Café: Em meio à preocupação com abastecimento em 2017, NY tem alta acumulada de quase 1000 pts na semana

Publicado em 28/10/2016 16:38

Nesta semana, as cotações futuras do café arábica na Bolsa de Nova York (ICE Futures US) atingiram máximas de 20 meses, principalmente, com o mercado temendo um desabastecimento em 2017. No acumulado da semana, os preços externos da variedade tiveram valorização de cerca de 6% – 940 pontos. O vencimento dezembro/16, referência de mercado, estava na sexta-feira passada sendo negociado em cerca de US$ 1,55 por libra-peso no terminal externo, hoje (28), no entanto, encerrou a sessão próximo de US$ 1,65/lb. Os lotes mais distantes estão próximos da casa de US$ 1,70/lb.

O Brasil, maior produtor e exportador da commodity no mundo, já deve ter safra menor no próximo ano por conta da bienalidade baixa e também devido às condições climáticas adversas em áreas produtoras do país. As lavouras da safra comercial 2017/18 estão em plena florada. Além disso, as torrefadoras brasileiras têm utilizado a variedade arábica como substitutiva da robusta e isso pode fazer com que o país reduza suas exportações para atender à essa demanda interna. Com isso, os operadores temem um desequilíbrio no mercado.

"Preocupação quanto ao abastecimento global e incertezas quanto ao número da próxima safra brasileira de café ditaram os rumos das negociações nesta semana", explica o analista de mercado da Origem Corretora, Anilton Machado.

Nesta sexta-feira (28), as cotações futuras do café arábica oscilaram dos dois lados tabela em ajustes técnicos ante as recentes valorizações e repercutindo os mesmo fatores dos últimos dias. No entanto, acabaram fechando a sessão em alta. O vencimento dezembro/16 registrou na sessão 166,50 cents/lb com 70 pontos de alta, o março/17 registrou 168,95 cents/lb com avanço de 65 pontos. Já o contrato maio/17 anotou no pregão 171,05 cents/lb também com 65 pontos positivos e o julho/17, mais distante, subiu 70 pontos, cotado a 172,85 cents/lb.

"A produção de robusta no Brasil será baixa novamente e os preços da variedade estão atualmente mais altos e acima do arábica no país. Com mais arábica sendo mantido para o consumo interno, há menor disponibilidade para exportação. Torrefadores locais estão adicionando mais arábica para misturas para compensar a pequena oferta de robusta e a alta dos preços", explicou ontem (27) em informativo o vice-presidente da Price Futures Group e analista, Jack Scoville, em referência ao possível desequilíbrio entre oferta e demanda no mercado com o Brasil.

"Ainda não sabemos como abastecer o mercado interno e cumprir com as exportações, mas tudo indica que o cenário é mais positivo do que negativo", afirmou em entrevista ao Notícias Agrícolas o analista de mercado do Escritório Carvalhaes, Eduardo Carvalhaes. Além desse pessimismo com a produção do Brasil, segundo Carvalhaes, a situação econômica do país também contribui para as perdas nas cotações do arábica. "Com a queda do dólar, como o mercado é comprador aqui dentro, baixaram as ofertas e isso motiva a alta externa para chegar num patamar que interesse novamente aos produtores venderem café".

No início da semana, o câmbio estava em queda. No entanto, no acumulado da após as recentes baixas, o dólar comercial avançou 2,42%. Na sessão desta sexta-feira, a divisa estrangeira teve valorização de 1,29%, cotada a R$ 3,1965 na venda, com as indicações do mercado de que a alta no PIB (Produto Interno Bruto) dos Estados Unidos pode favorecer o aumento na taxa de juros do país.

Durante a semana, o mercado do arábica também realizou movimentos técnicos e ajustes. Os fundos de investimento seguem atuando na ICE com a aposta de alta para as cotações. A Pharos Consultoria acredita que os fundos possam aparecer com saldo comprado entre 42 mil e 45 mil lotes no relatório da Comissão de Comércio de Futuros de Commodities.

