Código Florestal: 15 dicas para jornalistas sérios, por Ciro Siqueira

Publicado em 09/10/2011 16:56
do blog codigoflorestal.com

Código Florestal: 15 dicas para jornalistas sérios

 

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Seguem abaixo algumas dicas destinadas a jornalistas que precisam cobrir o tema Código Florestal.

1. Conheça a sua audiência: quando você se senta para escrever uma história, há apenas uma pessoa que importa. Essa pessoa é o leitor. Ele é a pessoa mais importantes do mundo. Esteja familiarizado com o nível de conhecimento que ele possui sobre o Código Florestal e sobre as questões que o preocupa. Considere que seu público não sabe nada sobre o assunto. Mas nunca cometa o erro de considerá-lo burro. Não cais na armadilha de superestimar o conhecimento do seu público alvo nem de subestimar sua inteligência.

2. Desconfie do conhecimento corrente: Poucos meses atrás todos acreditavam que o Código Florestal era uma das melhores leis do mundo, hoje sabemos que a lei é impossível de ser aplicada e é isso o que motiva o atual movimento reformador. Até o mais radical dos ambientalistas concorda que a lei precisa ser reformada. Isso aconteceu porque a cobertura jornalística feita no passado sobre o tema cometeu erros e não foi capaz de identificar os problemas da lei. Por isso desconfie do conhecimento corrente. Faça um levantamento das afirmações mais comuns sobre o tema e ponha-as à prova.

3. Mantenha o foco: lembre-se que uma história sempre dirá apenas uma grande coisa, logo, não faça digressões. Nunca se esqueça da visão geral. Quando se trata do Código Florestal, existe o grande risco da sobrecarga de informação. Há muitos pontos do tema que são ignorados pela população urbana, falar de muitos deles no mesmo texto deixará o leitor confuso. E esteja atento a situações pouco claras e recorrentes no debate como promessas compatibilização etéreas entre produção e preservação, sistemas de pagamentos por serviços ambientais sem definição das fontes de recursos desses pagamentos.

4. Esqueça os jargões e estereótipos: O debate sobre o Código Florestal está fortemente impregnado do maniqueísmo esquerda versus direita. Em alguns momento é difícil dizer se está se falando pela preservação do meio ambiente ou contra o latifúndio escravocrata monocultor. É comum encontrar termos genéricos que acabam determinando o julgamento do leitor. Termos como ruralista, ribeirinho, agronegócio, "uma das melhores leis do mundo", encerram significados que determinam julgamentos equivocados do leitor. Evite-os.

5. Mantenha toda frase curta e simples: utilize palavras, sentenças e parágrafos curtos. Ninguém reclamará porque você fez algo muito fácil de entender.

6. Fuja do conhecimento corrente: Estamos em um momento de quebra de paradigma onde tudo o que se sabia sobre o Código Florestal pode estar errado. Lembre-se que, quando Louis Pasteur apresentou as evidências da existência dos micróbios, a comunidade científica se reuniu, analisou o conhecimento corrente, e concluiu que Pasteur estava errado, que os micróbios não existiam. No momento em que os paradigmas esboroam até os cientistas podem estar errados, aliás, é mais provável que eles estejam errados. Proteja-se disso desconfiando das afirmações mais comuns sobre o tema. Você não precisa negá-las, precisa apenas desconfiar delas. Não creia cegamente no que te dizem... mesmo quando a fonte parecer ser acima de qualquer suspeita.

7. Tente se colocar no lugar de um produtor rural: O grande problema para a população urbana, seu leitor, entender o Código Florestal é porque eles vêm o tema por um ponto de vista a partir do qual os problemas para a aplicação da lei são invisíveis. É por isso que as vezes eles parecem estar falando de cosias diferente, é por isso que os Ministros do Meio Ambiente dizem uma coisa e os da agricultura dizem o oposto. Você só consegue entender por que o Código Florestal não funciona, porque as pessoas ocupam Áreas de Preservação Permanente na região serrana do Rio ou nas várzeas do Rio Grande do Sul, se você olhar pelo ponto de vista dessas pessoas. O grande desafio é mostrar ao brasileiro urbano a dificuldade que o brasileiro rural tem para cumprir a lei. E só a partir desse entendimento se encontrará soluções razoáveis.

