Tempo: Verão começa nesta 6ª feira com temperaturas em elevação e chuvas frequentes

Publicado em 20/12/2018 10:07

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O verão no Brasil começa nesta sexta-feira, 21 de dezembro e vai até o dia 20 de março de 2019. A estação, muito importante para a agropecuária, deve trazer chuvas mais frequentes em praticamente todo o país, com exceção do extremo sul do Rio Grande do Sul, nordeste de Roraima e leste do Nordeste, onde as chuvas são inferiores a 400 mm, além de altas temperaturas.

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"Nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, as chuvas neste período são ocasionadas principalmente pela atuação da Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS), enquanto que no norte das regiões Nordeste e Norte, a Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) é o principal sistema responsável pela ocorrência de chuvas", disse o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia).

Veja o mapa de previsão probabilística para todo o Brasil em janeiro, fevereiro e março:

Mapa de previsão probabilística para todo o Brasil em janeiro, fevereiro e março - Fonte: Inmet
Fonte: Inmet

O verão é caracterizado pela elevação da temperatura em todo país, em função da posição relativa do sol mais ao sul, tornando os dias mais longos que as noites e com mudanças rápidas nas condições de tempo: chuva forte, queda de granizo, vento com intensidade variando de moderada à forte e descargas elétricas, principalmente nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste.

"Devido às suas características climáticas, o verão é especialmente importante para atividades econômicas como a agropecuária, a geração de energia, por meio das hidrelétricas, e para a reposição hídrica e manutenção dos reservatórios de abastecimento de água em níveis satisfatórios", complementou o instituto oficial meteorológico do país.

Climatologia de precipitação para o trimestre dezembro, janeiro e fevereiro. Período de referência: 1981 – 2010 - Fonte: Inmet
Climatologia de precipitação para o trimestre dezembro, janeiro e fevereiro. Período de referência: 1981 – 2010 - Fonte: Inmet

Mamedes Luiz Melo, meteorologista do Inmet, ressaltou em entrevista ao Notícias Agrícolas que os mapas de precipitação para os próximos três meses apontam média acumulada do período, portanto as condições podem mudar mensalmente. Apesar da possibilidade de menos chuvas em áreas do Sul, característica diferente de El Niño, para Melo o fenômeno já dá sinais de atuação.

"Eu particularmente já acredito em uma influência do El Niño porque estamos vendo temperaturas elevadas na região Sudeste e isso já é um sinal de que ele já está mostrando as suas caras", ressaltou Melo.

Veja o mapa com a previsão de precipitação acumulada para até 174 horas (21/12 a 27/12) em todo o Brasil:

Mapa com a previsão de precipitação acumulada para até 174 horas (21/12 a 27/12) em todo o Brasil - Fonte: Inmet
Fonte: Inmet

Espera-se que o verão contribua para as chuvas em áreas do Sul do país. Cidades produtoras do Norte e Noroeste do Paraná registram danos pontuais em lavouras de soja com quase 20 dias sem chuvas. Essas localidades devem receber precipitações volumosas a partir do final de semana e Natal. 

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De acordo com o modelo Cosmo do Inmet, chuvas retornaram para áreas do Paraná, mas ainda em menores volumes e no Rio Grande do Sul e em áreas de Santa Catarina as precipitações seguem intensas. Nesta quinta, inclusive, há alerta de tempestade para quase todo o estado gaúcho. Relatos de produtores confirmam o retorno das chuvas.

Depois de 20 dias de estiagem, a chuva volta em Palmeira (PR). Foto enviada por Osni Ornieski
Depois de 20 dias de estiagem, a chuva volta em Palmeira (PR). Foto enviada por Osni Ornieski​

Efeitos do El Niño - Fonte: NOAA / Notícias Agrícolas
Arte: Hugo Galdino/Notícias Agrícolas

O verão começa com chances de atuação do fenômeno climático El Niño em quase 100%, mas de fraca a moderada intensidade. Historicamente, em anos de El Niño, as chuvas tendem a ficar mais concentradas no extremo Sul da região Sul do Brasil, além de calor em áreas do Sul, Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste. Em áreas do extremo Norte do país, dentre elas as regiões Norte e Nordeste, a tendência é de tempo seco.

