Safra 2014/15: Onda de calor e falta de chuvas travam plantio da soja no Brasil

Publicado em 16/10/2014 17:15 e atualizado em 16/10/2014 18:16

O plantio da nova safra de soja do Brasil está parasalido em praticamente todo o país. Há semanas não chove nas principais áreas de produção de oleaginosa e, em alguns locais, os sojicultores e especialistas falam sobre a necessidade de replantio já que as plantas morreram por conta do calor excessivo e da falta de umidade. Áreas de café, cana-de-açúcar e feijão também sofrem. 

Segundo Marco Antônio dos Santos, agrometeorologista da Somar Meteorologia, chuvas regulares para o Paraná e estados do Centro-Oeste só voltarão a partir do dia 25 de outubro. Dessa forma, o atraso no plantio deverá atrasar, também a colheita dessa soja, limitando a oferta de produto. O cenário, se confirmado, poderia atrasar e travar ainda mais os negócios da temporada 2014/15, que já estão bastante aquém da média dos últimos anos. As vendas antecipadas estão mais lentas em decorrência dos menores preços praticados em Chicago, que fazem com que os produtores evitem novas vendas à espera de melhores oportunidades de comercialização. 

Segundo informações do site norte-americano AccuWeather, uma onda de calor que começou a atingir mais severamente partes centrais da América do Sul nesta terça-feira (14) deve se estender pelos próximos dias e trazer um calor recorde para essas áreas. De acordo com o meteorologista Eric Leister, do portal, essa onda deve fazer com que as temperaturas fiquem de 6 a 12°C acima do normal para esse período do ano até o final de semana para boa parte do continente sulamericano. Os países mais afetados, além do Brasil, são Bolívia e Paraguai. 

Onda de Calor na América do Sul - Imagem: AccuWeather

Onda de Calor na América do Sul - Imagem: AccuWeather

Ao mesmo tempo, ainda segundo Leister, enquanto o calor segue castigando essas áreas, uma frente fria se move lentamente e traz, diariamente, pancadas de chuvas e, em alguns casos, tempestades para o norte da Argentina, Uruguai e o Rio Grande do Sul. "Essas tempestades deverão limitar a sensação de calor e manter as temperaturas mais próximas dos níveis da média para a estação", diz o meteorologista.

No começo da próxima semana, ainda de acordo com as previsões feitas pelo AccuWeather, essa frente fria deverá, finalmente, se direcionar mais para cima, espalhando chuvas pela Bolívia, Paraguai e partes mais ao sul do Brasil. 

"A chegada das chuvas também será bem-vinda em áreas onde essa seca está acabando com as reservas se água e prejudicando as safras por quase um ano. As chuvas atingiram perto de 50% do volume normal na parte leste do Brasil, levando ao racionamento de água em muitas regiões", disse Eric Leister. 

De acordo com o último boletim semanal da Climatempo, o Brasil ainda se encontra sob a influência de uma grande e forte massa de ar seco, que atua como um bloqueio atmosférico. "Isso impede a formação de nuvens de chuva e a entrada de frentes frias no país. A chuva vai continuar concentrada em poucas áreas", informou o reporte. 

E é esse quadro, agravado por essa forte onda de calor, que paralisou o andamento do plantio da safra 2014/15 de soja no Brasil, e a área mais afetada é a do Centro-Oeste. 

Mato Grosso - “O plantio está com atraso significativo e, com certeza, isso se traduzirá em queda de produtividade, janelas inadequadas de plantio e incidência de doenças”, alertou Tomczyk. A previsão do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) é de produção de 27 milhões de toneladas de soja. “Estes números devem ser revisados para baixo devido a este atraso”, acredita o presidente da Aprosoja-MT, Ricardo Tomczyck, em um release divulgado essa semana pela associação.

Em Sinop, importante município na produção de grãos de Mato Grosso, as lavouras de soja não recebe chuvas há mais de 15 dias e o plantio, assim, está parado e muitas áreas terão que ser replantadas. 