8. Seja visual: Muitas histórias sobre o Código Florestal são complexas, mas elas são freqüentemente fotogênicas ou podem ser ilustradas como histórias humanas contagiantes. Utilize todos os recursos que você tem para trazer a história para a vida real – manchetes, fotos, gráficos, infográficos em flash, mapas, sidebars.

9. Lembre-se que a produção de alimentos é uma necessidade social: Mais do que qualquer coisa, as pessoas se importam com sua saúde, seu modo de vida e com o futuro de suas crianças. A abordagem do Código Florestal até agora criou um antagonismo entre o produtor rural e o meio ambiente ao ponto de que alguns leitores urbanos mais radicais não se importarem de destruir agricultura se essa destruição resultar na salvação do planeta ou de suas próprias peles. As pessoas sentem uma certa escassez de meio ambiente, mas não percebem escassez de alimentos e isso faz com que elas não se importem em prejudicar a produção em nome da salvação do planeta. Mas esse e um antagonismo falso e é seu papel desviar-se desse viés. O leitor urbano não percebe esse antagonismo no cotidiano.

10. Prepare-se bem para as entrevistas: Quanto mais você souber sobre seus entrevistados e seu assunto antecipadamente, melhor será a entrevista. Será uma conversa entre iguais, não uma tentativa da sua parte de acompanhar o que você está ouvindo pela primeira vez. Explique-se. Deixe seu entrevistado saber quem é o seu público, como você trabalha, qual é seu prazo limite e o que acontecerá com a sua história. E lembre-se SEMPRE da dica nº 8.

11. Obtenha uma segunda opinião: e uma terceira. Para cada doutorado, existe um doutorado equivalente e oposto. Para cada político, existe um contribuinte. Seus entrevistados podem estar errados. Eles podem ser tendenciosos. Eles podem estar investidos de interesses. Pergunte a você mesmo porque eles estão dizendo o que eles estão falando e se eles têm algo a ganhar com a publicação das palavras deles. Procure a opinião de outros especialistas de outras instituições. Sua responsabilidade como repórter é com a verdade.

12. Busque a verdade. Seja sempre cético, mas nunca cínico, em relação às pessoas que você encontrar e o que é dito a você. Não se recuse a acreditar naquilo que alguém lhe contou, mas peça-lhes evidência que suportem aquilo que eles falam. Cuidado com interesses escondidos e lembre-se que as pessoas mentem, mesmo as que parecem estar do lado do bem. Todo mundo tem um motivo para mentir ou contar apenas parte da verdade. Lembre-se desse conselho clássico para jornalistas: uma questão que os jornalistas devem se perguntar quando entrevistam um político é: “porque esse bastardo mentiroso está me contando esta mentira particular neste momento particular?”. Estenda essa questão também aos ambientalistas e aos ruralistas. Não seja maniqueísta, não existe bem ou mal nesse tema.

13. Fato não tem dono: Lembre-se de que equilíbrio não é o mesmo que imparcialidade e que todos são donos de opiniões, mas não dos fatos.

14. Não seja seduzido por comunicados à imprensa… faça justiça a eles. Muito freqüentemente, jornalistas copiam e colam comunicados à imprensa e apenas acrescentam seus nomes na linha de assinatura. Ao fazer isso, eles estão prestando um desserviço aos leitores. Uma publicação à imprensa não é uma história. É apenas informação que contém as sementes de uma história que você deve nutrir. ONGs, deputados e senadores soltam comunicados à imprensa todos os dias e cada um deles tem um interesse por trás.

15. Lembre-se do seu público. Antes de terminar sua história, você deve revisá-la. Coloque-se no lugar de um típico membro de seu público e imagine quais questões eles podem perguntar sobre sua história. Em seguida, responda essas questões antes de você concluir sua história.

Aforismo do dia: Tá no inferno? Abraçe o capeta e saia pulando. 


Este texto foi composto tendo como base a idéia e no texto 25 tips for climate change journalists publicado originalmente no blog Under The Banyan. Mas foi alterado e adaptado por este blogger que vos blogga. A foto que ilustra o post pertence a Galeria de . SantiMB . no Flickr sob Creative Comons. Há outras belas fotos por lá.


O superávit do agronegócio, editorial do Estadão deste sábado

Os números abaixo provocam reações, reações estas muitas vezes disfarçadas em ”nobres interesses socioambientais”.

 

Atentem para o fato de que os EUA e a UE tem pouquíssimo espaço físico para ampliar sua produção agrícola, justamente porque ao longo do tempo ocuparam todas as áreas disponíveis em seus territórios.