"A maioria dos modelos dinâmicos e estatísticos, gerados pelos principais centros internacionais de meteorologia, indicam uma probabilidade superior a 96% que se desenvolva um novo episódio de El Niño, ou seja, o verão 2019 vai ser influenciado pelo fenômeno e diminuem a probabilidade de ocorrência do fenômeno durante o outono e inverno de 2019", disse o Inmet.

"Neste sentido, é recomendável o acompanhamento das atualizações futuras do progresso do El Niño através do monitoramento da TSM no Pacífico. Outros fatores também podem influenciar o regime de chuvas no país, como a temperatura na superfície do oceano Atlântico Sudoeste junto à costa da Argentina e Uruguai – que permanece com anomalia positiva – e o Atlântico Subtropical, próximo à costa do Nordeste brasileiro", acrescenta o Inmet.

Probabilidade de ocorrência do El Niño, não sua força potencial para os próximos meses - Fonte: International Research Institute for Climate and Society | Columbia University
Probabilidade de ocorrência do El Niño, não sua força potencial para os próximos meses - Fonte: International Research Institute for Climate and Society | Columbia University

Veja a previsão do verão por região:

Região Norte

As maiores quantidades de chuva durante os meses de setembro a novembro ocorreram principalmente sobre o oeste e sul da Amazônia, com volumes superiores a 500 mm. Por outro lado, menores quantidades de chuva foram observadas sobre o noroeste do Pará e Amapá. Ressalta-se que novembro é o mês em que se tem o início do período chuvoso sobre o centro-sul da região Norte, por este motivo vem-se observando um aumento das áreas de instabilidade nas últimas semanas, ocasionando pancadas de chuva e trovoadas em toda região. Tais áreas podem intensificar-se, devido a presença da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) próxima a costa norte do Brasil, que contribui para o aumento de nuvens carregadas no litoral norte do Amapá e Pará.

Para o verão, os modelos climáticos indicam que a região Norte deve apresentar forte variabilidade espacial na distribuição de chuvas, com significativa probabilidade de áreas com chuvas dentro, acima ou abaixo da normal (Figura 3). As chuvas devem ficar acima da média em Tocantins, grande parte do Amapá e de Roraima, além do oeste e sul do Pará e sul do Acre e Rondônia. No Amazonas, as chuvas devem ficar ligeiramente abaixo da normal climatológica, com exceção apenas no leste do estado. É importante destacar que, com o fenômeno El Niño confirmado no verão, sua atuação ficará mais concentrada na parte norte, com tendência de redução das chuvas e elevação das temperaturas em relação à média.

Região Nordeste

Na região Nordeste, durante os meses de primavera, as chuvas estiveram mais localizadas sobre as partes oeste e sul, registrando totais superiores a 200 mm nos meses de setembro a novembro. Entretanto, sob a costa leste do Nordeste as chuvas foram próximas a média e, em algumas localidades, foi ligeiramente abaixo durante a estação, o que é normal para época do ano. As temperaturas foram mais elevadas sobre o sul do Maranhão e do Piauí e no oeste da Bahia. Mesmo com o aumento da ocorrência de pancadas de chuvas entre novembro e início de dezembro, estas não foram suficientes para modificar totalmente a situação dos reservatórios. Em relação ao ano passado, os níveis estão um pouco melhores, pois, dos 538 reservatórios monitorados pela Agência Nacional de Águas (ANA) na região Nordeste, 285 estão operando com volume abaixo de 30%, enquanto que no ano passado nesta mesma época eram 346.                                              

A previsão do modelo estatístico do INMET para o verão, indica o predomínio de áreas com maior probabilidade de chuvas acima da média na Bahia, litoral de Alagoas até o Rio Grande do Norte e no sul do Piauí e do Maranhão. Nas demais áreas, as chuvas ficarão próximas a média ou ligeiramente abaixo durante a estação (Figura 3). As temperaturas estarão mais elevadas no Maranhão, centro e sul do Piauí, sul do Ceará e no oeste de Pernambuco.

