Criação a pasto reduz custo de produção

Publicado em 04/01/2011 06:48
Na baiana Jaborandi, o inverno é ameno e o verão não é dos mais quentes. Chove 1.460 milímetros por ano, concentrados entre os meses de outubro e abril. A altitude de 900 metros ajuda a manter o clima confortável para os animais. "O clima é ideal para a produção de leite a pasto", afirma Craig Bell, diretor da Leite Verde.

As temperaturas mínimas no inverno são de 15 graus, o que permite manter o ritmo de crescimento do pasto nessa estação do ano. "Com isso, há pasto no verão e no inverno, e não é preciso fazer silagem para o gado", acrescenta. Além do pasto, os animais da fazenda só comem milho triturado. Nas grandes fazendas de leite do Brasil, as vacas são geralmente criadas em regime de confinamento e recebem silagem e concentrados na alimentação, o que eleva os custos.

As temperaturas máximas no verão, na casa dos 30 graus, e a altitude de 900 metros em Jaborandi também são benéficas para o gado. "Nunca vai ser tão quente que gere estresse térmico nas vacas", diz Bell. Os níveis baixos de umidade são outra vantagem, já que ajudam a controlar parasitas que podem afetar os animais.

Os sócios da Leite Verde aproveitaram a experiência na Nova Zelândia para reproduzir no sudoeste da Bahia a criação de gado alimentado a pasto. Como na Nova Zelândia, o gado de Jaborandi é o kiwicross, uma raça com mais de 100 anos de seleção no país da Oceania e adaptada para alimentar-se de pasto, conta Bell.

Além da boa conversão de pasto em leite, a produção sob sistema de pastoreio também significa menores custos. Em comparação com as 20 maiores fazendas de leite de Goiás, pesquisadas no Diagnóstico da Cadeia Produtiva do Leite do Estado, de 2009, os custos dos alimentos na Leite Verde são bem mais baixos: R$ 0,146 por quilo de matéria seca contra R$ 0,281 nas outras propriedades.

A produtividade dos animais na Leite Verde também é comparativamente maior. "Nós produzimos 4.100 litros por animal/ano. Num sistema de confinamento total, [a produtividade] é de cerca de 8.000 litros, mas a vaca tem 1,60 vezes mais peso que a nossa vaca", compara Bell. Enquanto as vacas kiwicross pesam 420 quilos, outras vacas leiteiras superam 600 quilos. Na média nacional, a produtividade da pecuária de leite no Brasil é de 1.297 litros por vaca/ano, segundo dados da Embrapareferentes a 2009.

As 3.200 fêmeas do rebanho da fazenda ocupam hoje 224 hectares da área total de 5 mil hectares da Leite Verde. Os animais estão distribuídas em quatro pivôs, onde é cultivado pasto da variedade tifton 85. Pelo projeto, o número de pivôs será ampliado para 20 em seis anos.

No centro de cada pivô de 56 hectares, há uma sala de ordenha com um sistema de banco de gelo para resfriar o leite o mais rápido possível, segundo Craig Bell. Das salas de ordenha, o leite é levado em caminhão refrigerado para o laticínio que fica na própria fazenda, a apenas quatro quilômetros dos pivôs.

O produtor afirma que a rastreabilidade do leite é total e é possível identificar o pivô de onde veio a matéria-prima. Além disso, como é engarrafado na própria fazenda, o leite tem menos perdas de nutrientes já que se gasta, em média, 60% menos tempo entre a ordenha e o envase, segundo a empresa.

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Fonte:
Valor Econômico

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