Café: Oferta imediata X quebra no Brasil mantém volatilidade em NY, diz CNC

Publicado em 15/08/2014 11:45 e atualizado em 15/08/2014 12:18
CNC sugerirá criação de grupo de trabalho para análise técnica do efeito do clima nas próximas safras.

SOBRE AS SAFRAS DE CAFÉ — O Conselho Nacional do Café tem pontuado suas informações e, há tempos, listado o impacto causado pelo veranico do início do ano na safra 2014/15 e seus reflexos nos ciclos 2015/16 e 2016/17. São muitos os relatos que recebemos diariamente de produtores e cooperativas apresentando suas apreensões. No entanto, é necessário aguardarmos o término da colheita para uma avaliação mais acurada sobre a perda de rendimento dos grãos. Até o momento, reiteramos que os indícios externados são de que teremos uma safra dentro do aferido pela Fundação Procafé, em seu intervalo menor, ao redor de 40 milhões de sacas de 60 kg.

Temos participado de reuniões na Secretaria de Produção e Agroenergia do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), onde está o Departamento do Café (Dcaf), demonstrando nossa preocupação com o reflexo climático que atingiu todo o cinturão produtor cafeeiro do Brasil, com maior gravidade em algumas áreas. Frente a isso, salientamos que, por termos responsabilidade, não podemos nos aprofundar em prognósticos antes de verificarmos, de fato, o estado das lavouras no pós-colheita e a condição climática para o novo ano safra, evitando ainda mais especulações no mercado.

Agora, aguardamos a posse do novo diretor do Dcaf, o engenheiro agrônomo Rodolfo Osório de Oliveira, para sugerirmos a ele e à secretária de Produção e Agroenergia, Cleide Laia, a criação de um grupo reduzido de trabalho, com conhecimento técnico e expertise em cafeicultura, para a realização de uma nova avaliação, mais acurada e segura, sobre as consequências do clima nos dois próximos ciclos cafeeiros. Este grupo deverá ter caráter essencialmente técnico e prazo determinado para a apresentação das análises, pois entendemos que uma das funções do CNC, como representante setorial, é ter ações pró-ativas e que possibilitem a publicação de informações concretas e realistas à imprensa e a todos os agentes do mercado cafeeiro.

Sempre são bem-vindas sugestões e preocupações de produtores e lideranças para o melhor embasamento do trabalho que será realizado, mas lembramos que não compete ao Conselho Nacional do Café definir as ações de mercado, pois cada produtor deverá analisar o melhor cenário para executar sua comercialização. Por outro lado, compete ao CNC trabalhar em prol do conhecimento através da pesquisa, da ciência e, ainda, da liberação de recursos ao produtor para que não seja pressionado a colocar o seu café no mercado em momentos de preços aviltados. Nessa mesma linha, orientamos para que os cafeicultores participem de fóruns e eventos para se atualizarem e apresentarem informações seguras que possamos conduzir ao Governo, de forma que este tome decisões que contribuam à sustentabilidade da cafeicultura brasileira.

É bom destacar que, com uma safra menor e também com as vendas antecipadas por parte dos produtores, o Conselho Nacional do Café possui grande preocupação com referência à renda e ao endividamento do setor, fatores que nos fazem pensar em iniciativas que possibilitem a permanência sustentável desses agricultores na atividade.

REPASSES DO FUNCAFÉ — Nesta semana, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento firmou contrato com mais dois agentes financeiros, autorizando o repasse de até R$ 71 milhões do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé) para as linhas de Estocagem, Custeio, FAC e Capital de Giro para Cooperativas de Produção e Indústrias de Torrefação e de Solúvel.

O montante total do Funcafé autorizado para repasse até o momento é de R$ 2,867 bilhões, dos quais R$ 1,061 bilhão foram para a linha de Estocagem, R$ 723 milhões para Custeio, R$ 614 milhões para Aquisição de Café (FAC), R$ 232 milhões à linha de Capital de Giro para Cooperativas de Produção, R$ 127 milhões para Indústrias de Torrefação e R$ 110 milhões às de Solúvel. Para a safra 2014, o Fundo conta com um orçamento total de R$ 3,825 bilhões. Veja tabela detalhada abaixo.