Região Centro-Oeste

A região Centro-Oeste apresentou chuvas acima da climatologia durante a primavera, principalmente em áreas do sul do Mato Grosso e Goiás, bem como em todo o Distrito Federal e Mato Grosso do Sul.  A formação de um corredor de umidade desde a região Norte, passando pelo Centro-Oeste e o Sudeste possibilitou a formação de muitas áreas de instabilidade, ocasionando chuvas fortes especialmente durante o período da tarde e noite. Em novembro, por exemplo, as estações meteorológicas de Cuiabá (MT) e Brasília (DF) registraram volumes significativos de 450 e 370 mm, respectivamente, enquanto que as suas médias históricas correspondem a 173 e 227 mm. Esta situação contribuiu substancialmente para elevação dos níveis de reservatórios que abastecem o Distrito Federal, como, por exemplo, o reservatório do Descoberto que operava com 14% neste mesmo período do ano passado e hoje chega a 97%.

A previsão para o verão indica alta probabilidade das chuvas ocorrerem de normal a ligeiramente acima da normal em grande parte da região Centro-Oeste, exceto no sul do Mato Grosso do Sul, onde a chuvas serão mais próximas à média, ou ligeiramente abaixo (Figura 3). As temperaturas serão acima da média, especialmente no Mato Grosso do Sul, norte do Mato Grosso e sul de Goiás.

Região Sudeste

De forma geral, a distribuição temporal das chuvas na primavera foi semelhante a região Centro-Oeste, com acumulados de chuva mais significativos no mês de novembro, devido a presença de sistemas frontais e da ZCAS. A chuva volumosa trouxe inúmeros transtornos para grande parte da região e os maiores totais variaram em torno de 400 mm a 500 mm, principalmente no noroeste de Minas Gerais. Em algumas localidades da região Sudeste, as temperaturas foram ligeiramente abaixo da média, devido a influência do ar frio em áreas próximas ao mar, que por vezes chegou a penetrar pelo interior da região.

A previsão para os próximos três meses, para a região Sudeste é de chuvas variando de normal a ligeiramente acima da normal em grande parte de Minas Gerais, no centro-norte do Espírito Santo e no centro de São Paulo. No Rio de Janeiro as chuvas deverão ficar ligeiramente abaixo da normal (Figura 3). Porém, vale destacar que, a ocorrência de tempestades (chuvas e ventos fortes que podem ser acompanhadas de granizo) são normais durante o verão na região Sudeste e não estão descartadas. De modo geral, o modelo climático do INMET indica que as temperaturas devem variar de normal a acima da normal durante o verão na região Sudeste.

Região Sul

Durante os meses de primavera, os maiores volumes de chuva ocorreram na parte central e oeste da região Sul, devido a circulação dos ventos em baixos níveis da atmosfera que transportou mais umidade da região Norte para o Sul do Brasil. Esta configuração resultou em chuvas fortes, vendavais e queda de granizo em algumas cidades da região causando muitos danos à população. Devido a atuação das massas de ar frio ao longo dos meses de primavera, houve queda na temperatura mínima e formação de alguns episódios de geadas na serra catarinense. A última foi registrada na primeira semana de dezembro, o que não ocorre com tanta frequência às vésperas do início do verão.

Com a  configuração do fenômeno El Niño durante o verão, o modelo estatístico do INMET prevê chuvas ligeiramente acima da normal no sul, centro e oeste do Rio Grande do Sul, leste de Santa Catarina e no norte do Paraná. Nas demais áreas as chuvas devem variar dentro da faixa normal ou ligeiramente abaixo (Figura 3). As temperaturas devem ficar um pouco acima da média em praticamente toda a região; a exceção é apenas o sul do Rio Grande do Sul, onde as temperaturas podem ficar dentro da normalidade.