A situação é a mesma em Sorriso, também no MT, e essas condições já atrasaram o início do cultivo dessa temporada. Segundo Laércio Pedro Lenz, presidente do sindicato rural do munincípio, esse atraso no plantio da soja deverá atrasar, consequentemente, a semeadura do milho safrinha também. 

Mato Grosso do Sul - Em Laguna Carapã, as chuvas não chegam há mais de 15 dias e o plantio também está parado e, até o momento, 40% da área já foi cultivada. Na região, as temperaturas passam dos 40°C e poderiam comprometer o desenvolvimento das plantas, segundo explicou o  técnico agrícola da Bio Rural, Antônio Rodrigues Neto. 

 “E também temos o ataque da lagarta rosca que afeta as lavouras da localidade, ela fica alojada em baixo do solo. Estamos fazendo a aplicação de inseticidas para eliminar a praga. Porém, com o calor excessivo, o produto está meio lento”, explica.

Em Fátima do Sul, a semeadura está ainda mais atrasada. Segundo Roberto Alves, presidente do sindicato rural da cidade, 5% da área, somente, já foram plantados, enquanto no ano passado, nessa mesma época, os trabalhos de campo estavam concluídos em 50%. 

Goiás - Em Santa Helena, o atraso no plantio da soja também já compromete a janela ideal para a próxima safrinha de milho e já traz preocupação aos produtores. Para a região, são esperadas chuvas somente na próxima semana. Em Goiatuba, os produtores esperam essas precipitações para começarem, efetivamente, os trabalhos de campo com a soja.  

Região Sul - Paraná - No Paraná, a situação se repete e a falta de chuvas também desacelerou o plantio nas últimas semanas. Os últimos números do Deral mostram que 33% da área já havia sido plantada, contra 20% da semana anterior. No ano passado, esse número era de 34%. 

No link abaixo, confira o depoimento de produtores e presidentes de sindicatos rurais de importantes regiões de produção agrícola do Brasil ao Notícias Agrícolas:

>> Acompanhamento de Safras, por Fernanda Custódio

Plantio no Paraná - Foto: Cocamar

Plantio no Paraná - Foto: Cocamar

Abaixo, imagens enviadas por produtores rurais pelo Whatsapp do Notícias Agrícolas:

Tapurah/MT

Tapurah/MT

Primavera do Leste/MT

Primavera do Leste/MT

Cerejeiras/RO

Cerejeiras/RO

Áreas de café também sofrem

Por Jhonatas Simião

De acordo com o analista de mercado do Escritório Carvalhaes, Sérgio Carvalhaes, a chuva no Sudeste prevista para os próximos dias deve ser de baixa intensidade, o que desanima ainda mais os produtores das principais regiões produtoras de arábica.

Segundo informações reportadas pela agência de notícias Reuters, as previsões de chuvas que poderiam aliviar as áreas ressecadas de café nos próximos 15 dias se deterioraram e agora espera-se que metade das lavouras nas principais regiões de cultivo do país permaneça seca.

De acordo com o cafeicultor Frank Scanavachi, da cidade de Guapé-MG, os cafezais da região estão depauperados e sendo esqueletados. “O produtor está desanimado porque o preço do café subiu, mas ele colheu pouco e teve pouca renda para suprir a queda de produção”.

Sem chuvas, os produtores temem fortes perdas para a safra do ano que vem. As minas de água estão secando nas propriedades rurais. Com isso, os cafeicultores também não conseguem realizar os tratos culturais nas plantações de café.

A seca prolongada também causa estragos na Zona da Mata Mineira. A quebra na safra atual supera os 40% e começa a gerar perdas socioeconômicas na região. “Há uma grande falta de trabalho para as famílias porque boa parte das pessoas da região trabalham diretamente com agricultura”, diz o presidente da Câmara de Café das Matas de Minas, Admar Rodrigues Soares em entrevista ao Notícias Agrícolas.

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Tags:
Por:
Carla Mendes
Fonte:
Notícias Agrícolas

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1 comentário

  • jose benedito tomas juranda - PR

    tanto se valavam que a previsão para PR e região sul ia ser muito boa de chuva no momento não parece que vai ser o agricultor depende do clima e preço e de governo que profissão compricada esaa......

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