BBC: Indústria do café no Brasil é severamente afetada pela seca

Publicado em 30/05/2014 15:47

Os cafezais do Brasil estão movimentados neste período do ano - de maio até setembro, milhares de colhedores passam seus dias nos campos colhendo e ensacando cafés. Porém, as plantas não estão tão produtivas quanto nos últimos anos, depois que uma forte seca atingiu o país no primeiro trimestre deste ano, danificando as plantas nas regiões produtoras do país. 

Em uma reportagem especial realizada em Espírito Santo do Pinhal-SP, uma jornalista da agência de notícias BBC, de Londres, entrevistou o cafeicultor Diogo de Oliveira Marcio, cujo cafezal está perdendo folhas e com déficit hídrico.  

Diogo afirma que as plantas mais jovens enfrentam os piores problemas, pois suas raízes não estão tão estabelecidas para que consigam buscar toda a água que precisam. “O café foi perdido e não há nada a fazer”, afirma o produtor, abrindo uma cereja de café. “Os grãos estão murchos e secos, sem nada dentro”. 

Em média, 100 kg de cerejas de café colhidas de uma árvore normalmente rendem 50 kg de café verde. Com a falta de água, no entanto, o rendimento está entre 30 kg e 40 kg. 

O Brasil é o maior produtor de café do mundo, respondendo por 1/3 da produção global. O país produz mais da metade do arábica do mundo, a variedade mais usada em espressos e cappuccinos. 

Preços em alta
A seca no Brasil já provocou impactos nos preços. Além disso, o surto de ferrugem do café que tem danificado plantas na América Central pressionam ainda mais a oferta. Em novembro, as cotações do café arábica na Bolsa de Nova Iorque estavam em torno de US$ 1,09 a libra-peso. O preço quase dobrou em abril, chegando a US$ 2,00 . 

Embora o produtores estejam conseguindo preços melhores por suas sacas, os valores ainda não compensam a colheita fraca. “O preço do café subiu, mas ainda nos custa muito”, afirmou Diogo. “Estamos gastando muito dinheiro em mão de obra para colher café de baixa qualidade, então está muito difícil”. 

Os produtores de Espírito Santo do Pinhal, que entregam seu café para a cooperativa Coopinhal para armazenamento, afirmam que a preocupação não é apenas com a safra atual, mas também com a próxima – 2015/16. “Os cafeicultores estão preocupados com os efeitos prolongados da seca”, disse Alexandre Husemann da Silva, presidente da cooperativa. 

“A falta de água fez com que as plantas crescessem menos que o normal, e as cerejas só nascem na parte nos galhos que cresceram. Portanto, as perdas deverão ser ainda maiores no próximo ano”, diz Husemann. 

Apesar das altas no preços diante de preocupações com o tamanho da safra, o mercado global de café ainda não enfrenta problemas com o abastecimento mundial. 

Os produtores têm vendido seus estoques dos anos anteriores e isso tem ajudado a manter o mercado suprido. Do lado da demanda, muitos grandes compradores de café têm mantido seus preços congelados.

“As torrefadoras compram no mercado futuro às vezes com anos de antecedência”, diz Mauricio Galindo, da OIC (Organização Internacional do Café). “Isso garante uma proteção, caso os preços comecem a subir”.

Previsões para safra 2015/16
João Staut, diretor da exportadora Qualicafex em Espírito Santo do Pinhal, afirma que ainda é muito cedo para especular se a safra 2015/16 será pior que a atual, mas uma coisa é certa – o preço do café para o consumidor final vai começar a subir. 

“Muitas torrefadoras já compraram o café que precisavam, mas agora estão se cobrindo para o futuro, e o futuro não é o mesmo”, diz Staut. “Será inevitável pagar mais pelo café nos próximos meses”. 

Na cooperativa, as máquinas barulhentas separam os grãos de boa qualidade dos ruins, com foco na venda do café que sobreviveu à seca. 

Informações: BBC 

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Tags:
Por:
Fernanda Bellei
Fonte:
Notícias Agrícolas

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