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Por:
Jhonatas Simião
Fonte:
Notícias Agrícolas

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2 comentários

  • Claudio Luiz Agostini Amambaí - MS

    Meu Deus, eu nunca vi um relato tão contraditório e confuso...Dizem que as chuvas serão escassas e mostram uma evolução de previsão em mapa, que é pra lá de farta...Num momento dizem: " Essas localidades devem receber precipitações volumosas a partir do final de semana e Natal. Até podem ocorrer pancadas de chuva nessas áreas, mas não em volumes expressivos." EU PERGUNTO: QUEM ENTENDE UM PRÓXIMO DESSES? JÁ ESTÁ NA HORA, EM RESPEITO AO CONTRIBUINTE DESSE PAÍS, FAZEREM PREVISÃO, SE É O QUE QUEREM FAZER, E PARAREM DE ENROLAR O INTERESSADO COM ESSA ABERRAÇÃO DICOTÔMICA! CHOVE, NÃO CHOVE; É VOLUMOSA, MAS NÃO É EXPRESSIVA...????????????????

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  • Carlos Massayuki Sekine Ubiratã - PR

    Aprendi a fazer alguns cálculos e gostaria de compartilhar com os amigos do NA. ... A evapotranspiração potencial é calculada pela fórmula ETP= T*0,01*Qo*N*K, onde: T é a temperatura média diária, Qo é a radiação solar extraterrestre, que é encontrado em tabelas, N é o número de dias e K é um fator de correção dado pela temperatura média do período, também encontrado em tabelas.... Fiz o cálculo aqui para Ubiratã com os dados meteorológicos dos últimos dias e cheguei ao seguinte resultado: ETP = 29*0,01*17,1*1*1,3 = 6,4467. ... A soja está evaporando praticamente 6,5 mm por dia na atual condição climática, ou seja, mesmo nas lavouras que receberam chuvas de 30 ou 40 mm nos últimos dias, a umidade não vai durar mais que 5 ou 6 dias. ... Lembrando que essa é a evapotranspiração potencial. A evapotranspiração real, que considera a água evaporada pelas plantas e também a umidade perdida diretamente pelo solo, é maior que esse número... Vale lembrar também que amanhã é o solstício de verão, o dia mais longo do ano... Portanto, meus amigos, rezem para que o clima volte ao normal o mais rápido possível.

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    • carlo meloni sao paulo - SP

      SEUS CALCULOS BATERAM COM A MINHA SITUAÇAO----- Tenho um medidor de chuva que apresentou 20 mm numa determinada noite----No dia seguinte a soja estava em pleno vigor-----Mas no quarto dia sem chuva ja' apareceu o cansaço--

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    • Eduardo Lima Porto Porto Alegre - RS

      Sr. Carlos, lhe felicito pela generosidade de compartilhar tão importante conhecimento de forma direta e didática. Como Analista de Mercado sempre me perguntei a respeito desse fator e não havia me detido a ir atrás do método. Muito interessante para fazer estimativas mais corretas do potencial de rendimento em função da disponibilidade de água. Parabéns!

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    • Carlos Massayuki Sekine Ubiratã - PR

      Obrigado Sr. Eduardo, mas quero deixar bem claro que não sou especialista e só fui pesquisar esse assunto para tentar entender melhor o porquê das lavouras de soja terem se deteriorado tão rapidamente. Se colocarmos as condições climáticas extremas dos últimos dias na equação, fica mais fácil entender o que aconteceu.

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    • carlo meloni sao paulo - SP

      Sr Carlos, seria interessante ter alguma tecnica para avaliar se o solo esta" apiloado, fazendo a relaçao entre os mm de chuva e a mediçao do higrometro da terra.

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