EDUARDO CAMPOS — Foi com extremo pesar que recebemos a notícia do falecimento pré-maturo do ex-governador de Pernambuco e candidato à Presidência da República, Eduardo Campos, na última quarta-feira, 13 de agosto. O CNC se une às manifestações de condolências à família do político por sua passagem precoce, dada através do trágico acidente aéreo. Externamos, ainda, nossos sentimentos às famílias dos demais profissionais que o acompanhavam nesse calamitoso acontecimento.

MERCADO — Nesta semana, o mercado futuro do café arábica operou em patamar superior ao do fechamento da última sexta-feira, impulsionado pelas incertezas climáticas e pela expectativa de dados mais concretos sobre a quebra da safra brasileira.

Entretanto, a tendência é que o mercado continue volátil, oscilando dentro de um grande intervalo de US$ 1,70 a US$ 2,00 por libra peso. Essa volatilidade se explica em função de oferta satisfatória no curto prazo – o Brasil exportou 2,981 milhões de sacas de 60 kg em julho, o que corresponde a um aumento de 33,5% em relação ao mesmo mês de 2013 –, a qual se contrapõe com as dúvidas a respeito das safras brasileiras 2014, 2015 e 2016.

Há grande especulação quanto ao início do período de chuvas sobre as origens nacionais, entre setembro e outubro, e de seus impactos sobre a florada e a produção de café no ano que vem. De acordo com a Somar Meteorologia, no curto prazo, o tempo deve continuar seco nas regiões brasileiras cafeicultoras, dentro da normalidade para esta época do ano.

Na ICE Futures US, o vencimento setembro do contrato C acumulou alta de 325 pontos até o fechamento da quinta-feira, que se deu a US$ 1,8410 por libra-peso. A proximidade do período de notificação de entrega dos contratos com vencimento em setembro, que será em 21 de agosto, aumentou o volume de negócios nesta semana, com os agentes liquidando posições para fugir do risco de recebimento/entrega do produto físico.

Os preços futuros do robusta negociados na Bolsa de Londres acompanhavam a tendência de Nova York até o fechamento de ontem. Entretanto, como houve movimento técnico de realização de lucros, em meio à escassez de novidades, a ICE US passou a cair no dia e puxou os futuros do robusta naLiffe, que acumularam leves perdas de US$ 3 na semana. Ao término dos negócios da quinta-feira, o vencimento setembro do Contrato 409 deu-se a US$ 1.945 por tonelada.

No mercado doméstico brasileiro, os indicadores do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) para as variedades arábica e conilon foram cotados, ontem, a R$ 435,01/saca e a R$ 246,10/saca, respectivamente, com altas acumuladas de 4,34% e 0,42% desde a última sexta-feira. Com o nível mais baixo de preços e do dólar nesta semana, os negócios voltaram a apresentar baixa liquidez, com raras exceções para os momentos em que havia patamares mais elevados no mercado internacional. De forma geral, os vendedores seguem retraídos.

Diante das intervenções do Banco Central do Brasil no mercado de câmbio, do fraco desempenho das vendas no varejo dos Estados Unidos em julho e dos frágeis dados do mercado de trabalho americano, mostrando que o ritmo da recuperação econômica nos EUA não justifica uma antecipação da normalização da política monetária, o dólar desvalorizou-se nesta semana, com queda de 0,76% em relação ao real desde a última sexta-feira. Ontem, a moeda norte-americana foi cotada a R$ 2,2695.

Segundo o Informe Estatístico do Café do Ministério da Agricultura, as exportações brasileiras do produto totalizaram 20,8 milhões de sacas nos primeiros sete meses de 2014, volume 19,3% superior ao registrado no mesmo período do ano passado. Em virtude da alta dos preços internacionais, as vendas externas ganharam 12% em valor, somando US$ 3,49 bilhões ante os US$ 3,13 bilhões de 2013. O café, representando cerca de 6% dos embarques do agronegócio, segue como o quinto item da pauta exportadora do setor, atrás do complexo soja, de carnes, produtos florestais e complexo sucroalcooleiro.

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CNC

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