Gugu Dadá Haddad é o ministro mais superfaturado da Esplanada dos Ministérios. Como já provei aqui até com fotos, um ditado popular (na minha terra ao menos) define a sua atuação no Ministério da Educação: “Por fora, bela viola; por dentro, pão bolorento”.

Por Reinaldo Azevedo

04/10/2011

 às 18:02

A excelente síntese de um leitor

“Esse pessoal fala grosso com os EUA e fino com a FIFA”.

A sacada é do leitor “Bernardo”, referindo-se a uma frase famosa do Chico Jabuti naquela patuscada dos artistas em defesa da então candidatura de Dilma à Presidência, no ano passado. O colecionador de Jabutis alheios afirmou então: “Esse pessoal [os adversários do PT] fala grosso com a Bolívia e com o Paraguai e fino com os Estados Unidos”. Sendo o sambista quem é, certamente acha que o certo é fazer o contrário, como faz o Brasil: falar fino com a Bolívia…

Agora, com efeito, percebemos que o governo petista também fala fino com a FIFA. A entidade exige que o país mude suas leis para realizar o torneio de futebol, e os valentes prometem não apenas pensar no assunto como se esforçar para atender à ordem.

Por Reinaldo Azevedo

04/10/2011

 às 17:41

Socooorrrooo!!! Fui atingido por uma professora de português analfabeta!!! Ou: “Priscilla, a rainha do deserto intelectual”

A coisa é muito séria, meus amigos! Mais séria do que imaginamos. Recebo um comentário de uma pessoa que se assina Priscilla d. R. (não vou publicar o nome inteiro para poupar a cretina de si mesma, a menos que ela exija…). A Coisa se diz professora de português. É possível. Os jargões que emprega e a sua “pauta” de reivindicações revelam que deve ser uma, como é mesmo que eles chamam?, “trabalhadora da educação”. É o fundo do poço!

Esta é uma daquelas, estou certo, que não ensinam gramática — ela só se dedica a interpretação de textos e debates — porque não sabem, não porque não queiram. Reproduzo abaixo o texto da mulher. É espantoso! Sua redação é incorrigível. O texto teria de nascer de novo. Falta-lhe uma noção mínima de pontuação, por exemplo. Ela ignora o uso do subjuntivo. Sua ortografia é patética. Sua sintaxe é miserável. Leiam. Volto em seguida.

Eu como professora de língua portuguesa explico ao Sr. Reinaldo Azevedo, que,o que faz com que alguém se expresse com clareza não é apenas a aula de língua portuguesa com regras gramaticais, a qual seu pensamento reacionário provavelmente se refere, mas sim, e ATÉ MUITO MAIS, um conteúdo quedesenvolve o pensamento crítico, que só as matérias da área de humanas oferecem. Mas no geral acho essa sua discussão e todos os outros projetos ridículos apresentados pela secretaria da educação são inúteis, já que enquanto não diminuírem o número de alunos em sala de aula, qualificarem os professores com ações de formação, diminuírem a carga horária dentro das salas e aumentarem tempo para preparação; sem contar com a melhoria de nossa sociedade, diminuindo as diferenças de classes e promovendo o direito aos recursos básicos de bem estar a toda população; enquanto essa reforma não for realizada, não adianta nenhum “direitista” como o Sr. falar qualquer abobrinha sem propriedade, por que nada vai mudar. Aliás, acho que um pouco de aula de sociologia iria lhe cair muito bem.

Voltei
Uma professora de português que comete aquele “que” entre vírgulas lá da primeira linha merece mais chicote do que um livro de gramática. Se a tia energúmena soubesse o que é uma oração subordinada adjetiva restritiva, não teria cometido aquele “a qual”. Muitos, sem saber o que é a dita-cuja, teriam escrito “à qual” ou “às quais” (a depender do que tentou dizer a bruta) só porque têm os dois pés no chão e as duas mãos suspensas do ar. Não é o caso da “Pri”… Quando, no entanto, se é professor de português, esse conhecimento é indispensável para não passar este carão; para não ser humilhada por um jornalista de “pensamento reacionário”.