O Rabobank, importante banco especializado em commodities informou ao site internacional Agrimoney que a definição nos preços do café nos próximos meses depende também da situação das colheitas na América Central e na Colômbia. "Os primeiros sinais de aumento das culturas nesses países poderiam fazer o mercado cair", informou. O banco previu os preços a um pouco menos de 140,00 cents/lb no período de um ano.

Em relação às condições climáticas que afetam o desenvolvimento da safra 2017/18 do Brasil, a Somar Meteorologia estima que neste final de semana as chuvas avançarão sobre o Espírito Santo, a Zona da Mata de Minas Gerais e o Sul da Bahia. As informações são do CNC (Conselho Nacional do Café).

Mercado interno

Os preços do café arábica subiram nas praças de comercialização do Brasil nesta semana seguindo o cenário externo. Os produtores, no entanto, aguardam patamares ainda mais altos diante da possibilidade de uma lógica mercadológica delicada em 2017. Em algumas localidades, as cotações internas do café arábica, tipo 6, subiram até R$ 50,00 a saca de 60 kg de uma semana para a outra.

"Os produtores mostram-se desorientados com o comportamento dos preços. Vendem na medida de suas necessidades de 'caixa' para fazerem frente aos compromissos mais próximos e não conseguem entender como os preços do conilon e do arábica estão no mesmo patamar", afirmou o Escritório Carvalhaes em seu última informativo.

O tipo cereja descascado fechou o dia com maior valor de negociação em Espírito Santo do Pinhal (SP) com R$ 600,00 a saca – estável. A maior oscilação no dia dentre as praças ocorreu em Poços de Caldas (MG) com alta de 1,91% e saca a R$ 587,00.

Da sexta-feira passada para hoje, a cidade que registrou maior variação para o tipo foi Poços de Caldas (MG) com alta de R$ 36,00 (6,53%), saindo de R$ 551,00 para R$ 587,00 a saca.

O tipo 4/5 teve maior valor de negociação em Guaxupé (MG) com R$ 565,00 a saca e alta de 0,89%. A maior oscilação no dia dentre as praças ocorreu em Poços de Caldas (MG) com avanço de 2,11% e saca a R$ 532,00.

Para o tipo, conforme o gráfico, a maior oscilação na semana foi registrada em Guaxupé (MG), que tinha saca cotada a R$ 537,00, mas subiu R$ 28,00 (5,21%) e agora vale R$ 565,00.

O tipo 6 duro registrou maior valor de negociação na cidade de Araguari(MG) com R$ 580,00 a saca e alta de 3,57. Foi a maior oscilação no dia dentre as praças.

A variação mais expressiva de preço na semana para o tipo 6 duro foi registrada em Araguari (MG). A saca estava cotada a R$ 530,00 na sexta-feira passada, mas teve valorização de R$ 50,00 (9,34%) e agora está em R$ 580,00.

Na quinta-feira (27), o Indicador CEPEA/ESALQ do arábica tipo 6, bebida dura para melhor, teve a saca de 60 kg cotada a R$ 535,27 com valorização de 1,18%.

Bolsa de Londres

A Bolsa de Londres (ICE Futures Europe), antiga Liffe, para o café robusta também fechou a sessão desta sexta-feira em alta. O contrato novembro/16 anotou US$ 2188,00 por tonelada com avanço de US$ 18, o janeiro/17 teve US$ 2187,00 por tonelada com valorização de US$ 12 e o março/17 anotou US$ 2186,00 por tonelada com US$ 14 positivos.

Na quinta-feira (27), o Indicador CEPEA/ESALQ do café conillon tipo 6, peneira 13 acima, teve a saca de 60 kg cotada a R$ 533,21 com avanço de 0,31%.

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Por:
Jhonatas Simião
Fonte:
Notícias Agrícolas

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