 

 

O superávit do agronegócio


 

Além de ocupar as primeiras posições entre os maiores exportadores mundiais de produtos agroindustriais, o Brasil vem se destacando no comércio desses produtos também por outro motivo: tornou-se o país com o maior superávit comercial, à frente até mesmo dos EUA, que, embora continuem sendo o maior exportador mundial, passaram também à condição de grande importador de alimentos. Esta é mais uma notável contribuição do campo para o crescimento da economia brasileira e para situá-la, no setor da agroindústria, entre as mais destacadas do planeta.

Dados do Ministério da Agricultura mostram que, nos 12 meses encerrados em agosto, o saldo da balança comercial do agronegócio brasileiroalcançou US$ 72 bilhões, resultado de exportações de US$ 88,3 bilhões e importações de US$ 16,3 bilhões. Esse valor é 22,9% maior do que o registrado nos 12 meses encerrados em agosto de 2010, de US$ 58,6 bilhões.


Nos 12 meses até setembro, o saldo do agronegócio americano foi de US$ 43,5 bilhões, bem menor do que o brasileiro. Observe-se, porém, que os EUAcontinuam sendo os maiores exportadores mundiais de produtos agroindustriais. O Departamento de Agricultura dos EUA estima que as exportações americanas alcançaram US$ 137 bilhões em 12 meses, 55% mais do que as exportações brasileiras.

Nos últimos anos, os EUA se tornaram também grandes importadores de alimentos. De cerca de US$ 40 bilhões no início da década passada, as importações agrícolas americanas passaram a US$ 94,5 bilhões. Nesse valor estão as compras de muitos produtos brasileiros, como açúcar, café e suco de laranja. As importações americanas de açúcar e café alcançaram US$ 13 bilhões em 12 meses.

O subsídio ao etanol de milho teve como efeito a forte absorção pelo mercado interno do grão produzido no país, o que conteve as exportações e o saldo do agronegócio americano. O estímulo à produção de milho, além disso, reduziu o plantio da soja e abriu espaço para a soja brasileira no mercado mundial. O resultado, como mostrou o jornal Valor (4/10), foi a redução da fatia americana nas exportações mundiais de produtos agrícolas, de 13% para 10,2% do total entre 2000 e 2009, e o aumento da participação brasileira, de 2,8% para 4,9%. Por ter alcançado altos níveis de produtividade 

e de ocupação das áreas disponíveis,os EUA têm hoje menor capacidade de expansão de sua participação no comércio mundial do que o Brasil.

As exportações do agronegócio brasileiro continuam vigorosas. Em agosto, elas somaram US$ 9,84 bilhões, um valor recorde, 34,7% maior do que o de igual mês de 2010. Os grupos de produtos que mais contribuíram para o crescimento foram o complexo soja (aumento de 50,5%), complexo sucroalcooleiro (aumento de 45,2%), cereais, farinhas e preparações (aumento de 117,3%, mas sobre um valor exportado menor do que os dos dois grupos anteriores) e café (aumento de 48,8%). Esses quatro grupos foram responsáveis por US$ 2,1 bilhões dos US$ 2,5 bilhões de aumento das exportações do agronegócio entre agosto de 2010 e agosto de 2011.

Os bons resultados registrados em agosto pelas exportações de produtos agroindustriais devem se repetir em setembro, ampliando o superávit comercial do setor. Dados do Ministério do Desenvolvimento mostram que, nos primeiros 21 dias do mês passado, as exportações de café em grão foram 43,8% maiores do que as das três primeiras semanas de setembro de 2010. Na comparação entre esses dois períodos, as exportações de soja em grão aumentaram 76,9%; as de óleo de soja em bruto, 109,4%; e as de açúcar em bruto, 33,6%. Isso compensou as reduções das exportações de farelo de soja (-0,2%), suco de laranja (-18,5%) e açúcar refinado (-30,9%). No mês passado, os preços desses produtos estavam, em média, bastante acima dos registrados em setembro de 2010. O preço da tonelada do café em grão exportado foi 59,5% maior e o do óleo de soja em bruto, 50,4%.

OESP – 08/Out/2011.

OBS.- O Brasil é o único país do planeta que ainda pode ampliar de maneira sustentável e em escala comercial, a produção agrícola, com ênfase aos alimentos e  energias renováveis.

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Fonte:
blog codigoflorestal.com

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