Viram? Ela é analfabeta, mas tem “pensamento crítico”. Escrevi vários textos a respeito desse assunto. É o que quer a petralhada da educação. Vejam lá: Prisicilla, a rainha do deserto intelectual, acha que só é possível ensinar algo que preste aos alunos quando toda a pauta da Apeoesp tiver sido satisfeita. E não só isso: sem diminuir a desigualdade de classes, nada feito! E ela se atreve: “por que (sic) nada vai mudar”. Que medo!

Minhas caras, meus caros, eu sou um entusiasta dos mecanismos de premiação da competência no ensino público porque cavalgaduras como esta senhora têm de ser estimuladas a deixar a área. Já que, infelizmente, o estado — São Paulo ou outro qualquer — não pode promover uma limpa, demitindo os idiotas, é preciso criar mecanismos para estimular os competentes e atrair outros competentes. Qualquer governo que não invista pesadamente no sistema de mérito está cometendo um crime contra a educação, contra as crianças.

Se Priscilla tivesse mais tempo, ela seria menos estúpida? Não! Ela só seria só uma estúpida com mais tempo. Se Priscilla ganhasse o triplo, ela seria menos estúpida? Não! Ela seria só uma estúpida com mais dinheiro. Se Priscilla desse aula para 20 alunos, não para 45, ela saberia empregar o verbo “diminuir” com propriedade? Como se nota, ela tem orgulho da sua ignorância; a sua tolice é parte de sua vocação militante.

Notem que ela é descrente. Sabe que essas coisas todas não virão da noite para o dia. Enquanto isso, vai ficando “na rede” — como gosta de dizer o esquisito secretário de Educação de São Paulo, Herman Voorwald —, ocupando o lugar de quem pretende trabalhar com seriedade. Eis aí, professor Herman: eis uma aliada na sua proposta de cortar a carga horária de língua portuguesa do ensino médio. É essa gente que gosta da sua idéia… Querem apostar que Priscilla é sempre a primeira a entrar em greve e sempre a última a sair?

Priscilla, você é analfabeta, Priscilla! E uma analfabeta perigosa porque está na condição de quem ensina. Faça um favor a si mesma: mude de profissão! Há várias atividades que não requerem intimidade com a língua. Você pode até ser “presidenta” da República, mas professora? Não dá! Faça um favor aos alunos: caia fora! Pegue uma vassoura!

Não! Não é machismo, não! Não é para varrer a casa. Pegue a vassoura e saia voando!

PS - E o mais encantador é que ela, cheia de si, ainda me manda estudar!

Por Reinaldo Azevedo

04/10/2011

 às 16:36

A Anvisa decide ser o pai-patrão dos gordos que querem emagrecer. Ou: Governo acaba de criar um novo tráfico de drogas

Eu sei que pode parecer aborrecido, mas o que é que eu vou fazer se eles são quem são e se eu sou quem sou? O que é que eu vou fazer se eles querem meter o nariz — e, se deixarmos, as quatro patas também — onde não são chamados e se eu pretendo que eles não o façam? A vida é assim. A patrulha energúmena e mamadeira quer calar a crítica no país. Não vai. Por que isso? Desde que “eles”, vocês sabem quem, chegaram ao poder, a Anvisa pretende ser mais uma Agência de Moral e Civismo Petralha do que propriamente uma Agência de Vigilância Sanitária.

Os valentes já andaram fazendo “estudos”para proibir até a propaganda de biscoitos e de refrigerante… Assim como a ministra Iriny (Ira-ny) Lopes (da tribo dos Cavaleiros que dizem “ny” — essa é só para quem manja Monty Python) quer tirar do ar propaganda de calcinha e sutiã que esteja em desacordo com a moral companheira, a Anvisa quer salvar as criancinhas, quer salvar os gordinhos, quer salvar a humanidade… Leiam reportagem da VEJA Online. Volto em seguida.

