Café especial do Brasil bate recorde mundial no leilão do CoE Pulped Naturals

Publicado em 29/11/2017 09:12
Cada saca produzida pelo campeão Gabriel Nunes foi vendida por R$ 55,5 mil, o maior valor registrado na história mundial do Cup of Excellence

O café especial produzido pelo produtor Gabriel Alves Nunes (foto à esquerda), na Fazenda Bom Jardim, em Patrocínio (MG), na Denominação de Origem do Cerrado Mineiro, campeão da categoria "Pulped Naturals" do Cup of Excellence – Brazil 2017 bateu o recorde mundial de maior valor pago por um lote no leilão do concurso. Esse café foi dividido em dois lotes: o primeiro recebeu o lance US$ 130,20 por libra peso das empresas Maruyama Coffee, Sarutahiko Coffee (Japão) e Campos Coffee (Austrália), valor que corresponde a *R$ 55.457,60 (US$ 17.222,86) por saca de 60 kg e é o mais caro pago por um campeão do certame. O segundo lote foi negociado por US$ 120 por libra peso, ou *R$ 51.116,17 (US$ 15.873,60) por saca.
 
Ao final dos negócios, todos os cafés produzidos por via úmida (cerejas descascados e/ou despolpados) ofertados no concurso realizado pela Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA), em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) e a Alliance for Coffee Excellence (ACE), foram negociados com ágio em relação ao preço de abertura e registraram a movimentação financeira total de * R$ 1.151.092,11 (US$ 357.459,82). O lance médio também foi recorde no Brasil, a US$ 12,75 por libra peso, o que equivale a *R$ 5.431,09 (US$ 1.686,57) por saca. Confira o resultado no site da ACE: https://www.allianceforcoffeeexcellence.org/en/cup-of-excellence/country-programs/brazil-pulped-naturals/2017/auction-results/.
 
Segundo o produtor campeão, o resultado do leilão é motivo de extrema satisfação e orgulho. “Cultivamos esse café Bourbon a 935 metros de altitude, enquanto outros países produzem a uma altura muito mais elevada, o que propiciava, até então, certa vantagem na obtenção da qualidade. Porém nosso café demonstrou que se pode buscar excelência dentro dessas características, o que nos deixa muito orgulhosos. Não apenas nós, mas toda a região do Cerrado Mineiro, que pela primeira vez venceu o concurso e já bateu o recorde mundial. Ficamos extremamente satisfeitos por podermos representar o café do Brasil dessa maneira”, comemora Gabriel Nunes.
 
Para ele, as ações desenvolvidas pela BSCA são fundamentais para a qualificação dos cafeicultores no Brasil e vêm ao encontro da excelência na produção de grãos especiais. “Fiz um curso de processamento de colheita e farei o curso de Q-Grader da BSCA e do (Coffee Quality Institute) CQI para me aprimorar e ter base para buscar a excelência em todo o processo produtivo, respeitando todos os critérios sustentáveis. Aplicamos esse conhecimento no café que venceu o Cup of Excellence este ano e, agora, colhemos mais esse fruto (recorde no leilão)”, celebra.
 
Nunes festeja o fato de seu café ter quebrado todos os paradigmas, em especial no que se refere à altitude, e destaca que investir em qualidade é um caminho sem volta e recompensador. “Meu pai mexe com café há 30 anos e passei a mexer há quatro anos. Desde que voltei (à fazenda), procurei investir em estrutura e melhoramentos, sempre buscando qualidade, pois sabemos que o café está no mesmo caminho do vinho, com os consumidores cada vez mais exigentes”, analisa.
 
O produtor destaca, ainda, a importância de trabalhar em conjunto com uma equipe profissional na lida com o café. “Temos funcionários dedicados, que tratam com carinho cada lote na fazenda. Há três anos estamos evoluindo e chegamos ao resultado com esse café Bourbon de 935 metros de altitude, evidenciando todo o cuidado desde a produção até a pós-colheita, porque obtivemos valores superiores aos cafés de altitudes mais elevadas, que possuem qualidade excepcional pelas questões fisiológicas envolvidas. No entanto, também temos focado a excelência em qualidade nas outras variedades que produzimos entre 900 e 1.200 metros de altitude na propriedade”, revela.
 
Com vistas na mudança de cenário por parte dos consumidores, o campeão da categoria “Pulped Naturals” do Cup of Excellence informa que investiu em capacitação da equipe da propriedade para modificar a forma de produzir os cafés, almejando agradar aos compradores e aos consumidores finais. “Estamos em busca de melhoria contínua, de nos sobressairmos, tanto que o recurso que receberemos como prêmio do leilão será quase que integralmente investido na propriedade, buscando preservar cada vez mais o meio ambiente e visando a qualificar ainda mais nossos funcionários, investirmos em pós-colheita, melhorarmos nosso laboratório... enfim, estamos na constante busca de termos sustentabilidade ambiental e social para alcançarmos nosso reconhecimento econômico na comercialização”, diz.
 
Os lotes ofertados no leilão foram comprados por empresas de 12 países – Alemanha, Arábia Saudita, Austrália, Bulgária, Canadá, Coreia do Sul, Estados Unidos, França, Inglaterra, Japão, Nova Zelândia e Taiwan –, de mercados tradicionais e emergentes no consumo de café. “Este é um resultado extraordinário para o esforço que o Brasil e os nossos produtores têm feito visando à melhoria da qualidade e à oferta desses cafés fantásticos ao mundo. Agradecemos, ainda, todo o suporte da equipe do Projeto Café Gourmet, que decidiu realizar um concurso para mostrar a nossa qualidade ao mercado global e demonstrou estar 100% correta”, finaliza Vanusia Nogueira, diretora da BSCA.
 
