Café 2025: Um ano de extrema volatilidade, recordes históricos e diversos desafios
![]()
O mercado do café encerra 2025 consolidando um dos anos mais voláteis e complexos da sua história recente. Marcado por extremos, com diversos desafios climáticos e comerciais, o setor encarou, logo no primeiro semestre, preços recordes do café arábica.
Segundo o Cepea, os preços do arábica atingiram os maiores patamares reais da série histórica do centro (iniciada em 1999), registrando uma média de R$ 2.565,41/saca em fevereiro. Já na bolsa de NY, os contratos futuros chegaram a flutuar próximo de 430 cents/lbp. Esse rali foi sustentado por temores em relação ao abastecimento, pela queda dos estoques certificados e por fatores técnicos.
Uma primeira estimativa divulgada pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) apontava para uma produção brasileira de 56,5 milhões de sacas, mas o atraso das chuvas no final de 2024, juntamente com um longo período de calor intenso e baixa precipitação entre fevereiro e março de 2025, impactaram significativamente o desenvolvimento e maturação dos grãos do café nas principais regiões produtoras do Brasil.
De acordo com o consultor de Safras & Mercado, Gil Barabach, a menor oferta do arábica foi o principal fator de sustentação das cotações em 2025. “A menor oferta de arábica, em função da quebra de safra no Brasil, foi o principal fator de sustentação das cotações ao longo do ano. No meio do ano, a chegada da safra brasileira e os sinais de aumento da produção mundial de robusta passaram a pressionar as cotações", explicou o consultor em relatório divulgado pela consultoria.
A boa safra brasileira de robusta e a produção do Vietnã acima do inicialmente projetadas trouxeram pressão aos preços futuros, ampliando a volatilidade do mercado cafeeiro. “Isso se traduziu em uma ampliação significativa da arbitragem entre os contratos de Nova York e Londres ao longo do ano. O encarecimento relativo do arábica levou a indústria global a ajustar seus blends em favor do robusta, sobretudo em mercados emergentes, movimento que ficou bastante evidente também no mercado doméstico brasileiro”, comentou ainda Barabach. O preço do robusta em Londres acumulou uma baixa de 21,6% no ano.
Agora, se já não bastasse o clima irregular, as incertezas sobre a produção do Brasil e demais países produtores, no meio do ano chegou a temida tarifa americana de 50% sobre os produtos importados do Brasil, o que incluía o café. Após o anúncio, os valores voltaram a subir nas bolsas internacionais e, consequentemente, no mercado interno. Sua imposição trouxe ainda mais volatilidade ao mercado futuro, uma vez que o Brasil é responsável por mais de 30% das importações do produto pelos EUA. “A medida alterou de forma significativa o comportamento do mercado, tirando os compradores da zona de conforto. Vale lembrar que, entre julho e outubro, o Brasil fica praticamente isolado na ponta vendedora global, uma vez que outras origens estão em entressafra ou fora do pico da colheita principal”, avaliou o consultor da Safras.
O QUE ESPERAR DE 2026?
Chegando ao fim de 2025, os olhares se voltam para a produção da safra/26 do Brasil. O relatório da Hedgepoint Global Markets destaca que, a partir de janeiro, a chegada ao mercado da safra 25/26 de América Central, Oeste Africano, Vietnã e Colômbia tende a aumentar a oferta, permitindo assim leve recomposição dos estoques e trazendo possível pressão nas cotações. Porém, a analista de Inteligência de Mercado da Hedgepoint, Laleska Moda, alerta que a volatilidade pode continuar devido à sensibilidade do mercado às condições climáticas do Brasil.
"O mercado seguirá atento ao ritmo de comercialização do Brasil e a eventuais desafios na safra 26/27. A colheita brasileira, em meados do próximo ano, provavelmente trará aumento de produção, ampliando os estoques, o que tende a trazer pressão baixista. O Brasil continua sendo o pêndulo, e qualquer surpresa climática pode reprecificar rapidamente a curva", comentou a analista.
0 comentário
Café 2025: Um ano de extrema volatilidade, recordes históricos e diversos desafios
Clima adverso no BR mantém preços do café em alta na manhã desta 3ª feira (30)
Calor intenso e chuvas abaixo da média no BR sustentam ganhos do café arábica no fechamento desta 2ª feira (29)
Preços do café seguem voláteis nas bolsas internacionais, pressionados pelo clima e oferta
Onda de calor no Brasil consolida ganhos do café arábica no fechamento desta 6ª feira (26)
Após Natal, preços do café arábica trabalham em campo misto em NY nesta 6ª (26)