Por Luciana Marques:
A diretoria colegiada da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) decidiu nesta terça-feira proibir a venda de parte dos medicamentos inibidores de apetite no país. Deverão ser retirados do mercado os derivados da anfetamina (femproporex, anfepramona e mazindol), geralmente usados no tratamento da obesidade. Os remédios terão os registros cancelados e deverão ser retirados das farmácias em sessenta dias, para que os pacientes tenham os tratamentos reavaliados pelos médicos.  O órgão manteve, em contrapartida, a permissão da venda da sibutramina. Para isso, será necessária a ampliação do controle, com a apresentação, por exemplo, de um termo de informação sobre eficácia e segurança do medicamento, assinado pelo médico e paciente. Existem estudos que indicam que a sibutramina pode aumentar o risco de problemas cardíacos em pacientes com fatores de risco. A decisão sobre as anfetaminas foi unânime: os quatro diretores votaram contra a manutenção da venda dos medicamentos. Já em relação à sibutramina, apenas o diretor José Agenor da Silva defendeu sua proibição.

O diretor-presidente do órgão, Dirceu Barbano, defendeu o fim das anfetaminas, argumentando que elas causam riscos à saúde e que não há comprovação científica de sua eficácia. “Evidências de eventos adversos graves, associados à ausência de comprovação de eficácia e segurança permitem avaliação dos riscos do uso dessas substâncias no tratamento da obesidade”, declarou. Segundo o diretor, os medicamentos são consumidos de forma “indiscriminada” no Brasil há trinta anos. Barbano defendeu o uso da sibutramina em obesos sem histórico de doenças cardiovasculares, pacientes com diabetes e mulheres com ovários policísticos. “Um plano adequado de minimização de riscos pode permitir utilização com mais segurança”, afirmou. (continue lendo a reportagem)

Controvérsia - A discussão sobre o tema começou em fevereiro, quando a agência manifestou a intenção de excluir os emagrecedores no tratamento de pessoas obesas, por exemplo. Isso depois que a Câmara Técnica de Medicamentos (Cateme) emitiu um parecer defendendo a proibição da venda de todos os emagrecedores, incluindo a sibutramina. O órgão entende que os remédios trazem mais riscos do que benefícios à saúde. A forte reação da classe médica fez com que fosse convocada um painel científico em Brasília, na metade de junho, com médicos e até com a presença do cardiologista norueguês Christian Torp-Pedersen, integrante do comitê independente que realizou o estudo Scout, sobre os efeitos da sibutramina em pacientes obesos. Foi com base neste estudo que a  Anvisa propôs a proibição dos emagrecedores. Durante o encontro, Pedersen disse ao site de VEJA ser contra o fim da comercialização da sibutramina.

Parte da classe médica é contra a proibição dos medicamentos, porque ficaria sem opção para o tratamento de pacientes com distúrbios alimentares. O Conselho Federal de Medicina (CFM) defendeu o aumento da fiscalização da venda dos emagrecedores, mas apelou para que eles continuem no mercado. Em março deste ano, a ONU divulgou um relatório defendendo o uso dos inibidores de apetite no combate à obesidade, mas recomendou controle sobre a venda e prescrição da droga. Em agosto, a Anvisa adiou a votação sobre o caso diante da ausência de um diretores e porque a reunião não havia sido realizada em sessão pública.

Comento
Já cheguei a pesar 120 kg, Hoje, peso 79. Não tomei inibidores de apetite ou fiz qualquer cirurgia. Descobri que posso pesar 50% a mais do que peso hoje se me descuidar: se comer toda comida que quero, se beber todo o uísque que quero, se tomar todo sorvete que quero… Não vivo sob nenhuma tensão permanente, sofrendo, me martirizando, nada. Apenas não faço tudo o que me dá na telha nessa área — a exemplo de todo mundo, não o faço em área nenhuma. Vale a lógica que regula a vida: caminhando sobre a linha que distingue o prazer do dever: ora mais pra cá, quando estou na praia, descansando, ora mais pra lá, quando estamos aqui, comentando coisas desta vida besta (se bem que eu me divirto muito aqui, tenho de reconhecer).

