Café 2025: Um ano de extrema volatilidade, recordes históricos e diversos desafios

Publicado em 30/12/2025 11:32
Segundo especialistas, mercado cafeeiro encerra um dos anos mais complexos de sua história recente

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O mercado do café encerra 2025 consolidando um dos anos mais voláteis e complexos da sua história recente. Marcado por extremos, com diversos desafios climáticos e comerciais, o setor encarou, logo no primeiro semestre, preços recordes do café arábica. 

Segundo o Cepea, os preços do arábica atingiram os maiores patamares reais da série histórica do centro (iniciada em 1999), registrando uma média de R$ 2.565,41/saca em fevereiro. Já na bolsa de NY, os contratos futuros chegaram a flutuar próximo de 430 cents/lbp. Esse rali foi sustentado por temores em relação ao abastecimento, pela queda dos estoques certificados e por fatores técnicos.

Uma primeira estimativa divulgada pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) apontava para uma produção brasileira de 56,5 milhões de sacas, mas o atraso das chuvas no final de 2024, juntamente com um longo período de calor intenso e baixa precipitação entre fevereiro e março de 2025, impactaram significativamente o desenvolvimento e maturação dos grãos do café nas principais regiões produtoras do Brasil. 

De acordo com o consultor de Safras & Mercado, Gil Barabach, a menor oferta do arábica foi o principal fator de sustentação das cotações em 2025. “A menor oferta de arábica, em função da quebra de safra no Brasil, foi o principal fator de sustentação das cotações ao longo do ano. No meio do ano, a chegada da safra brasileira e os sinais de aumento da produção mundial de robusta passaram a pressionar as cotações", explicou o consultor em relatório divulgado pela consultoria. 

A boa safra brasileira de robusta e a produção do Vietnã acima do inicialmente projetadas trouxeram pressão aos preços futuros, ampliando a volatilidade do mercado cafeeiro. “Isso se traduziu em uma ampliação significativa da arbitragem entre os contratos de Nova York e Londres ao longo do ano. O encarecimento relativo do arábica levou a indústria global a ajustar seus blends em favor do robusta, sobretudo em mercados emergentes, movimento que ficou bastante evidente também no mercado doméstico brasileiro”, comentou ainda Barabach. O preço do robusta em Londres acumulou uma baixa de 21,6% no ano. 

Agora, se já não bastasse o clima irregular, as incertezas sobre a produção do Brasil e demais países produtores, no meio do ano chegou a temida tarifa americana de 50% sobre os produtos importados do Brasil, o que incluía o café. Após o anúncio, os valores voltaram a subir nas bolsas internacionais e, consequentemente, no mercado interno. Sua imposição trouxe ainda mais volatilidade ao mercado futuro, uma vez que o Brasil é responsável por mais de 30% das importações do produto pelos EUA. “A medida alterou de forma significativa o comportamento do mercado, tirando os compradores da zona de conforto. Vale lembrar que, entre julho e outubro, o Brasil fica praticamente isolado na ponta vendedora global, uma vez que outras origens estão em entressafra ou fora do pico da colheita principal”, avaliou o consultor da Safras. 

O QUE ESPERAR DE 2026?

Chegando ao fim de 2025, os olhares se voltam para a produção da safra/26 do Brasil. O relatório da Hedgepoint Global Markets destaca que, a partir de janeiro, a chegada ao mercado da safra 25/26 de América Central, Oeste Africano, Vietnã e Colômbia tende a aumentar a oferta, permitindo assim leve recomposição dos estoques e trazendo possível pressão nas cotações. Porém, a analista de Inteligência de Mercado da Hedgepoint, Laleska Moda, alerta que a volatilidade pode continuar devido à sensibilidade do mercado às condições climáticas do Brasil.

"O mercado seguirá atento ao ritmo de comercialização do Brasil e a eventuais desafios na safra 26/27. A colheita brasileira, em meados do próximo ano, provavelmente trará aumento de produção, ampliando os estoques, o que tende a trazer pressão baixista. O Brasil continua sendo o pêndulo, e qualquer surpresa climática pode reprecificar rapidamente a curva", comentou a analista. 

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Por:
Raphaela Ribeiro
Fonte:
Notícias Agrícolas

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