* Dólar a R$ 3,2202, conforme cotação de 27 de novembro.
 
BRAZIL. THE COFFEE NATION

O Cup of Excellence – Brazil 2017 é ação integrante do projeto setorial "Brazil. The Coffee Nation", que é desenvolvido em parceria por BSCA e Apex-Brasil, e tem como foco a promoção comercial dos cafés especiais brasileiros no mercado externo. O objetivo é reforçar a imagem dos produtos nacionais em todo o mundo e posicionar o Brasil como fornecedor de alta qualidade, com utilização de tecnologia de ponta decorrente de pesquisas realizadas no País. O projeto visa, ainda, a expor os processos exclusivos de certificação e rastreabilidade adotados na produção nacional de cafés especiais, evidenciando sua responsabilidade socioambiental e incorporando vantagem competitiva aos produtos brasileiros.
 
Iniciado em 2008, a vigência do atual projeto se dá entre maio de 2016 ao mesmo mês de 2018 e os mercados-alvo são: (i) EUA, Canadá, Japão, Coreia do Sul, China/Taiwan, Reino Unido, Alemanha e Austrália para os cafés crus especiais; e (ii) EUA, China, Alemanha e Emirados Árabes Unidos para os produtos da indústria de torrefação e moagem. As empresas que ainda não fazem parte do projeto podem obter mais informações diretamente com a BSCA, através dos telefones (35) 3212-4705 / (35) 3212-6302 ou do e-mail [email protected].

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BSCA

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1 comentário

  • victor angelo p ferreira victorvapf nepomuceno - MG

    Esta politica de cafés especiais só tem efeito prejudicial na produção de um modo geral...Além da classificação que é feita há mais de cem anos, apurando os tipos de bebida, estão tentando criar um novo tipo de café que acrescenta desnecessariamente mais trabalho que pouco diferencia do melhor classificado no modelo tradicionalíssimo...Na minha opinião tentam evitar com isto, uma valorização do produto que está estagnado nos preços por mais de dez anos...além da chuva, florada etc e tal, vem este assunto que tenta influir negativamente nos preços,naquela bolsa alienígena lá do norte...

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    • victor angelo p ferreira victorvapf nepomuceno - MG

      Resumindo; O café que o Brasil produz , 40 milhões de sacas e emprega milhões vira um lixo perto de um lote de poucas sacas e que emprega uma família ou pouco mais... Brasil segue o caminho do desemprego ... Ontem eramos 80 milhões .. hoje somos mais de 200 milhões......Meu primo tomou um café na França, pagou 10 reais, fiz as contas deste café de 400 reais a saca e o lucro passa dos 53 mil ...Como dizia meu amigo Calógeras;Enquanto tiver cavalo no mundo, São Jorge não anda a pé...

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    • Celio Porto Fernandes Filho Espírito Santo do Pinhal - SP

      Estamos dando enfase à comercialização de 1% do volume de cafe produzido nessa propriedade. E os outros 99% que em grande percentual são de mesma qualidade desse estão mofando na pilha dos armazens , com produtor lutando para não vende-los ao custo de produção. Quando muito abaixo dele. Produtor urgente deve de unir em torno de Cooperativas de recebimento desse cafe, industrializa-lo, colocar o produto no mercado, agregar valor e distribuir por cotas de fornecimento aos fornecedores da materia prima cafe. Agronegocio sim, Agroindustria , que é o que mais temos em nosso Pais está sufocando o produtor brasileiro

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    • victor angelo p ferreira victorvapf nepomuceno - MG

      Exatamente! Ao invés de valorizarem o maior percentual, desvalorizam-no ao extremo pois é ridícula esta estúpida diferença de preços, dos atuais 450,00 para 53.000,00,... Gostaria que o produtor atinasse para esta embrionaria jogada que no futuro vira certamente a nos prejudicar...

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    • Francisco Lopes Cambé - PR

      Espirito Santo - produção de café não melhora. Seca prolongada afetou a produção...

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    • Francisco Lopes Cambé - PR

      CAFÉ COM O MENOR PREÇO DO BRASIL VOCE ENCONTRA EM MARINGA E CAMBÉ-PR. A MAFIA DOMINA. PREÇO SOBE EM TODO O BRASIL, MAS EM MARINGA E CAMBÉ...CAI.

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    • victor angelo p ferreira victorvapf nepomuceno - MG

      Uma saca de café vale menos que um saquinho de cinco quilos de semente de milho... Acorda Brasil...

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    • carlo meloni sao paulo - SP

      Então o negocio e' plantar e produzir sementes----

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    • José Danas Filho Jandaia do Sul - PR

      Sou produtor de café em Jandaia do Sul, Paraná, e digo que, realmente, só permanecem na atividade os saudosistas... Os preços de venda ao produtor são incompatíveis com o custo de produção. Primeiro fator que atrapalha é a CONAB, que faz previsões de safras sempre acima da realidade com a finalidade, na minha opinião, de segurar os preços baixos em prejuízo ao produtor.

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    • José Danas Filho Jandaia do Sul - PR

      Não consigo entender o motivo de os preços do café de excelente qualidade produzidos nos municípios de Jandaia do Sul, Mandaguari, Apucarana e Cambira (no Estado do Paraná), terem preços inferiores comparados aos de Minas Gerais, com qualidade e bebidas compatíveis. Aqui as diferenças giram em torno de R$ 60,00 a R$ 80,00 a menos.

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