Pois é. Emagreci 40 quilos em menos de dois anos, só cortando excessos. Tive a tarefa facilitada porque, de fato, gosto de verduras, legumes, peixe e não estou entre os fascinados por pães, massas etc. Mas há quem verdadeiramente precise de ajuda. E não há terapia que dê jeito. Os especialistas conhecem muito bem a rotina de quem sofre para emagrecer sem conseguir: a auto-estima vai pro brejo, o processo gera ansiedade, a ansiedade leva à comida, que engorda, o que baixa mais a auto-estima etc. Isso, é bom notar, sem descartar milhões de pessoas que são felizes sendo como são: gordas. Eu era muito feliz com 120 e tinha, como tenho, índices ótimos de colesterol e açúcar. Os meus tendões é que começaram a reclamar. O excesso de peso acarreta um monte de problemas para a saúde. O único inconveniente, hoje, é que eu tinha um pressão arterial de 12 por 7 pesando aquilo tudo; com quarenta quilos a menos, é de 10 por 6. Se o dia está muito quente, tende a cair, e a sensação não é tão boa. Meu médico, em todo caso, me pergunta: “Quer trocar?”

É provável, sim, que haja uma venda indiscriminada, sem controle, de inibidores de apetite. E um dos papéis da Anvisa — uma agência de vigilância — é, se me permitem a tautologia, vigiar. Mas não! Contra a opinião de boa parte dos médicos brasileiros e de recomendação das Nações Unidas, opta-se simplesmente pela proibição. Ou por outra: porque não consegue cumprir a sua missão, então faz o mais fácil. O que a Anvisa está dizendo? Que não se pode fazer um uso responsável desses medicamentos? Trata-se de uma decisão burra, contraproducente, QUE VAI GERAR O EFEITO CONTRÁRIO ÀQUELE PRETENDIDO.

Estupidez
Será que não ocorreu aos doutores — não, não ocorreu!!! — QUE A DECISÃO ESTÁ É JOGANDO NA ILEGALIDADE QUEM VINHA FAZENDO USO LEGAL E CONTROLADO DOS REMÉDIOS SEM, NO ENTANTO, COIBIR O CONSUMO CLANDESTINO? Há uma similaridade entre essa burrice e aquela que queria proibir a, ATENÇÃO!, “venda legal de armas”. Ora, a venda legal nunca foi um problema; o problema era a ilegal. Da mesma sorte, o tratamento legal com inibidores de apetite representava baixo risco (todo remédio tem algum efeito colateral); a questão é o ilegal, que ilegal vai continuar.

Estado-patrão
Essa decisão faz parte de uma cultura: a da hipertrofia do estado, que se mete em tudo. Com o declarado — e, assim fosse, meritório — objetivo de combater o abuso no uso de anfetaminas para o emagrecimento, tira-se do indivíduo o direito de tomar decisões sobre o próprio destino. A Anvisa, em última instância, quer decidir se a pessoa tem ou não o direito de decidir ela própria se quer emagrecer ou não.

A Anvisa, um dos órgãos mais aparelhados da República, está disposta a cuidar menos da saúde dos brasileiros do que a ser seu guia espiritual. O órgão determinou que é moralmente incorreto emagrecer com o uso de anfetaminas, ainda que muitas pessoas — doentes que precisam desse remédio — não tenham outra saída.

Resta a médicos e pacientes que não queiram optar pela clandestinidade o caminho da Justiça. Na prática, a Anvisa acaba de criar um novo tráfico de drogas.

Por Reinaldo Azevedo
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Fonte:
Blog Reinaldo Azevedo

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1 comentário

  • JUSTINO CORREIA FILHO Bela Vista do Paraíso - PR

    A discurseira continua! Os dirigentes de um País, cuja carga tributária é das mais altas do mundo, chegando a 36,5 do PIB. Devem, primeiro fazerem a lição de casa, ou seja, entregar para sua população serviços públicos de qualidade, em vez de ficarem passando conselhos ao mundo. Afinal, sabemos e como ficou demonstrado em matéria do Financial Times, tais conselhos não resistem as mais elementares comparações. Exemplo, setor de saúde pública no Brasil, é lastimável ver o sofrimento dos brasileiros que pagam seus impostos em dia.

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