Café: Praticamente concluída, safra do ES deve cair pela metade e preço do robusta pode chegar a patamar histórico

Publicado em 05/07/2016 18:10

A colheita de café robusta do Espírito Santo está praticamente concluída, cerca de 85% das lavouras no estado já estão com os trabalhos finalizados, e as perdas reportadas ao longo do ano pelo Notícias Agrícolas são confirmadas. Com isso, os preços da variedade tem apresentado um rally nas últimas semanas. A Cooabriel (Cooperativa Agrária de Cafeicultores de São Gabriel), maior cooperativa de robusta do Brasil, já estima que a quebra nesta temporada seja de 50%.

"A previsão inicial era de que a produção no estado ficaria entre 6 milhões e 7 milhões de sacas. No entanto, com 85% da colheita finalizada, revisamos esse número entre 4 milhões e 4,5 milhões de sacas, uma queda de cerca de 50% em relação ao ano passado", afirma o gerente de comercialização da Cooabriel, Edmilson Calegari.

A Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) revisou sua mais recente estimativa para o café robusta. Em todo o Brasil, são esperadas 9,4 milhões de sacas, o que representa uma diminuição de 16% sobre os números de 2015. "Este resultado se deve à redução de 5,6% na área em produção e, sobretudo, à seca e à má distribuição de chuvas por dois anos consecutivos nos estágios de florescimento, formação e enchimento de grãos no Espírito Santo, maior produtor da espécie conilon", reportou a Companhia em informativo.

Os produtores capixabas enfrentam severa seca há três anos consecutivos, o que impactou a produção agrícola de diversas áreas, principalmente o café que é a cultura mais importante do estado. Em uma medida preventiva, em meio ao risco de desabastecimento, e com suas reservas de água extremamente baixas, o governo do Espírito Santo priorizou o consumo humano e proibiu a irrigação das lavouras em algumas cidades. Cerca de 80% das plantações de café robusta do estado utilizam sistemas de irrigação.

Diante desse cenário, conforme reportamos em maio no site, alguns produtores do estado optaram por adotar novas opções de cultivo, principalmente, a pimenta-do-reino, que tem remunerado bem nos últimos anos. Em 2015, a produção da pimenta no estado teve acréscimo de 82,5%, com expansão de 50% na área colhida. Enquanto que o café diminuiu 20,2%, com área colhida 0,8% menor.

Outros cafeicultores, em uma última alternativa encontrada com o agravamento da seca no estado, preferiram fazer a recepa das lavouras nesta safra e esperam produção apenas na temporada 2017/18.

Lavoura de café recepada no Espírito Santo - Enviada pelo produtor e consultor, Rogério Chiaba

Recepa em lavoura de café conilon no Norte do Espírito Santo | Foto: Rogério Chiaba

Segundo Edmilson Calegari, a colheita da próxima temporada também pode ter problemas. "Em 2017, vamos ter mais uma colheita comprometida e com baixa produtividade. As plantas cresceram muito pouco", afirma. Caso tenha mais uma quebra no ano que vem, o Espírito Santo já completa três anos seguidos de produção mais baixa.

Preços em R$ 400 a saca

Como consequência dos problemas climáticos, o mercado brasileiro tem registrado baixa oferta de café robusta, o que tem gerado um rally nos preços nos últimos meses. Segundo o diretor da Pharos Consultoria, Haroldo Bonfá, a variedade pode chegar a patamares históricos no Brasil.

"As perdas assustam a todos, mas o mercado demonstra que R$ 400,00 a saca é um patamar que não deve ser rompido, até porque a indústria tem encontrado no arábica com qualidade de bebida inferior a alternativa para o robusta", explica Bonfá. Os custos de produção da safra atual estão acima de R$ 250,00.

Na segunda-feira (4), o Indicador CEPEA/ESALQ do arábica tipo 6, bebida dura para melhor, teve a saca de 60 kg cotada a R$ 399,69 com alta de 0,04%.

O gerente de comercialização da Cooabriel, Edmilson Calegari, também acredita que a baixa oferta do grão pode favorecer novas altas no mercado. "Temos a percepção de que vai falta muito café e isso pode refletir em melhora de preços mais pra frente que, inclusive, pode chegar às prateleiras. Quem tem o produto tem sido muito reticente à venda, pois espera melhores patamares", pondera.

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Por:
Jhonatas Simião
Fonte:
Notícias Agrícolas

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